Nine Weeks and a Half escrita por Jones


Capítulo 5
Day 22 - The "Ex-Factor".


Notas iniciais do capítulo

Eu tenho um milhão de explicações a dar, na verdade, mas elas são bem complicadas e envolvem uma série de dificuldades e problemas. Nem sei se alguém tá interessado em terminar de ler essa história, mas eu tô feliz em continuar escrevendo.
Em voltar a escrever e a dar continuidade a algo nessa vida.

Um beijo para quem leu até esse comentário pelo menos.

ps: estou pegando o jeito novamente, hahahah ♥



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Ela me pediu para buscá-la no trabalho número três às 10:15. E não é que eu seja um desses rapazes loucos de paixão que precisa ver a namorada vinte e quatro horas por dia como um psicopata stalker, mas eu estava realmente entediado em casa, com fome e com saudades de ver uma outra criatura humana. Tudo bem, confesso que especificamente uma criatura humana de um metro e meio, cor de canela, falha nos dentes e cachinhos preguiçosos.

Eu tentei suprir esse desejo, afinal era sexta à noite e eu sou um rapaz jovem até onde sei. Então mandei uma mensagem para meu bro – e eu sinto que eu me apropriei dessa palavra da maneira errada - Scorpius o convidando para tomar uma cerveja trouxa e talvez ver um futebol, ou algo assim, que amigos de longa data fazem e ele me respondeu:

“8:35 P.M.
Scarface: Não posso hoje, cara, muito ocupado com os lances do casamento”.

Lances do casamento? ELES SÓ VÃO SE CASAR DAQUI A 6 MESES – não por causa de dinheiro, porque Scorpius poderia tirar a rainha do trono se ele quisesse ou comprar um trono maior pra ele; mas porque Rose quer um casamento maior que o de Harry (não meu pai, o príncipe) e uma renda francesa cheia dos fru fru, se casar na primavera e mais uma lista de exigências. Pergunta: príncipes tem sobrenome?

Deixa pra lá.

“8:36 P.M.
Eu: Dúvida: é um casamento ou a cerimônia de abertura das Olímpiadas de Inverno? Eu devo aprender a patinar no gelo ou uma rotina diferente de dança? Ou melhor...  a jogar curling?

“8:36 P.M.
Scarface: Você vai ter sorte se for convidado.”

“8:37 P.M.
Eu: Tá com medo que eu ofusque seu brilho, né?

“8:37 P.M.
Scarface: Sonha alto o rapaz.

ps: Uma rotina diferente de dança parece uma boa ideia, vou acrescentar ao cronograma.”

Cronograma.

Eles se acham muito realeza, Merlin amado.

Quanto falta para às 10:15? Nossa. Uma hora e meia. O que eu faço em uma hora e meia? Olhei minhas redes sociais, joguei videogame, fiz flexões (mentais), tive uma ideia para a divisão de apps da empresa – que concordou em me deixar voltar ao trabalho após ver que atualmente eu tomo banho; começo segunda feira, com uma camiseta de super-herói bem passada, calça jeans sem rasgos e um tênis novinho em folha. Eles vão ver que eu estou levando esse negócio todo de trabalhar muito a sério.

Ainda faltavam 45 minutos.

Pensei: vou lá comer uma batata frita e ver Abbie vestida de pirata perto de pirralhos de 13 anos na puberdade que nunca ficaram perto de uma mulher bonita que odeia Nickelback antes. Eu quero inspirar aqueles jovens, quero dizer para eles: se eu consegui vocês também conseguem, se eu usei acnase e neutrogena, vocês também podem. Olha aí, mais uma carreira na qual eu seria bem-sucedido, Mestre Jedi de adolescentes. Imagina o cartão: JAMES S. POTTER – MESTRE JEDI.

Entrei no carro e chamei Al pra comer umas batatas e meu irmão, que ainda não me abandonou como aquele traíra loiro que se acha príncipe da Inglaterra, aceitou meu convite contanto que a gente passasse pra buscar Izzie – pensei, tomara que eles façam hamburguer sem molho só carne e queijo praquela criatura. Fomos todos não-humilhar Abbie publicamente, com sorte pediríamos umas comidas e uns refrigerantes e depois eu levaria minha namorada – ainda estou achando legal dizer – para casa.

