Blue Neighbourhood escrita por Biia Lightwood Potter


Capítulo 3
Talk me Down


Notas iniciais do capítulo

OKAY!
Talvez eu tenha extrapolado o tempo que eu disse que ia levar para sair esse último capítulo, mas talvez eu goste de ver vocês sofrerem um pouquinho por conta do Sasu.
Perdão por ter prometido sair no final de outubro e já ser dezembro, mas é que eu fiquei totalmente vegetando por conta da chegada de ENEM e Vestibulares que eu perdi toda a minha vontade de viver!
MAS como tudo na vida um dia retorna, CÁ ESTOU EU!
Eu disse que não era de abandonar fic, não disse? kkk
Então!
Mas bora, chega de enrolação (mais do que a minha própria pra sair com esse cap) e partiu!
Desculpem por ter enrolado mais uma vez e apreciem com moderação (ou não)!
(Deixo aqui também escrito que o último episódio de Yuri!!! on Ice me deu muita inspiração para terminar esse capítulo)

UM BEIJO e até as notas finais!

(música inspiração: https://www.youtube.com/watch?v=Lo3lxS-6joY)



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Saiu de casa sem rumo algum, sem olhar para as ruas e sem notar onde suas pernas o estavam levando. Vestia apenas uma calça preta, blusa azul e uma jaqueta branca do antigo time de futebol da escola.  

Só quando parou na frente do café, que notou onde tinha ido e com as mãos nos bolsos ele resolveu que não ia deixar aquelas memórias lhe tirarem um de seus lugares favoritos. Ele amava o Tabemashou. Abriu a porta levemente pesada de vidro e pode ouvir o som de conversas animadas e uma música de interior ao fundo. Sentou-se afastado de todos que ali estavam num cantinho que ele sempre ocupava que dava vista às ruas da avenida principal e suspirou. Foi quando a atendente simpática do local, que tinha longos cabelos ruivos, chegou ao seu lado e lhe sorriu amistosamente, ela tinha um piercing no smile que deixava seu sorriso ainda mais bonito na opinião do moreno, mas ele não estava animado o suficiente para se lembrar de como a menina era bonita.  

— Boa tarde Sasuke. A quanto tempo - ela disse. 

— Boa tarde Emi – ele a olhou sem ânimo algum, retirando seus fones que lhe acompanhavam mais do que tudo ultimamente. Não se deu o trabalho de lhe responder algo decente sobre seu sumiço. 

— Bem... O que vai querer? O de sempre? - ela puxou o bloquinho de anotações do avental branco que usava.  

— Não - ele olhou o cardápio - Vou querer uma torta de sorvete de chocolate.  

A menina que lhe era atendente há anos anotou o pedido, mas o olhou confusa. Nunca havia pedido tal doce, só... Naruto. Assentiu e virou-se para ir buscar o prato do moreno, enquanto o mesmo recolocava os fones.  

Seu coração apertou e quis chorar. Chorar como uma criança, como se ninguém estivesse olhando, como se fosse a última coisa que faria no mundo.   

E antes mesmo de conseguir recompor-se, ou pelo menos drenar as lágrimas que já se formavam em seus olhos, a atendente voltou com seu pedido em mãos. Ela o olhou preocupada, sabia que o homem tinha e estava passando por uma fase difícil – as noticias corriam rápido naquela vizinhança, principalmente notícias como as que relacionavam o nome do Uchiha -, mas não podia ajuda-lo, não tinha intimidade para tal, então apenas depositou o prato na mesa e se foi para os fundos da loja.  

Sasuke olhou para o doce e engoliu em seco. Não gostava de doces, mas ali estava um à sua frente e era o favorito dele. Não sabia se comia ou se corria dali sem olhar para trás. Pegou no talher e fixou no prato. Tomou coragem, cortou um pedaço e levou à boca.  

