Mudança de Planos escrita por Honeyzinho


Capítulo 13
Capítulo XIII • Sumir ou assumir?


Notas iniciais do capítulo

Olá, minha gente!

Espero que ninguém tenha desistido de mim, porque eu não desisti de vocês e nem da fic, ok? É só aquela velha história: rotina corrida! :(

Mas agora estou aqui e espero MUITO que gostem.

Boa leitura! ♥



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 Eu não devia ter dado partida no carro e ido embora, mas quando Sophie disse que não me queria por perto, simplesmente não consegui dizer mais nada que a fizesse mudar de ideia.

É, eu admito que fugi.

E pra completar, como um bom e belo covarde, eu me escondi em meu quarto pelo resto do dia.

Um turbilhão de pensamentos havia tomado conta da minha cabeça e, por mais que eu quisesse mentir pra mim mesmo, por mais que fosse mais fácil se eu mentisse, eu sabia a verdade que justificava tanto drama da minha parte: eu não ia beijar Sophie para cumprir uma aposta.

...

Quando acordei, eu ainda me sentia cansado – na verdade, exausto. Entretanto, não era algo físico. Estava mais para uma sensação mental, e eu tinha certeza de que aquilo só ia passar quando eu me resolvesse com a Dallas.

Porém eu precisava respeitar seu espaço, então em vez de ligar inúmeras vezes para o celular dela, resolvi ir pra casa do Joshua jogar videogame, ouvi-lo falar de mulher pelada e, claro, esquecer da bagunça que tinha se tornado a minha vida.

— Cara, você está péssimo – foi o que meu amigo disse assim que destrancou a porta.

— Obrigado pelo apoio moral – respondi irônico, passando por ele.

— Fiquei sabendo do que rolou com a nerd. Mico do século, hein? – Josh comentou com um ar casual, indo até a geladeira. Ele serviu dois copos de suco, enquanto eu concordava e contava que tinha levado ela para a minha casa.

— As garotas pegaram pesado dessa vez, ela ficou... muito mal— disse, tomando uma golada logo em seguida, e relembrando do fato de ela ter me cortado da sua festinha chique.

— Espero que tenha consolado ela direitinho, na sua cama — Josh me deu aquela cotovelada amiga e uma piscadela cheia de segundas intenções. Até tentei entrar no clima, mas só consegui dar uma risada fraca em resposta e balançar a cabeça em negativa.

— Eu realmente não queria falar sobre ela, Josh – comecei – Mas Sophie é uma boa pessoa. E essa aposta... Está ferrando comigo.

Josh parou por alguns segundos, me olhando atento. Pensei até que tinha congelado, mas não demorou a abrir a boca.

— Você está se importando com ela? – ele estreitou o olhar, dando alguns passos para ficar face a face comigo.

— Não é isso – desconversei, rolando os olhos.

— Você sabe que é exatamente isso o que está acontecendo, cara – ele reafirmou, dando uma risada debochada que, inevitavelmente, me deixou bem sem graça.

Não queria que ele pensasse que estava havendo alguma coisa entre Sophie e eu, mas depois de mencionar esquisitices, teria que aguentar qualquer tipo de comentário que ele fizesse.

— Não viaja, Josh – respondi, ainda tentando soar convincente, mesmo sem olhar muito em sua direção.

— Ei – ele chamou, me forçando a encará-lo – Eu não me importo que goste dela, tá legal? Quem não pode saber disso é o Dylan.

— Não acho que ele tenha que opinar na minha vida.

— A questão não é opinar, Müller. Ele vai transformar a sua vida num inferno – suas palavras carregavam uma seriedade não muito comum em Josh. Ele geralmente era o piadista, o que falava merda tão fácil quanto respirar.

E, lá no fundo, eu sabia que mesmo Josh não sendo a pessoa mais apropriada para dar conselhos inteligentes, ele tinha razão no que estava dizendo.

