Ela é o Cara escrita por Priscilla Florêncio


Capítulo 8
Qual é Ginny, se toca!


Notas iniciais do capítulo

E depois de muito, muito, mais muito tempo, eu voltei pessoal! Espero que vocês gostem!



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Anteriormente...

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Alguns instantes depois, Geofrey voltou a se sentar na mesa com todos os rapazes. 

— Cara, agora é oficial, eu sou seu fã — anunciou Joey sorrindo animado. 

— Eu ainda não sei se você é muito corajoso ou muito maluco por conseguir terminar com aquela garota — disse Ron impressionado.

— E eu preciso saber o que você faz para conseguir todas essas garotas — Dean dissera empolgado. 

— Não sei, não hein, tô achando que ele é um cara muito bem dotado. É a única explicação pra tudo isso — Draco debochou rindo. 

Ginny olhou para Harry esperando que ele também dissesse alguma coisa. 

Harry apenas observou Geofrey por alguns segundos, com neutralidade.

— Ok, eu confesso que estava errado — revelou ele. — Agora a gente sabe que você é o Cara com letra maiúscula. E pode ter certeza, vou te pedir algumas dicas depois. 

Geofrey assumiu uma postura digna de sua virilidade recém conquistada.

Ginny lançou um breve olhar através da vitrine da lanchonete, vendo uma Hermione parada na janela da estalagem sorrindo muito satisfeita por seu plano ter dado certo.

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De volta ao quarto na estalagem e casa de chá Madame Puddifoot...

— "Você é uma em um milhão. Sem igual e sem precedentes" — Katie dissera numa voz rouca, fazendo gestos amplos com os braços numa tentativa de imitar Geofrey comicamente.

Ginny, Hermione e Angelina caíram na risada ao se lembrarem da cena de poucas horas atrás vendo os garotos ficarem perplexos ao descobrirem o quanto Geofrey era conquistador em relação as mulheres.

— Eu acho que a pior mesmo foi aquela; "Angel, você é o meu vício" — memorou Angelina fazendo uma careta sedutora ao dizer a frase colocando um dedo na boca.

Todas gargalharam com vontade, quase chorando de tanto rir.

— Aí caramba minha barriga já está doendo — Hermione estava sentada na cama de casal, apoiando a cabeça na cabeceira com as mãos na barriga e com vestigios de lágrimas nos olhos de tanto rir —, e aquele tapa? Isso sim foi pior! — questionou ela ao olhar para Ginny. — Eu não planejei aquilo!

Sentada numa poltrona perto na janela, Ginny deu de ombros sorrindo.

— Mione aquilo foi um improviso, muito bem sucedido.

As quatro riram mais uma vez.

— Aposto que todo mundo já deve estar fofocando por aí — falou Katie que estava sentada no chão, com os braços por detrás das costas e as mãos apoiadas no piso acarpetado do comôdo —, só que provavelmente o barraco que aquela francesinha esnobe deu, vai ganhar a primeira página!

Todas concordaram com a afirmação.

— O que eu ainda não entendi... — disse Angelina que também estava sentada no chão, mas com o dorso e a cabeça encostados na parede —, como foi que Gabrielle Delacour conseguiu encontrar o Geofrey aqui em Hogsmeade?

Todas se entreolharam, porém fora a monitora chefe que acabará por juntar todas as peças do quebra-cabeças.

— De alguma forma ela acabou descobrindo que Geofrey havia sido transferido para Hogwarts — constatou Hermione aprumando-se na cama, concentrada em reunir todas as possivéis probabilidades. — Então, ela deve ter tentado ligar para o número do seu irmão várias vezes, e mandado várias mensagens também — supôs olhando para Ginny. — O que possivelmente não deu muito certo porque ele está em outro país, num outro fuso horário e provavelmente com alguma outra operadora. Ou seja, mesmo que a ligação fosse bem-sucedida ou se ele tivesse visto as mensagens, seu irmão devia estar muito ocupado com os assuntos da banda ou poderia não estar muito afim de falar com essa perseguidora. Como já sabemos, ela ficou frustada e com muita raiva por causa disso. Então, numa tentativa desesperada ela ligou para a secretaria de Hogwarts para tentar encontrar alguma coisa, e acabou descobrindo que todos os alunos estariam hoje, aqui em Hogsmeade. Imagino que ela deve ter chegado e procurando por Geofrey em todos os lugares e em cada um dos estabelecimentos até encontrá-lo no Três Vassouras numa infeliz coincidência. E, bom, o resto vocês já sabem...

