Pov. Kara:

Minha cabeça estava a mil enquanto eu dirigia, quem quer que me parasse iria sofrer com as consequências, naquele momento não existia Kara ou Charlie, apenas uma selvagem indo ao encontro de sua tão caçada presa, pelo retrovisor, a certa distância eu podia ver o carro de Trish

Como elas foram tão rápidas??

Com esse pensamento acelerei e peguei uma rota alternativa para o meu destino.

Meu corpo agia automaticamente, tanto que nem ao menos percebi com quanta força havia pisado no freio, apenas ouvi as rodas do carro derrapando no chão, olhei em volta e vi um galpão

—muito original Nuke - pensei em voz alta e sai do carro, entrando rapidamente no galpão, vendo a silhueta que reconheci como de Kozlov e a de mais alguns homens, soldados, todos, provavelmente com armas em mão, fui até o meio do ambiente e podia sentir todos a mirar para mim.

Menos Kozlov, o filho da puta apontava pra cabeça de Josh, que parecia estar morrendo de medo, mas não falava nada, apenas me olhava

—todos, larguem as armas e saiam de perto - ordenei e logo o baque surdo das armas caindo ao chão pôde ser ouvido, incluindo a de Kozlov, assim como o das portas se abrindo, mas não eram soldados saindo e sim Jessica e Trish adentrando o lugar, me virei pra elas— eu falei pra ficarem em casa, eu quero todos seguros...

—se quer isso então morra - uma voz grave que eu reconheceria em qualquer lugar me interrompeu, todos nos viramos pra olhá-lo, e em seguida eu vi uma das piores cenas da minha vida— não? Então seu amigo vai pagar as consequências

O som do tiro foi o último som que fui capaz de assimilar naquele momento, pois em seguida meu amigo caiu ao chão, o sangue de sua cabeça a manchar o solo, depois daquilo a única coisa que fui capaz de pensar foi em como matar dolorosamente aquele filho da puta a minha frente

—seu infeliz cretino filho da puta - gritei indo até ele e batendo nele, com lágrimas nos olhos, ele ria e parecia não sentir nada, me jogou longe e fez com que eu acertasse o braço em um caco de vidro, me cortando no mesmo

Eu pude ver minha mãe correr até ele e agredi-lo, com raiva, eu entendia sua raiva, era exatamente isso que eu sentia naquele momento, mas eu tinha que parar ela, me virei para os soldados

—segurem elas - eles obedeceram e eu fui andando até eles, ficando de frente pra ela, a abracei e sussurrei o que precisava em seu ouvido, colocando o pequeno frasco que estava em minha mão em seu bolso— levem elas até a porta e saiam

—Kara, não faça isso - a voz de Trish disse, eu sabia o quanto ele havia sido importante pra ela, mas era necessário

—me desculpe tia - falei olhando pra ela, ela pareceu entender o que eu ia fazer e apenas me olhou, me virei pro Nuke, que apontava a arma diretamente pra minha cabeça, sorri— sabe, tia, eu agradeço por aquelas aulas de Krav Maga

Com isso em um golpe rápido tirei a arma das mãos de Simpson e apontei a mesma pra ele

—AJOELHE-SE FILHO DA PUTA - o som da minha voz ressoou pelo galpão e ele sorriu se ajoelhando, a arma encostando em sua cabeça— você destruiu minha vida, três vezes pra ser exata, como se sente ao saber que agora sou eu que estou no controle? Me conte

—feliz, porque não é por muito tempo - ele respondeu sorrindo e colocou a mão no bolso, foi minha vez de sorrir ao ver sua cara de desespero— co...como!?

Me virei pra minha mãe e ela quebrou o frasco, sorri e olhei pra ele

—você mexe comigo, mexe com a minha família e digamos que somos um tipo disfuncional - apontei a arma para minha própria cabeça e pude ler nos pensamentos de Jessica e Trish o desespero do que eu pudesse fazer, com isso ao invés de atirar apenas fiz com que o cartucho de munição caísse ao chão— pegue

Ele o fez e parecia estar com mais medo do que nunca, seus pensamentos me mostravam que estava, me abaixei o olhando nos olhos, apoiando a arma na minha bochecha

—isso prova que sua vidinha de merda estava nas minhas mãos, mas diferente de você, eu sei poupar a vida dos outros, mesmo que eles tenham fudido com a minha vida mais de uma vez - ouvi as sirenes ao longe, larguei a arma — já estava na hora! Kozlov, se entregue, você também Nuke, não quero perder mais tempo com vocês

Eles saíram como robôs e eu fui até meu falecido amigo me abaixando ao seu lado, fechei seus olhos, que estavam abertos durante todo o conflito, como se observasse o que estava acontecendo, foi esse fato que fez com que eu poupasse Nuke, os olhos de Josh me observando, mesmo depois de morto, como se me protegesse dos meus erros

—me desculpe fofo - falei usando o apelido que eu dei a ele - por tudo, em vida e agora em sua morte

Senti a mão de Jessica em meu ombro, olhei pra ela e depois pra Trish, não pude deixar de esboçar um sorriso, depois de tudo que eu havia passado e feito as duas ainda estavam ali pra me apoiar e me oferecer amparo

—é melhor irmos não é? - questionei, me sentindo mais calma e vendo um dos policiais entrar e ir até Josh - antes que isso se torne um drama

Rimos e saímos daquele maldito galpão, indo até os nossos carros estacionados do lado de fora, mas antes que eu pudesse embarcar no meu carro, meu celular vibrou alertando a chegada de uma mensagem, peguei o mesmo e vi o número

Impossível!

Li a mensagem e naquele momento Jessica pareceu perceber meu afobamento

—Charlie, está tudo bem? - ela perguntou preocupada, não respondi, apenas corri pra dentro do meu carro - o que foi?

—precisamos ir ao seu escritório, agora! - respondi rapidamente, ela embarcou no carro e Trish no dela, com isso acelerei rumo ao prédio onde ficava o escritório dela

                                               ***

Entramos as três no prédio, elas foram em direção ao elevador, eu não tinha tempo pra isso então subi pelas escadas mesmo, ao final do percurso corri até a porta de vidro onde estava escrito o nome da "empresa" da minha mãe, abri a porta e podia ouvir os passos de Jessica e Trish, mas ali, naquela hora se tornou apenas eu e ao entrar no escritório em si, meu pai

—sentiu minha falta Purple? - olhei pra ele, mas nenhuma palavra saiu de minha boca, apenas sai dali correndo, aquilo não podia estar acontecendo logo agora