Mudança de Planos escrita por Honeyzinho


Capítulo 19
Capítulo XIX • Sentimentos


Notas iniciais do capítulo

Quem é vivo sempre aparece, não é mesmo?

Não esqueci de vocês, nem da fic, nem do Nyah. A vida adulta só anda.. adulta demais! :(

Mas espero que gostem. A meta de finalizar essa fic ainda esse ano permanece, e peço que me desejem sorte, criatividade e tempo livre.

rsrsrs

Vejo vocês nas notas finais! ♥



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[ CAPÍTULO XIX • SENTIMENTOS ]
Robert Müller

 

Ela estava com cheiro de banho, e seus olhos pareciam duas amêndoas gigantes enquanto me encarava sem reação. Eu podia entender seu susto. Também estava assustado pra caramba com tudo aquilo rolando dentro de mim.

Nunca fui o cara certinho, que namora e coisa e tal. Pra mim, estar apaixonado por alguém era algo que não fazia muito sentido até eu conhecer Sophie.

Talvez fosse prematuro. Talvez não.

Mas de uma coisa eu estava certo: precisava admitir aquilo – para ela e para mim.

E de uma vez por todas.

No fim, McAdams tinha mesmo razão, e honestamente não sabia dizer se isso era bom ou ruim. Eu só queria ficar com ela, com a minha garota. E eu só queria que ela quisesse ficar comigo também. Porém, tinha consciência de que existiriam consequências para ambos, e não queria colocá-la em risco mais uma vez.

— Você está brincando, não está? – foi o que ela conseguiu dizer, com seu rostinho lindo ainda entre meus dedos. Em resposta, não consegui conter o sorriso, e depois só balancei a cabeça negando.

Não era brincadeira.

— Então você está doente – Dallas disse, se soltando de mim, e colocando uma de suas mãos na minha testa.

— Sophie, não estou doente – respondi, torcendo para que ela me levasse a sério. Até porque, e convenhamos, se eu tinha reunido toda a minha coragem para ir até sua casa e ainda tomado uma bela de uma chuva como brinde, eu não estava ali para fazer piada.

— Primeiro você tem vergonha de mim. Depois, fica com raiva. E agora diz que me ama? – ela falou após um tempo, parecendo pensar sobre tudo o que estávamos vivendo nos últimos dias – Quando foi que chegou a essa conclusão?

Por que ela precisava ser tão racional?

— Me perdoa, por favor. Eu juro que não estava com vergonha de você. É só que... meus amigos são uns babacas, e imaginei que eles ficariam zoando com a gente. Preferi evitar esse tipo de situação, só isso...

— Mas se vamos ficar juntos isso vai acontecer de qualquer jeito. Vai fugir de mim toda vez?!

Óbvio que não— era isso que pretendia responder, até meu cérebro começar a calcular o que ela tinha acabado de dizer com a maior facilidade do universo.

A gente vai ficar junto, então?— falei animado, como quando uma criança ganha presente de aniversário, e ignorando por completo a questão que ela havia colocado em jogo.

Parecendo cair a ficha sobre o que ela mesmo havia dito, Sophie desviou o olhar algumas vezes, e quicou até a sala, se arremessando no sofá e jogando a cabeça para trás, de um jeito exausto, como nunca antes eu a vira fazer.

Talvez eu estivesse incomodando. Talvez tivesse entendido errado, e aquilo não fosse um sinal de que o que ela sentia por mim era recíproco. E, sei lá, apesar do vazio e do aperto no peito que sentia só de pensar em não ganhar seu coração, estaria tudo bem pra mim se ela escolhesse se afastar.

Eu nunca fui bom o bastante, e quando tomei a decisão de me declarar, admito que acabei me preparando mais para a pior do que para a melhor das hipóteses.

— Se você quiser, eu posso ir embora – disse sem jeito, coçando a cabeça e já na intenção de abrir logo a porta e acabar com toda aquela estranheza entre nós – eu não queria.. forçar nada..e...

Do que você está falando? — Dallas perguntou parecendo incrédula, apenas virando sua cabeça para olhar em meus olhos.

Não consegui achar uma resposta.

— Eu não falei que está me incomodando, Rob – ela disse com a voz mansa, batendo uma de suas mãozinhas no sofá, me chamando para ficar ao seu lado.

Como um cachorrinho obediente, sequer hesitei.