Katie e Angelina ficaram atônitas com a perspicácia de Hermione.

— Caramba Ginevra, você não disse que ela era a versão feminina do Sherlock Holmes — alegou Katie sorrindo surpreendida pela astúcia da morena.

— Ora essa Katherine, foi graças a mente brilhante de Hermione Holmes aqui que conseguimos fazer tudo isso acontecer — replicou Ginny brincando com a citação, ao indicar a monitora chefe com as mãos para destacá-la para uma multidão invisível.

— "Elementar, meu caro Watson!" — imitou Hermione, citando a frase do famoso personagem célebre erguendo o queixo arrogantemente.

Mais uma vez todas caíram na risada.

Naquele instante Ginny ficará muito feliz, como não permitia-se sentir a um bom tempo. Aquela velha e boa sensação, leve e libertadora, por poder compartilhar aquele momento divertido e alegre com as suas melhores amigas. Já que depois de tudo o que acontecerá, passará a considerar Hermione como alguém que conhecerá a muito tempo, mesmo que fosse apenas à algumas semanas atrás que tivesse sido descoberta pela monitora chefe no banheiro feminino intertidato.

— Então, o que vai acontecer agora? — quis saber Angelina pouco tempo depois.

— Sei lá — Ginny replicou com franqueza —, acho que agora vou ter que convencer os caras que eu sei jogar futebol. É o único jeito de conseguir entrar em campo em alguma partida...

Hermione, Katie e Angelina ficaram em silêncio e entreolharam-se brevemente, pois sabiam que o objetivo de Ginny não seria nenhum pouco fácil dali por diante. Mas, nenhuma delas queria dizer algo para desmotiva-la.

— Ah antes que eu me esqueça — anunciou Katie, mudando de assunto ao sentar-se no chão com as pernas cruzadas. — A sua mãe veio falar comigo um dia desses... Ela falou exatamente assim: "Katie, diga para Ginny não esquecer da quermesse beneficiente para Associação de Crianças Carentes que os Delacour pratocinaram e prepararam com muito cuidado. Diga também para ela se vestir adequadamente, já que eu não quero passar vergonha nesse dia tão importante".  — recitou, pois havia decorado tudo que Madeleine Weasley lhe dissera.

Ginny bufou e revirou os olhos.

— Claro, bem a cara dela dizer isso.

— Ei, quer dizer que vocês também vão ter que participar da quermesse beneficiente? — Hermione repetiu com empolgação.

— Sim, a maioria dos alunos de Halloway foram convidados para participar — respondeu Angelina.

— O pessoal de Hogwarts também. 

— Ótimo! — Ginny sorriu animada, assim como as três amigas. — Agora sabemos qual será o nosso próximo encontro.

— Será maravilhoso! — exclamou Hermione com empolgação. — Estou com varias ideias para a arrecadação, mau posso esperar para colocar todas em prática.

— E nós devemos ficar animadas ou apreensivas com isso? — questionou Katie com os olhos semicerrados.

E todas caíram na risada.

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Era noite de domingo e já passavam das 23:30hrs.

Naquele instante o silêncio e o sossego reinavam na Ala Masculina.

— Então, qual é o segredo?

