Oposto Complementar escrita por Tai Barreto


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Olá, amores. Feliz ano novo. Peço desculpas pelo sumiço, mas eu tive um bloqueio criativo para esse capítulo, somente para esse, pois o restante da história está quase concluída na cabeça. Como vocês sabem, cada capítulo se passa em apenas um dia, então acabei me quebrando.
2. Minha cunhada continuou levando o notebook para o trabalho e deixou lá por um bom tempo.
3. Quando o trouxe para casa, há alguns dias, trouxe quebrado. O botão de ligar o wi-fi, não é no teclado, como os normais; ele tem um botão na frente, perto das luzes que indicam "carregando" e "ligado", e como ela o trazia em pé, na cadeira de segurança do filho, como se fosse uma criança, o balanço acabou prejudicando o botão. Como o meu namorado é expert nesse quesito, ele reparou ontem, eu acho.
4. Meu sobrinho está de férias, então fica complicado dar total atenção às histórias.
Como foi o fim de ano de vocês? Espero que tenham se divertido e tudo o mais.
Peço mil desculpas pelo atraso. Não foi minha intenção.

Sem mais, boa leitura.



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— Nada de pentear meus fios contra o sentido em que eles crescem. — Levanto da cadeira da cabeleireira e fuzilo a cobra da minha irmã. — Faça no seu. Um cacete que farão no meu.

— E que penteado você quer fazer nisso que você chama de cabelo?

Eu cerro os dentes. Vê por que eu a chamo de cobra? Ela estava elogiando meus fios antes de chegarmos aqui. Aqui é o SPA de Londres, onde Harry nos deixou a pedido da naja ao meu lado. Tivemos um dia relaxante, mas Letícia acaba de colocar tudo a perder. E ainda proibiu o meu vizinho de vir nos buscar, alegando que voltaríamos melhor de táxi e eu não pude me opor graças ao fato de ele ser o padrinho. Bruno deve estar uma pilha de nervos. Resisto à imensa vontade de avançar em cima da minha irmã e puxar os cabelos encaracolados que ela faz questão de esfregar na minha cara. Volto a sentar, inspiro fundo e converso com a cabeleireira. Eu apenas não finquei as unhas no braço de couro da cadeira porque já estão impecáveis numa francesinha. A maquiagem vai ser a última coisa que farei e eu já estive analisando uns modelos. Eu não quero nada muito chamativo. Até porque eu sei bem que, se eu chegar com uma coisinha a mais do que deveria para uma mera convidada, Skye me matará.

***

Eu aprumo a postura e aliso o vestido azul marinho no meu corpo. É de mangas compridas, longo, rendado, de decote em V profundo, fenda na perna direita até metade da coxa e abraça perfeitamente as minhas curvas. Meus cabelos estão soltos, com lindas ondas. Uso um par de brincos pequenos e seriam discretos se não fossem de diamante, presente de aniversário antecipado do meu pai. A maquiagem... Bem, tem os olhos esfumados, com lindos e imensos cílios postiços e o batom num vermelho escuro matte. Coloco a franja para o lado, pego a bolsa tiracolo preta e saio do quarto. Levanto um pouco o vestido, exibindo minhas sandálias pretas de salto alto e tira e encontro a cobra da minha irmã sentada.

Letícia usa um longo verde musgo, mangas três quartos, de ombro a ombro, justo em suas curvas. Os cabelos encaracolados estão presos num coque com trança. A maquiagem é discreta, ao contrário de mim: com um batom nude e apenas os olhos esfumados. Ela se coloca de pé.

— Você está incrível. — E sorri.

Eu até retribuiria se não visse o veneno escorrer pelo canto dos seus lábios.

— Você também. Harry apareceu?

A ideia de não o ver durante um dia inteiro não me agrada nem um pouco. Quer dizer, eu sei que o vi pela manhã, antes de sermos desovadas no SPA. Certo. Eu admito. Não fomos desovadas. Pelo menos, eu não fui, já que ele não queria que eu ficasse, porém, eu sabia que ele não ia ter muito tempo para mim, então preferi ficar para não o atrapalhar como padrinho.

— Ele veio, mas eu disse que você ainda estava se arrumando. Ele é o padrinho, você sabe. Precisava estar lá com o noivo...

Eu suspiro.

