A Grande Mentira escrita por P P Gonçalves


Capítulo 1
Capítulo 1 - O Pedido


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqui... Sim eu sei, mais uma história... Mas desta vez vou até o fim!



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Alvorada* não se é o melhor lugar para viver, embora hoje em dia não se esta seguro em nenhum lugar, mas é aqui que se inicia minha história.

Eu sou Anne Lopes, tenho quase 30 anos, solteira, enfermeira no Hospital Geral de Porto Alegre*, estudante de medicina e a filha mais velha.

Hoje é o aniversário de 18 anos da minha irmã Vanessa e eu estou matando aula junto de meu fiel escudeiro Patrick Dias. Colega de aula e profissão e também meu melhor amigo, mas espero que logo ele mude seu posto para meu namorado.

Conhecemos-nos na faculdade de enfermagem há dez anos e estamos juntos até hoje. Não sei exatamente em qual momento eu comecei a sentir algo a mais por ele, mas já escondo isso há um bom tempo.

“E agora é à hora do parabéns!” Isso foi o suficiente para me tirar de meus devaneios. Quem fez o anuncio foi minha mãe, ele vinha da copa sendo seguida por dois garçons, contratados para o evento, que carregavam um enorme bolo.

A festa de 18 anos da minha irmã esta quase tão incrível quanto sua festa de 15 anos. Pista de dança; mesa de doces; Buffet de pratos quentes; copa para bebidas; e mais tarde enquanto estivermos na balada serão servidos salgadinhos para que ninguém fique muito bêbado.

Os garçons colocaram o bolo dela sobre uma mesa de vidro redonda, onde atrás se lia: FELIZ ANIVERSÁRIO VANESSA, em belas letras cursivas. Logo após os garçons desaparecerem minha bela irmãzinha surgiu atrás do bolo. Ela estava linda, como sempre, com um enorme sorriso em seu rosto vestindo um vestido prata cheio de brilho e com um corte complicado.

Ela é o completo oposto a mim. Loira platinada, claro que suas madeixas naturais são castanhas assim como as minhas, enquanto eu sou ruiva “de loja de cosméticos”. Ela é extremamente comunicativa enquanto eu sou mais introvertida. Ela é extremamente linda, magra e com um belo sorriso natural. Já eu neste quesito, luto contra a balança todos os dias, com uns bons dez quilos a cima do peso, cuido para me encaixar aos padrões de beleza e meu sorriso bonito foi construído através de sete anos de tratamento dentário. Como eu disse, o completo oposto uma da outra.

Voltei à realidade quando minha mãe fez questão de acender as velas do bolo e começar a cantar o belo PARABÉNS A VOCÊ. Todos se levantaram de seus lugares para parabenizá-la, como se deve ser feito. E percebi com este movimento que meu amigo estava um pouco tenso.

Ei!” chamei sua atenção.”Esta nervoso por quê?” ele ficou surpreso com minha constatação, ele não havia notado que eu estava prestando tanta atenção nele. “Acalme-se Pat, recuperamos a matéria amanhã.” Sorria ao terminar a frase.

Pat, assim como eu, sonha em ser um excelente medico e sabe o quão ruim é perder uma aula, por isso ele sempre ficava assim quando saiamos, eventualmente, a noite e perdíamos uma aula.

Ele sorriu pra mim, agradecendo minhas palavras, como sempre fazia, mas desta vez notei que elas não surtiram o efeito que sempre tinham. Ele parecia querer gritar por ajuda.

Virei meu olhar novamente para minha irmã, que neste momento assoprava as velas e fazendo seu glorioso pedido de aniversário e sorri. Ela estava radiante, rodeada de amigos, tendo sua vida perfeita como ela sempre anunciou que teria.

Os garçons retornaram a cena para que pudessem cortar o bolo e assim os distribuir. Como tradição, minha irmã sempre escolhe para quem dar o primeiro pedaço de bolo, o primeiro pedaço é sempre maior que os outros e só a pessoa mais especial do aniversariante ganha ele.

Minha irmã já estava com o primeiro pedaço em mãos o que significava que todos devíamos nos sentar para ouvir seu discurso e aplaudir no momento em que ela anunciasse o nome do felizardo da noite.

Bem, hoje eu queria agradecer a todos por estarem aqui comigo e...” minha irmã foi interrompida por Pat, que permanecia em pé e pediu um momento a ela.

Todos ficaram confusos e sem entender nada enquanto ele se dirigia ao centro onde minha irmã se encontrava. Percebi que ele estava muito nervoso. Pois abria e fechava suas mãos diversas vezes, uma mania irritante que ele dizia o acalmar, mas que eu sabia que não ajudava em nada.

Quando ele finalmente estava ao lado dela ele inclinou-se levemente pra ela e falou algo baixinho só para ela ouvir. Eu não sabia que estava nervosa até a ver abrir um enorme sorriso e fazer sinal de positivo com sua cabeça, dando espaço a ele, para que ele pudesse fazer o que tinha em mente.

Pat então virou-se em nossa direção e nos cumprimentou.