— Você avisou que estávamos vindo, certo? – Izzie perguntou nervosamente, sabia que Abigail detestava usar a roupa de pirata em público.

— Na verdade não – Disse já me aproximando do bloco do restaurante. – Vamos fazer uma surpresinha.

— J, não acho que isso seja uma boa ideia. – Ela me olhou aflita com seus olhos gigantes de anime.

— Acho que não tem nada a ver. – Dei de ombros. – Eu vinha busca-la mesmo às dez e quinze, só viemos um pouco antes. Sem contar que eu estou morrendo de fome.

— Será que dessa vez ela tá usando o tapa-olho? – Izzie perguntou e Al riu.

— Na última vez que viemos ela ficou bem brava porque eu tentei tirar fotos dela de tapa olho. – Al gargalhou. – Ela faz uma coisa engraçada de puxar o R e oferecer rum a menores de idade. Muito bom.

— Sim, e aquela vez que a gente chegou e ela estava entalada na piscina de bolinhas, porque uma vez... – Isobel para de falar e pela primeira vez paro de prestar atenção na minha vaga. Essa história parecia interessante!

— O que foi? – Pergunto, desligando o carro.

— Nada. – Izzie é uma péssima mentirosa, e olha para baixo.

Então sigo os olhos do meu irmão. Vejo Abbie, com o tapa-olho, o que me faz sorrir um pouquinho. Ela está com os ombros envergados e com as mãos na cintura, numa cara de poucos amigos, daquelas que ela faz quando recebe mensagens no aparelho trouxa no meio de uma fase de algum de seus muitos aplicativos de jogos.

Foi quando eu notei que ela não estava sozinha. Havia um marmanjo de mais ou menos um metro e oitenta, talvez um pouco mais, mas definitivamente mais baixo que eu, tinha um riso zombeteiro e uma cara de galã de novela. Seus olhos eram verdes, seu corpo super malhado, mas nada igual a esses monstros da academia crossfiteiros competidores do The Ultimate Beastmaster - um estilo mais: eu-poderia-ser-modelo-de-cuecas-se-eu-quisesse. O que me fez olhar pra minha barriguinha de cerveja e pizza, e pensar duas vezes se meu destino era comer batata frita hoje.

Eles parecem ter algum tipo de intimidade, porque ele colocou a mão no ombro dela e ela não tirou. Ela detesta toques e intimidade.

Foi aí que eu parei de respirar. Eu senti algo que nunca senti antes.

— Gente. Eu estou meio taquicardíaco - Estiquei meu pulso. - Dá pra sentir?

— Não chega a ser taquicardia. - Izzie disse preocupada.

— Isso se chama drama. – Al constatou com toda sua esperteza acadêmica. - Você está com o pulso acelerado, não está morrendo.

— Mas eu tô sentindo um engasgo na garganta, sabe? Estou até suando. - Tentei explicar meus sintomas físicos inutilmente, cerrando os punhos - Com uma certa dificuldade em me acalmar.

— Oh meu Deus. - Izzie disse como se tivesse descoberto a cura pra minha recém adquirida doença, mal segurando um riso. - Você está com ciúmes.

— Você nunca sentiu ciúmes antes?

— Claro que sim. Talvez. - Parei para pensar. Senti minhas bochechas se aquecendo naquele tom vermelho corado. - Acho que não dessa forma. Se é que é esse o problema. Quer dizer, eu posso estar tendo um ataque cardíaco.

A verdade é que eu costumo ser bem confiante, como já devem ter notado em meus relatos. E eu acho que eu nunca senti ciúmes de nenhum dos caras que deram em cima de Jenny, por exemplo. Tenho vários motivos para isso:

        1) Eu sou realmente uma pessoa legal. Eu doo para a caridade, eu faço segunda sem carne quando eu me lembro, já ajudei uma criança a passar numa fase do PEQ sem demonstrar impaciência... Muitas boas ações.

        2) Eu sou bonito.

        3) Eu sou levemente famoso - filho de gente famosa conta, né? Pelo menos para alguns reality shows classe B deve contar - e bem-sucedido.

        4) Eu sou beeeeeem bonito. Achei que deveria ser mencionado mais de uma vez.