Se eu estivesse me tornando amigável à Sophie, Dylan faria de tudo para acabar com ela e com qualquer possibilidade de eu ter algum vínculo com a nerd.

E, se por acaso eu pensasse em contradizer o meu projeto de amigo, ele acabaria comigo.

— Eu vou cumprir o trato que fiz com vocês, mas não quero que essa nossa conversa chegue no Dylan – afirmei e Josh deu de ombros, assentindo em seguida.

— Como quiser.

Depois do momento desabafo, Josh e eu fomos enfim jogar Battlefield até não sentirmos mais os nossos dedos.

Felizmente, por um bom tempo eu consegui não pensar em Sophie. No entanto, como o meu nível de sorte não estava dos mais altos, logo meu celular tocou, me forçando a abandonar a ficção e encarar a realidade.

— Alô? – atendi curioso, já que o número estava restrito.

Robert Müller?— a voz feminina soou do outro lado da linha. De início, aquilo só me deixou mais curioso e confuso.

Porém, depois de alguns segundos de raciocínio, comecei a sentir meu coração se acelerar. Não podia ser quem eu estava pensando. Mas, caso fosse, ela com certeza não sabia dos últimos acontecimentos.

Estava em dúvida se aquilo era algo bom ou ruim quando confirmei a minha identidade.

— Aqui é a Janice, mãe da Sophie. Estou te ligando para avisar que seu nome já está na lista dos convidados – ela falou, com a sua voz tranquila e firme ao mesmo tempo.

Senti meu corpo se acender, porque era mais que evidente que ela não sabia que Sophie tinha recusado a minha companhia.

No entanto, eu estava com o endereço da festa em mãos desde que tinha sido convidado e, com meu nome na lista, ideias sobre fazer uma surpresinha à Dallas começavam a brotar na minha cabeça.

Era errado, eu sabia, mas como nunca fui conhecido por seguir regras, ordens e tudo o mais, a nerd teria que entender.

— Ah, sim. Obrigado, Sra. Dallas! – respondi, sem mencionar nada que a fizesse mudar de ideia.

— Ei, já disse para me chamar de Janice – ela respondeu com bom humor. Dei uma risadinha em resposta, concordei e logo nos despedimos e desligamos.

Senhora Dallas?— Josh questionou confuso, largando o console de lado.

— Joshua, acho que tenho uma festa para ir.

...

Felizmente, sempre fui do tipo de cara que guarda um terno em casa para usar em emergências, então quando decidi que iria ao baile dos advogados, eu não apareceria vestindo uma camisa de banda, ou coisa assim.

Já era quase oito da noite quando saí de casa. Enquanto dirigia, bolava seriamente um discurso digno do perdão de Sophie por eu ter aparecido, mesmo ela tendo sido bastante firme na sua decisão de me desconvidar.

Em meio a várias desculpas plausíveis e saudáveis, eu me peguei pensando no fato de que meus amigos esperavam que eu dormisse com ela.

No início, realmente parecia coisa atoa. Porém, àquela altura do campeonato, eu me vi tão envolvido, que era complicado até mesmo cogitar a ideia de transar com Sophie só para divertir Dylan e Joshua.

— Grande confusão, hein, Müller – pensei alto, estacionando o carro frente a um salão iluminado, na State Street com a Linden Ave.

Muitos convidados ainda estavam chegando – todos aparentemente muito contentes. Respirei fundo antes de deixar meu Mustang e tentei entrar no clima.

A Dallas não podia cometer homicídio em público, certo?

Abotoei meu paletó e liguei o alarme do carro. Segui o fluxo das pessoas, e caminhei até a entrada do salão. Era um dos mais antigos da cidade, com uma arquitetura meio europeia, e ficava num bairro luxuoso de Dimsdalle.

Para todo lugar que eu olhava, eu a via. Era como se eu estivesse mergulhando no mundo de Sophie cada vez mais.

