Aprimorados escrita por Maria Walburga Heeten


Capítulo 19
Bucky e Howard




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Ele não tinha sido um pai sequer razoável na vida do filho e sabia disso muito bem. Tinha plena noção dos erros do passado. Sabia que tinha sido ausente, mesmo morando na mesma casa. Não dava atenção, não dava afeto... e no fundo, sabia que o único motivo disso era ciúmes. Mas não era um ciúme racional e que tinha um mínimo sentido. Não que ciúmes tivessem motivo... Ele tinha ciúme de perder prioridade na vida de Maria, ciúme da atenção que o filho recebia da esposa. Ele queria sua Maria apenas para ele novamente. 

Sentia falta das viagens que faziam juntos, do tempo juntos... mas ela queria tanto ser mãe. E qual vontade de Maria ele não cumpria? Ela era o centro de sua vida, alguém que tornava os dias dele mais vivos. E as vontades dela nem eram difíceis de se cumprir. Agora ele estava ali, naquele quarto de hotel, fitando-a dormir silenciosa ao seu lado. Abraça-a com cuidado. Sabia que após ser transformado tinha adquirido muito mais força que quando era humano. Deita a cabeça em seu rosto e fica sentindo o cheiro dela. Gostava daquele cheiro que era um misto de canela e baunilha. Ele sabia que era cheiro de hidratante corporal, mas para ele era o cheiro dela, porque Maria usava esse hidratante da Chanel há anos!

Pensava em quando se conheceram... Nunca imaginou que casaria com aquela mulher, não logo de cara. O tempo que moraram separados nos Estados Unidos... Ela não acreditava no amor dele. E ele não sabia como prová-lo. Ao mesmo tempo que havia decidido viver a vida... se divertir... com outras mulheres. Trocava de namorada religiosamente a cada 3 meses. Nunca ficava com nenhuma mulher por mais tempo que isso. Até a acusação. Aquele foi um dos piores momentos da vida dele. E ela estava ao seu lado.

Howard sente cheiro de café, pão com manteiga e salada de frutas. Bucky surge na porta com uma bandeja na mão.

— Café apenas para vocês dois? Sabe que ela é uma mulher casada agora, certo? - pergunta Howard

— Seria para 3, mas você não come. Eu sei que esses olhos vermelhos não são maconha. - fala Bucky

— Verdade... - fala Howard

— Ela precisa se alimentar para se recuperar. - fala Bucky

Howard dá uma sacudida de leve em Maria, que acorda e resmunga algo em russo. Bucky dá uma risada baixa e ela solta um gemido.

— Por um momento, achei que esse tiro fosse um sonho. - fala a russa

— Quem dera... isso deve estar doendo. - fala Bucky

— Só um pouco. - fala a russa sentando-se

A seguir, Bucky senta-se diante dela. Para ele, era como voltar aos dias de antes de cair do trem e ser dado como morto. Para Howard também, que o via fitando-a carinhoso e se ardia em ciúmes.

— Mas me conta, o que veio fazer com Tony aqui em Volterra? - pergunta Bucky

— Investigar a tal "epidemia zumbi" e aproveitamos para ver algumas obras de arte. - fala Maria

— Onde aqui? - pergunta Bucky

— Nas igrejas. - fala Maria

— Vou ver depois que a Itália estiver limpa. - fala Bucky

— Tem alguns murais de Rafael. - fala Maria

— Vou gostar de ver. - fala Howard entrando na conversa

— Podemos ir os três. Assim que a Itália ficar limpa de zumbis e estivermos com a missão concluída. - fala Maria dando uma bela mordida numa fatia de pão

— Missão concluída? - pergunta Howard

— Sim. Descobrirmos o que está por trás disso e como reverter. - fala Maria

Os dois fazem bico e Maria comia o café da manhã animada. Volterra estava livre e fechada. A cidade tinha muros altos, portões... Aos poucos, os Vingadores junto dos Volturi e dos Cullen iam até as cidades vizinhas em busca de eliminar contaminados e encontrar sobreviventes.

— Tem que ser apenas após a Itália estar limpa? - pergunta Howard

— Acho uma boa ideia. - fala Bucky

— Uma boa ideia para até lá se acostumar com a ideia de que ela é comprometida ou para roubá-la de mim? - pergunta Howard enciumado

Maria para de comer e fita-o. Nunca tinha visto Howard ter crises de ciúmes dela...

— Se alguém aqui era para estar chateado, esse alguém era para ser eu. Caramba, Howard! Eu estava para casar com ela! - fala Bucky

— Mas morreu antes e quem casou fui eu. - fala Howard

— Você também morreu. E ela estava livre, leve e solta. E na pista pra negócio. Entendam, meninos... Tô na disputa. - fala Mercúrio da porta

— Disputa? Você pelo menos saiu da fralda, garoto? - pergunta Howard

— Que disputa? Eu lá pareço troféu para ficarem me disputando? Fora daqui os três! - fala Maria enfurecida

— Acho que o Nicollas também tá na disputa. - fala Mercúrio

— Ele não está aqui para ser expulso. - fala Maria erguendo-se e colocando os três para fora

Mercúrio dava uma piscadela para a loira e sai em disparada e só então ela percebe que ele tinha feito de maneira proposital para evitar a briga entre Bucky e Howard.