É. Meus amigos não ficariam orgulhosos, mas eu estava pouco me fodendo para eles àquela altura do campeonato.

O que me levava a pensar que ainda precisava resolver todo o esquema do desafio envolvendo a minha menina. Não dava pra continuar com aquela novela, mas precisava ser inteligente para cancelar o trato com a garantia de que Sophie não seria prejudicada por minha culpa.

E ainda torcer para que ela não me odiasse para sempre.

— Eu não beijei o Fred, foi ele quem me beijou – a nerdzinha começou a dizer, fazendo meus devaneios virarem fumaça instantaneamente.

— Está tudo bem, você não precis... – tentei falar apressado, mas ela pediu com um sinal de mãos que eu a deixasse prosseguir.

— Dormi no quarto dos meninos, porque as amigas da Samantha estavam tramando algo. Fiquei com medo, e como ele tinha feito companhia antes, acabei confiando.

Ela suspirou, tornando a olhar para o teto. A cada palavra dela, eu sentia meu coração bater mais forte, mais rápido, sempre acompanhando seu raciocínio e tentando entender aonde ela queria chegar se justificando daquele jeito.

— Acho que ele confundiu as coisas entre nós, e eu queria tanto ter te dito isso antes.

— Está tudo bem, eu entendo – Sophie voltou a me olhar, mas dessa vez se desencostando do sofá e ficando cara a cara comigo.

— Eu não sei o que sinto por você, Rob. Mas de uma coisa eu sei: você mexe comigo. Todo meu corpo fica elétrico quando te vê, e quando você está mal, eu fico mal também.

— Você tá falando sério? – foi a minha vez de desacreditar do que eu estava ouvindo, afinal, Sophie estava dizendo que eu significava algo pra ela, e isso era muito mais do que pensei que pudesse receber.

Ela deu uma risadinha, parecendo com vergonha, e tornou a jogar sua cabeça pra trás, encostando no sofá, mas dessa vez sua expressão era de leveza, como se enfim tivesse feito o que tanto precisava fazer.

— Eu sei que isso parece loucura – foi o que ela soltou em resposta.

— Nem me fale – respirei fundo, tentando relaxar e também encostando meu corpo contra o sofá. A casa estava silenciosa, a chuva ainda caía lá fora e a luz do cômodo nos manteve ali parados, confortáveis, apenas ouvindo a respiração um do outro.

Eu podia sentir meu corpo todo arrepiar só de olhá-la pelo canto dos olhos.

E eu me sentia ainda melhor quando reparava que ela estava fazendo exatamente a mesma coisa.

— Rob... – ela murmurou baixinho, me fazendo encará-la de verdade no mesmo instante – você poderia, sabe... me beijar?

Meu coração acelerou. No entanto, tentei me conter para que ela não percebesse a animação exagerada. Eu não queria parecer um idiota na frente dela.

Para dar uma descontraída e tentar relaxar – e também para satisfazer meu ego “pouco” inflado, assumo – resolvi encher o saco e me fazer de desentendido, de modo que ela repetisse o pedido.

— Como é?!

— Você ouviu, idiota.

— Eu não ouvi não. Você falou muito baixo – expliquei enquanto segurava o riso. Ela já tinha sacado, mas era impossível não continuar com aquilo.

Ver Sophie com aquela carinha de brava era algo impagável, e que sempre mexia comigo.

— Para com isso – ela disse ainda murmurando, e me dando um tapinha de leve no ombro.

— Mas eu não ouvi, Dallas. Repete?

Ela pareceu pensar por alguns longos segundos, cruzando os braços e bufando. Quando resolveu abrir a boca para falar, disse logo que se eu não tinha ouvido, que era pra eu esquecer.

— Deixa pra lá – finalizou, visivelmente frustrada, e aquela foi a minha deixa para parar com a chatice e me aproximar dela, desfazendo sua postura defensiva, ajeitando seu cabelo e sentindo seu cheirinho de banho.

Linda. Ela era sempre linda demais.

— Ainda quer?

Àquela altura estávamos muito próximos, e ela me encarava com a respiração pesada. Porém, e apesar do nítido nervosismo, assentiu com a cabeça e abriu um sorrisinho – e aí foi a minha vez de sentir a respiração pesar e todo o nervosismo do mundo tomar conta de mim.

— Você me deixa louco.

— Isso é bom?

É ótimo – afirmei convicto e então nos beijamos.

