Nine Weeks and a Half escrita por Jones


Capítulo 4
Day 17 – The “Define the Relationship” Matter.


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Vim agradecer a quem tá lendo, postar um novo capítulo e mandar um beijo pra Bibela ♥
Espero que gostem!



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Ela tinha acabado de ir embora depois de uma festa-do-pijama (literalmente) que tínhamos feito ontem à noite. Envolveu a falta de pijamas também, mas nós somos meio adolescentes e ficamos fazendo maratona de Lost in the Muggle Dimension enquanto comíamos feijões de todos os sabores e batata frita, consumíamos milhares de litros de refrigerante e cerveja amanteigada e usávamos do recurso de pausa para nos agarrarmos ou xingarmos algum personagem disperdiçando pipoca nos nossos protestos.

Nos despedimos pela manhã porque sempre almoçávamos juntos aos domingos – eu, Scorpius, Al e as agregadas. Por mais que eu tenha feito isso nas ultimas semanas, Scorpius continuava batendo na tecla de que eu estava desaparecido e me enxendo a paciência, então dispensei a menina e, contra os meus princípios, cheguei antes de todos na rua da lanchonete na Westchester-não-trouxa que almoçamos há quatro anos, nosso ponto em comum. Fica no subterrâneo de uma loja de departamentos trouxa, como se fosse um pub, por isso se chama DDS (Downstairs a Department Store) Pub. 

— E quando conheceremos sua namoradinha? - Scorpius me disse, enquanto esperávamos Rose e Al para o almoço em frente ao portão enferrujado que dava acesso a lanchonete. - Se ela existir.

— Para começar, namoradinha não. - Fiz careta. - E ela existe, existe pra caramba.

— Ela é o que sua então, além da pessoa que te manteve refém pelos últimos sei la vinte dias? - Ele perguntou, erguendo as sobrancelhas. - Meu celular nunca esteve tão silencioso. 

— Isso é ciúme, Malfoy? Você sabe que não há outra pessoa na minha vida além de você! - Debochei, bagunçando o cabelo sempre perfeitamente arrumado dele. - E são dezessete dias, não vinte.

— Você sabe os dias. Por favor, você está namorando. Que fofo - Scorpius riu da minha cara de provável desespero.

— Nós não somos namorados. - Senti a necessidade de reforçar. - Somos...

— Amigos? Com benefícios? - Malfoy perguntou ansioso. - Então você está saindo com outras pessoas?

— Muitas perguntas! - Soquei e espalmei minhas mãos uma na outra repetidas vezes enquanto pensava - Nós nos tratamos como amigos, falamos de vocês e da colega de quarto dela que ela chama de Dizzy, usufruímos dos benefícios... Mas eu não acho que dê tempo de sair com outras pessoas porque a gente se vê quase todos os dias. Então, não sei.

— Espera. Vocês não definiram o que vocês são ainda? - Me olhou segurando o riso ao mesmo tempo que espantado. - Como você consegue?

— Como assim? - Perguntei apreensivo, enquanto Rose virava a esquina. 

— Rose está vindo. - Scorpius sempre sagaz, constatou um fato.

— Ei amor! -  Ela o cumprimentou sempre com a alegria contagiante de vê-lo e com aqueles beijos cinematográficos de quem carrega uma joalheria no dedo anelar. - Oi... Cadê a namorada?

— Ela não é... - Passei os dedos efusivamente entre meus cabelos. - Não sei.

— Eles não definiram o relacionamento ainda. - Ele fez um gesto para que Rose começasse a palestra.

— Como assim? – Rose cobriu os lábios com as mãos, com os olhos expressivamente arregalados. – E se ela estiver saindo com outros caras? E se ela quiser algo sério e você não quiser? Ou, pior, o contrário? E se ela só tiver dois meses de vida?

— Quem só tem dois meses de vida? – Al, apareceu de repente como sempre.

— Ninguém! – Quase berrei, cruzando os braços. – Rose, isso é exagero. Nós só estamos nos divertindo e não conversamos sobre esse negócio de relacionamento ainda.

— Então você está saindo com a menina e não perguntou o que vocês estão fazendo ainda? – Al parecia se divertir com o assunto.