Quando enfim cheguei ao hall de entrada, conferiram o meu nome na listagem e, com um sorriso, fui recepcionado e autorizado a entrar. Por alguns segundos senti meu corpo tremular de nervosismo.

Ela ia me matar por estar ali, era nisso que eu pensava.

Caminhei ao lado de outros convidados até o salão, tentando não me sentir tão deslocado.

Todos desfilavam em duplas, grupos, e conversavam bastante, enquanto eu estava sozinho, tentando achar a família Dallas para me dar algum tipo de suporte. Otimistamente falando, já que pela quantidade de presentes, talvez fosse mais difícil encontrar Sophie ali do que eu podia imaginar. Até porque eu não sabia como ela estava vestida, o que só dificultava ainda mais as coisas.

Eu não acredito nisso— ouvi uma voz soar atrás de mim e, com um pulo, eu me virei.

Seus cabelos estavam soltos, enrolados e jogados de lado, de um jeito meio selvagem. Seus olhos pareciam mais intensos e marcados, e usava um batom vermelho, que combinava perfeitamente com seu vestido longo, decotado na frente, evidenciando um par de...

— O que faz aqui? – Sophie perguntou feroz, caminhando em minha direção, acabando com todo o tipo de pensamento estranhamente pervertido que pudesse passar por minha cabeça – Eu disse que não estava convidado.

Engoli em seco uma, duas, três vezes e, ainda assim, não consegui esboçar reação.

Que mulher era aquela?

— Robert, eu te fiz uma pergunta – ela disse mais uma vez, com sua voz cortante, mas eu só conseguia pensar no quanto ela estava bonita. Por mais idiota que fosse da minha parte admitir isso, e totalmente sem sentido, ela estava... linda.

— Sua mãe me convidou – respondi, tentando não parecer muito hipnotizado – E eu vim.

— Pensei que eu tivesse dito que não queria você aqui – ela falou mais uma vez, mas agora parecendo mais ofendida que irritada. Era a minha chance de tentar me desculpar e pedir que ela ficasse calma.

Era a minha chance de esclarecer as coisas.

— Eu sei o que disse, e eu sinto muito, mas eu precisava vir – comecei a dizer, enquanto ela fazia a sua melhor interpretação de garota confusa – Aquilo o que rolou lá em casa... Sophie, você não acha que aquilo mexeu com a minha cabeça também?

Seu olhar estava fixo nos meus, e eu senti todo o meu corpo se arrepiar de repente. Pensei que ela fosse falar alguma coisa, qualquer coisa, mas então bufou, agarrou um dos meus braços e me puxou para um corredor comprido que, a cada passada, ficava menos movimentado.

— Pra onde está me levando? – perguntei, sem cogitar me soltar dela, mas não obtive nenhum tipo de resposta.

Andamos mais um bocado, até o corredor se dividir em direita e esquerda. Seguimos pela esquerda até chegarmos numa espécie de passagem para um jardim do salão.

Um jardim mal iluminado, silencioso e vazio.

— O que estamos fazendo aqui? – perguntei enquanto Sophie só sabia me olhar de um jeito nervoso, até que ela desamarrou o bico e relaxou o cenho. Parecia estar deixando a irritação de lado.

Infelizmente, em vez de irritação, ela assumiu traços ainda mais confusos.

— Você e eu somos diferentes, Robert – ela disse, parecendo desesperada de verdade – Sam aprontou comigo, porque ela não me quer perto de você... E nem de ninguém.

E então foi a minha vez de franzir o cenho e assumir que não estava entendendo nada.

— Ela vai acabar com a minha vida, ainda mais— Sophie falou convicta.

Não sei quando, mas a minha ficha caiu e comecei a me dar conta de que ela estava vivendo o mesmo maldito dilema que eu. Samantha a perturbava, sempre. Como eu podia ter sido tão idiota ao ponto de não ter entendido isso antes?

— Por isso você quis ir embora tão rápido ontem? – questionei e ela assentiu em resposta.

