Série Lobos II - O Clã da Lua escrita por M Schinder


Capítulo 23
Vigésima Terceira Caçada: Líder


Notas iniciais do capítulo

Finalmente o último! Depois de bastante tempo!
Antes que iniciem a leitura, eu espero, de coração, que tem amado essa aventura tanto quanto eu! Hoje estou com alguns projetos diferentes, mas, se notaram, deixei algumas pontas para uma nova aventura do Katsuo, então, se algum dia postá-la, gostaria de ver todos lá!

Obrigada por toda a paciência e por não terem me abandonado até aqui!
Grandes abraços e, por enquanto o último, boa leitura!



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Semanas se passaram depois do incidente com meu pai. Descobri que não acontecera uma luta real entre os lobos porque Seiji conseguira enrolar tempo suficiente para Hidetaka chegar com Ailee e ela salvar todos de um confronto doloroso.

Para mim, ela fora a verdadeira heroína, depois de tudo, pois protegera o feudo, que era a parte mais importante para mim.

Depois disso, chegou o momento que mais surpreendeu a todos. Assim que foi coroada como a monarca, mesmo que tivesse sido decidido que ela deveria ter ajuda para governar até que fizesse vinte e três anos, mandou que os muros que separavam o palácio do feudo fossem destruídos. Ação que resultou em muito choro e elogios.

Já não éramos mais uma matilha e uma população de lobos; voltáramos a ser uma alcateia de verdade. Muitos dos que, antes, gostavam de ser humanos voltaram a usar sua forma original com mais frequência. Mesmo que ainda tivéssemos os grupos de caçada e de proteção, todos podiam ir e vir e eram treinados para participar de todas as atividades.

Aquilo era incrível e era o que a alcateia precisava.

Ailee consertara muitas coisas que estavam erradas a tempo de mais e parecia estar cada vez mais confiante em sua posição, apenas uma coisa parecia estar fora do lugar.

— Você, provavelmente, fez alguma coisa errada — comentou Seiji mordendo um pedaço de carne assada.

Estávamos sentados na entrada do palácio. O feudo se espalhara para mais próximo e, mesmo assim, um espaço ainda era mantido como forma de respeito. Aqueles lobos eram incríveis.

— O que pode ser? Eu juro que não lembro de nada... — murmurei passando as mãos por meus cabelos de forma ansiosa.

— Só vai descobrir se perguntar.

Seiji e eu conversávamos como nunca fizéramos. Desde que eu descobrira que ele acabar sem uma de suas patas por minha culpa, eu tentava compensar de alguma forma. Contudo, para quem recebera sua posição como líder da caçada de volta, conhecera uma loba muito simpática e vivia de forma confortável no palácio, não havia muito que eu pudesse fazer.

— Essa é a ideia mais ridícula que você já me deu em sua vida — comentei revirando os olhos. — Pior do que me pedir para entrar no quarto de nosso soberano meses atrás.

— E essa ideia salvou sua vida — devolveu sorrindo. Seiji se ergueu, espanando a poeira de sua calça e se espreguiçando. — Irei visitar Hidetaka agora. Quer ir?

Neguei, dispensando o convite. Ele riu divertido e me desejou boa sorte, dando-me as costas. As coisas estavam ótimas para ele e era isso que importava para mim. Decidindo que eu deveria resolver meus próprios problemas sozinho – para variar. Levantei-me e deixei que minha forma original tomasse conta de mim.

Nunca mais, depois da luta contra meu pai, meu lado animal tentara me devorar.

Hidetaka voltara a ocupar seu quarto dentro do palácio, mas se aposentara de suas funções como professor e guarda. Em seu lugar, estava Kriran – indicação minha e um jovem que merecia muito isso. Shino, por outro lado, acabara na caçada, com Seiji, e parecia se destacar entre os outros. O jovem era poderoso e era um alívio saber que realmente gostavam de serem lobos.

Caminhei até o Iro no Seiiki (Santuário das Cores). O novo escritório de Ailee. Como esperara, ela estava sentada sobre a maior das árvores. O colorido característico voltar um mês depois que ela assumiu o lugar do pai. Era uma coisa que eu ainda procuraria entender, como o palácio estava intimamente ligado a seus governantes.

Ela não se moveu quando ocupei o lugar ao seu lado, nem desviou o olhar dos papéis que lia. Podem me chamar de pobre coitado, mas eu estava satisfeito apenas em poder estar ao seu lado. Foram semanas longe e eu não gostaria de passar por aquilo de novo.