“Boa noite!” Ele sorriu e parecia mais nervoso que antes, podia ate ver uma leve sudorese em sua pele. “Desculpem atrapalhar o momento mais esperado da noite.” Risos de todos, ele sabia bem fazer um discurso. “Bem eu nem sei por onde começar... Alguns dirão pelo começo, mas eu nem sei onde tudo começou, então vou ser direto.” Eu não fazia idéia do que ele estava fazendo, olhei para sua mãe que estava sentada ao meu lado para tentar compreender algo, ver se ela sabia de alguma coisa, mas ela estava tão surpresa e confusa quanto eu. “Eu percebi que estou apaixonado! Percebi que amo alguém, e que provavelmente não vou conseguir ser ninguém sem esta pessoa ao meu lado.” Eu agora sorria enquanto ele falava, meu coração parecia que ia sair do peito. “Posso estar sendo precipitado, mas quero logo viver com esta pessoa, por isso estou aqui, fazendo isso.” Enquanto ele falava tirava uma caixinha de joalheria de seu bolso interno do paletó, quando ela estava segura em suas mãos ele dirigiu seu olhar pra mim. “Eu amo muito você! Gostaria de se casar comigo, Vanessa?” A ultima frase ele falou olhando pra mim e pude perceber que o brilho que ele tinha em seu olhar apagou. Ele virou-se pra ela só no momento em que pronunciou seu nome e ofereceu o anel, um lindo anel, que estava dentro da caixinha.

Minha irmã parecia que teria um troço, ela sorria de orelha a orelha e estava tão feliz que estava dando pulinhos de felicidade. Eu estava com meu sorriso congelado no rosto. Como assim o Pat, o meu Pat, acabou de pedir minha irmãzinha, a pirralha como ele a chamava, em casamento?

Eu não sabia qual reação ter, assim como a maioria dos convidados da festa. Não se ouvia nada no salão a não ser os saltos da Vanessa que ainda batiam no chão. Ninguém parecia acreditar no que tinham acabado de ouvir.

Eu vi e ouvi o exato momento em que minha irmã disse o tão esperado SIM. Ela gritou, para que ninguém tivesse duvidas do que ela dissesse e então agarrou o Pat. Isso foi o que bastou para que seus amigos e alguns de nossos familiares começassem a gritar os saudando.

Eu ainda estava paralisada. Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Eu só podia estar em um pesadelo. Isso não podia estar acontecendo de verdade. O home que eu amo não pode terá acabado de pedir minha irmã em casamento.

Quando finalmente sai do transe em que me encontrava a primeira coisa que fiz foi me beliscar, sabe, pra saber se eu não estava sonhando e quando doeu eu não sabia mais o que fazer. Eu precisava sair daquele lugar.

Levantei-me e quando me virei pra sair pude ver minha mãe me olhando. Ela estava surpresa, em choque, assim como alguns parentes nossos também estavam, mas eu pude perceber em seu olhar outra emoção, eu pude ver pena em seu olhar, ela estava com pena de mim.

Queria sair correndo, ir embora, mas não faria uma cena, jamais. Então educadamente e dirigi a saída, estava tão fora do ar que acabei esbarrando em alguém.

“Ai! Me desculpe eu sou tão desastrada nem vi você, eu... Ah! Oi prima!” Era a Eduarda, Duda para os íntimos, minha prima dois anos mais nova que eu, medica veterinária formada. “Estou atrasada, cheguei agora com o Lucas!” Só quando ela tocou no nome do namorado que eu percebi que ele estava ali. “Que gritaria é essa? Ai não, nós perdemos o parabéns? Quem ganhou o primeiro pedaço do bolo?” Ela desatou a fazer perguntas e eu não sabia o que responder. Na verdade eu não sabia nem se conseguia falar.

Calma amor! Respire entre uma palavra e outra!” Ele riu. Lucas era uma pessoa ótima que compreendia minha prima muito bem. “Anne você esta bem?” Quando ele me perguntou eu o olhei e vi sua expressão mudar de descontraída para preocupada em um segundo.

Sim.” Respondi com um fio de voz. “Só preciso pegar um ar! Dêem-me licença?” Nem esperei uma resposta, sentia que começaria a chorar a qualquer segundo. Recomecei meu trajeto para fora do salão.

Quando finalmente sai pra rua senti a primeira lagrima cair. Estava uma noite tão linda. Em qualquer outro momento teria achado ela perfeita para uma caminhada, sozinha ou a dois. Poderia ser uma noite super romântica, mas no momento estava sendo a pior noite da minha vida.

Quando apertei minhas mãos com força percebi que estava segurando minha bolsa na mão esquerda. Nem me lembrava de tê-la pego, mas isso não tinha a menor importância. Com ela eu podia sair dali sem muito esforço.

Peguei as chaves do meu carro. Desativei o alarme e entrei. Fui em meio a lagrimas e sofrimento para o meu apartamento. Qualquer um que me visse poderia alegar que eu estava bêbada!

Eu estava chorando, murmurando palavras desconexas, baixinho, e trocando os pés ao caminhar, quase cai diversas vezes na escada do prédio. Não me lembro de ter cumprimentado o porteiro ao entrar no prédio só lembro que reclamei que demoraria de mais aguardar o elevador.

Entrei no um apartamento e logo tranquei a porta. Sai tirando os sapatos de salto pelo caminho e me joguei na cama. Chorei. Chorei muito. Chorei ate adormecer, embora ache que devo ter chorado ate enquanto dor


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Notas finais do capítulo

Algum comentário?

*Alvorada é um município de Porto Alegre. Sim esta cidade existe, não eu não vou ambientá-la em lugares plenamente reais.
*Hospital Geral de Porto Alegre não existe. Isso claro, até onde minhas pesquisas conseguiram me levar. Caso exista corro o risco de alterar o nome do local.



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