— Eu sei o que a gente está fazendo: curtindo a vida adoidado. – Respondi, indicando o portão do restaurante. – Vocês estão muito salientes.

— Não sei o que você quis dizer com isso, mas você também não sabe o que ou com quem sua amiga-peguete-namoradinha está fazendo agora também, então... Ninguém pode saber de tudo. – Scorpius falou, se divertindo.

— Não sei o que você quis dizer com isso, mas você também não sabe o que ou com quem sua amiga-peguete-namoradinha está fazendo agora também, então... Ninguém pode saber de tudo. – Scorpius falou, se divertindo.

— Ela saiu pra almoçar com a amiga dela. – Falei, encolhendo os ombros.

— Então você sabe do paradeiro dela! – Alvo observou, cruzando os braços. – A essa altura ela já usou alguma peça do seu vestuário, já tomou banho na sua casa e já atendeu a porta da sua casa.

— Sim, mas isso não quer dizer nada. – Encolhi os ombros. – Todos vocês já fizeram isso.

— Sim... Mas me responde algo: quantos noites seguidas ela passou na sua casa? – Al perguntou, como se eu fosse algum tipo de experimento.

— Sei lá. – Mas eu sabia, uma vez ela dormiu três dias seguidos na minha casa porque eu insisti para ela ficar. Quem sou eu e o que eu fiz com James? – Talvez eu tenha uma namorada que não saiba que é minha namorada ainda.

— Ou talvez ela saiba que é sua namorada, haja como sua namorada e tenha trocado o status de todas as redes sociais, mas você não tenha visto isso. – Al provocou meu pânico que já era crescente. – Talvez você não devesse mudar de cor quando eu mencionasse a palavra ‘namorado’, imagina se ela estivesse aqui e visse sua cara de morte.

— Vai encher o saco de outro! – O fuzilei com os olhos, o que o fez rir estilo James-quando-caçoa-da-cara-do-irmão-mais-novo. Carma é realmente algo interessante. – Cadê sua namorada, aliás?

— Ela deve estar ai dentro, trouxe a Gail para conhecer vocês, os "amigos" dela... Aliás, você ia gostar da Gail, te arranjaria um encontro com ela se você não tivesse sido fisgado. – Al falou, liderando o caminho pelo túnel escuro que dá acesso ao Pub. – Se sua namorada não existir como todos desconfiamos, talvez vocês dois funcionem juntos.

— Não estou interessado, mas obrigado pela consideração. – Falei encolhendo os ombros. – E para que vocês parem de me importunar, mesmo eu sendo incrível demais pra isso, prometo que na próxima oportunidade "definiremos o relacionamento" e eu os apresentarei minha o-que-quer-que-seja.

— Nossa. Ficou irritadinho. - Scorpius riu, depositando o Nuque da entrada. 

Quando entramos, vimos a lanchonete estava vazia a não ser pelas quatro pessoas em uma mesa do canto e as duas sentadas na nossa mesa regular do domingo, no centro bem perto das bebidas. Estava escuro como sempre, com o cheiro de whisky de fogo e tequila de los muertos de sempre, com os mesmos elfos comerciantes hospitaleiros e trambiqueiros. Por mais que a gente chame de lanchonete para disfarçar nossos vícios, DDS é definitivamente um bar. 

Duas pessoas sentadas na nossa mesa regular de domingo. Izzie e Gail.

Quando a vi de costas, imaginei que era ela. Depois pensei “isso é doença, James você é capaz de enxergar outras pessoas, se controle”, então vi o cabelo dela preso no que ela chama de “coque-da-preguiça” e pensei “não pode ser”, por isso fui buscar confirmação na nuca dela que foi onde vi “r love”(que era fim da mensagem “keep your head up, keep your love” que ela tinha tatuada desde o ombro) acima da camiseta da gola da camiseta do The Smiths que servia como vestido nela, já que ela me roubou no terceiro dia. Conseguia ver também parte do colete cinza que ela disse não combinar comigo enquanto eu escolhia minhas roupas naquela manhã.

Abbie mais Gail é igual a Abigail. Idiota.

Me sentia atônito.

