A Grande Mentira escrita por P P Gonçalves


Capítulo 2
Capítulo 02 - Recebendo a Bomba: Sou a Madrinha


Notas iniciais do capítulo

Olha só mais um capítulo fresquinho pra vocês!



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No dia seguinte acordei as nove horas da manhã. Estava com uma dor de cabeça terrível e com o rosto terrivelmente inchado, não vamos comentar sobre o estado da minha maquiagem nem sobre o fato de eu ainda estar com o vestido da festa.

Sabia somente de uma coisa. Tinha que ir trabalhar a uma da tarde e, conseqüentemente, ver o Pat. Não tinha nenhuma noção de como eu iria agir perto dele, mas sabia que não poderia deixar questões pessoais interferirem no meu trabalho.

É um sábado então também não preciso me preocupar com aulas. Levantei um pouco cambaleante e já sabendo que teria que usar meus óculos hoje, fui retirando as lentes de contato. Não devia ter me esquecido delas.

Tomei um banho relaxante e revigorante, mas continuei me sentindo péssima. Quando voltei ao quarto decidi que vestiria uma blusa soltinha e uma calça de moletom. Não estava no clima para produção. E fui a procura do meu celular.

Posso dizer que nunca fui uma pessoa tão procurada em toda minha vida. Havia 50 ligações perdidas no meu telefone: 12 ligações eram da Duda; 1 ligação da Vanessa; 17 ligações eram do Patrick; e 20 ligações eram da minha mãe.

Tinham também duas mensagens de voz que eu teria ouvido, caso a secretaria eletrônica não tivesse informado o numero do Patrick em ambas as mensagens. E bem, meu whatsapp nunca bombou tanto!

Eram mensagens da minha mãe o do Pat, basicamente com o mesmo conteúdo, porem, talvez, com algumas variações de humor. As da minha mãe basicamente eram: Esta bem? Aconteceu alguma coisa? Filha me responda! Já as do Pat eram: Anne você esta viva? Apareça! Da pra me responder? Estou preocupado!

No fim acabei respondendo só minha mãe. Respondi que uma amiga havia passado e que eu havia ido ajudá-la. Sem detalhes. Já o Pat, resolvi ignorar, ate mesmo porquê o veria a tarde. Sempre me considerei uma boa mentirosa, vivi minha vida toda basicamente dizendo que estava tudo bem quando na verdade não estava. Então sabia que me sairia bem!

Fui até a cozinha preparar algo pra comer e no caminho acabei me olhando no espelho. Rosto inchado, olheiras, branca feito um papel. Eu teria que dar uma ótima caprichada na maquiagem para que ninguém percebesse o quão mal eu realmente estou.

Devidamente vestida, alimentada e maquiada, sai de casa e me dirigi ao hospital. Teria uma longa tarde pela frente!

[...]

Boa tarde!” cumprimentei alguns colegas ao chegar à unidade em que trabalho. “Barbara como foi a manha?” Questionei a enfermeira, e colega, que havia trocado de plantão comigo, para que eu pudesse aproveitar a festa da noite anterior.

Por enquanto tudo tranqüilo!” Ela tinha um sorriso no rosto enquanto me passava às informações. “Só recebemos um adolescente com crise convulsiva, mas a doutora logo o estabilizou e ele esta na sala de observação agora.” Finalizou exatamente no mesmo momento em que o Pat entrava na unidade.

 “Espero que a tarde seja tão tranqüila quanto à manhã!” Enunciei organizando alguns equipos, tentando ao Maximo evitar contato com o Patrick.

Mas é claro que não deixei de analisá-lo. Ele tinha um semblante cansado e pelo seu andar percebi que ele havia dormido em seu sofá. Ele estava mancando quase imperceptivelmente, mas um sinal claro de que algo havia o aborrecido.

Boa tarde meninas.” Ele nos saudou ao ver que nem eu nem Barbara falaríamos algo, mas quando falou ele olhou diretamente pra mim, deixando claro que era comigo que ele queria falar.

Boa tarde Patrick.” Barbara estava toda boba olhando-o. Ela nunca soube disfarçar que gostava dele, e na maioria das vezes isso me irritava, mas desta vez eu nem dei bola. Ele tinha uma noiva agora!

