Uma semana depois...

Pov. Jessica:

O comportamento de Kara estava me preocupando, uma hora estava amável e dócil, na outra parecia querer matar qualquer um, estava obsessiva em encontrar o Stalker da semana anterior

—você precisa comer alguma coisa Kara, está fraca, não vai conseguir procurar nada se estiver com fome - argumentei com um prato com dois pedaços de pizza na mão

—eu não preciso COMEER - ela gritou sem ao menos se virar pra mim, apenas focada na tela do notebook a sua frente — eu preciso achar esse filho da puta

Minha decisão seguinte pode ser considerada drástica e bruta, mas eu tive de fazê - la.

Antes que ela pudesse pular para o próximo vídeo de segurança, segurei sua mão e a apertei a levantando, sabendo que já estava a machucando, ela olhou pra mim e pegou o prato, logo se direcionando ao primeiro andar comigo

—não sei por quê quer tanto que eu coma, eu preciso achar aquele filho da puta, eu sei que o conheço, pode ser até mesmo o Nuke - a garota reclamou, se sentando no sofá, já começando a comer, me sentei ao seu lado quando ela terminou de comer o primeiro pedaço e parecia mais calma — okay, você talvez tenha um pouco de razão

Revirei os olhos dando um pequeno sorriso, ela continuou a comer e a olhar para a marca vermelha em seu pulso e em parte de sua mão

—me desculpe, mas foi necessário - falei, com medo de ela estar chateada ou brava comigo, afinal, Kara é praticamente minha filha, nunca ousaria machucà - la

—tudo bem - Charlie deu um pequeno sorriso — é uma ferida de guerra, todos temos que ter pelo menos uma, não acha?

Assenti, pois realmente concordava com tal frase, em poucos minutos ela terminou de comer e pegou o controle da tv, ligando a mesma em um canal aleatório

—me desculpa, mãe - murmurou e pude ver lágrimas em seu rosto — eu estou voltando a vida de merda que eu tinha antes, estou obsessiva de novo

A abracei, sabendo o quanto era horrível sentir que algo que te destruiu antes voltou pra terminar o serviço, com isso deixei com que ela chorasse até adormecer abraçada a mim

                                            ***

Pov. Kara:

Horas provavelmente haviam se passado desde o momento em que peguei no sono, mas ainda estava claro lá fora, observei minha mãe, sorri, ela dormia, com certeza cansada de argumentar comigo para que comesse e dormisse

Me desculpe, mãe, por todas as alterações de humor

Pensei comigo mesma e olhei para o meu celular largado, só Deus sabe desde quando, na mesinha de centro da sala, a tela acesa fora o que me chamou a atenção, o peguei e vi o que era, pelo menos 25 mensagens do mesmo número, abri, todas com o mesmo conteúdo

Venha me encontrar, gracinha

Logo abaixo o endereço, várias vezes, naquele mesmo momento me levantei do sofá, com raiva, só conheci uma pessoa que me chamava assim e o mesmo nem ao menos se lembrava da minha existência, coloquei o celular no bolso e fui pegar meu casaco e minhas chaves.

Estava na porta quando olhei mais uma vez para Jessica adormecida, abaixei meu olhar a marca em meu pulso e meu coração se apertou, decidi deixar ao menos um bilhete, deixei o pequeno pedaço de papel na mesa e sai porta afora, com muita certeza de que não voltaria

Pov. Jessica:

O barulho do motor do carro de Kara me acordou, olhei em volta, e a única coisa que havia diferente no ambiente, era um pequeno bilhete na mesinha

Eu vou resolver isso, não venha atrás de mim, fique segura, por favor...

Em minha mente, já estava aterrorizada do que poderia acontecer com ela, minha primeira e única reação foi ligar pra Trish

—Trish, preciso da sua ajuda...