Okay. Não era de todo ruim. Até podia ver o que seu loiro gostava tanto daquilo. Espera... Seu? Não era mais seu e muito menos ele era do outro.  

Lembrou-se da primeira vez que Naruto havia dito que ele lhe pertencia e sorriu. 

Tinham acabado de começar a namorar sério. Ainda eram apenas crianças, tinham só quinze anos, mas Naruto estava bravo com alguma coisa que ele tinha feito – e que ele não descobriu até hoje -, então assim que pegaram o caminho de volta para casa como sempre faziam, o Uzumaki parou e ele parou junto. Até inclinou a cabeça de lado confuso. 

— Naruto? – chamou. Ele fazia isso normalmente quando queria beijar o moreno no meio do caminho, mas a expressão dele naquele momento não chegava nem um pouco perto da carinha um tanto safada que ele fazia para aqueles momentos. 

— Sasuke, o que você acha de mim? – perguntou ao namorado e levou as mãos aos bolsos do jeans. 

— O que acho de você? – repetiu o Uchiha confuso – O que acho de você em que relação, urusatonkashi? 

 - Como seu namorado Sasuke, o que você acha de mim? – ele deu um passo à diante, se aproximando do moreno que lhe olhou agora um tanto sorridente. 

            - Bem, você é meu primeiro namorado, sabe disso – sorriu e juntou seu corpo com o do maior – Ou seja, minha definição para você é basicamente... Você não podia ser melhor. Eu te amo Naruto. 

            E essa frase paralisou o Uzumaki. O namorado nunca tinha dito aquilo para ele antes e dizer ali, agora e tão repentinamente, quando só esperava um “Você é especial para mim”, foi um grande choque. Ele abraçou o menor e finalmente disse: 

            - Eu também te amo Uchiha Sasuke - sorriu contra os cabelos negros do menino e completou – Você me pertence e a mais ninguém.  

            E agora ele não pertencia a mais ninguém. 

            Após a tentativa de suicídio falha, Sasuke resolveu que não seria de mais ninguém. 

            E por que ele ainda está vivo? 

É a pergunta que Sasuke se faz toda dia pela manhã ao acordar. 

No dia em questão da tentativa, assim que ele se cortou e deixou seu corpo escorregar um pouco mais fundo pela banheira, olhar seus pulsos a descer o sangue espesso até a água e ele se sentir mais leve e menos lucido, alguém o salvou. 

Estava prestes a desmaiar quando ouviu ao longe seu nome ser gritado e depois sentiu seu corpo ser levantado da banheira com rapidez, jogando água para todos os lados.  

Só acordou na tarde do segundo dia, em um lugar que feriu sua visão por ser tão claro e que segundos depois descobriu ser o hospital. 

Viu Itachi sentado numa cadeira ao lado da cama em que ele residia. Ele tinha a cabeça baixa apoiada às mãos entrelaçadas na testa. Parecia cansado e a culpa era sua. 

— Ita...? – chamou fraco e baixo. 

O irmão levantou a cabeça rapidamente ao ouvir o irmão. Estava mais do que aliviado. Mesmo que o médico tivesse dito que os cortes só lhe tinham provocado uma leve anemia por perda de sangue e que o menor tinha tido sorte de alguém tê-lo encontrado em pouco tempo, o Uchiha mais velho tinha posto na cabeça que só ficaria bem quando visse os olhos do irmão abertos novamente. 

Itachi correu e segurou a mão direita do irmão, só para segundos depois cair em prantos sobre o mesmo que se assustou. 

— Ei, nii-san – chamou, colocando a mão livre em um dos ombros do mais velho – Não chore Ita. 

— Não chore? É isso que tem a me dizer otouto? – Itachi levantou novamente a cabeça – Você quase morreu e não é para eu chorar? 

Sasuke sentiu na voz do irmão todo o desespero que ele provavelmente tinha sentido naquele tempo em que estava dormindo. Ele dormindo e os outros desesperados por causa de si. Sentiu-se um idiota completo. 

