Aprimorados escrita por Maria Walburga Heeten


Capítulo 7
Memórias... Não são só memórias...




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Carlisle havia chegado algumas horas depois do "ataque" a Maria. Havia ajudado a descongelar os demais Cullen, a cuidar dos ferimentos de Emmett, algo que para ele era novidade. E adentrava silencioso e pensativo o quarto da jovem Deriglasov.

Não era um quarto muito detalhado. As paredes tinham um papel de parede em um tom claro de rosa, florido, flores miúdas que lembravam cerejeira. A cama ficava na parede perpendicular à da porta, em madeira marfim, com um edredom branco por cima e algumas almofadas. Havia um criado em cada lado, um com abajur e outro com um livro de cabeceira... poesia. Havia também um guarda roupa pequeno, branco, de 4 portas e uma escrivaninha com um mural em cima, com vários livros. Maria estava sentada em cima da cama, rosto suado, fitando o nada, abraçada aos joelhos.

— "Acidentes acontecem"? Parece que está sendo recrutada por algo... ou alguém. NKVD... - fala Wanda, que estava sentada ao lado da loira.

— Isso é antes da KGB. - fala Carlisle fitando-a sério

— Quantos anos ela tem? - pergunta Wanda espantada

E a cena se desenrola.

Maria, com seus 19 anos de idade, sentada em uma cadeira em uma sala de interrogatório. Os cabelos loiros em um penteado com tranças que lembrava as matrioshkas russas era o que dava para ver no reflexo da mesa de metal. Os olhos azuis fitavam um homem à sua frente. Ele tinha cabelos grisalhos, rosto sério, quadrado, terno e gravata de trajes.

— É pelo bem da mãe Rússia. Não queremos usar de argumentos mais... convincentes. Lembra-se que acidentes acontecem... Já aconteceram à sua mãe... podem acontecer a seu pai. Imagine o que seria da pobre Ana Karenina sem ele… Sozinha, doente… - fala o homem

Maria concorda com a cabeça. Havia cedido... O treinamento começaria alguns dias depois. Corrida, a usar armas... estudo de estratégia. Ela aprendia tudo muito rápido. Era muito inteligente. Aprendia inglês, falava alemão... Seria infiltrada na Hydra. Iria espionar a Hydra.

Ela não se lembrava quadro a quadro. Lembrava momentos picotados. Era como baixar um arquivo. Alguns momentos, mais marcantes, eram lembrados com detalhes.

— Ela nunca foi voluntária. - fala Wanda pensativa

E um momento em específico. Wanda já tinha presenciado outros momentos alegres com a presença de uma jovem quase igual a Alice, mas aquele parecia mais marcante do que todos. Edward chega nessa hora e senta-se ao lado de Wanda ainda desconfiado.

Maria andava no meio de alguns escombros, chamando por uma mulher… Ana Karenina. Gritava em plenos pulmões. Algumas pessoas tinham visto Ana ser levada para ali por alguns soldados alemães que haviam invadido o hospital. Levada junto de algumas enfermeiras… Não obtinha respostas aos chamados. Carregava uma bolsa. Usava uma calça preta, blusa preta… bota. Não eram trajes femininos do exército ou algo assim. No meio da caminhada, o chão cede e ela cai num buraco… O porão de um prédio bombardeado. A parte de cima do prédio estava queimada, ainda em chamas… e lá dentro havia o corpo de uma mulher, caído no meio dos escombros.

 

Ana? Ana! - grita Maria

 

Estava machucada por causa da queda. Havia ferido o tornozelo e não conseguia se por de pé. Arrasta-se até o corpo e o pega nos braços. O choro convulsivo toma conta de Maria que abraçava o corpo da mulher tentando acordá-la. Até que percebe-a morta… Nesse momento, Maria fita bem de frente o rosto da mulher. Era Alice!