Ginny que estava deitada em sua cama de barriga para cima observando o rebaixo de gesso do quarto. Ao ouvir a pergunta, ela virou o rosto para contemplar o semblante tranquilo do rapaz moreno deitado ao seu lado na outra cama. Ele também estava sem sono, encarando o teto, por isso não percebeu que naquele momento Ginny pegou-se admirando suas feições bem-feitas. Apreciando os traços bem definidos do perfil dele, seu olhar seguiu por toda a extensão do seu corpo,  Harry estava vestindo uma camiseta velha cor preta que tinha a estampa gasta da melhor banda do mundo The Beatles. Na parte debaixo ele estava usando uma calça de moletom cinza com um tecido semi-surrado que acentuava um ponto abaixo da sua cintura em específico — ao notar isso, Ginny tiverá que desviar o olhar rapidamente ao sentir suas bochechas esquentarem. Ponderando sob a ótima condição fisíca dele, ela perceberá que Harry tinha músculos nos pontos certos; abômen, bíceps, coxas e panturrilhas, todos adquiridos por conta do árduo treinamento de futebol. Ela admirou-o por um todo, num gesto impulsionado. Tivera que prender a respiração enrijecendo os músculos do corpo ao tentar controlar sua vontade inesperada de aconchegar-se no espaço minímo que havia na cama ao lado, desejando poder abraça-lo pelo pescoço e saborear lentamente o gosto quente dos lábios dele, olhar profundamente em seus olhos verdes e... 

Qual é Ginny, se toca! Pare com isso, ele é fruto proibido. Sem chances. Isso nunca vai acontecer.

— Ei cara, tá dormindo acordado aí? — voltou para a realidade ao perceber Harry a fitando com ar de riso. 

— O que? Ãããh foi mal eu não ouvi. O que você disse? — mentiu fazendo-se de desentendida, enquanto entreovia as fortes batidas do seu coração.

— Qual é o segredo? — ele perguntou novamente, mas continuou não dizendo explicitamente ao que estava se referindo.

Geofrey franziu o cenho, sem conseguir entender. Harry respirou fundo, demonstrando certo desconforto sobre o assunto e Ginny notou que as bochechas dele ficaram levemente coradas. 

Peraí, ele está com vergonha? Quer dizer que o capitão dos Lions é tímido... 

— Err, você sabe... Garotas.

Evidenciou ele olhando para cima, sem conseguir encarar Geofrey. 

— Ah entendi... — virando o rosto Ginny segurou o riso ao limpar a garganta, depois continuou: — Não têm um segredo. Na verdade, eu só digo e faço o que elas querem. Basicamente, eu sou o cara que elas quererem que eu seja... é bem simples. 

— E como eu faço isso? Quero dizer, como é que eu faço pra elas ficarem interessadas? 

— Depende de como você quer que elas fiquem interessadas. Seria tipo um passatempo ou um relacionamento? 

Harry hesitou em responder. Ginny acabou ficando apreensiva, sem saber se realmente gostaria de ouvir a resposta. 

— Eu nunca tive um relacionamento sério com alguém. Para falar a verdade, todas as garotas com quem eu sai foram... sabe, elas eram... 

— Fáceis e assanhadas? 

— É, exatamente. Por isso, eu nunca precisei dizer ou fazer muita coisa para que elas ficassem comigo. 

Ele resmungou alguma coisa ao fechar os olhos, depois passou uma das mãos entre os fios pretos desalinhados, demonstrando estar impaciente consigo mesmo. Vendo-o fazer isso, Ginny não pode culpar as garotas que já haviam se atirado para cima dele, na verdade ela mesma quase fizera isso momentos atrás. Harry possuía um charme próprio irresistível, por causa disso ele devia estar no histórico de interesses de muitas garotas por aí e provavelmente se não fosse tão tímido poderia ter qualquer uma delas, se quisesse. Ele só não sabia disso. 

— Tem uma garota... Eu sei que ela não é como as outras, entende? Desde a primeira vez que eu a vi, eu senti alguma coisa por ela... Por isso eu preciso que você me ajude. Eu quero me aproximar dela. Porque eu preciso conhecer ela melhor. Saber do que ela gosta e tudo mais. Você pode me ajudar nisso?