— E como vamos? Táxi?

A campainha ecoa e eu vou até lá.

— Senhorita Vidal? — questiona um homem vestido de terno e eu lembro que se trata do motorista da Eleanor.

— Oi, John.

— O senhor Carter pediu que viesse buscar a senhorita e a sua irmã.

E antes que eu olhe por sobre o ombro, Letícia já está ao meu lado. Agasalhamo-nos, saímos e eu tranco a porta. Eu levanto o vestido para não sujar no piso úmido, graças ao fato de ter nevado mais cedo.

Dentro da pequena limusine, Letícia se serve com uma taça de espumante rosé.

— Deixa isso aí. — Resmungo. — Você é muito folgada.

— Você não o ouviu dizer para ficarmos à vontade? — Ela beberica. — É um Duet Rosé da Vins Champoudry, querida. Edição limitada em comemoração ao centenário da vinícola.

Reviro os olhos para a fútil ao meu lado e suspiro, olhando pela janela. Desenho no embaçado, aleatoriamente. Se eu soubesse que sentiria tanta falta dele assim, nem o teria deixado se afastar essa manhã. Qual é? Eu me tornei uma dependente do Harry? Eu aposto que ele nem sente tanto a minha. Solto um suspiro e quase caio quando a porta é aberta. Quase porque eu estou de cinto de segurança.

— Perdão, senhorita Vidal — diz o John.

— Tudo bem. — Retiro o cinto e saio do carro. — Você não teve culpa. Eu quem me perdi em devaneios.

— Perdão. Com licença.

O homem alto, forte e de cabelos alaranjados entra no carro outra vez.

— Vamos?

Eu dou um gritinho ao ouvir a pergunta da minha irmã e levo a mão ao peito.

— Quer me matar?

— Você se perde em devaneios e vem me culpar?

Reviro os olhos, arrumo a alça da bolsa no ombro e caminho pelo tapete vermelho, que impede de sujar o meu vestido, porém, ainda assim, eu levanto. No instante em que coloco os pés para dentro da Igreja, sou envolvida num abraço apertado e eu só retribuo por se tratar do Harry. Ele se afasta e segura meu rosto em mãos.

— Que saudades eu senti de você!

Eu sorrio e o abraço. Meu coração palpita dolorosamente em meu peito e eu sinto o meu interior relaxar.

— Eu também senti muita saudade de você. — Afastamo-nos o suficiente para nos encarar e eu sorrio, afagando o seu rosto.

— Deixe-me ajudá-la a retirar os agasalhos — diz, prontificando-se em fazer. Ele entrega a uma mulher e olha a minha irmã. — Oi, Letícia.

— Oi, cunhado. Quer dizer, Harry.

Reviro os olhos exageradamente para ela.

— Venham sentar. Mamãe e papai já estavam preocupados. Eu preciso ir ficar no altar. — Harry me puxa pela mão e Letícia nos segue.

Eu aceno para uma pessoa ou outra e logo nos acomodamos ao lado do casal mais lindo do mundo: George e Eleanor Carter.

***

— Meu Deus, você está divina! — exclama Eleanor, quando estamos na recepção, me abraçando apertado.

Eu sorrio. Como se ela estivesse menos que eu. Eu preciso providenciar um pedestal para essa mulher. Sempre perco o fôlego contemplando tanta beleza. Sou capaz de apostar que se ela usasse um saco de batatas, estaria de tirar o fôlego. Mas, como ela não é o tipo de mulher que faria isso, eu me permito babar. Afastamo-nos. Eleanor usa um vestido vermelho, de decote coração e modelo sereia, que deixa suas curvas perfeitas onde ele as abraça. Os cabelos escuros estão presos num coque banana e ela usa uma pulseira de ouro branco com pedras de diamante. A clutch é vermelha e a maquiagem, extremamente discreta. George, mesmo usando um smoking, como todos os homens por aqui, está ainda mais lindo do que de costume.

— Não mais que você.

— Com licença. — Harry segura em minha mão. — Preciso de você.

Sigo-o e me deparo com uma multidão de fotógrafos.

— Harry... — Hesito e ele me olha.

— São apenas algumas fotos.

