Só os fortes podem mexer comigo

Alguns dizem que eu fiz isso muito fácil
Foda-se eu sou um pé no saco, muito longe de ser um doce

 

Agust D - Suga

7 anos depois

SUN-HI

—Bom dia, srtª Song! - escutei Namjoon exclamar assim que pus os pés na sala de aula, sorri e fui para frente da classe, que era, incrivelmente cheia. Não era normal tantos presos quererem estudar. Eu me orgulhava daquilo que estava fazendo, estava tentando fazer com que eles se tornassem pessoas melhores, eu faria a diferença, assim como prometi para o meu pai.

Ele sempre me apoiou em tudo e foi um grande choque saber que ele foi assassinado, ele nunca fora visto como um homem ruim, ele nunca fora um. Esse se torna um dos motivos para a minha mãe não apoiar a minha decisão de ensinar em um presídio, ela vive dizendo que esse lugar é cheio de homens iguais aos que mataram o meu pai e que nenhum deles tem jeito, que eu corro perigo estando tão perto deles.

—Quantos alunos tem hoje? - escutei Raquel perguntar e eu olhei para o lado. Raquel é minha assistente de classe, ela é de muita ajuda para mim, se tornou uma grande amiga aqui dentro.

—Uns 14. - respondi e ela arregalou os olhos, 14 não é um número relativamente grande, mas quando se trata em um número de alunos estudando literatura em um presídio, 14 é quase um recorde mundial. Eu comecei com apenas 4 alunos e, com o tempo, esse número aumentou.

—Eles te amam, só pode, olha isso! - apontou disfarçadamente para os alunos sentados em seus devidos lugares e eu sorri.

—Bom, vamos começar? - perguntei, me dirigindo à classe com um sorriso no rosto.

[...]

TAE

—Já faz 7 anos, Tae. - escutei meu assistente social dizer e eu apenas o encarei sem expressão. Se passou 7 anos, faz 7 anos que estou nessa droga de lugar, 7 anos que matei aquele monstro que se dizia meu pai, 7 anos que eu resolvi por uma pedra de gelo no lugar do meu coração. Eu estou preso há 7 anos, eu devia ter saído há 3 anos atrás, mas eu andei me comportando mal, briguei com um idiota qualquer e por fim o matei de tanto espanca-lo.

—O que vai dizer agora? Que o céu é azul e o sol amarelo? - perguntei sem um pingo de humor no rosto. - Eu sei melhor que ninguém que faz 7 anos que estou aqui.

—Isso é muito tempo, Tae, como espera sair se continuar se comportando desse jeito? - perguntou e eu apenas encarei as pontas dos meus dedos. - Como espera que sua mãe continue bem sabendo que ainda está aqui?

Ele sabia que tinha atingido um ponto fraco meu, a única pessoa que conseguia tirar toda essa minha marra era a minha mãe, a única que sempre me fazia ficar mal com um simples sermão. Faz quase 6 anos que não vejo ela, antes ela vinha me visitar, mas eu percebia a dor nos olhos dela ao me ver nesse estado e pedi que ela não aparecesse mais, porque eu não ia aguentar ver ela tão mal.

—Merda. - murmurei para mim mesmo e encostei a cabeça na parede, fechando os olhos logo em seguida.

—Pense no que está sentindo e multiplique por mil. - falou e eu abri os olhos. - É que a sua mãe está sentindo agora.

—Eu sei. - sussurrei e ele respirou fundo.

—Faltam apenas 7 dias para você ir embora, Tae, não estrague isso.

—Eu não vou. - respondi sem o encarar e ele se agachou para ficar da minha altura.

—Precisa saber uma coisa. - falou e eu o encarei. - Quando sair daqui, você será visado pela justiça, eles querem saber se você está seguindo um caminho diferente do que você tomou, por isso querem que você tenha aulas particulares.

—Você está brincando, não é? - perguntei me levantando. - Então a justiça quer uma babá em cima de mim, é isso? - perguntei exasperado e o Carter se levantou sem deixar de me encarar.

—Tae, foi difícil conseguir um acordo para a sua condicional, devia agradecer por eles te darem uma chance.

—E o que vou ter que aprender?

—Literatura inglesa.

—Puta que pariu.

[...]

SUN-HI

Depois que a aula terminou, Raquel se despediu e eu continuei na sala arrumando as minhas coisas, estava prestes a sair, quando o Sr. Lynch, o diretor do presídio, apareceu ao lado de um homem alto e ruivo.

—Senhorita Song, teria um minuto para conversarmos? - perguntou e eu franzi o cenho curiosa, ele quase nunca me chamava para conversar, então devia ser muito importante.

—Claro que sim. - respondi com um sorriso simples no rosto.

—Senhor Collins, essa é a Sun-Hi Song, professora de Literatura inglesa. Senhorita Song, esse é o Carter Collins, o assistente social de um dos nossos detentos. - falou o sr. Lynch nos apresentando, eu apertei a mão do ruivo e ele sorriu amigável.

—É um grande prazer conhecer a mulher que faz esses homens sem noção querer estudar. - falou com o sorriso pendendo nos lábios.

—Obrigada, o prazer é todo meu.

—Senhorita Song, um dos detentos, que senhor Collins é responsável, está prestes a sair com a liberdade condicional, mas, para que isso funcione, esse detento precisa de aulas particulares nesse tempo que ele é observado do lado de fora.

—O que está querendo dizer?

—Esse detento se chama Kim Taehyung e nós gostaríamos muito, se você fosse a professora particular dele. - falou Carter e eu arqueei as sobrancelhas.

—O quê?

[...]