Ah não, mais que merda. Ele não está me pedindo isso mesmo que eu entendi, está? Ele ficou maluco? Eu não vou fazer isso... Não vou dar ele de bandeja pra qualquer uma, e... Qual é Ginny, se toca. Ele não é 'seu' pra começo de conversa, então como é que você vai 'dar' ele de bandeja pra quem quer que seja? 

Soerguendo o tronco, Ginny sentou-se em sua cama do modo mais calmo que poderia conseguir naquele momento, já que não queria demonstrar o quanto ficou vulnerável com aquele pedido. Afinal, ela não poderia negar que possuía uma atração imediata e involutária pelo seu colega de quarto. O que de certa forma não era totalmente sua culpa, já que Harry não ajudara muito desde que Geofrey se tornara o segundo habitante daquele comôdo. Ou seja, Ginny não poderia e nem conseguiria ignorar a presença dele. E o fato dela estar se passando pelo irmão, estava tornando a situação cada vez mais difícil. Porque Harry nunca iria vê-la como uma garota e, Ginny não saberia se algum dia ele poderia interessar-se pela irmã gêmea do colega de quarto que ele nem sabia que conhecia.

Seu objetivo para estar se passando por seu irmão era apenas para poder jogar futebol, ter um envolvimento com o seu colega de quarto estava totalmente fora dos pré-requisitos do plano original. Além disso, Harry estava ali na sua frente dizendo-lhe, claramente, que estava apaixonado por outra pessoa. E mesmo que houvesse a mínima possibilidade de Harry compreender seus motivos, assim como Hermione, ela não poderia correr o risco de revelar seu segredo e depois descobrir que ele era apenas mais um cara que tinha os mesmos preceitos machistas que a haviam feito começar aquilo tudo. Por mais tentadora que fosse a ideia de poder contar tudo para Harry, ela não saberia qual seria a reação dele diante do fato dela ser uma garota. 

A única alternativa era seguir com o seu objetivo firmemente, sem deixar se distrair pelos encantos do seu colega de quarto.

O que não será uma tarefa fácil, não é mesmo?

Olhando para o lado, ela deparou-se com a expressão ansiosa e suplicante dele.

Merda, esse olhar de cãozinho pidão não está ajudando em nada também.

Ginny fechou os olhos, inspirou e expirou, pois sabia que não havia outra opção...

— Ok. Eu posso te ajudar nisso... — concordou vendo Harry abrir um grande sorriso de satisfação. — Mas, com uma condição.

Harry desfez o sorriso no mesmo instante. Sentou-se na lateral da cama ficando de frente para Geofrey com uma expressão que dizia que ele estava pronto para aceitar os termos.

— Tudo bem, pode falar. 

— Você tá me devendo uma, lembra?  — Harry apenas balançou a cabeça afirmando que sim, Ginny continuou: — Quero que você me ajude a entrar para o time titular. 

Sem fazer rodeios, jogou a cartada de uma só vez. Se Harry queria que Geofrey o ajudasse, então ele terá que fazer o mesmo.

O minimo que pode acontecer é ele dizer não, se for assim, nós dois iremos esquecer esse assunto e seguir com as nossas vidas normalmente...

— Fechou, eu topo.

Ginny não conseguiu controlar sua expressão de surpresa ao arregalar os olhos ao olhar para ele em seguida.

— O que? Sério? 

— Sim. Com ou sem favores, eu preciso da sua ajuda e você precisa da minha. Então, porque não? 

Bom, era verdade, vendo por esse lado...

Contudo, o problema era a convivência prolongada — mais do que já estava sendo —, que teria que passar a ter com o Harry. Se ela não começasse a resguardar seu coração idiota, contra a tentação de se jogar nos braços do moreno de olhos verdes e tascar-lhe um beijo que ela nunca mais iria esquecer, as coisas poderiam começar a se complicar cada vez mais. Portanto, era melhor tratar de esquecer qualquer tipo de envolvimento amoroso com Harry, já que agora iria ajudá-lo a conquistar uma garota e ele iria ajudá-la a conquistar uma posição de jogadora no time titular. Os dois iriam conseguir o que queriam no final das contas. Logo, o que poderia dar errado nisso?