— Desculpe – suspirou cabisbaixo – Me perdoe.  

— Não sou eu que tenho que te perdoar – o mais velho passou uma das mãos em seu cabelo – Sabe disso. 

Sasuke sorriu amarelo de lado e um pensamento correu pela sua cabeça. 

— Mamãe e papai... – ele começou. 

— Estão na sala de espera – o outro afirmou – Estávamos revezando quem ficava com você até acordar. Faz pouco tempo que mamãe trocou comigo. Papai chegou poucas horas depois que mamãe o ligou. Nunca vi aquele homem chegar a um lugar tão rápido – ele riu fraco – Vou chama-los para você. 

E assim o Uchiha mais velho fez. Deu-lhe um beijo na testa e saiu do quarto e poucos minutos depois, seus pais entraram pela mesma porta que o irmão tinha saído e sua mãe jogou-se em seus braços.  

— Ah Sasuke – ela chorou em seu ombro, enquanto seu pai tinha a mão nos ombros dela e o olhava. Seu rosto não expressava muito, mas seus olhos lhe mostravam a dor do medo de quase ter perdido um filho. 

Eles ficaram consigo por várias horas. Não disseram uma única palavra sobre o que acontecera. Não perguntaram o porquê e nem o que tinha acontecido entre ele e Naruto. Mas ficaram ali. Disseram que o amavam demais, que seria horrível tê-lo perdido. Ficaram ali, só os três, num quase abraço até Itachi chegar com Hinata e a filha. 

A menininha correu e pulou na cama, em cima de si e deitou sobre seu peito, enquanto a mãe dela fez igual ao marido e apenas acariciou sua cabeça. Parecia que ninguém ali queria comentar sobre o que ocorrera com ele, mas sabia que a mãe iria pagar um psicólogo para ele assim que saíssem dali.  

E foi o que ela fez. Ele teria que ir pelo menos uma vez no Dr. Kakashi conversar e explicar o por que de ter feito o que fez. Mas no final das contas foi apenas uma vez e as outras converteram seu caminho para qualquer outro lugar. E hoje era um daqueles dias. Tinha que ter ido ao psicólogo, mas acabou ali, no antigo café em que frequentava com Naruto. 

E Naruto... 

Pelo que o irmão tinha lhe contado, fora o Uzumaki quem o encontrou na banheira, levou para o hospital e ligou para ele.  

Por algum motivo – que o loiro não contou para o irmão do antigo namorado – ele tinha voltado ao apartamento e por não ter ouvido nenhum barulho saiu à procura do moreno e o encontrou. Fora por pouco, mas Naruto o tinha salvado como várias vezes antes. 

Depois disso, ele não tinha passado no hospital mais nenhuma vez, nem ligado, nem dado nenhuma noticia de como ou onde estava ou perguntado como Sasuke andava – pelo menos não diretamente.  

Sakura ainda era amiga dos dois e também servia de comunicadora dentre eles. Sasuke era o que mais perguntava do outro e ela sempre respondia. Dizia o que ele tinha feito no dia anterior, ou como estava com o trabalho e até mesmo se ele tinha saído com outro alguém, o que para a felicidade do moreno, não tinha ocorrido ainda.  

Não sabia se o Uzumaki estava o evitando e se era para passar para frente e esquece-lo ou o que. Só sabia que havia meses que não tinha uma noticia direta do loiro e ele mesmo não tinha coragem de ir atrás do ex-namorado. Percebia agora que tinham brigado por uma estupidez sua, que fora idiota e ridículo ao pensar que o loiro estava o traindo com o melhor amigo desse. Conheciam-se a tempo demais para isso acontecer. 

E ainda tinha a questão do casamento. Como fora estupido! Perdera a chance de passar o resto de sua vida com a pessoa que mais amava no mundo e ainda tentara se matar! 

