Liame escrita por Alice Fitzwillian


Capítulo 1
Rotina


Notas iniciais do capítulo

Essa história é a minha visão sobre o que estava faltando em Bleach, no tema de casais. Tem um final alternativo, focado em Ichiruki e outras One-shots de momentos calmos, que pra mim eram essenciais na história, não somente pra dispersar a tensão, mas pra desenvolver os relacionamentos. CLARO que eu queria umas coisa romântica, afinal eu shippo ichiruki, sei lá, desde que eu nasci KKKK e por isso "enfeitei", isso jamais sairia em um anime Shounen, mas enfim são coisas que acabaram se perdendo no meio da guerra e eu quis "reculperar" aqui. Eu amo a obra de Tite Kubo criou, acho ele um gênio em vários aspectos, ele tinha sérios problemas com a narrativa, mas era estupendo se tratando da construção de personagem. Morro de raiva desse último capítulo, pela incoerência e estupidez, mas eu não podia deixar de homenagear ele de algum jeito KKKK. Eu estou em prantos porque não tem mais Bleach, eu amava cada um dos personagens, desde os inúteis dos fullbrings ao fucking homem mais inescrupuloso da terra AIZEN SOUSEKE, aquele que tudo sabe e tudo vê!
PS.:Yawah não é instigante como vilão e tem um nome estranho pra caramba.
Enfim migos, eu quero fazer vcs chorarem com essas ones.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/707634/chapter/1

 Pós saga Fullbring

Se Ichigo pudesse definir aqueles momentos em uma única palavra, essa palavra seria: PAZ. Haviam se passado alguns dias desde que havia recuperado os poderes de Shinigami. Rukia estava em missão na terra, aparentemente haviam detectado um comportamento anormal na região de Karakura. Nada de insólito, afinal de contas Ichigo estava lá e se tratando de coisas fora do padrão, ele era o especialista. Muito provavelmente, a presença da colega de quarto fosse desnecessária, mas Ukitake havia ordenado que ela ficasse, pra caso algo de grave viesse a acontecer. Mas ele ouviu parte da conversa e percebeu um olhar complacente do Capitão pra sua tenente, então ele tinha certeza que era uma espécie de “passe de férias no mundo humano’’. Ichigo não poderia ser mais grato, apesar de uma sensação de medo estar sempre por ali ao pensar que tudo isso podia desaparecer.

            Tinha muita saudade daqueles tempos de normalidade, onde sua cidade e sua casa, em toda a sua estranheza voltavam a ser monótonas, apesar do seu eterno sentimento de desencaixe naquele mundo certinho, cheio de regras que era o mundo humano, ele gostava de poder estar lá, embora não saísse tanto de casa. Fazia quase 2 anos que não curtia com tanta graça seus livros tão preciosos e reparando bem, havia parado a coleção de mangás. E seu violão tinha um pouco de poeira também, além de, sua câmera estar em parada a algum tempo. Olhou para a garota sentada na cama, lendo uma história de terror. Sorriu. Tudo tinha ficado colorido outra vez porque ela estava lá novamente.

            -Que está lendo? –Perguntou, se aproximando. Só havia puxado assunto porque gostava de sua voz. E sempre que ela falava sobre algo que gostava fazia muitas expressões bonitas. Ele praticamente colecionava elas.

            -Me interrompeu na melhor parte, idiota! O demônio estava possuindo a garota! –Ela falou, arregalando os olhos, repreendendo-o.

            -Bem saudável! –Ironizou. –Estou com fome, vou lá embaixo buscar algo pra comer. Quer alguma coisa? –Perguntou.

            -O que tiver pra comer. –E voltou a ler. Minutos depois o garoto voltou com um sucos de caixinha e um salgadinho pra dividirem. Rukia parou a leitura e pegou começou a tomar o suco. Era de uva, seu sabor favorito.-Huuuuumm. Esse é o tipo de coisa que faz o mundo humano ser maravilhoso. –Ichigo sorriu. Era engraçado pensar que em outra vida ela havia conhecido o mundo humano e, desde que Ichigo se lembrava em seus livros de história e pelo que via nos jornais todo dia, o mundo nunca foi um lugar bom. Mas ela tinha toda razão em dizer que esse tipo de coisa tornava o mundo agradável, não eram caixinhas de suco. Era a curiosidade em seu olhar, ao descobrir essas pequenas coisas. Sua inabilidade em lidar com as coisas por vezes, renovava seu olhar e vigor em perceber as coisas do mundo, coisa esta que a muito tempo não praticava, desde que sua mãe morrera.

            -Minha mãe dizia que o mundo era um lugar perigoso. Ela tinha um pouco de razão, afinal. –A garota parou de tomar o suco, sentindo o clima pesar.

            -Que conversa é essa agora, idiota? –Apesar do tom, lá no fundo ela sentia preocupação.

            -Às vezes acontecem coisas que fazem a gente ter que ficar longe das pessoas que amamos. Isso é cruel. –Ele falou, reflexivo. De imediato não se deu conta de o quão ambíguas suas palavras soaram, Rukia começou a olhar para o nada e ele, constrangido, não sabia se explicava-se ou deixava tudo no ar. A verdade é que, inconscientemente, também tinha se referido a ficar longe ela, embora inicialmente estivesse pensando na mãe.

            - Ainda bem que algumas dessas separações não são definitivas. –Olhou- com aqueles enormes olhos violetas expressivos, enquanto a tomava o suco. Tocou sua mão, fazendo um carinho, de leve. Ele apertou sua palma suavemente, sorrindo.

            - Esse lugar está um tédio. Quer dar uma volta? – Ele perguntou, o rosto de repente alegre.