— Pessoas, essa é a Abigail. – Izzie (Compreendi o ‘Dizzy’ finalmente, palmas pra mim) se levantou para apresentar a amiga. – Gail, esses são Rose e Scorpius, Al você já conhece e esse é o James.

— Sou a Abbie, por favor, Gail é terrível. – Ela tirou as mãos dos bolsos dos shorts incrivelmente curtos e acenou para todos, inclusive para mim, para quem ela acenou uma fração de segundo a mais para me dar algum tipo de recado, de acordo com ela, já que eu só fiquei quieto. – Izzie fala bastante de vocês!

Me pareceu um alerta. O que será que Izzie fala de mim?

Não deve ser coisa boa, porque a gente se conheceu mais ou menos duas semanas depois que Jenny enfiou uma faca no meu peito e girou, depois me deixou sangrando. Então meus encontros com a Izzie (que por ter me aguentado nessa época entre outras coisas, é uma das pessoas que eu mais gosto no mundo) se resumiram a alcool que eu consumi, discursos de ódio e longas exibições de filmes em que alguém morria no final; depois veio a fase “sou pegador” que deu tão certo que eu troquei saliva com umas quatro ou cinco mulheres desconhecidas e, por fim, a fase “ninguém presta nesse mundo, vou morrer sozinho”.

— Coisas boas, espero. – Sorri nervosamente. Ela não queria dizer que era a Abbie com quem eu estava saindo por isso, queria ouvir as coisas que os meus amigos tinham a dizer sobre mim. Injusto.

— Abbie, esse é o partidão que eu ia te apresentar um dia desses. – Izzie brincou apontando para mim. – Lembra que a gente ia sair no dia seguinte ao seu aniversário, mas você sumiu, Jay? Então, mas você arranjou namorada e essa aqui também arranjou namoradinho, no mesmo intervalo de tempo!

— Hey! Ninguém falou em namorado! – Abbie exclamou um pouco rápido demais.

— Exatamente. – Concordei um pouco mais contido que ela.

— Não quer dizer que não vamos chegar a esse ponto de... Namoro. – Ela disse com dificuldade, acho que pra se consertar, por isso eu ri enquanto ela me fuzilava com os olhos. – Só que não falamos sobre isso ainda.

— Não definiram o relacionamento. – Rose censurou, estalando a língua. Se achava a guru dos relacionamentos, minha gente.

— Eles nunca saíram de dentro de casa! – Izzie a expôs mais ainda e eu arregalei os olhos.

— Não é verdade. – Abbie imitou minha expressão. – Nós saímos uma vez para comer bolo de chocolate e outras vezes para comprar coisas no supermercado.

— Nenhuma delas é um encontro de verdade! – Rose disse, exasperada.

— Ás vezes o cara a convidou várias vezes pra sair e ela não quis. – Falei, tentando soar indiferente, chamei Ambulat, o garçom, para pedir um whisky de fogo. – É o meu caso.

— Vocês dois precisam se sentar com os pares de vocês na primeira oportunidade e definir o relacionamento. – Al imitou Rose. – Vai ver nesse instante ela está agarrando um homem musculoso de dois metros de altura sob o pretexto de vocês não terem nada... Assim como ele pode estar num bar com um bando de marmanjo falando do seu desempenho sexual.

— Ele não é machista assim. – Ela defendeu o cara com quem ela estava saindo. – E também sabe exatamente com quem eu estou, exatamente mesmo.

— Al, não seja insensível com o relacionamento alheio. – Izzie o repreendeu.

— Ele só quer conhecer minha namorada. – Sorri para Izzie e então para Abbie. – Não posso culpá-lo, ela é realmente incrível.

— Namorada? – Foi Rose quem perguntou. E eu apenas tive tempo de olhar Abbie com o canto dos olhos.

Ela sorria, mas não parecia real. Me passou pela cabeça que eu deveria ter falado com ela antes de começar a colocar rótulos no nosso relacionamento, mas ela tinha me defendido e sabia como eu era e como eu funcionava, mesmo existindo apenas dezessete dias de nós dois, eu não tinha outra escolha a não ser dizer em voz alta o que ela era pra mim.