Sasuke voltou à realidade com tal pensamento.  

Olhou os pulsos e os dois cortes horizontais em cada um deles. Foram fundos, mas não o mataram. E viveria o resto da vida com aquelas marcas em si, apenas para relembrar o sofrimento e angustia que sofreu e estava sofrendo.  

Abaixou as mangas da jaqueta que estavam levantadas até os cotovelos como se sentisse vergonha e voltou seu olhar para o pequeno prato onde o doce estava. O sorvete do meio já começara a derreter e ele só tinha comido um pequeno pedaço e divagado vários minutos. Respirou fundo e chamou Emi, dessa vez pedindo seu tão famigerado café preto. Ela não demorou nem um minuto e já estava de volta com a caneca em mãos. Perguntou se era para retirar o doce, mas o Uchiha negou. Iria terminar aquilo ou sairia mais acabado do que entrou. 

Tomou um gole do liquido quente e olhou a rua, ainda era animada como todos os anos em que ele viveu ali. Ele tinha mudado, e isso não afetava a vida dos outros. Seu olhar tinha se perdido pelos carros que passavam e mal percebeu quando certo alguém passou pela porta do café. 

Naruto foi o primeiro a perceber a presença do outro no local. Entrou avoado e sentou-se bem na mesa de frente ao moreno e no mesmo momento sentiu deveria ter pegado outro lugar. Ao olhar para frente e perceber que era o Uchiha que olhava a rua teve vontade de se jogar embaixo da mesa e se arrastar para fora dali. 

Fazia meses que não via o ex-namorado a não ser por contado de Sakura.  

Estava se sentindo horrível por tudo o que tinha dito ao Uchiha e ainda mais por saber que fora o causador de seu quase suicídio.  

Assim que deixou Sasuke no hospital, ele voltou ao apartamento. Abriu a porta e sentiu todo o peso daquele dia cair em seus ombros. Abriu as cortinas e deixou que o crepúsculo entrasse pelas janelas ao oeste. Foi até o quarto deles e pegou as malas do moreno. Iria levar até a casa de Itachi por ele. Pegou as suas próprias e também as fez. Iria acertar tudo depois com a imobiliária, mas naquele momento também precisava sair daquele apartamento.  

Deixou tudo bem arrumado e foi até o banheiro finalmente. A porta estava levemente fechada, talvez pela força com que tinha a empurrado enquanto levava o moreno no colo e se segurou para não chorar.  

A banheira vermelha de sangue que ainda estava ali partiu seu coração no meio. A faca que ele usara jogada ao lado da mesma, com o sangue dele a manchar o chão. Aqueles dois pontos pareciam ainda piores em contraste com o banheiro branco e champanhe.   

Tapou a boca com a mão e deixou as lágrimas rolarem. Se esse não era o pior dia de sua vida, não gostaria de saber qual seria então.  

Respirou fundo, tentando acalmar seus soluços e secando o rosto, foi até a banheira e enfiou a mão, procurando o ralo e puxando sua tampa. Viu toda aquela água vermelha ir embora e depois se abaixou e pegou a faca, levando até a pia e lavando para depois passar um pano úmido no chão e pelo menos limpar brevemente o sangue. Seria pior se secasse. 

Depois daquele dia não entrou mais nenhuma vez naquele apartamento. Cuidou da venda dele totalmente por telefone e e-mails. Passou metade do dinheiro para a conta de Sasuke e não se foi mais falado nisso.  

Ele sentia falta do ex, mas ao mesmo tempo parecia que o moreno não queria nada com ele. Não sabia se ele ainda acreditava na historia de que ele o tinha traído. Ah, Sasuke, como pudera pensar tal coisa? Ele, traindo-o com Gaara? Até parecia que ele não os conhecia. E por fim, sabia – por Sakura – que o moreno ainda não estava bem com nada daquela situação, então resolveu que seria melhor esperar pelo bem do outro, longe. 