Bucky e Howard se afastam dele no térreo do hotel. Saem para a cozinha juntos, um medindo o outro. Bucky pega uma maçã e começa a comer silencioso, Howard o encarava.

— Era para me acostumar com a ideia de que a perdi... e que não tem jeito. Quando acordei na Hydra... quando eu passava pelos experimentos... ela era a lembrança que me dava forças para suportar. Era a minha esperança de que haveria um futuro fora daquele inferno. Mas a Hydra me tirou isso também. Me tirou minhas memórias, me tirou de mim mesmo. E tirou a chance de poder viver ao lado da mulher que eu amo. - fala Bucky segurando a vontade de chorar

Não iria demonstrar seus sentimentos na frente de Howard. Não daria esse gosto a seu adversário.

— Não vai lutar por ela? - pergunta Howard

— Maria não é um prêmio. E ela escolheu ficar com você. - fala Bucky

— Porque você estava morto. Acha mesmo que ela teria sequer olhado para a minha cara se você estivesse vivo naquela época? - pergunta Howard

— E por que não olharia? Você é inteligente, charmoso... as mulheres sempre quiseram você. - fala Bucky

— Porque ela te amava... E... tenho medo que ainda ame. Você sempre foi gentil e cavalheiro... O que as mulheres procuravam em mim não era o que eu sou... ou fui. E se elas descobrissem que era tudo faixada? Que no fundo eu sempre tive medo de me envolver e de me machucar? E se descobrissem que eu era ainda o garoto nerd filho de uma costureira com o verdureiro? - pergunta Howard

— Caramba... Eu não tinha ideia disso! Sério que era nerd? Poxa, legal! - fala Bucky

— Era dos populares? - pergunta Howard

— Não. Eu conversava com todo mundo. Steve era nerd e era meu melhor amigo. - fala Bucky

— Maria era dos populares, acho. - fala Howard

— Acho que não... - fala Bucky

— Ginasta. - fala Howard

— Colégio Militar. - fala Bucky

— Verdade... Coitada! - exclama Howard

— Pode ficar tranquilo. Eu não vou "roubar" sua Maria de você. Eu sei que ela te ama. - fala Bucky

— E eu sei como dói perdê-la... - fala Howard

— Eu sei, estou sentindo isso agora. - fala Bucky

— E se... não fosse necessário ela escolher entre um de nós? - pergunta Howard

— Mas já vai querer me matar? - pergunta Bucky

— Não... Eu nunca fui de matar. - fala Howard

— Explica melhor. - fala Bucky

— E se... ela pudesse ficar com os dois, sem ter que escolher entre um de nós. Mas, assim, só entre nós. O ligeirinho e o monovista estão de fora. - fala Howard

— Será que ela concorda? - pergunta Bucky

— Não sei. - comenta Bucky

— Vamos conversar com ela? Não posso perdê-la de novo. Maria é o centro da minha vida... Não de novo. - fala Howard

— Imagino que a ame muito para aceitar isso. - fala Bucky

— E você também. - fala Howard

— Perdê-la... é pior do que morrer. - fala Bucky

Os olhos de ambos marejados de lágrimas. Sobem para o quarto e decidem conversar com Maria.

— Eu não sou um prêmio. - fala a loira assim que os vê

— Sabemos. - fala Howard

— Temos algo para conversar com você. - fala Bucky

— Sabemos que ama a nós dois. - fala Howard

— Oi?! - exclama Maria confusa

— Não precisa decidir entre um de nós. - fala Howard

— Gente... Howard, eu sou casada com você. - fala Maria

— Porque ele estava morto. Se ele não tivesse morrido, você não teria nem olhado pra mim. - fala Howard

— Isso é verdade. Contudo, ele morreu... digo... foi dado como morto. E eu optei por continuar a vida. E me casar com você. Eu te amo! - fala Maria

— Eu te falei, Howard... ela te ama. Eu fiquei no passado. - fala Bucky

— Não o ama mais? - pergunta Howard fitando-a

— Não posso te perder de novo. - fala Maria e as lágrimas escorriam por seu rosto sardento

— Não vai me perder. - fala Howard abraçando-a

Maria abraça-o apertado.

— Só quero que saiba que não precisa escolher entre eu e ele. Se quiser ficar com os dois... Fique. Não vai perder nenhum de nós. - fala Howard sussurrado

Bucky afasta-se silencioso. Sai do quarto e fecha a porta atrás de si. Era melhor admitir que a havia perdido de vez e sofrer quieto em seu canto.


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