Eu continuo e paro ao lado dele, sendo abraçada. Eu só tenho tempo de arrumar a alça da bolsa no ombro, e diversos flashes surgem. Eu me sinto como os famosos que param diante de alguma parede chega de propagandas, nos eventos mais importantes do mundo.

— Vocês são namorados? — questiona uma mulher e Harry ri.

— Não — digo. — Somos apenas amigos.

Eu o olho e ele concorda, beijando minha testa em seguida.

— É uma pena — diz um homem. — Vocês formam um casal muito bonito.

Para a minha surpresa, surgem mais algumas perguntas, mas nós respondemos. Eu nunca gostei da ideia de os famosos tratarem os paparazzi como se fossem seres desprezíveis. Eu sei que alguns abusam demais, porém... Eu nem deveria me importar. Nem sou famosa. Eu, hein?

Voltamos para a nossa família e sentamo-nos à mesa que nos foi designada.

— Harry, querido, sua mesa é próxima ao dos noivos — diz uma mulher.

— Eu irei lá dentro de instantes. Primeiro eu vou dar atenção à pessoa mais doce desse mundo, e que eu amo muito, e depois irei lá — diz, me olhando nos olhos.

Eu sinto minhas maçãs esquentarem e Harry beija o dorso da minha mão.

— Eu te amo. — Afago o seu rosto.

— Eu te amo.

Os noivos cumprimentam os convidados e quando chegam à nossa mesa, eu vejo o semblante da Skye mudar de imediato quando ela me olha. Resisto à vontade de revirar os olhos pela terceira vez essa noite e inspiro fundo, querendo dar uma boa bofetada na cara dela sem utilizar as mãos. Coloco-me de pé e Bruno me abraça de imediato.

— Fico muito feliz que tenha vindo, Lalinha. Você está incrível.

— Eu quem agradeço o convite e muito obrigada. — Afago suas costas. — Além do mais, era o mínimo depois de me ajudar.

— Imagina. — Ele se afasta e no instante em que olha a esposa, fica surpreso com a cara fechada que ela mantém focada em mim. — Algum problema, Skye?

Ela está linda. Os cabelos estão presos num coque lateral volumoso e lindo. A maquiagem é discreta e ficaria linda, se não estivesse com uma carranca. O vestido branco de um ombro só é de tirar o fôlego, em modelo evasê, com um pouco de renda na parte superior e um tecido lindo demais na saia.

— Não, querido. — Skye sorri para ele e me olha outra vez, porém, seu sorriso se torna tão falso quanto ela. — Você está linda, Laila.

— Obrigada. — Sorrio imensamente para ela. — Se me dão licença, eu vou dançar um pouco com meu pai.

— Agora mesmo. — George me oferece a mão e eu o sigo para a pista de dança. — Ela não me parece gostar muito de você.

— Ela não gosta. E eu desconheço o motivo. — Começamos a nos balançar ao som de Just The Way You Are, do Bruno Mars.

— Somos dois. Mas vai ver é porque ela não consegue ser tão espontânea quanto você.

— Sorte dela. Perco-me tanto em devaneios que esbarro nas pessoas. É difícil manter os pés no chão. Principalmente quando estou com Harry.

— Vocês são muito felizes, não são?

— Demais. Eu, por tê-lo na minha vida. Eu sou muito grata ao seu filho. Ele cuidou de mim na primeira gripe que tive por aqui. E última, até o momento.

— Vocês formam um lindo casal.

— De amigos.

— Mas que é lindo do mesmo jeito. — George beija a minha testa.

E quando Treasure, também do Bruno Mars, começa, Harry me pede para dançar com ele, então George volta para a esposa.

— Eu ainda estou procurando palavra à altura da sua beleza essa noite. Quer dizer, normalmente, eu já fico sem saber o que falar. Hoje, foi muito mais grave, acredite.

— Não acho que precise de tanto. — Dou de ombros. — Saiba que eu estou do mesmo jeito.

Eu sei que Harry está como sempre. Quer dizer, ele vai trabalhar completamente formal, porém, eu sinto algo nele que atrai cada molécula do meu corpo. Sabe um imã? É como eu me sinto.

Seus cabelos estão soltos, bagunçados, e se ele tivesse aparecido naquele altar com os cabelos

Locked Out Of Heaven se inicia e nós dançamos ainda mais empolgados. A variedade, enfim, se faz presente e nós permanecemos ali, até a hora de Harry discursar.