Emi veio o atender e percebeu o olhar da garota para a mesa a sua frente e sorriu para ela. Pediu um croissant e um café preto que lembrava exclusivamente o moreno. A menina sorriu para ele, e foi pegar seu pedido. 

Olhou para o moreno e ele agora tinha a cabeça baixa. Já tinha o visto e estava tentando o ignorar tal como ele mesmo fizera quando chegou.  

Emi voltou com os pedidos de Itachi na bandeja e assim que os deixou na mesa percebeu que o clima naqueles metros quadrados em especifico era tenso, então apenas olhou de um para o outro e saiu rapidamente.  

Sasuke não podia acreditar que Naruto estava ali. 

Que merda! 

Não tinha percebido quando o loiro chegou e só quando viu Emi pela visão periférica que percebeu o ex-namorado. Quis sair correndo dali no mesmo momento. 

Encolheu-se no banco e pegou a caneca com seu café, deu uma espiada no Uzumaki por cima da porcelana e percebeu que o mesmo estava comendo levemente desconfortável. Quase se engasgou com o café e endireitou-se rapidamente tossindo, o que atraiu a atenção do maior para si, que desviou o olhar rapidamente e continuou comendo. Percebeu que o loiro tinha uma caneca igual a sua. Seria...? Mas ele odeia café, tanto quanto ele mesmo odeia doces.  

Sorriu de lado inconscientemente e começou a lembrar de todas as brigas bobinhas que já tiveram sobre seus gostos na culinária. Sentia saudades desses momentos com Naruto. Ultimamente, vivendo com Itachi e Hinata, ele não tinha muito que fazer. Seus trabalhos da faculdade eram todos feitos quase que no mesmo dia, já que tinha atestado para tal coisa, seu irmão e cunhada pareciam pais dele já sua própria mãe e pai tiveram que voltar para as respectivas cidades por conta do trabalho. Porém agora não o deixava mais em paz, nenhum dos quatro, sempre lhe perguntando algo, ligando, chamando e mandando mensagens.  

Sentia falta da calma e paz que tinha junto a Naruto. 

Queria voltar a dormir do lado de Naruto e sentir seu cheiro nos lençóis, o calor do corpo dele junto ao seu num abraço enquanto dormiam. Queria voltar para casa com ele, e como faziam e às vezes, Naruto o parar para se beijarem, como faziam desde jovens. Queria dar as mãos para ele, como quando estava frio e sentir a pele quente do loiro mesmo com pouquíssimos graus de temperatura e sentir que o calor dele também o aquecia. Queria estar sentado do lado dele agora e sentir seu perfume – o mesmo que fica nos lençóis – e sorrir todo bobo, só para depois o Uzumaki passar uma das mãos em seu cabelo e puxar-lhe para um beijo.  

Era só isso que ele queria agora. Não estava pedindo muito. Estava?  

Naruto por sua vez, estava sentando estático, queria muito ir até o moreno e beijar-lhe com toda a sua força e vontade. Odiava todas aquelas vezes em que eles tinham brigado e estava odiando com toda sua raiva o momento atual. Queria chorar e ajoelhar-se na frente do outro e pedir desculpas e ao mesmo tempo dar-lhe um tapa na cara por tentar se matar. Amava e estava com muita raiva do Uchiha. 

Queria ser sincero e ter a vida de antes de volta. De volta com Sasuke. 

Ah como sentia falta de acordar com aquela carinha manhosa e emburrada do moreno ao seu lado, abraça-lo, faze-lo sorrir com alguma bobagem que tinha dito e depois o beijar e demonstrar todo o seu amor com aquele gesto, mesmo que o outro odiasse por ter acabado de acordar. Sentia falta até das vezes em que ele, sonâmbulo, o acordava às três da manhã, querendo sair do quarto que ficava com a porta trancada exatamente para aquilo e levantar e obriga-lo a voltar para a cama. E sentia falta da textura da pele do moreno, do cheiro dela e do sabor, sentia falta do caminho que seus lábios e mãos adoravam e já estavam acostumadas a fazer. 

