Cartas ao mar escrita por Agnar


Capítulo 5
Desfecho




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 Cartas ao mar foi o meu refugio. Agnar foi e ainda é o meu eu profundo. De início, não havia objetivo algum se não escrever o que eu não conseguiria dizer. Mas, com o tempo, até mesmo cartas ao mar obteve um lugar no mundo.
Ao adquirir um objetivo, ganhou-se também um início e, naturalmente, o final. Final este que iria vir tão silencioso quanto foi o amor, e sim, pela primeira vez usarei a palavra amar no sentido de que amei. 
O desfecho deu seus primeiros sinais quando a tive em meus braços através de um abraço.
Afogado em sentimentos, balbuciei frases que sequer lembro. Havia uma criança dentro de mim que pedia para sair, e eu aos poucos a deixava me possuir. Era tudo que eu sentia, a leveza nos sentimentos, sem a impureza dos homens. Minha alma bebia do cálice do amor, paz e felicidade naquele momento.
Não haverá detalhes materiais, Agnar é metafísico.
Já entregue a irracionalidade dos sentimentos, mostrei a minha alma. Não conseguia encara-la de forma alguma, pois não saberia que não sairia palavras no momento em que nossos olhos se encontrassem. Em uma breve pausa, fui ao encontro de olhares, e, talvez seja um grande equivoco, mas eu vi um olhar incrédulo, um brilho que nascia na íris de seus olhos castanhos tão claros que ficavam verdes ao sol.
Gastei minutos e palavras na tentativa de transformar fragmentos da minha essência em frases. Mas por mais que dizia, mais eu queria dizer. Sucedeu o silêncio logo após de despir a minha alma. Deitei e ela me abraçou dizendo para não ter fé nela. Entretanto fé é quando acreditamos em algo que não nos da motivos palpáveis para acreditar, então, creio que ela sabia, que dês da primeira palavra, eu já estava banhado de fé. As horas que antes rastejavam-se, naquele momento voaram pela janela de seu quarto. Sendo uma menina de mais coragem do que eu, deu o primeiro passo e me beijou, não falarei sobre este beijo, pois isso pertence somente a mim.
Nos separamos em uma esquina, a abracei e a agradeci. Ela beijou meu ombro, eu; a boca. O seu perfume ficou em meus braços por alguns minutos, e por isso, por alguns minutos, sentia que ela estivesse ainda ao meu lado.

Aquele não foi o adeus definitivo, mas eu já sentia que era o final.

Nos encontramos mais tarde em uma festa. Eu tão bêbado e ela tão bela. Tive de vergonha e não me aproximei muito. Quando obtive coragem, foi apenas para sentar ao lado e dizer que estava procurando um amigo, quando na verdade, era ela quem eu queria encontrar. Embriagado e tão confuso, acabei deixando o tempo passar. Ela me abraçou e disse que tinha de ir. Segurei para não chorar, por orgulho, mas não pude esconder o espanto nem a tristeza. Pela última vez ela me envolveu em seus braços, em um abraço forte e acolhedor. Por alguns minutos, que a minha mente levam como horas, meditei sobre o que fazer, até levantar e correr atrás dela. Consegui alcança-la e lhe beijei, pois através de um beijo nasceu esta história, e através de um beijo finalizará. Não olhei em seus olhos, não pude dizer nenhuma frase pois estava transbordando de sentimentos e ao mesmo tempo tão confuso que decidi que já havia tido a minha oportunidade, acabei escolhendo a única palavra que eu não queria dizer, tchau.
 Cartas ao mar termina por aqui. Esta história creio que também terminou. E se algo não foi explicado, é porque não deveria ser explicado, o que aconteceu foi o essencial. 

Obrigado.


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