Mas eu não pude deixar de perceber que eu realmente me sentia diferente. Pode ser porque toda essa relação é um território desconhecido para mim, nunca me interessei e gostei de verdade de uma pessoa em tão pouco tempo. Estou investido nisso, aparentemente. É quase como se eu tivesse uma... Fraqueza. Não parece a coisa certa a se dizer, talvez seja vulnerabilidade. Soa mais poético, inclusive.

Então estou aqui investido e há um homem alto e malhado com a mão no ombro dela. Cheio de intimidade.

— O que foi? – Izzie perguntou, olhando minha expressão perplexa que encarava os dois como se eles estivessem cometendo um crime de atentado ao pudor.

— Quem é ele? – Perguntei entredentes.

— Você não sabe? – Al se afastou de mim, com cautela. – Acho que não deveria ser eu a te contar.

— Que merda. – Girei os olhos. – Fala logo.

— É o ex-namorado dela. – Izzie respondeu-me – Wes Parker.

Parker.

Que sobrenome mais... Americano. Tudo bem que ser americano não é exatamente um defeito, mas no caso dele é. Americanos são muito “vamos comer no Mcdonalds e assistir uma partida de futebol, duh duh duh, beisebol e basquete”. O futebol deles nem é o verdadeiro futebol, até porque eles mal chutam a bola. Idiota, assim como aquele babaca com a mão no ombro da minha namorada.

— Isso me parece terrivelmente errado. É uma conversa particular e a gente assistindo como se fosse novela. - Izzie disse enquanto eu tirava o cinto. – E não você não vai lá.

— Eu sei. - Respondi cabisbaixo, porque apesar de querer muito fazer o errado, eu tento ser alguém correto. - Vou só ligar pra ela.

Vou ligar. Avisarei que estou aqui no estacionamento com leves ciúmes, porque não sou doente e ciúmes não é sexy, é na verdade meia insegurança da minha parte, porque o cara é mais bonito que eu, mas se eles não estão juntos ele não deve ser perfeito. Até porque, quem seria o louco de deixar Abigail escapar?

Talvez ele fosse.

 - Quem terminou com quem? - Pergunto enquanto acho seu número facilmente no topo da lista.

— Isso é importante?

— Curiosidade. - O telefone chama a primeira vez.

— Vocês nunca falaram sobre seus relacionamentos anteriores?

— Eu falei sobre Jenny mas ela... - Percebo que Izzie estava tentando fugir da pergunta. - Ele terminou com ela não foi?

— O quanto você falou sobre Jenny? - Al pergunta preocupado.

— O suficiente. Que ela pegou meu coração e comeu com batata assada, você sabe, o de sempre. - Encolhi os ombros. - Será que ele voltou porque quer ela de volta? Lógico. Quem não ia querer ela de volta?

O celular chamou. Ela olhou pra tela, suspirou e desligou. E voltou a falar com ele.         

Não sei porque eu me senti tão mal. Foi um lance forte assim no peito. Me senti como não me sentia há muito tempo: rejeitado. Ela estava no meio de uma conversa, tem isso. Mas é uma conversa com o ex-namorado que poderia muito bem ter saído de um catálogo de cuecas Calvin Klein, tem isso também. Me senti dramático também ao sair do carro devagar. Mal ouvi Al implorando no fundo desse cenário "não faça uma cena, você não é o Ryan Gosling".  Não sou tão bonito quanto Ryan, de qualquer maneira. Mas eu não ia dar uma de ciumento louco, não. Eu só achei que se eu ficasse muito tempo no carro espionando seria pior. Como você explica isso depois?

— Olá - Falei interrompendo, acenando desajeitadamente - Eu cheguei cedo, eu sei. Estava com fome.

— Ah, Oi James. - Colocou o cabelo atrás da orelha, sorrindo de maneira falsa e surpresa. - Sim, chegou. Que horas são?

— Nove e alguma coisa. - Dei de ombros como se a hora não fosse importante. O rapaz mais-bonito-ainda-de-perto me olhou com curiosidade e depois para Abbie com expectativa.

— Ah. Wes, esse aqui é meu amigo James. - Ela colocou as mãos na saia de pirata, alisando-a nervosamente. - Ele veio me dar uma carona pra casa.

Meu amigo James.

Meu amigo.