Beijar Sophie era sempre uma experiência única e que me fazia questionar tudo o que já havia vivido. Sentia como se fosse uma mistura de todas as emoções possíveis – e de algo mais. Era como fazer uma viagem até as nuvens e, no minuto seguinte, estar de volta com a certeza de que tinha encontrado meu lar.

Pensando exatamente nisso, eu senti suas mãos percorrerem para trás da minha nuca, acariciando meu cabelo ainda úmido. Porra.

Beijei ela de um jeito mais profundo, deixando a euforia tomar conta do meu corpo, e, em seguida, me desprendi da sua boca para beijar seu pescoço – pois ela adorava e sempre se arrepiava quando fazia isso, e não tinha nada melhor do que observar seu sorriso a cada vez que isso acontecia.

Enquanto guardava cada detalhe dela na minha mente, eu permanecia pensando sobre nós e sobre o fato de que, mesmo em circunstâncias não tão favoráveis, tudo parecia se encaixar.

A nossa ligação era inusitada, mas perfeita.

Ela precisava saber da aposta, do desafio, e cogitei um milhão de vezes abrir a boca e soltar a bomba. Mas então ela tornou a me beijar, segurando meus braços com força e deixando o clima quente demais para pensar naquela novela que eu havia nos metido.

E então desisti de contar a verdade. Pelo menos ali, naquele momento, não seria capaz de dizer sequer uma palavra coerente – então, de fato, era melhor não dizer nada que nos afastasse mais uma vez.

— Eu amo você, Sophie – soltei entre longos suspiros, enquanto ela fazia carinho nas minhas costas, pressionando seus dedos vez ou outra aqui e ali.

Ela deu outra de suas risadinhas e parou por um instante, se pondo a me olhar fixamente.

— Você precisa parar de dizer isso.

— Por quê? – e então eu parei, retribuindo o olhar fixo.

— Acho que isso não combina com você – explicou, se afastado um pouquinho e respirando fundo.

— Por quê? – eu mais parecia um disco arranhado.

— Você é o Müller... você sabe o que eu quero dizer – Sophie respondeu me forçando a ler as entrelinhas, mas nunca fui fã delas.

— Sim, eu sou o Müller. E eu amo você.

—...

— Amo você mesmo – continuei, me arrastando até ficar colado nela de novo. Seu sorriso logo se acendeu em seu rosto, e eu soube que, na realidade, ela estava gostando de ouvir aquilo.

Por mais que insistisse para eu parar de dizer.

Amo você tanto, tanto, tanto — beijei suas bochechas incontáveis vezes, até ela começar a ceder e gargalhar, me pedindo para sair de cima.

Coisa que eu não pretendia fazer até sermos pegos de surpresa.

— Oi, Robert. Não sabia que estava por aqui – uma terceira voz surgiu no cômodo, me fazendo esfriar e pular pra longe de Sophie. Era sua mãe, que acabara de descer a escadaria do segundo andar, e nos fitava curiosa para entender o que, afinal de contas, estava acontecendo ali.

— A-ah! O-oi, Sra. Dallas! – cumprimentei tentando não gaguejar, mas falhando como um imbecil.

— Pode me chamar de Janice, eu já disse – ela respondeu simpática, mas seu tom de voz não estava tão manso quanto tentava aparentar. Com certeza ela nos vira, e pelo jeito não tinha gostado nem um pouco do que havia visto.

— O Rob veio me entregar... uma coisa, mãe.

— Ah sim, claro. Estou vendo— foi o que Janice disse, caminhando em direção à cozinha e servindo um pouco do que me pareceu ser chá – Vou subir para fechar alguns casos. Depois conversamos, Sophie.

E então ela parou e olhou para mim uma última vez.

— Bom te ver, Robert.

— Digo o mesmo, senh... Janice!— respondi esganiçado, e com a certeza de que devia ter me desculpado por estar aos beijos com sua filha sem a sua permissão.

Mas eu travei totalmente, e só consegui observar estático enquanto ela subia as escadas com a mesma classe de Sophie. Elas realmente se pareciam muito.

— Ah! E juízo vocês dois.

...

Sophie e eu passamos a noite trocando mensagens. Sei que ela tentou dar uma amenizada na situação, mas aparentemente sua mãe não tinha gostado muito de não ter sido avisada sobre a minha visita – e gostou menos ainda de nos ter pego aos beijos no sofá da sua casa.

