Querida Lucy,

Sonhei com você esta noite.

Em meu sonho, você corria por um campo de margaridas, o sol tão brilhante quanto seus olhos.

Seu vestido branco esvoaçante, feito de um tecido tão leve quanto às flores ao seu redor.

Em seus cabelos loiros (que, incrivelmente, estavam soltos!) repousava uma coroa de flores do campo.

Você parecia uma ninfa da floresta, Lucy. Ou, talvez, uma verdadeira fada.

Então, você se virava para mim, o sol batendo em suas bochechas levemente coradas, e abria um daqueles seus sorrisos fascinantes, que chegam a me deixar sem ar.

E eu conseguia ouvir sua voz. Conseguia ouvir você chamando meu nome. Gritando para que eu fosse atrás de você, como uma criança sapeca que finge desejar ser pega no pega-pega só para provocar.

E eu corria o máximo que podia, mas nunca te alcançava.

Acordei com Happy me chacoalhando e perguntando se eu estava bem.

Ele me olhava de uma forma esquisita, com preocupação em seus olhos. Disse que eu chamei por você a noite toda.

Sem nem pensar, corri para fora de casa e comecei a gritar seu nome.

Preciso dizer que, pra variar, a única resposta que obtive foram os olhares curiosos de seus vizinhos e das pessoas que passavam pela rua?

Só percebi que estava chorando quando meus joelhos foram de encontro ao chão e Happy me olhou assustado, desolado.

Me desculpe.

Me desculpe por ser tão fraco, Lucy!

Mas é que em meu sonho você parecia tão real, tão perto... Eu pensei que poderia tocar em você.

Pensei que, quando acordasse, você estaria aqui comigo, de onde eu nunca mais vou deixá-la ir.

Quando voltamos para dentro Happy me chamou e disse que eu não tinha motivos para me preocupar, pois você voltaria logo. Que tudo ia ficar bem.

E, porra, ouvir Happy dizendo isso só me fez chorar mais ainda.

Porque de nós dois sou eu quem deveria estar aguentando firme e forte. Sou eu quem deveria dizer essas palavras para ele, confortando-o.

Mas é que simplesmente não dá. Eu não consigo. Não consigo seguir em frente sem você ou acreditar que posso superar.

Porque eu não quero superar. Não quero esquecer você, Lucy.

E, tem noção do quanto isso é ruim? Do quanto isso me faz sofrer?

Porque é uma merda ir dormir todas as noites com a esperança de que, talvez, quem sabe, você esteja de volta no dia seguinte.

Mesmo sabendo que isso seria apenas um sonho.

Um sonho que vem se tornando quase impossível, ultimamente.

Hey, Lucy, já faz trinta e sete dias que estou neste inferno. E isso é muito tempo, sabe?

Não acha que já ficou fora por tempo mais do que suficiente?

Está na hora de voltar, Luce.

Falando em voltar... Fui até uma floricultura hoje comprar margaridas.

Coloquei-as em uma jarra com água e as deixei em cima de sua escrivaninha.

Quando você voltar, quero que se lembre sempre de mim. Principalmente quando estiver escrevendo.

Hey, Lucy, me desculpe, mas esqueci de perguntar se você gosta de margaridas.

Eu espero que sim.

Pensei em lhe trazer uma rosa, mas achei as margaridas mais parecidas com você. Lindas, delicadas, e de pétalas tão puras quanto você.

Sinto muito por não saber sua flor preferida, é que nunca havia parado para pensar nisso antes.

É impressionante como coisas tão simples quanto essas se tornam tão importantes agora que você se foi.

Hey, Lucy, para você também é assim?

Agora que não me tem por perto, você também se preocupa com coisas que antes eram tão insignificantes?

Com amor,

Natsu.