Eu observo a madrinha da Skye, toda oferecida ao lado dele.

— Sabe que Harry nunca posou com nenhuma mulher para uma foto? — questiona Ellie e eu a olho.

— Eu não sabia.

— E ele te levou para isso.

— Então, se prepara, pois amanhã vai ter meio mundo falando de vocês — murmura a cobra geminiana, em português.

— Não acho. — Meneio a cabeça em negativa.

— Boa noite, senhoras e senhores — diz Harry, com o microfone em mãos. — Eu sou Harry Carter, padrinho do Bruno, e quero dizer que foi muito mais que uma honra receber o convite, pois eu jamais imaginei que aconteceria...

Qual é? Harry é um homem incrível. Quem não o convidaria para ser padrinho? E aqui estou eu, me perdendo em devaneios outra vez. Para com isso, Laila. Foca. Eu balanço a cabeça em negativa, porém, é como se fosse impossível. Olhar Harry e não imaginar como será minha vida sem ele é complicado. Eu não quero pensar no que vai acontecer quando eu terminar a minha graduação, apesar de eu sequer ter começado.

Agora, imagina se Harry encontra uma namorada? E ela o faz se afastar de mim? Sinceramente, eu não aceitaria que alguém fizesse isso comigo. Harry é meu melhor amigo. A melhor coisa que me aconteceu desde que eu cheguei aqui. Eu sei que não nos falamos muito na minha primeira semana, mas a última coisa que eu quero é ficar sem tê-lo.

— Você está bem, filha? — questiona George e eu o olho e concordo.

— Foi apenas mais um devaneio.

— Você me parece triste — diz Ellie e eu controlo a vontade de chorar.

— Com licença. — Eu levanto e me apresso em direção ao banheiro.

— Laila! — Ouço Harry chamar, porém, irrompo, ficando feliz ao perceber que eu estou sozinha.

O local é de tirar o fôlego e eu vou ao espelho, encontrando o que eu não queria; um semblante abatido. Vamos, Laila. Afasta essa ideia da cabeça.

— Você é Laila? — indaga uma negra, aparecendo ao meu lado e eu concordo.

— Sim.

— Harry Carter está te esperando lá fora.

— Obrigada. — Eu cato o batom e me olho outra vez no espelho. Não tem nada aqui para retocar.

— Vocês são namorados? — Ela me olha, arrumando os cabelos crespos.

— Não. Harry é apenas meu melhor amigo.

— Lalinha! — exclama Fernanda, prima do Bruno. — Que linda você está!

— Fer. — Eu a abraço. — Não mais que você.

Fernanda usa um vestido azul turquesa, longo, de decote coração e saia de tule, com outra, transparente e de mesma cor por cima. Os cabelos estão presos num coque formal e a maquiagem apenas realça sua beleza negra.

— Ah, que isso. — Ela abana o ar com desdém. — Seu namorado está te chamando.

— Ele não é meu namorado. — Dou um pequeno sorriso.

— Que pena. Vocês estavam tão lindos na pista.

— Foi ele quem me ajudou por aqui, quando seu irmão foi morar com a Skye.

— Por falar nela, eu percebi que ela não gosta muito de você... — Comenta, em português e eu concordo.

— E se eu te disse que desconheço totalmente o motivo, você acredita?

— Como assim?

— Parece que o santo dela não bateu com o meu. Porque você sabe que eu não sou o tipo de pessoa que tem problemas com outra. É mais fácil elas não gostarem de mim por eu ser tão trouxa.

— Você não é trouxa coisa nenhuma. — Fernanda me abraça de lado e nós saímos do banheiro. — Depois eu apareço no seu apartamento para conversarmos um pouco.

— Aparece mesmo. — Eu a abraço outra vez. — Eu vou estar te esperando.

— Eu sei que vai. — Fer ri alto e eu meneio a cabeça em negativa.

— Você está bem? — O tom de voz do Harry, tomado pela preocupação me faz olhá-lo e eu simplesmente concordo.

— Estou sim. — Dou um pequeno sorriso. — Pode confiar.


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Notas finais do capítulo

Mais uma vez, me desculpem. Eu vou tentar adiantar mais um capítulo.
Até iniciei, mas eu não sei como vai ficar.
Bom fim de semana.



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