Passamos um bom tempo calados enquanto Issa corria atrás de outra borboleta sem sorte. Eu começava a cochilar, por não ter nada a fazer, quando ela se deitou em minha barriga, ainda com os papéis em mãos.

— Ainda fico me perguntando se você está me ignorando ou apenas não se lembra de nada — comentou como se não estivesse falando nada de importante. Ergui minha cabeça e minhas orelhas, curioso. Sua mão direita foi direito para meu olho machucado. Um “x” se formara por causa das duas cicatrizes que eu possuía. — Da noite em que você acordou. Você se lembra do que eu te disse?

Por um momento, nada veio a minha mente. Eu me lembrava claramente de ter dado espaço na cama e de ter adormecido com ela; depois, Hidetaka e meu irmão entraram no quarto e me deram a maior bronca por causa daquilo – como se seu ligasse. Estava quase queimando o resto de meus neurônios quando me lembrei dela murmurar algo em meu ombro, antes de dormirmos. Eu neguei com a cabeça, confuso.

Um suspiro escapou por seus lábios e eu tive a impressão de ver suas bochechas ficarem rosadas.

— Volte a forma humana.

Aquilo era uma ordem. E eu sabia porque Ailee nunca usara aquele tom de voz comigo. Assumi minha forma humana no mesmo instante. Apenas para ela colocar suas duas mãos em meu rosto e forçar-me a olhar em seus olhos.

— Eu. Te. Amo. Entendeu? — perguntou séria. — Nunca mais fique daquele jeito, não quero te perder assim.

Vamos lá. Quero só fazer uma retrospectiva rápida antes de terminar de contar o que aconteceu nessa cena. Eu tinha uma vida tranquila como protetor de uma princesa e tinha limites que não deveriam ser quebrados; um maluco, meu pai, aceita seguir as sugestões de um deus irritado e quase destrói minha casa; eu surto, perco, temporariamente, minhas memórias e meu eu; sou obrigado a enfrentar um parente e surto de novo; Ailee me salva; nós acabamos dormindo juntos. E todos os limites acabam indo parar em um lugar tão distante que não sei nomear. É, minha vida mudou completamente e eu nem tinha completado vinte e dois anos.

Agora, vocês querem saber como eu me senti? Vamos dizer que eu gaguejei muito e que Ailee caiu no chão de tanto rir de mim. Oras, me deem um tempo e não riam também. Eu vivi para ficar poderoso e poder protegê-la, não para ter meus sentimentos correspondidos.

— Eu também te amo — respondi por fim, depois de finalmente controlar minha língua. — Mas nós não podemos...

— Isso, não é problema de ninguém — interrompeu-me assim que seu acesso de risadas parou. — Acredito que seja algo que eu e você temos que resolver, não?

Ela estava tão certa que preferi me manter calado. O que mais poderia dizer?

— Por Tsukuyomi, Katsuo, você não vai fazer nada? — questionou indignada.

— O que quer que eu faça? — rebati surpreso. O que ela estava esperando de um jovem que estava se recuperando de uma notícia boa e vários ferimentos profundos?

Ailee revirou os olhos para mim e esticou suas mãos em minha direção novamente. Por reflexo, fechei meus olhos apenas para sentir os lábios dela sobre o meu. Fiquei imóvel. Porém, não durou muito tempo. Abracei-a com cuidado enquanto ela sorria contra minha boca. Não pude evitar rir também. Senti Issa sentar sobre nossas pernas e latir, confuso.

Talvez meu futuro fosse a coisa mais incerta no Universo. Talvez eu estivesse deixando-o ainda mais confuso ao permitir que esses limites fossem quebrados. Contudo, até mesmo meu lado selvagem se acalmou quando sentiu o carinho dela e viu felicidade naqueles olhos cinzentos.

Ailee, com certeza, era a chave para me manter são. E eu faria de tudo, até mesmo dar minha vida, para ela continuasse bem, viva e feliz. Puxei-a contra mim, ouvindo com atenção os relatos sobre as coisas que gostaria de mudar no feudo e em como ajudar ainda mais os lobos.

Eu desejei, no começo de tudo aquilo, que minha vida voltasse ao normal. Entretanto, mudei de ideia. Aquilo era muito melhor que o normal.


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Notas finais do capítulo

Quero realmente saber o que acharam do final? Se divertiram? Angustiaram?
Me digam e ficarei esperando!



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