Apesar da “profissão” e o título de A Vingadora Donzela do Inferno, Enma Ai ainda era era uma criança. Uma criança com um grande conhecimento e infinito tempo de vida; era isso o que significava ser imortal não é? Uma criança com um grande fardo.

Ninguém merecia levar todas aquelas almas para o inferno, por mais que fossem indignas e maldosas… Ninguém merece vivenciar tanta dor e ao mesmo tempo tanto sacrifício. Dor dos que partiam imediatamente, sacrifício dos sofridos, os vingados...

Faziam séculos que vivia nessa missão, purificando o mundo dos vivos, do qual nem mesmo fazia parte. Anos e mais anos em que as pessoas traziam desgraça umas às outras usufruindo de seu limitado poder.

Enma Ai aguentava porque sabia que nenhum ser vivo; mortal ou imortal; merecia aquele destino. A dor que as infinitas almas carregavam se perdiam pelo mesmo rio que Caronte levava as almas ao seu destino final. A diferença entre eles era simples, Ai começava a se perder no meio de toda aquela insanidade. Impor um destino inevitável a uns, carregando consigo outros que precisavam de cuidado.

Não cabia a ela julga-los, o que ela tinha que fazer era realizado muito bem, obrigada, mas os pensamentos e incertezas sobre o correto é o errado vinham sem se importar com a imparcialidade que ela deveria manter.

Ela se encarregava de tirar as almas sujas do mundo e se sujava no processo. Ela se encarregava disso porque era forte o suficiente. Se encarregava porque acreditava ser a única a não se corromper. Se encarregava porque nada poderia superar a dor que seu substituto iria sentir. Assim como sua avó sentirá antes dela… Ela se encarregava disso porque o mundo precisava que ela fosse sua força.