Memories Of The Past escrita por CanasOminous


Capítulo 15
Capítulo 15 - Prison Break




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Capítulo 15 – Prison Break

 

Lance abriou seus olhos com dificuldade, a sala era escura, apenas iluminada por uma fraca fogueira no centro. Ele encolhia-se todo, esfregava seus braços um no outro, sentia frio, podia ouvir sua própria respiração ofegante. Ele desviou seus olhos por um momento da fogueira, ainda estava confuso, lembrava-se pouco do incidente no moinho. Ao seu lado estavam General Guy e Lady Bow, ainda com os olhos fechados, bem próximos um do outro como se tentassem aquecer-se um pouco, quando percebeu uma estranha figura sentada do outro lado da sala em um dos cantos escuros, apoiando seus braços sobre os joelhos, observando-o cautelosamente.

O chão era feito de pedra e as paredes eram duras como rochas, havia uma pequena janela no alto, na qual saia um vento muito frio, fazendo diminuir a sensação térmica. Uma pequena sala sem janelas, sem saídas, que parecia situar-se em um local bem alto pela dificuldade de respiração, guardada por enormes grades de ferro, finalmente dando-se conta de que era uma prisão. Lance continuou observando aquela misteriosa figura na escuridão e percebeu que era uma mulher, pela rápida passagem de uma faixa do sol que entrará pelas grades da janela. Era morena, com longos cabelos bem cuidados e um lindo rosto com traços finos, seus belos olhos de uma cor doce como o mel pareciam tristes, pareciam cansados... Cansados de esperar. Ela vestia uma estranha roupa que cobria todo seu corpo, modelando-o perfeitamente, dos pés as mãos, parando somente na altura do pescoço, com uma forte cor cinza acompanhado de alguns símbolos estranhos. A mulher apenas observava Lance, que também retribuia o olhar.

 

 

— Qual teu nome, moça? — perguntou Lance, sentando-se próximo a fogueira, aquecendo-se um pouco.

— Eu... Eu não sei... Mas seu nome é Lance... — respondeu a mulher desviando seu olhar para o chão.

Lance por um momento assustou-se ao perceber que a moça sabia seu nome, pensou um pouco para tentar lembrar-se se a conhecia de algum lugar, mas não recordava-se de modo algum.

— Perdoe minha ousadia, mas não recordo-me de você. — afirmou Lance educadamente, embora isso fosse raro. — Porque estamos nesta prisão? Não consigo lembrar-me de  muita coisa...

— O senhor Crystal King acabou derrotando-os, e agora vocês estão presos em sua base. — respondeu a mulher desenhando no chão, com os dedos.

— Entendo... Porque você está nesta  prisão? Está machucada?

— Machucada? — sussurrou a mulher.

— O que disse?

— Ela é um robô Lance, não percebeu? — disse General Guy levantando-se e indo em direção a fogueira, ao lado de Lance.

Ele levantou-se e foi em direção da moça, que permanecia sentada e imóvel.

— O que aconteceu para você estar aqui? — perguntou Lance, encarando-a nos olhos.

— “Permanecerá sozinha na escuridão...” — repetia a mulher, tentando evitar o olhar.

— Ela parece estar com medo de você Lance... — respondeu General Guy, ajeitando a fogueira, com um pedaço de ferro que estava perto, para que não apagasse.

— Não tenha medo, agora que estamos aqui podemos ajudá-la a escapar. Eu não sei o que fizeram com você, mas não permito que uma linda mulher seja tratada assim. — disse Lance dando um sorriso para a moça.

— A-Ajudar? Eu... Eu acho que não... Eu não posso... — respondeu, afastando-se um pouco.

— Não tenha medo!

— Medo? O que é... Medo? — perguntou novamente a mulher, com uma olhar ingênuo.

— Eu tenho um pouco de habilidade em construir robôs, certa vez eu construi um Tanque, que eu usava antes de ser destruído pelo “Emedebigóde”... Tem algo de errado com ela, deve estar faltando algo. — respondeu General Guy observando-a.

— Ela me parece perfeitamente normal. — respondeu Lance.

— Hum, acredito que seu chip foi retirado, veja aquela marca em seu pescoço! Ela agora é apenas um robô, não possui emoções, não sente medo, não sente solidão, não sente frio... Mas isto é uma suposição, não tenho certeza.