Oi.” Respondi monossilábica ao seu cumprimento. Não queria conversar com ele, mas deixei escapar um pequeno sorriso quando ele abriu o sorriso radiante dele.

O que aconteceu ontem à noite? Você simplesmente desapareceu!” Ele aparentava estar preocupado comigo quando me questionou.

Uma amiga passou mal e me ligou pedindo ajuda, eu logo sai correndo e fui ajudá-la, mas me conta: como foi o resto da noite?” Menti pra ele e ele nem percebeu, pois sua expressão logo se tranqüilizou.

Foi normal!” ele não parecia querer soltar muitas informações na frente da Barbara, todos conheciam sua fama de fofoqueira. “Logo que você saiu a Duda e o Lucas chegaram e já começou a balada.” Me contou o resto da noite deles como se nada de importante houvesse ocorrido antes.

Eu os vi chegando. Foi quase ao mesmo tempo em que minha amiga estava me ligando.” Voltei a mentir. “E por falar nela, é melhor eu ligar e ver como ela esta!” e esta foi minha deixa para sair de perto dele. Meu peito estava apertado e eu estava começando a sentir uma imensa falta de ar.

E pra completar, eu sabia exatamente o que estava acontecendo comigo. Eu estava com a Síndrome do Coração Partido!

[...]

Nosso plantão foi tranqüilo, sem surpresas na emergência e eu quase não havia falado com Patrick, o que acabou atiçando a curiosidades das técnicas de enfermagem da minha unidade. Todas, de formas diferentes, vieram me questionar se havíamos brigado ou algo parecido e em todas às vezes dei um jeito de mandá-las arrumar serviço. Algumas ate mandei auxiliar na sala de observação para me deixarem em paz!

Quando finalmente chegou a hora de ir embora eu e Patrick tivemos uma surpresa. Vanessa estava lá pra “buscá-lo”.

Surpresa!” Ela anunciou assim que nos viu caminhando em silencio em direção ao estacionamento. “Eu vim ver o meu noivo!” Ao dizer isso ela se agarrou ao pescoço dele e continuou falando. “Porquê eu estou morrendo de saudades. E de quebra já aproveito e falo com a minha irmã mais velha!” E assim, continuando agarrada ao pescoço dele ela virou seu rosto pra mim, sorrindo, radiante. “O que foi que aconteceu ontem? Por que você saiu da festa sem ao menos me dar um beijinho de tchau? Achei que tivesse acontecido alguma coisa com você!” Ela me analisava intensamente aguardando uma resposta.

Uma amiga passou mal e fui ajudá-la. Você sabe como eu sou não é?” Menti novamente. Contei esta mentira tantas vezes hoje que estava quase acreditando nela.

Claro que eu sei. Sempre pronta pra ajudar a todos!” Ao terminar a frase ela virou-se para o Patrick e o beijou. Um beijo rápido, mas o suficiente pra acabar comigo. “Minha irmã é a melhor pessoa do mundo não é?!” Ela o questionou assim que se soltaram.

Claro que é.” Foi o que ele disse e pareceu desconfortável com o beijo que ela deu nele.

Eu sei. Por isso tenho certeza que fiz a melhor escolha!” Ela agora estava completamente virada pra mim. Pegou minhas mãos e então me jogou a bomba. “Eu quero que você seja a madrinha do meu casamento!” Ela estava tão feliz que eu não sabia o que fazer.

Madrinha? Eu. Justo eu. Apaixonada pelo noivo! Irmã da noiva! Ela não podia fazer isso comigo. Mas eu também não podia recusar. Ia alegar o que?

Isso é incrível!” Eu botei um sorriso no rosto. “Mas tem certeza da sua escolha?” Eu queria que ela tirasse essa idéia da cabeça.

Mas é claro que tenho certeza. Você é perfeita pra isso. E, além do mais, você é minha irmã. Vai me aconselhar melhor do que ninguém! Aceita, vai?” E então ela fez a carinha de cachorrinho que caiu da mudança. A carinha que ela sempre faz quando quer algo.

O que você não me pede sorrindo que eu não faço até chorando!” E então eu fui amassada, por que não podemos chamar aquilo de abraço. Ela parecia extremamente feliz, enquanto eu sentia meu coração se quebrando cada vez mais.


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Notas finais do capítulo

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