— Fechado — ouviu-se dizendo. 

Os dois estenderam as mãos apertando-as para selar o acordo.

Logo depois, ao perceberem que já estava tarde disseram 'boa noite' ao apagarem todas as luzes do quarto. De relance na escuridão, Ginny observará Harry verificar e digitar alguma coisa em seu celular. Ficou curiosa para saber o que era, mas já estava tarde demais para fazer perguntas desnecessárias. Alguns instantes depois, ela ouvira a respiração dele ficar mais pesada revelando que ele já havia adormecido profundamente.

Sob a escuridão e o silêncio do quarto, Ginny ainda estava com os olhos abertos ouvindo o tic-tac do relógio. Passados alguns longos minutos escutou um tac mais forte dos ponteiros do relógio indicarem à meia-noite precisamente. Naquele instante exato, ela foi lentamente fechando os olhos ao mesmo tempo em que o ponteiro dos segundos rodava, seu subconsciente pedia para que — de alguma forma e em algum momento — Harry pudesse conhecê-la de verdade. 

x.x.x.x

— Tá, diz aí cara — Ginny resmungou enquanto ela e Harry caminhavam apressadamente pelos corredores de Hogwarts na manhã seguinte. — Porque temos que fazer isso às 6:00hrs da manhã? 

Estava profundamente adormecida, concentrada em desfrutar de um sonho incrivelmente excitante com o seu colega de quarto quando Harry tivera a brilhante ideia de acordar Geofrey cedo demais em plena segunda-feira.

Ironicamente, fora esse mesmo sujeito — que estava sendo maravilhoso no mundo dos seus sonhos —, que despertou-a para a realidade, claramente, decepcionante. Certamente, os desejos que haviam em seu subconsciente se manifestaram enquanto estivera dormindo, já que acabara imaginando uma realidade em que ela e Harry conheciam-se sem haver qualquer tipo de impedimento entre os dois. Um mundo onde ela pudesse revelar o que sentia sem que ele a rejeitasse por pensar que era um garoto. 

Porém, Ginny fora obrigada a sair do seu devaneio particular, bruscamente. Por isso, é claro que naquele momento estava bufando de raiva, soltando alguns palavrões a parte também, direcionados ao seu colega de quarto estraga prazeres.

Harry interpretou a reação de Geofrey como sendo apenas, o seu habitual mal-humor matinal. Ele não respondeu o que Geoffey perguntara e continuou andando com passos largos. Sendo mais baixa, Ginny tivera que movimentar-se ainda mais rápido para conseguir manter a aproximação. 

Passaram por vários corredores e alguns pátios de recreamento, percebera que estavam indo para o vestiário do time quando passaram em frente a sala da Supervisão Disciplinar que pertencia a professora assustadora com cara-de-sapo. Fora este detalhe que a fizera reconhecer o caminho e perceber para aonde estavam indo.

Em frente a placa de identificação "Vestiário Maculino", Ginny observara Harry destrancar a porta com a chave extra que ele tinha por ser o capitão do time. Entrando no vestiário, ele já foi tirando o pijama e colocando o uniforme de treinamento, Ginny obrigou-se a desviar os olhos para não ter que vê-lo usando apenas suas roupas de baixo, por mais que a tentação de dar uma espiadinha fosse grande. 

— Primeira regra, sempre use uniforme de treinamento apropriado, pijamas não servem pra jogar bola — debochou Harry ao ver que Geofrey continuava vestido com o pijama.

Ginny ficou rubra de vergonha, mas Harry não percebeu isso.  

— Eu vou pegar os equipamentos no depósito, me espere no campo depois. 