Lance levantou-se cabisbaixo, e retirou de uma de suas pokébolas seu poderoso e fiel dragão, Dragonite. Seguindo as ordens de seu mestre, a criatura acertou um poderoso golpe em uma das paredes, abrindo uma passagem.

— Você está mais para anti-herói do que para herói. — brincou General Guy.

— Deixo o papel de herói pro Steven. — riu Lance. — Venha moça, vamos encontrar suas “emoções”!

General Guy carregava Lady Bow, ainda adormecida, em sua mochila, pelo fato dela ser pequena. Lance segurou na mão da moça e seguiu em direção do caminho aberto pelo dragão, e logo já encontravam-se fora da prisão.

— Eu... Eu posso ajudá-los de algum modo... Posso fazer um mapa da área, acho.... Acho que pode ser de ajuda. — disse a mulher timidamente.

— Podemos agir cautelosamente, passando despercebidos pelos guardas. Com o mapa dela, se tivermos muita sorte poderemos encontrar o chip... — comentou General Guy, observando o pequeno mapa que a mulher desenhava. — Olhe só esta sala! De repente ele pode estar aqui.

— São milhares de guardas... Não podemos  chamar atenção... Sejam discretos... — disse a mulher em uma voz bem baixa, como se estivesse com medo.

— Olhe só, podemos passar por este lugar que parece uma varanda bem longa! Pode servir de atalho, mas a gente vai ter que torcer para não ter muitos desses guardinhas. Hehehe, você desenha bem moça! —  riu Lance, colocando a mão no ombro da mulher.

—Obrigada... He... He... He... — respondeu a moça tentando imitar a risada de Lance, que retribuiu com um sorriso.

 

Eles agiam discretamente pela fortaleza, talvez por coincidência, a mesma base em que Phantom, Steven, Samus e Cynthia estavam, agora o grupo estava no mesmo castelo, e precisavam apenas encontrar-se uns com os outros. Eles conversavam durante o caminho, conheciam-se cada vez melhor, pouco-a-pouco a doce mulher começava a  parecer mais humana. Ela ria das piadas de Lance a apreciava a inteligência sobre robôs de General. Não parecia que ela perdera suas emoções, ela apenas tinha a ingênuidade de uma criança. Eram poucas salas até chegarem até àquela longa varanda. Estavam com sorte e encontraram-se com um belo pôr-do-sol.

Fazia frio, o vento corria por aquela fortaleza sombria, o sol escondia-se timidamente por traz das espessas nuvens, seus raios iluminavam o horizonte, e tudo fascinava a moça. General Guy sentou-se no grande corrimão de pedra, Lance ao seu lado, descansou seus braços cansados. Por um momento parecia que seus problemas haviam acabado, eles aproveitaram para ver aquele belo fenômeno, pois os últimos dias tinham sido muito corridos.

 

 

— Então... Você sente calor? — perguntou a mulher robô.

Lance virou-se para ela, e deu um forte abraço, iso pegou-a de surpreso, mas ela sorriu e também abraçou-o.

— Qual é, General? Nâo vai dar um abraço também?? — riu Lance.

— Ha!Ha!Ha!, você conseguiu tirar um abraço do Lance, moça! Tenho que admitir que essa foi ótima, nunca vi ele abraçar nem os amigos dele! — brincou General Guy.

— Um... abraço? Amigos... He...He... — riu a mulher, fechando os olhos e aproveitando cada minuto daquele momento.

Eles já preparavam-se para partir pois já começava a chover. A chiva caia como lágrimas do céu, parecia que algo estava para acontecer, Lance e General sentiam um estranho aperto no coração... Continuaram o caminho e nem precisavam mais ser silenciosos,  não havia nenhum guarda, parecia que todos haviam desaparecido. (Todos estavam na entrada da fortaleza, por conta da invasão de Samus e Phantom). Já se aproximavam da sala desejada, e agora localizavam-se em um lugar frio... As paredes do local faziam um som agudo, eram feitas de cristal e brilhavam intensamente. O chão era escorregadio, e isso dificultava na locomoção dos três companheiros, os estalagmites de gelo no teto pareciam poder cair a qualquer momento, fazendo com que andassem atentos. As paredes refletiam estranhas figuras, parecia que alguma coisa os seguia, agora estavam  nos domínios do inimigo. Uma voz fazia eco naquela sala congelante, uma voz conhecida, uma voz que não trazia boas lembranças...