 

Ана, мне очень жаль! Извините, что я не был в состоянии защитить тебя ... Я не смог ... Я потерпел неудачу в мое обещание, чтобы защитить вас. Извините. (Ana, me desculpa! Desculpa por eu não ter podido te defender... Eu falhei... Eu fracassei na minha promessa de te proteger. Desculpa.) - fala Maria

 

Uma voz masculina se faz ouvir em russo. Era um amigo de Maria… Ele e mais outros homens a retiram do buraco, mas não retiram o corpo de Ana/ Alice. A guerra nas ruas de Stalingrado havia chegado a um ponto que não conseguiam mais enterrar seus mortos.

Naquele momento, ela havia decidido que iria fazer tudo que estava ao seu alcance para acabar com a guerra. Para que mais Anas não morressem. Não queria mais matar nazistas, queria acabar com todo o massacre, independente do sangue derramado ser alemão ou russo ou de qualquer outra nacionalidade. O momento em que ingressou na Hydra...

E o momento em que foi queimada dentro da Hydra. A prisão por Schmidt... os testes... A invasão do capitão América, a liberdade. E ele...

Ela estava caminhando pelos corredores do alojamento militar lendo um livro de poesia em inglês. Estava distraída, concentrada na leitura de uma poesia de Gorki quando sente a trombada.

— Desculpa! - fala a loira sem tirar os olhos do livro

— Vocês russo são bastante educados. É a primeira vez que vejo alguém pedir desculpas para uma parede. - fala um rapaz ao lado dela

A jovem retira o livro da frente do rosto e fita a parede a sua frente. cora de vergonha. Fita o homem ao seu lado, que achava graça do constrangimento dela. Ele tinha cabelos pretos impecavelmente penteados para trás, bigode, usava camisa social, suspensório preto e uma gravata listrada. Calças sociais pretas combinando com o sapato.

— Sou Howard Stark. - fala o rapaz

— Engenheiro, dono da Stark company, principal fornecedor de armas do exército americano. Soube que analisou meu submarino. - fala Maria

— Seu submarino? - perguntou Stark sem entender

— O submarino de uso individual apreendido pelo senhor Rogers em Nova Iorque era um projeto meu. Parceria com Zola, obviamente. Eles barraram a ideia de usar energia solar. Homens... - fala a loira revirando os olhos

— Você o projetou? - pergunta Howard pasmo

— Por que o espanto? Acha que uma mulher não poderia desenvolver trabalhos desse tipo? - pergunta Maria

— Quer recomeçar a vida nos Estados Unidos após a guerra? Te dou emprego com salário de 30 mil por ano e pago seu aluguel nos primeiros 5 anos. - fala Howard

— Tá falando sério? - pergunta a jovem tão pasma que deixa o livro cair no chão

— Mais sério impossível. Um recomeço. Longe de Hydra, longe da guerra... Onde poderá ser uma civil. - fala Howard

— Com toda a certeza! Mas como eu poderei entrar nos EUA? E o visto? - fala Maria

— Eu arrumo. Vamos comemorar? Ainda não sei o seu nome. - fala Howard

— Sou Maria Deriglasov. - fala a loira

E dali partiram para a comemoração num bar próximo ao acampamento militar. Bebiam, comemoravam. Stark era realmente um homem charmoso, inteligente e... ele tentava seduzí-la?

— Ela conheceu Howard Stark durante a segunda guerra mundial... O pai do Tony Stark. Pelo visto, esse momento foi importante para ela. - fala Wanda

— Precisa se alimentar. Vou colocá-la no soro. Não sabemos quanto tempo essa... volta de memória vai durar. - fala Carlisle

— Eu não saio daqui. - fala Wanda determinada

— Também não saio. - fala Edward

Carlisle não pode fazer mais nada além de suspirar e aceitar. Coloca Maria no soro e aguardava seu despertar. Não podia fazer mais nada ali além de manter sua saúde em dia.

 


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Notas finais do capítulo

Os próximos capítulos serão postados no final de semana, porque eu tô estudando à noite e não consigo atualizar aqui durante a semana. :)



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