Suspirando aliviada depois que ele saiu, Ginny pegou seu uniforme no armário e se trocou o mais rápido que conseguiu. Em seguida saiu do vestiário apressadamente, indo em direção ao campo de futebol. 

Por causa da neblina que estava fazendo naquela manhã, o sol estava encoberto pela densa camada de névoa e o gramado do campo aberto estava humido com poças de água espalhadas em alguns cantos, provavelmente ocasionadas pelo mau tempo do final de semana. Certamente aquele não era o clima ideal e nem as melhores condições para se praticar esportes. 

Qual é Ginny, se toca... você não tem muitas opções no momento. 

— O tempo não está nenhum um pouco propício hoje — Harry voltou com as luvas de goleiro, segurando a bola de futebol e uma bolsa com itens de treinamento funcional. — Mas isso não importa, porque vamos ter que fazer isso de qualquer jeito. 

— Poxa, você sabe como animar o dia hein, capitão —  constatou Geofrey ironicamente. 

— O plano é te ajudar a entrar para o time titular, nunca disse que isso seria um treinamento motivacional, Weasley. 

Oh nossa, isso vai ser tão divertido...

Harry começou dando as instruções básicas de como fazer movimentos rápidos com dribles pelo campo, depois ele se posicionou na área do gol e pediu para Geofrey praticar seus chutes. 

— Isso é o melhor que você consegue?

Questionou ele logo após Ginny dar um chute muito bem posicionado — de acordo com o seu ponto de vista —, mesmo que Harry tenha  defendido com muita facilidade. 

Qual é Ginny, se toca! Aquilo foi terrível.

— É que o tempo não está colaborando muito sabe...

— Sem desculpas, se você quer entrar para o time vai ter que fazer melhor do que isso.

Por mais que estivesse com raiva dele por ter desmerecido sua habilidade com a bola, Ginny sabia que era verdade. Novamente se posicionou em frente a bola, concentrou-se em um único ponto acima da cabeça dele, Harry olhava para Geofrey fixadamente. Aquele olhar causou-lhe arrepios na nuca, porém tratou de focar a sua atenção e força naquele chute. Correu e chutou a bola com o calcanhar interno do pé, o mais forte que conseguirá. A bola foi em direção angular até o gol numa altura perfeita. Então num movimento muito rápido viu Harry se jogar com os braços para cima e conseguir segurar a bola com grande facilidade, impedindo mais uma vez a bola de entrar pela trave retangular.

— Droga!

Gritou Ginny enfurecida.

— Já sei qual é o problema. Você está sendo óbvio demais. — constatou o moreno.

— Sim, isso é bem óbvio, você consegue prever todos os meus lances.

— É, com certeza. Isso porque consegui identificar a sua estratégia de ataque rápido demais. Você tem que aprender a blefar cara, a linguagem do poker pode ser bem útil numa partida, meu pai era expert nisso.

Ginny ficou intrigada com aquilo. Era a primeira vez que Harry mencionava um dos pais. 

— Como é que seu pai...?

— Acabou o tempo, temos que ir. A primeira aula começa em meia hora. — cortou-a Harry verificando o celular rapidamente, em seguida começou a guardar tudo que haviam pegado do depósito. Logo depois de terminarem de guardar todos os esquipamentos, Ginny não conseguirá mais nenhuma oportunidade de mencionar o assunto. 

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Química.

A primeira aula da semana.

Um horror. Um pesadelo. Uma tortura.

A mas não se engane, estudar os elementos químicos poderia ser bem interessante. Sim, claro. O que não era nenhum pouco agradável de aturar em plena segunda-feira, era quem ministrava essa disciplina. 

— Senhor Professor Snape, Longbotton — sibilou o professor Snape para o aluno um tanto acuado e amendrontado. — Decoro, é o mínimo  que espero de um aluno do último escolar dessa instituição, principalmente de você, senhor Longbotton. 

— Eu só queria ir no banheiro — sussurrou Neville que estava na mesa ao lado de Ginny.