Eu disse pra Dallas que voltaria para pedir desculpas e tentar ajeitar as coisas entre nós três, mas ela implorou para que eu não fizesse isso. Honestamente, não entendi bem o porquê.

E, para ser ainda mais sincero, não sabia se iria conseguir cumprir esse desejo dela.

Afinal, o que a Sra. Dallas pensaria de mim se eu deixasse as coisas como estavam? Com certeza não me veria muito diferente do que eu costumava, de fato, ser: um babaca mulherengo.

E precisava mudar isso com certa urgência.

Rob:

Sophie, a gente conversa melhor qdo você chegar.

Eu preciso falar com sua mãe, vc querendo ou não.

[06:50]

Sophie:

Ela vai esquecer. Deixa disso.

Já cheguei. Onde você tá?

[06:53]

Rob:

Laboratório de química. Sr. Turner ainda não chegou.

Vem logo, linda.

[06:53]

Sophie:

Não começa.

[06:54]

Rob:

Kkkk mas você é linda, ué!

[06:54]

Ria sozinho quando vi Sophie entrar no laboratório com a cara rosada de vergonha. Eu não podia evitar. Apesar de todos os pesares, de todos os problemas que eu precisava resolver, estava transbordando algo que eu nunca sentira antes, e acabava precisando me expressar a qualquer custo e em toda oportunidade que aparecesse no caminho.

Acenei para ela, que caminhou incerta até a nossa mesa e logo se sentou ao meu lado. Os outros alunos, que até então trocavam algumas fofocas, pareceram cair na real do que havia acontecido e o silêncio reinou.

Era uma tremenda idiotice, mas compreendia. Nossa escola era constituída por panelinhas muito bem definidas, e qualquer relacionamento fora delas era estranho suficiente para causar um alarde geral.

Meio que ia contra as “regras” estudantis do Instituto Dimsdalle, e causava desequilibro na nossa pirâmide social.

— Você percebeu que estão nos encarando, certo? – Sophie sussurrou pra mim enquanto se acomodava ao meu lado.

Ela estava nitidamente incomodada com aquela situação. Tornei a encarar a turma, e eles ainda não haviam percebido o quão ridículos conseguiam ser.

— Posso resolver isso, se quiser – falei para ela, que até pareceu cogitar a ideia, mas no fim apenas balançou a cabeça em negativa e começou a tirar sua apostila e outros materiais da bolsa.

Ainda um pouco intrigado com seu silêncio, fiz o mesmo que ela. Seu olhar estava focado nos exercícios de Química, enquanto o resto da galera ainda não havia desistido de nos assistir de camarote.

— Você sabe que a gente tá junto nessa, né? – comentei baixinho bem próximo dela. Vi aquela curvinha dar o ar da graça em seus lábios, seguida de um aceno positivo com a cabeça, e isso me deixou contente, embora ainda houvesse uma montanha de problemas sobre meus ombros.

Embora eu soubesse que aquele sorriso e sua confiança em mim pudessem nunca mais existir caso Sophie descobrisse sobre o desafio e não acreditasse que tanto minhas intenções, como meus sentimentos por ela haviam mudado.

Drasticamente.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Comente para eu saber! ;)

Ah.. E antes de eu me despedirrrr.. vamos a algumas observações importantes:

• Tirarei as capas dos capítulos, por motivos de: perdi o PSD onde eu estava montando as capas que atualizei na última vez e NÃO pretendo fazer capas novas por enquanto, pois estou SEM TEMPO IRMÃO.

rçrçrçrçrç

• Falando em “sem tempo irmão”, foi exatamente isso que me fez desaparecer. Eu me formei, blá-blá-blá, e agora trabalho como uma condenada, e nas minhas folgas eu costumo ou 1) fazer freela 2) dormir bastante ou 3) assistir dorama o dia todo.

Resumindo: quase não sento no computador ou pego o celular “por diversão”, digamos assim.

Mas realmente é algo que estou trabalhando para mudar, pois escrever histórias me faz um bem danado, e sei que tenho um compromisso em especial com Mudança de Planos, porque tem MUITA gente lendo.

• E bom.. por último, mas definitivamente não menos importante, EU TENHO UM BLOG, e lá compartilho minhas loucuras. Caso eu suma novamente, vocês podem acompanhar meus dramas por lá:

https://honeyzinho.wordpress.com/

CHEGA DE FALAR. Volto em breve (torcendo).

xoxo ♥



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