Meu.

Amigo.

James.

— Amigo. Ok. - Disse audivelmente pra mim mesmo e pra quem que fosse. Tenho certeza que ela ouviu. - Isso. Vim levá-la para casa apenas. Como o guarda costas da Whitney Houston.

— Ele não morre no final? - Ele me desafiou com o olhar e riu em seguida. - Tô brincando, cara. Eu sou Wes. Eu e Gail nos conhecemos há algum tempo e ela não mencionou que era amiga do filho de Harry Potter.

— Ela não menciona muitas coisas, você não faz nem ideia. - Ri falsamente, encarando-a com os olhos. - É uma amizade recente. Não tão longa quanto a de vocês.

— A gente se conhece há o que... Uns 10 anos? - Ele falou olhando pro teto, tentando lembrar.

— É. Por aí. - Ela o interrompeu, acho que ela só queria que essa conversa acabasse.

Fiquei pensando no quanto eu odiava aquela situação que pra ser justo eu criei para mim mesmo enquanto eu encarava um cara mais bonito que eu, com provavelmente mais neurônios e melhor sucedido. Eu sou inteligente e bem-sucedido, mas ele tinha aquele sotaque americano de Hollywood e aquele terno ajustado sem gravata.

Permiti me encarar por um minuto, com camiseta de banda e jeans e o cabelo que viu um corte ou um pente há uns três meses. Nem os olhos bonitos eu tenho, meu irmão ficou com esse lance.

 - De onde vocês se conhecem? - Provoquei.

— Do ensino médio. - Wes respondeu e Abbie girou os olhos, ela sabia o que eu estava fazendo. - Mas só começamos a namorar no último ano. Depois das aulas ficamos namorando a distância e eu acabei me mudando pra cá.

— Você mudou pra cá por ela? - Fiquei assustadíssimo. Pensei: estou me metendo em amor verdadeiro, sacrifício e esses lances.

— Não. - Abbie, que parecia ter sido mordida bem na língua, respondeu entredentes. - Recebeu uma proposta de emprego em Londres.

— Ah. Entendi. - Encolhi os ombros. - E vocês estão... Voltando?

— Não. - Abbie respondeu rapidamente.

— Ainda. - Ele completou sorrindo e eu cerrei os punhos. Fiquei meio aturdido e levemente surdo depois disso porque ele continuou falando e rindo alguma coisa que para mim não fez sentido, enquanto eu encarava seus lábios esperando que saísse um som que fosse.

— Bem. Então não quero atrapalhar. – Apertei os lábios em um meio sorriso muito fajuto. Talvez seja por isso que ela me apresentou como amigo, não é. Olhando para baixo completei: - Acho que vou indo então, até mais.

Comecei a andar de volta para o carro. Não sei que tipo de esperança eu ainda nutria enquanto eu andava devagar demais para o carro. Talvez eu tivesse um desejo de que ela me chamasse e pedisse para eu esperar e desfizesse o mal-entendido que se formou na minha mente. E sim, eu ainda estava lidando com isso como se eu tivesse entendido errado e não como se eles estivessem se reconciliando e de repente se eu tivesse chegado às dez e quinze, eu seria notificado do fim desse namoro de menos de um mês. Honestamente, não sei o que pensar.

— O que houve? - Al me perguntou tenso.

— Ela me apresentou como amigo. – Encolhi os ombros. – E ele disse que eles não voltaram. Ainda.

— Babaca. – Izzie girou os olhos. – Ele acha que é assim. Ridículo. Só aparecer que ele vai ter de volta o que ele quiser.

— Mas ela nem negou, Izzie. – Respondi num muxoxo e talvez um pouco envergonhado. – Ela ficou durante toda aquela conversa embaraçosa evitando dizer que estava comprometida. É como se eu tivesse estragado uma linda reconciliação.

— Tenho certeza que não é isso. – Ela me disse, com a mão no meu ombro. – De repente ela só não sabia o que dizer.

— É fácil. – Girei os olhos.  – "Olá, esse é meu namorado James." É bem fácil de dizer, a não ser que ela queira voltar com o cara. Enfim, vamos para a casa. 

Passei com o carro na frente dela e fui embora. Não sei se ela viu o quão triste eu estava. 

Nem o quão puto. 


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