— Me parece que a presa escapou da teia... Não podemos deixar que isso aconteça. — disse  a voz, que parecia estar em todo lugar.

— Maldição, é o Crystal King novamente! — comentou General Guy, enquanto Lady Bow abria seus olhos lentamente.

 

 

— Mas que frio é esse... Onde estamos? — perguntou a pequena fantasma, que só acordara agora, depois de ter sido congelada. — Porque esse bicho feio está me carregando? Eu exijo que me coloque no chão!

— Ah, com prazer princesa! — disse General Guy jogando Lady Bow no chão.

— Criatura insolente! Eu exijo que peça desculpas!

— Agora não seria uma boa hora para brigar, a gente já perdeu pra esse cara, melhor pensar em outro plano! — disse Lance, separando a briga dos dois.

— Lance, atrás de você!! — gritou a mulher. Lance jogou-se para o lado, ele quase fora acertado por um raio de gelo que certamente o congelaria novamente.

 — Parece que tá na hora das coisas esquentarem! — disse Lance, pegando duas de suas pokébolas, que liberaram um gigante Gyarados Vermelho e um ágil Aerodacactyl. — Aerodactyl, não deixe-nos cair no chão, enquanto Gyarados, utilize o Earthquake!

O pássaro pré-histórico era grande, e agiu velozmente de modo que pudesse segurar todos, enquanto a serpente vermelha batia no chão da sala com força. Os estalagmites de gelo caíam, mas a ave era mas rápida, evitando todos os estilhaços. O Gyarados agio de forma que balançasse a estrutura da fortaleza, mas não a ponto de desmoroná-la. A sala ficou destruída e Crystal King não podia mais esconder-se.

— Ótima tática cabeça-de-fogo! Vejo que encontraram um de nossos prisioneiros, pena que ela não lembre de nada, não é mesmo? — debochou o rei.

— Você está com o chip das memórias dela?? É bom devolver carinha, não vai querer me ver zangado! — gritou Lance zangado.

— Ora ora, vejo que criou uma grande afeição por essa moça, está falando desse chip? E se eu simplesmente o destruísse?  — perguntou a criatura, segurando o pequeno cartão de memórias.

A mulher agachou-se e colocou as mãos na cabeça como se algo estivesse em sua mente, Lance não sabia o que fazer agora, talvez pela primeira vez, General teria visto-o sem reação.

— Lance, ele está tentando utilizar ondas eletromagnéticas para afetar o sistema dela! Você tem que pará-lo! — indicou General.

— General, pena que você escolheu o lado errado, se estivesse do meu lado estaria forte como eu. Estou invencível, sou um novo ser, posso vencer qualquer um agora, e o primeiro será você! — disse Crystal King lançando um poderoso raio de gelo. Quando a poeira abaixou, Crystal King percebeu que General não estava mais lá, ele havia desaparecido misteriosamente.

— General, da próxima vez você vai ficar pra congelar! Não sei porque uma pessoa de tanta classe como eu, preciso ficar defendendo os outros...

— Cale-a-boca, Lady Bow! Obrigado por ter feito com que eu desaparecesse com seu poder Outta Sight, mas veja, eu consegui o chip que precisávamos! Não pergunte nada, apenas me leve em direção aquela mulher ao lado de Lance!

Lance e seu Gyarados lutavam com o rei, ele lançava raios congelantes mas a serpente aguentava firmemente, retribuindo com poderosas explosões de água na figura gélida.

— Lance! — disse General Guy, aparecendo ao seu lado mais que de repente. — Se liga! Consegui o chip da mulher robô! Vamos utilizar nossos ataques mais fortes e derrotá-lo de uma vez por todas!

— Perfeito! Vamos acabar com isso! Charizard, Kingdra, Tyranitar, Dragonite! Saiam agora! — Disse Lance jogando todos os pokémons que tinha em mãos. — Vamos acabar com isso!

Crystal King agora estava em menor número, ele podia estar extremamente forte, mas eram muitos pokémons, e um deles era do tipo Fogo.

— Se você me derrotar a moça irá junto! Eu construí os robôs dessa fortaleza para serem máquinas mortíferas, e ela não é diferente! Eu posso destruir o chip dela a qualquer momento, e ela nunca mais se lembrará de nada!