Ginny olhou para o relógio acima do quadro negro, faltavam exatamente 10min para terminar as aulas do período da manhã. 

— Ninguém merece — falou Harry que também estava próximo de Ginny, sem perceber que fora um pouco alto demais.

— Gostaria de compartilhar alguma coisa com todos, senhor Potter? — questionou acidamente o professor Snape com a costumeira expressão de desprezo no olhar.

Todos os olhares da sala recaíram sobre Harry, que não se abalou.

— Não, senhor, professor Snape. 

O capitão dos Lions sustentou o olhar fulminante do professor de química bravamente, desafiando-o. Mas, Snape preferiu continuar a aula sem maiores aborrecimentos.

Depois de mais alguns longos minutos, os ponteiros do relógio estava prestes a marcar o final da aula...

— Todos aqueles que querem ou precisam tirar uma boa nota nesse semestre, terão que esperar mais alguns minutos. 

Anunciou o professor de química e logo depois o sinal indicando o final das aulas da manhã tocou. Todos aqueles que estava loucos para sair correndo de gritando de alívio, se contiveram e mantiveram-se em seus lugares, ninguém ousou sair dali.

— Ótimo.

Com sua longa capa preta, Snape andou pela sala distribuindo uma folha com indicações sobre algum assunto relacionado a química.

— Essas são as intruções para o trabalho em dupla que todos terão que fazer e me entregar até o final do semestre. Elaborem uma pesquisa sobre o assunto em questão, descreveram cada ponto sobre e justifiquem. Lembrem-se de que vocês terão que me convencer que merecem receber uma nota aceitável nessa disciplina, portanto aqui está a chance de vocês. Agora quem eu chamar pelo nome venha até a minha mesa, que irei sortear as duplas. 

A cada palavra do professor Ginny percebeu que os cochichos eram mais e mais apreensivos. Snape começou a chamar os nomes e as primeiras duplas foram se formando, ninguém ousou contradizer ou reclamar sobre os pares escolhidos, mas era visível que em nem todos conseguiam esconder tão bem o descontentamento.

— Potter.

Harry foi até a mesa do professor, colocou a mão dentro da caixa onde estavam os papéis com os nomes sorteados e retirou um. 

— Luna Lovegood — anunciou Snape.

Sem expressar nenhuma reação, Harry voltou a seu lugar. Quando sentou-se, se debruçou sobre a mesa como se estivesse encenando um choro mudo. 

— Chang. 

A garota oriental foi até mesa e retirou um dos papéis.

— Geofrey Weasley.

Ginny viu a garota oriental olhar para ela e esboçar um sorrisinho de contentamento.

Pouco tempo depois todas as duplas estavam formadas, só então a aula de química fora encerrada.

— Saiam da frente! — gritou Neville Longbottom oprimeiro a sair correndo porta a fora. 

Quando todos saíram da sala as reclamações não demoraram muito para começar. Praticamente ninguém ficou satisfeito com as duplas escolhidas. Ginny não quis saber de ficar discutindo o assunto com ninguém, pois estava ocupada demais fugindo da sua dupla, logo quando avistou Cho Chang vindo de encontro com ela arrumou um jeito de desviar rapidamente e sair correndo no próximo corredor em direção ao Ala Masculina. Porém, equivocou-se em pensar que ali estaria a salvo.

— Temos que conversar — Harry já foi dizendo. 

Sobre o que você quer falar, querido? Pensou ironicamente. Qual Ginny, se toca! Você sabe sobre o que ele quer falar.

— Você tem que troca de dupla comigo. 

— O que? Não, você sabe que não tem como fazer isso, Snape nunca iria concordar.

— Que droga, Geofrey. Essa era a minha chance de me aproximar dela, esse é o plano, lembra? Se você não trocar comigo, eu não vou te ajudar mais com o futebol. 

Ameaçou ele desesperadamente.

— Você não pode fazer isso, você também precisa de mim. 