— E é por isso que a gente não pode insistir na nossa amizade – ela completou.

— Me desconvidou para me afastar? – continuei perguntando e, mais uma vez, ela assentiu, mas dessa vez com um ar meio chateado, desviando o seu olhar inúmeras vezes, procurando qualquer outro canto daquele jardim para dar atenção.

Eu não podia aceitar que aquilo acontecesse. Algo dentro de mim se contorcia só de imaginar ficar longe dela. Talvez fosse o meu compromisso com Dylan e Josh – na verdade, só podia ser isso.

— Não quero problemas, Rob. Espero mesmo que entenda isso – Sophie tornou a dizer, gesticulando com as mãos e torcendo a boca de todos os jeitos possíveis – Eu adoro você, e adoro que não seja tão babaca como eu pensava que pudesse ser, mas...

Em determinado momento, suas palavras deixaram de fazer muito sentido pra mim. Sophie Dallas estava tentando me dispensar e eu só sentia meu coração acelerar mais a cada segundo.

Devia cumprir um acordo ridículo, devia levar ela pra cama, devia prezar pela minha reputação. Toda aquela novela já era pra ter se resolvido, mas por alguma piada do destino, a Dallas nunca foi fácil como eu julguei que seria.

E, infelizmente, ela tinha passado a representar algo em minha vida – e eu precisava começar a aceitar isso.

Minhas mãos transpiravam enquanto eu a ouvia parcialmente, e meu cérebro estava a ponto de entrar em curto. Por que ela tinha que estar tão sexy dentro daquele vestido vermelho? Por que ela tinha que ser tão inteligente, diferente, misteriosa? Por que ela não podia, simplesmente, se apaixonar por mim como todas as outras?

Por que tinha de ser Sophie Dallas?

E foi em meio a essa grande confusão interna, e a todas as queixas de Sophie que eu voltei ao mundo real, coloquei minhas mãos em suas bochechas geladas por conta do frio, e fiz o que eu precisava fazer.

Sua boca era macia, e úmida na medida certa. No início, ela estava tensa, e pensei mesmo que fosse se soltar de mim e me dar um belo de um tapa, mas depois seu corpo relaxou, e suas mãos foram parar em minha nuca, me puxando para mais perto dela.

Nossos corpos estavam colados e, devagar, minhas mãos percorreram um longo caminho até irem parar em sua cintura. Deixei sua boca de lado por alguns segundos, beijando todo o seu pescoço, enquanto ela respirava fundo, ofegante, em meu ouvido.

Voltei a beijá-la e ela continuou me puxando para mais perto dela, até não sobrar nenhum espaço entre nós.

Nossas cabeças trabalhavam em sincronia, enquanto eu sentia a sua língua encostar na minha de um jeito suave e intenso, assim como a personalidade de Sophie.

Meu corpo inteiro parecia pegar fogo. Nunca havia sentido nada daquilo com ninguém e, quando enfim nós nos soltamos de verdade, eu só conseguia pensar no quanto eu precisava fazer aquilo de novo.

Seus olhos castanhos encontraram os meus, e ela parecia sentir o mesmo. Seu batom tinha virado uma grande obra de arte em seu rosto, mas ela continuava linda.

E eu sabia que precisava fazer aquilo de novo. E de novo.

E de novo.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?

Eu espero mesmo que sim, porque custei a montá-lo de um jeito que me satisfizesse.

Sinto muito mesmo pela demora, eu sei que isso é chato. De qualquer modo, espero que vocês deem opiniões e até mesmo sugestões para o desenrolar da história. Prometo que vou postar o próximo com mais agilidade - e promessa é dívida, ta?

Então, é isso.

Até breve. ♥ Beijos de luz!

Ps.: estou editando as capas dos capítulos, porque 1) as antigas não estão aparecendo na maior parte dos computadores que acesso e 2) quero imagens que retratem melhor o capítulo.

ESPERO QUE APROVEM, hihihi.