— Claro que se ela quiser. – Falei casualmente, com um sorriso normal eu espero. – Não passamos por esse lance de definir relacionamento ainda, como você já fez questão de dizer algumas vezes hoje... Mas eu sei que nós somos mais que amigos que desfrutam da genitália um do outro.

— Genitália? – Alvo me olhou com estranheza, talvez pela escolha das palavras.

Scorpius me lançou um daqueles olhares que são como convites para “chats telepáticos” – quando se tem um ‘Bro’, você está sujeito a isso vinte e quatro horas por dia. Com a cabeça ele indicou a Abbie e eu sorri, ele arregalou os olhos e riu mentalmente aprovando o relacionamento, murmurei um “eu sei, valeu” (mentalmente também, porque nosso lance é telepático) e sua feição mudou para “quando vocês vão contar para todos?” e eu fiz um gesto de “depois” com os dedos.

Rose que assistia a cena girou os olhos. Inveja dessa conexão virtual que nós temos.

— Gente, vamos falar de outra coisa! – Scorpius disse entrelaçando os dedos da mão esquerda aos da direita. – Abbie certo? – Ela confirmou com a cabeça e eu sorri vacilante, não vinham boas coisas. – Fale sobre você! Quais seus filmes favoritos, histórico de doenças na família, o que você procura em um relacionamento...

Ela encarou Izzie pedindo ajuda, essa apenas encolheu os ombros.

— São perguntas meio esquisitas, cara. – Izzie-Dizzy o olhou com estranheza e depois me encarou... Talvez ela tenha desconfiado que a Abbie dela é a minha Abbie, já que ria baixo quando desviava os olhos de mim.

— Gosto de Ferris Bueller e um sobre um moleque depressivo que encontra o amor na clínica de reabilitação. – Abbie respondeu, semicerrando os olhos para mim que pouco compreendi . – Minha familia tem um monte de gente com pressão alta, mas a minha é baixa... Sobre relacionamentos, eu procuro longas caminhadas sob o sol poente ao som de Norah Jones.

— Norah Jones tem músicas maravilhosas! – Rose exclamou e começou a divagar sobre o assunto até todos da mesa se entreolharem, trocarem caretas e começarem a rir. – O que foi?

— Como isso aconteceu? – Al perguntou empolgado, ignorando Rose. – Quer dizer, quais são as chances?

Eu e Abbie nos encaramos por alguns segundos. Ela inclinou a cabeça para mim: inventa uma história incrível, James.

— Rose chamou minha atenção para o fato de que eu sou muito crítico em relação as pessoas e morreria sozinho, me desafiado a conhecer alguém pelo Wander... – Comecei, não costumo mentir para as pessoas que estavam ali na mesa, nem mesmo a Abbie que conheci dia desses. Ok, eu minto o tempo inteiro, mas não sobre coisas sérias.

— Ele é o cara que você estava pesquisando se era psicopata ou não aquele dia! – Izzie bateu na mesa e arregalou os olhos gigantescos dela. – Eu estava no mesmo lugar que ele! Eu pude vê-lo falando com você pelo celular! Eu estive a par desse romance desde o ínicio, literalmente!

— Sua empolgação é assustadora, anime, se controle. – Al a encarou com uma careta.

— Meus amigos, juntos! – Izzie disse agitada, eu a encarei com estranheza novamente. – Mesmo tendo se conhecido por meio de um aplicativo estúpido e degradante que não faz nada além de objetificar relações interpessoais simplificando-as a meras curtidas em fotos e avaliação sexista do corpo feminino.

— Você e James estão juntos? – Rose perguntou de olhos arregalados. – Por minha causa!

— Sim. – Abbie respondeu, depois de buscar confirmação nos meus olhos. – Em um relacionamento monogâmico, namorando.

— Definimos o relacionamento. – Sorri, ela me lançou uma piscadela e um beijo no ar. – E as pessoas dizendo que isso seria difícil.

— Não são incríveis como nós. – Ela falou, dando de ombros e fazendo todos os casais girarem os olhos.

— Vocês são tão bonitinhos achando que essa coisa de piscadela, sorriso e paz dura pra sempre. – Scorpius apertou meu ombro. – Aproveitem.

— O que você quer dizer com isso? – Rose cruzou os braços.


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