— É mesmo? Como? — duvidou ele.

— Certo, Harry pensa comigo. Não precisamos trocar as duplas, porque vai ser melhor assim. Desse jeito eu vou poder falar de você para a Chang, vou fazer ela gostar de você, sacou? 

— E se não der certo?

— Vai dar certo — Tem que dar certo. — Eu posso ser bem convincente. 

Harry ficou mais aliviado, apesar de não estar tão convencido. Eles saíram da Ala Masculina e foram para o Salão Comunal almoçar. Quando estavam chegando se depararam com Cho Chang esperando por Geofrey.

— Oi meninos — cumprimentou ela — Geff, podemos conversar? 

Ginny percebeu a frustração de Harry quando saiu de perto dos dois.

— Então, é sobre o projeto de química, né? — falou, tentando ir direto ao ponto. — Olha, se tivermos que dissecar algum sapo, você pode ficar com essa parte, ok? Porque, falando sério, acho isso bem nojento.

Cho riu. 

— Nossa, a maioria dos caras nunca admitiria isso.

— Aí droga, você tem razão. Foi mal.

— Ah não, relaxa, eu acho isso bem legal — Cho dissera meio encabulada. — É que na verdade isso acabou sendo uma coisa boa, sabe? Você ser a minha dupla. 

— Sério? Porque?

— Bom, é que eu estava mesmo querendo falar com você a algum tempo. 

Ginny engoliu um seco. Cho deu um pequeno paço a frente, tentando de aproximar mais de Geofrey.

— Mas... Mas, sobre o que você queria falar comigo?

— Aquele dia que nós nos esbarramos no corredor, eu acabei pegando uma coisa sua por engano. — ela abriu a bolsa e retirou um caderno de anotações que Ginny reconheceu ser o caderno de letras de músicas do seu irmão Geoffrey. 

— Oh não. 

— Ah não se preocupe, eu não mostrei para mais ninguém — avisou ela, só que Ginny não estava preocupada com isso, mas sim com o que estava escrito ali dentro. 

— Então, é que são só umas letras de músicas, muito, muito antigas. 

— Eu achei muito, muito bom. Você tem um grande talento — disse ela aproximando-se cada vez mais. — É tudo muito... sincero. 

— Eu sei — Ginny deu um passo atrás. — Que bom que você gostou. 

Cho sorriu para Geofrey e Ginny percebeu claramente que aquele olhar dizia "Estou interessada, você pode me beijar agora".

Merda, merda, mil vezes merda.

— Ei vocês dois — gritou Zacarias Smith vindo pelo corredor. — Estamos no horário de almoço, por isso vocês deveriam estar almoçando. 

Obrigada, obrigada, mil vezes obrigada!

Ela ficou com vontade de dar um beijo enorme de agradecimento naquele intrometido inconveniente. Ao contrário da fisionomia de Cho que era de puro desagrado e decepção. 

— Estávamos indo fazer exatamente isso, Smith — disse Ginny. 

— Sei, sei... Então Cho, quer almoçar comigo? — quis saber o monitor animadamente. 

— Não, obrigada Zacarias. — recusou ela educamente. — Nos vemos depois Geff.

Cho tocou no braço de Geofrey de uma forma carinhosa e sedutora, olhando intensamente para ele. 

— Caramba cara, ela está tão na sua... 

— Claro que não Smith, se manca!  

Qual é Ginny, se toca! Ela está muito na sua e você está muito ferrada.


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Notas finais do capítulo

Oi gente, como vocês estão? A quanto tempo! Hahaha Sim eu sei, demorei muito tempo para voltar a postar um novo capítulo... Mas muita coisa aconteceu, e eu tive um grande bloqueio criativo com a história também, por isso acabei demorando muito mais que o esperado. Espero que vocês gostem desse capítulo novo, por isso comentem o que acharam, ok? Preciso muito da opinião de vocês, e desculpem pela demora. Agradeço muito pelo Feedback! Um grande abraço!



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