— Que bom amigo! Temos o chip agora. Você não tem chance! — riu Lance. — Charizard, Fire Blast! Tyranitar, Stone Edge! Kingdra, Hydro Pump! Dragonite, Dragon Rush! Aerodactyl, Crunch! E Gyarados, Outrage!

Todos os ataques se fundiram, pareciam um cometa, que acertara em cheio Crystal King, houve uma grande explosão, parecia que uma nova estrela se formava. Lance chamava esse ataque de Supernova, pois lembrava a explosão de uma estrela na galáxia. Crystal King soltou um grito de dor, que ecoou até desaparecer no céu. A coroa e o manto que ele utilizava caíram no chão, mas mesmo ele sendo invisível, agora não havia mais nada, jaziam vazios, aqueles olhos misteriosos agora desapareceram. A explosão acabou jogando todos contras as paredes, seus olhos estavam ofuscados pela força do ataque, apenas as cinco criaturas ainda estavam em pé, com toda sua força.

— Valeu pessoal, essa foi ótima! — disse Lance um pouco machucado, retornando seus pokémons. Ao virar-se, deparou-se com a mulher caída, parecia inconsciente. — General! Onde está o chip?

— Aqui está, meu caro amigo! — respondeu General entregando o pequeno aparelho a Lance, mas quando ele tocou-o, o chip explodiu em milhares de pedaços. Os dois olharam-se atônitos, se Crystal King morresse, todos os robôs parariam de funcionar. Lance correu em direção a mulher e segurou-a nos braços, inconformado, mas com um pouco de dificuldade ela conseguia dizer algumas palavras.

— A-Acho que eu não pude ser de muita ajuda para vocês...

— O quê? Não diga isso! Sério! Você foi de muita ajuda! — respondeu Lance procurando manter o jeito engraçado.

— Se você realmente acha isso... Então... Estou aliviada... Parece que nossa jornada chega ao fim neste momento. Deixe me falar, sinto que tenho pouco tempo.. . Essa... será nossa última conversa... Se você não tivesse aparecido e me encorajado eu teria ficado para sempre naquela prisão... Sozinha... Nosso tempo pode ter sido curto, mas estou contente de ter aproveitado ele com vocês.

Lance olhava profundamente nos lindos olhos da moça, ouvia atentamente cada palavra sua, ao longe, General Guy explicava para Lady Bow o que eles passaram enquanto ela estava desacordada.

— Há tantas coisas que eu gostaria de perguntar... Estou feliz de ter econcontrado-o. Ver o nascer do sol... Uma primeira vez com vocês... Meu... Meu nome... Eu nunca lhes disse meu nome porque nunca tive, eu era caracterisada por números mas sempre gostei do nome Selena... Obrigada por me mostrar a melhor das emoções, o Amor... Obrigada...

 

 

A mulher parou de falar e seus olhos ficaram brancos, como se tivesse sido desligada, Lance observou-a por um tempo, e deu um forte abraço no corpo. Ele deixou o corpo levemente sobre uma das pedras, parecia um elegante túmulo de gelo. Ele levantou-se e foi em direção a General e Lady Bow. Lance estava olhava para o chão, nenhum dos dois queriam perguntar nada, mas ele desviou o olhar em direção a eles e sorriu.

— Então, General! Ainda falta uma sala! Essa última batalhas foi tenso hein? Tenho certeza que nesta última  encontraremos esse cara que começou tudo isso, então vamos acabar com ele! Ha!Ha!Ha! — disse Lance, continuando a andar alegremente em direção da última porta.

— Ele... Está sorrindo? — perguntou Lady Bow confusa.

— Ele pode estar feliz por fora, este é o jeito dele, mas tenho certeza que está chorando por dentro... — respondeu General, levantando-se e dirigindo-se junto a Lance em direção da última porta.

 

Eu tive um sonho... E no sonho, eu podia ouvir uma voz familiar, chamando-me. Enquanto eu andava, ela falava comigo... Algumas vezes preocupada, algumas vezes feliz, como emoções... Nós assistimos ao pôr-do-sol, coberto pelo vento frio do inverno daquele local. O pouco tempo que passamos juntos, brilhava intensamente, iluminando a escuridão daquela profunda prisão. Não importa o quanto eu desejar vê-la novamente, eu sei que nunca acontecerá... Aqueles que vivem, devem continuar a viver... Aqueles que estão mortos, apenas continuarão mortos... No frio...

  

 

 


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