            -Sim!  -Ela se levantou, correndo pro banheiro. –Mas eu vou tomar banho primeiro! –E trancou a porta. Ichigo sentiu-se um pouco ludibriado.

...

            Ichigo pensou em levá-la apenas pra caminhar em algum lugar, como era de costume eles fazerem, mas se deu conta de que, entre a correria de matar hollows e a escola, eles nunca haviam ido juntos à lugar nenhum, exceto à pista de patinação no gelo. Então decidiu realizar um pequeno desejo pessoal, do tipo “fazer coisas normais e apresenta-la algo do mundo humano”. E ele escolheu cinema e fez suspense até chegarem no lugar.

            -Você disse que ia ser surpresa, mas a gente já veio até aqui uma vez, depois da aula. Se chama “shopping”, não é? –Ela falou, arrogante como uma criança “sabe tudo”, até entortou a cabeça.

            -É, a gente veio, mas nunca fomos ao cinema. –Explicou, os olhos da garota já se arregalaram e ela começou a pensar.

            -O que é cinema? –Perguntou enquanto olhava pra interessada em uma loja de pelúcias.

            -Hum, deixa eu ver... É uma sala com uma tela gigante, onde passam filmes legais. E em alguns deles você pode sentir como se estivesse vivendo o filme. – A garota interessou-se, ele sorriu.

            Chegaram no cinema, Ichigo ficou e dúvida sobre que filme ver. Os filmes de criança atraíam-na, mas Ichigo pensava em ver algo mais profundo e sentimental. Rukia parou em frente à um cartaz com uma coelha vestida de policial e uma raposa de pelo vermelho e sorriso esperto ao seu lado. Zootopia. Era um filme infantil, mas ele não pôde negar certa semelhança entre o animalzinho orelhudo e ela. Até os olhos eram da mesma cor.

            -Vamos ver esse? Nunca te pedi nada? –Rukia perguntou, animada. Ichigo sorriu, sarcástico.

            Compraram os ingressos, faltava meia hora pra começar o filme. Ficaram zanzando perto da entrada, entre lojas de pelúcia e vitrines de comida, olhando o resto dos filmes em cartaz, Rukia tirou uma foto com o pôster de Zootopia. Até que ela percebeu um cheiro peculiar no ar, sempre que chegava perto do cinema outra vez.

            -Ichigo esse cheiro é de pipoca? –Ela perguntou, curiosa.

            -Sim! –Ele sorriu. – Vou comprar pra gente, fica aí anã! –E saiu sob o olhar aceso de indignação da garota.

...

            Rukia entrou na sala com cuidado, o escuro do lugar e a frieza eram um tanto quanto desconfortáveis, o que fez com ela agarra-se a mão de Ichigo quase que inconscientemente. O garoto quase derrubou a bandeja tamanho fora o susto. Ficou menos tenso assim que sentaram-se.

            -Nossa, eu não imaginei que fosse frio assim. –Reclamou e foi colocando um casaco.-Bom, pelo menos a cadeira é confortável. –Falou, colocando os pés pra cima.

            -Não pode fazer isso! –Falou, baixo, tirando os pés da cadeira da frente.

            -Me desculpe!- Se ajeitou, orgulhosa, porém constrangida.O filme começou e ela enfim provou a pipoca. –NOSSA! –Exclamou, extasiada com o sabor. Um “shiiiiiiu” coletivo foi ouvido. Ichigo afundou na cadeira. –Porque as pessoas fizeram isso? -Perguntou, chegando perto do rosto dele.

            -Não é muito agradável ficar cochichando enquanto se está no cinema. É só ficar quietinha e prestar atenção. –Assim fizeram.

            Ichigo realmente não dava nada por esse filme, mas surpreendia-se a cada cena. A película fazia uma crítica ao mundo real, as formas de relacionamento e ao sistema em si sob o qual o mundo funciona. A parte interessante era que essa relação contratual que se estabeleceu entre a raposa e coelho foi quebrada porque eles ignoraram seus preconceitos. E só então, surgiu o afeto entre eles. E eles eram uma raposa ruiva e uma coelha baixinha. Tão diferentes. Olhou pra mulher ao seu lado, eles riram na mesma hora em que a raposa sacaneou a coelha.

            -Ok, percebeu a semelhança, certo?- Ela perguntou, dessa em voz baixo, ela quase chorava de rir.

            -Sim! –Ichigo se ajeitou pra baixo, pra ficar mais perto dela. –Você consegue ser a pessoa mais irritante até em um filme. –Debochou, semicerrando os olhos.

            -Pelo menos eu ajudo a salvar o mundo. – Presunçosa, sorriu.

            -Sim. –Ichigo mudou a expressão de sarcástica para idiotamente apaixonada. A garota sorriu, entendo o elogio, o tipo de “piada” que só existia entre eles. Você ajuda a salvar o meu mundo, baixinha.

            -Para com isso. –Pediu desconcertada, balançou a cabeça em negação.

            -Não estrague o momento. – O mesmo tipo de coragem que ele tinha quando lutava à beira da morte surgiu e moveu-o mais pra frente. Selou os lábios aos dela, levemente, sem pressa. Inesperadamente, Rukia fez um carinho em seu cabelo. Terminaram e ele quis pedir desculpa, mas ela repreendeu-o antes.

            -Não seja idiota, não ouse pedir desculpas! – Sussurrou e se virou pra continuar a ver o filme. Ichigo afundou um pouco na cadeira, aliviado. Nunca pensou em dar seu primeiro beijo em uma sala de cinema lotada de crianças barulhentas. Enquanto refletia sobre o nível de estranheza dos eventos ocorridos segundos atrás, o olhar reprovador de uma mulher bem mais velha que ele pairava sobre si.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Essa é bem levinha, inspirada nos dias de calmaria deles dois indo pra escola e etc.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Liame" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.