Ele só tinha ficado esse tempo todo longe do Uchiha, pois achava que se menos dele se passassem na mente de Sasuke, menos esforço ele precisaria para conseguir passar por tudo isso.  

Mas agora ali, parecia que todo aquele esforço para manter-se longe do amado tinha sido inútil e que assim que ele tinha saído do hospital ele tinha que ter ido atrás do namorado. 

Porém, a momento nenhum ele parou de comer seu croissant e ir até o moreno. Até conseguiu beber todo o café preto da caneca. Assim que ia pedir a conta, levantou a cabeça e encarou Sasuke. Não queria e nem podia deixar que aquela fosse a primeira e última vez que eles iriam se encontrar depois de todo aquele tempo. Respirou fundo e suas mãos agarraram a borda da mesa. 

Sasuke por sua vez, não conseguia comer aquele doce. Seu estômago estava repudiando o que já estava dentro dele e sua garganta tinha se fechado para o que iria vir. Tomou mais alguns goles do café, para tentar acalmar o órgão dentro de si e também respirou fundo. Olhou para cima e percebeu Naruto tenso com as mãos tensionadas e finalmente encarou-o nos olhos. Não saber dizer se foi a pior ou a melhor decisão da sua vida. 

Os olhos cerúleos expressavam dor, mas Sasuke não sabia definir qual dor era aquela. Se era por tê-lo deixado, se era por vê-lo ali agora... Só sabia que não conseguia desgrudar os seus dos dele. Engoliu em seco. 

Naruto agora via naqueles ônix que sempre amou, todo o sofrimento. Ainda não acreditava que tinha feito aquilo com o ex-namorado. Sentia-se um imprestável!  

E por um momento, ele se lembrou de umas dos melhores momentos em que passou com Sasuke.  

Eles estavam no feriado de Natal. Tanto seus pais como os do Uchiha tinham vindo para o apartamento dos dois. Hinata, Kushina e Mikoto tinham os ajudado a preparar todo o jantar desde manhã, e Itachi cuidava de Aiko que não tinha parado de gritar toda feliz com seus dois dentes a crescer e por ser mimada pelo pai, avô e avô de consideração. 

Eles dois não tinham se desgrudado um minuto sequer. Aquela semana toda eles – que estavam de férias – tinham corrido de um canto para o outro, ligado a cada dez minutos para as mães perguntando do que precisavam e até brigado feio a ponto de não se olharem metade do dia por causa da quantidade de molho que iriam fazer, até Naruto o segurar pelo braço enquanto o moreno saía do elevador e beija-lo com toda sua vontade.  

Já no dia do jantar, depois de tudo pronto, o loiro resolveu entre beijos que iam tomar banho juntos o que Sasuke tentou negar por toda a família dos dois estarem no apartamento também, mas acabou cedendo. Cedeu também a “rapidinha” como o Uzumaki gosta de chamar. Até hoje, ele acha que aquela foi umas das melhores deles. Depois do banho, já trocados, eles apareceram na sala, com Sasuke rezando para que ninguém tivesse percebido e graças a algum santo a prece do moreno foi ouvida. Passaram o melhor jantar com a família, segundo ele mesmo e depois, assim que todos foram dormir, Sasuke foi até a sacada com uma garrafa inteira de vinho da mão mesmo de ter bebido mais que seu limite no dia e sentou-se no chão mesmo. Naruto seguiu-o e ficou parado, encostado no batente da porta enquanto ouvia o moreno cantarolar um de seus rocks favoritos da adolescência. Sorriu se lembrando de quando começaram a namorar. Ficou ali por vários minutos, ouvindo o Uchiha desafinar várias notas e rir de si mesmo. 

