Cartas para Lucy escrita por Boadicea


Capítulo 7
36 dias: Palavras e Emoções


Notas iniciais do capítulo

Oyasumi, pessoal!
Eu pretendia postar o capítulo ontem, mas acabou que não tive tempo. Peço desculpas por essa pequena demora!
Espero que gostem ^-^
Boa leitura:



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Querida Lucy,

 

Levy e Gajeel vieram até aqui conversar comigo, ontem à noite.  Bateram na porta e, depois de dez minutos em total silêncio de minha parte, Gajeel arrebentou a porta.

Levy reclamou por ele ter sido tão violento assim, mas, logo que me viu, ficou quieta. Gajeel também não falou nada.

Um tempo depois Levy finalmente se pronunciou. Pediu desculpas pela invasão e disse ter vindo até aqui porque não podia suportar me ver dessa maneira e não fazer nada.

Ela disse para mim não se preocupar, pois você voltaria logo.

Levy foi a primeira pessoa a me dizer algo assim.

Então, ela me entregou um monte de folhas e uma chave. Quer dizer, uma chave comum. Levy disse que as folhas eram o manuscrito original do seu livro, que você não teve a chance de terminar. Até agora, não consigo acreditar que você o deixou para trás.

Hey, Lucy, ser escritora não era seu maior sonho?

Então porque abandonou até mesmo isso?

Levy sorriu fracamente e disse que havia lido os primeiros capítulos, e que enquanto lia teve certeza absoluta de que precisava me entregar. De que eu precisava ler o que você tinha escrito.

E a chave era do seu apartamento.

Sobre isso, não precisei nem perguntar nada.

Então, algumas lágrimas ameaçaram se formar no canto de seus olhos e ela simplesmente foi embora correndo.

Gajeel também disse para eu não me preocupar, pois ele tinha certeza de que você voltaria. E disse que lamentava por mim, já que Levy estava sofrendo tanto quanto eu. Mas que, ao contrário dela, eu não tinha ninguém para cuidar de mim.

Não precisei respondê-lo, já que ele já estava correndo atrás da azulada.

Hey, Lucy, estou morando no seu apartamento, junto com o Happy. Não tem problema, né?

Prometo não botar fogo na casa.

Entrei pela janela, como sempre fazia. Ela estava aberta e, por um momento, considerei a hipótese de você ter voltado.

Bobagem. Você nunca deixaria a janela escancarada daquele jeito, não é mesmo?

Assim que entrei me joguei na sua poltrona e... E então não soube mais o que fazer.

Apenas fiquei lá, largado de qualquer jeito pensando em quebrar alguma coisa pra ver se você acordava e aí me lembrava que você não estava mais lá e ficava com ainda mais vontade de quebrar alguma coisa.

Levantei de lá apenas três horas depois. Quando percebi que era bobagem continuar lá, esperando por você.

Hey, Lucy, este apartamento está tão quieto sem você.

Às vezes fico me perguntando por que estou aqui. Não faz sentido irromper pela janela e gritar alguma coisa estúpida sem você aqui pra berrar comigo.

Está tudo tão vazio e silencioso sem você aqui.

Ah, me desculpe. Perdi o controle e quebrei as portas do seu guarda-roupa quando as abri em um rompante de raiva e fiquei furioso ao perceber que não havia restado nada. Nem mesmo uma peça de roupa.

Até mesmo a gaveta em que você costumava guardar suas calcinhas, hm, provocantes, está vazia.

Além dos móveis, não tem nada aqui. Nada seu, apesar de tudo me lembrar você.

Hey, Lucy...

Tudo aquilo que você escreveu é verdade?

Porque eu nunca imaginei que o galã de seu romance fosse tão parecido comigo.

E, principalmente, nunca imaginei que a relação dele com a protagonista fosse tão parecida com a nossa. Até mesmo a maneira como eles se conheceram...

Hey, Lucy, certa vez você me disse que seu estado emocional influenciava na forma como você escrevia. Que, se estivesse triste, escreveria coisas tristes. E, se estivesse feliz, escreveria de forma alegre.

Também disse que, muitas vezes, os pensamentos da protagonista tinham muito a ver com os seus.

Então, posso lhe fazer uma pergunta?

Se você escreve um romance, então isso significa que você está apaixonada?

E, os sentimentos da protagonista pelo herói parecido comigo, condizem com os seus em relação a mim?

 

Com amor,

Natsu.

 

~ ♥ ~

 

“Foi em uma manhã ensolarada em que o conheci.

Idiota. Estúpido. Incontrolável. Imprevisível. Lindo.

Se me pedissem para descrevê-lo em algumas palavras, seriam essas.

A primeira impressão então, nem se fala. Simplesmente a pior.

No entanto, foi por essa criatura que me apaixonei.

Como eu disse antes, foi em uma manhã ensolarada.

Eu estava voltando de uma loja de artigos mágicos quando avistei uma multidão na praça da cidade. Curiosa como sempre, fui até lá.

No momento em que olhei pra ele, pude sentir meu coração acelerar.

Ele era lindo. Muito lindo.

Tinha cabelos marrons perfeitamente alinhados, que iam até o ombro. Olhos verdes, sorriso encantador.

Eu havia mesmo escutado alguns boatos de que o Salamander, um dos mágicos e ilusionistas mais famosos da atualidade, estaria na cidade.

Porém, não levei a sério. E, muito menos, imaginei que ele seria tão lindo.

— Hey, você. A loirinha bonitinha aí atrás. Hey! Por favor, se aproxime. – sua voz era aveludada como seda, de uma forma que parecia me hipnotizar. Ele apontou... para mim?! Ele estava me chamando? Céus, naquela hora pensei que fosse desmaiar!

De prontidão, ultrapassei a multidão e cheguei até ele. Ele sorriu, fazendo meus olhos brilharem de admiração.

— Gostaria de ser minha assistente por hoje? – ele perguntou em sua voz aveludada e tudo que eu pude fazer foi assentir – Ótimo, chegue mais perto. Hm, você é até que bonitinha, Loirinha. Gostaria de me ajudar com um truque, comprovando se minha língua é realmente flamejante?

Ele sorriu maliciosamente colocando suas mãos em minha cintura, fechei os olhos e...

— Morra seu desgraçado! – ouvi alguém gritar ao longe e, ao abrir levemente os olhos tudo o que pude ver foi um rastro preto e branco. Em um jogo de luz e sombras.

Senti as mãos do Salamander se afastarem de mim rapidamente e me empurrarem para longe.

Quando me recuperei do choque, Salamander estava caído no chão, com um filete de sangue escorrendo por seu nariz.

Estranhamente, ele me pareceu tão... comum agora.

Lastimável.

Ergui os olhos para o homem que estava ao lado dele, começando dos pés descalços até o último fio de cabelo.

Era ele.

No começo, pensei que os céus e o inferno tivessem se fundido e que ele fosse a personificação masculina de tal ato.

E da perfeição, também.

Cabelos loiros bagunçados (que um tempo depois viriam a se tornarem da cor de pétalas de cerejeiras) e olhos tão pretos quanto à escuridão da meia-noite.

Vestia apenas um colete vermelho e preto que deixava praticamente toda sua, hm, musculatura a mostra, e calças jeans escuras. Estava descalço, apesar do chão da praça ser cheio de pedregulhos (e cacos de vidro em alguns locais).

Um garotinho de cabelos azuis estava parado ao seu lado, sorrindo orgulhoso.

E, então, ele sorriu.

E era um sorriso tão quente e acolhedor quanto o sol em uma manhã de inverno.

— Eu sou o verdadeiro Salamander – anunciou ele por fim enquanto a multidão olhava para ele de olhos arregalados – Este cara é uma fraude. Olhem só pra ele, nem consegue aguentar um simples soco, que dirá cuspir fogo.

Como o idiota estúpido que era, saiu de lá sem mais nem menos, sendo seguido pelo garoto de cabelos azuis.

Olhando mais de perto para o suposto Salamander percebi que ele usava um anel de hipnotismo. Ah, agora tudo faz sentido. Afinal, ele nem é tão bonito assim.

Sem sequer pensar antes de agir, comecei a correr em direção ao garoto de sorriso bonito.

— Hey! – gritei – Hey! Salamander!

Aquele imbecil se virou pra mim com a maior calma do mundo, como se não estivesse nem aí pra nada.

— Eu queria agradecer por ter me ajudado –  vendo que ele tinha uma expressão confusa, continuei – Se aquele cara era uma fraude, quem garante que não fosse um estuprador também?

— Ah! – ele abre um sorriso brincalhão e sinto meu coração falhar uma batida – Não foi nada. Tenha mais cuidado da próxima vez, hehe!

Despreocupado. Brincalhão. Bondoso. Incrível.

Estas seriam palavras que um dia eu ainda usaria para descrevê-lo.

Ele se virou para ir embora, mas parecendo pensar melhor, se virou para mim.

— Qual o seu nome, garota?

Sem motivo algum, senti meu rosto corar.

— É Yue. Yue Heart.

— Prazer! O meu é Natanael Drag. – ele tornou a sorrir, um sorriso capaz de iluminar a mais completa escuridão— e este é Happy – ele apontou para o garoto ao seu lado – Hey, Yue, o que acha de vir almoçar com a gente?

— A-ah, s-erá um prazer – gaguejei apressadamente. Idiota. Por que ele tinha que ter um sorriso tão bonito?

— Você é estranha – ele falou de repente, franzindo as sobrancelhas – Mas eu gosto de você! Tenho a sensação de que ainda vamos viver muitas aventuras, Yue!

— Aye! – o garoto ao lado gritou e eu simplesmente ri.

Ri porque, finalmente, meu coração estava em paz.”


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Notas finais do capítulo

Essa parte em itálico aí no final seria um pedaço do livro que a Lucy estava escrevendo.
Sei que não se parece com algo que a Lucy realmente escreveria, mas... Achei que seria legal se o romance dela se tratasse de uma "versão normal" da estória dela e do Natsu (aí, Natsu é apenas um "mágico" ilusionista, hehe).
Por favor, me digam o que acharam!
Até o próximo ♥



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