— Eu sinto falta daquele tempo – Sasuke falou, assustando o namorado. Achava que o moreno não tinha o percebido ali.  

— Eu também – respondeu, indo de encontro com o moreno. Sentou-se atrás do mesmo e acariciou seus cabelos enquanto encostava a testa no ombro dele. O cheiro de Sasuke lhe acalmava. 

— Sabe do que eu mais sinto falta? – o Uchiha perguntou enquanto tomava mais um gole do líquido. 

— Hm? – Naruto murmurou já cansado de toda a correria do dia. 

— De ser livre – disse, suspirando. 

O loiro ergueu a cabeça e olhou o perfil do namorado. Franziu o cenho. 

Pelo canto do olho, Sasuke percebeu a confusão do outro e riu de leve. 

— De ser livre – repetiu e virou nos braços do maior – De ser livre com você. De não ter problemas gigantescos, de achar que a vida era para se viver só para aquele momento, de fazer as coisas mais estúpidas, de fumar e beber e não achar que eu poderia morrer com aquilo, de poder deixar tudo para a última hora e saber que não ia ser um problema, de sair mesmo tendo hora pra voltar e viver como louco. – jorrou as palavras, um tanto enroladas pela quantidade de álcool – E de viver tudo isso com você. – completou. 

Naruto estava admirado. Durante toda a adolescência deles, ele quem tinha levado o moreno para “o mau caminho” e muitas das vezes o mesmo reclamava disso para com ele. Que ele tinha que melhorar seu estilo de vida para quando virasse adultos, mas agora ele estava contradizendo tudo o que dizia naquela época. Não é a toa que bêbados e crianças são os mais sinceros.  

E agora, ali, depois de toda essa revelação, o Uzumaki não podia falar nada além de concordar com o namorado. Também sentia falta de ser livre com ele.  

— E sabe de mais uma coisa? – Sasuke levantou o indicador para demonstrar tal pensamento. 

— O que? – perguntou enquanto circulava a cintura do outro e ele se ajeitava para sentar melhor no colo do loiro. 

— Você – ele cutucou com o indicador que estava levantado, o peito do bronzeado – Você é a melhor coisa que já foi minha. 

Naruto ficou estático por um segundo antes de puxar o albino para mais perto e abraça-lo forte, enquanto algumas lágrimas caiam de seus olhos. Depois da primeira – e toda – vez que Sasuke tinha dito que lhe amava, essa com toda certeza do mundo era a segunda melhor coisa que ele já havia o dito. 

— Eu te amo – sussurrou para o moreno. 

— Eu também te amo meu amor – respondeu se afastando um pouco só para depois beijar com paixão o Uzumaki. 

Naruto e Sasuke ainda tinham os olhos conectados e nenhum dos dois conseguia desviar. Batalhavam internamente entre continuar assim ou quebrar de vez o contato.  

A respiração do Uchiha começou a acelerar e seus olhos a encher de água. Se continuasse assim iria hiperventilar e Naruto percebeu isso.  

Os olhos do Uzumaki também começaram a se encher. 

Nenhum dos dois sabia mais o que fazer. 

Nenhum dos dois queria terminar aquilo daquele jeito. 

Mas um dos dois tinha que tomar uma decisão. 

E esse foi Naruto, assim que desviou o olhar do moreno.

"But I wanna sleep next to you
And I wanna come home to you
I wanna hold hands with you
I wanna be close to you"
(Mas eu quero dormir ao seu lado

E eu quero voltar para casa, para você
Eu quero dar as mãos com você
Eu quero estar perto de você)


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Notas finais do capítulo

.... E então?
Gostaram?
Talvez queiram me matar?


É só deixar um review! kk


Sério, de verdade, deixem um com o que acharam que vai me deixar muito feliz!

(ameaçasdemortenãoserãoignoradasokay)

E fantasminhas, apareçam também. Eu amo a todos!

Enfim, um beijo e até uma próxima!
TCHAU!



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