Uma vida feliz para Arlequina? escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 27
Capítulo 27 – Tentando seguir em frente


Notas iniciais do capítulo

Chegamos ao penúltimo capítulo. Vou sentir saudades dessa fic. Ç.Ç Pessoal, sinto que vocês não estão mais gostando tanto da história, muito poucos comentários. Preciso saber o que vocês acham pra melhorar o que for possível. Me digam! Infelizmente o próximo capítulo será o último. Vou sentir muita falta, mas me sinto feliz e orgulhosa por concluir a fic. E quem sabe não virão outras? =D Aproveitem a leitura! ♥



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Capítulo 27 – Tentando seguir em frente

— Seja bem vinda, rainha de Gotham  - Jonny lhe disse quando ela entrou na casa junto com Pam, os gêmeos e as hienas – Devo levar suas coisas para seu quarto?

— Sim, Jonny, por favor.

Outros dos homens também estavam na casa e a cumprimentaram da mesma maneira.

— Não acha esse novo título estranho?

— Apesar do Batsy estar nos obrigando a sermos boazinhas agora... Eu até que gosto.

Passaram a tarde colocando coisas em seus devidos lugares e organizando a casa. Quando tudo estava em ordem, Harley dispensou seus novos seguranças. Apenas Jonny ficaria por perto, vigiando a casa da casa do lado de fora. À noite Harley sentou-se na cama usando uma camisola rosa claro, um tanto cansada após a mudança para voltar para casa. Observou Bud e Lou dormindo serenamente em suas caminhas num canto do quarto e conseguiu sorrir. Estava tentando não ficar olhando a cama vazia e se lembrando que a partir de agora dormiria sozinha nela, apesar de estar sentada bem ali. Pensou em tirá-la dali e colocar uma cama menor, mas pensou que seria útil ter uma cama de casal para as crianças dormirem com ela quando tivessem pesadelos e se assustassem ou quando não estivessem se sentindo bem por alguma razão. Quando crescessem poderia trocar. Sua cabeça começou a doer de tanto pensar em como suportaria viver ali sozinha com as crianças e as hienas, e preferiu desviar tais ideias, no dia seguinte pensaria nisso, por hora queria aproveitar a companhia de Pam.

— Olá, mamãe! - A ruiva disse entrando no quarto segurando as duas crianças pela mão.

Os dois já estavam arrumados para dormir, com o s cabelos louros penteados de lado, Lucy com pijama rosa e Joe com um azul. Harley se derreteu ao ver os dois andando e sorrindo para ela. Pam também já se arrumara, usava uma camisola verde. Ela sentou os dois bebês em cima da cama e sentou-se ao lado deles.

— Como está se sentindo?

— Estranha, com medo, confusa.

— Posso ficar mais dias se você quiser.

— Não tem porque desmantelar sua vida também, Ruiva.

— Ajudar minha irmã de alma e meus sobrinhos não vai desmantelar nada. Posso ir ver minhas plantas e voltar todo dia até você estar pronta, Harley.

— Eu estaria perdida sem você, Ruiva! – Harley a agarrou num abraço, ouvindo Pam e os bebês rirem.

Minutos depois as duas estavam cada uma com um bebê nos braços, Harley com Lucy e Pam com Joe, cantando baixinho e andando pelo quarto para que dormissem. Felizmente nunca haviam dado muito trabalho para dormir, Selina relatara o mesmo do ano que passara com eles, e logo as duas os acomodaram em seus berços, ainda os observando sorridentes por alguns minutos. Apagaram as luz, deixando apenas a lâmpada de mesa acesa em cima da cômoda, virada para a parede para não incomodar. Se os bebês chorassem e precisassem se levantar não sairiam que nem duas baratas tontas tropeçando no escuro. As duas se deitaram e puxaram o lençol para se cobrirem.

— Eu ainda não sei como vou conseguir deitar aqui sozinha e dormir de noite...

— Tente desviar a mente disso. Leia ou faça outra coisa até dormir. Ou pode deixar Bud e Lou dormirem aqui com você, ao menos de vez em quando.

— Vou tentar.

Pam estendeu a mão para afagar o topo da cabeça da amiga, vendo-a fechar os olhos. Fez aquilo até que estivesse dormindo, e logo também adormeceu.

******

— Como vai ser a partir de agora? – Ela perguntou aconchegada no abraço dele nas primeiras horas da manhã.

Ainda estavam do mesmo jeito entre os lençóis. Os cabelos castanho claros, soltos, se espalhavam um pouco pelo travesseiro e por cima do braço de Bruce. Ela sorriu ao sentir a mão dele passeando suavemente por sua barriga embaixo do lençol.

— Ansioso?

— Acho que sim.

— Eu nunca pensei que você fosse aceitar assim, tão facilmente. Cheguei a pensar em fugir de novo.

— Nunca mais pense nisso! Não está sendo mais fácil pra mim do que pra você, mas se o bebê está aqui, é melhor lidarmos com isso.

— Bruce... O que exatamente está pensando disso?

— Hey – ele disse suavemente, se virando para encará-la – Não pense assim. O que eu quis dizer é que... Eu amo você, e sei que me ama. Agora que o Coringa se foi e Arlequina não enlouqueceu nós podemos lidar com as coisas com mais tranquilidade. Não acho que podemos ter uma vida normal, acho que nunca vamos depois de tudo, mas você disse que podemos tentar ser felizes. Eu quero tentar, Selina. Com você e com nosso filho. Eu quero ser Bruce. Eu quero viver como uma pessoa normal com você. Vamos deixar o Batman e a Mulher Gato lá fora.

— Ainda vamos correr riscos, Bruce. Pretende abandonar completamente o Batman?

Ele ficou sem silêncio, e ela sabia que ele não tinha aquela resposta, como ela não teria se aquela pergunta fosse feita a ela.

— Eu queria sumir, deixar Gotham e o Batman pra trás. Eu tentei fazer isso quando perdi Barbara, e de novo quando perdi Robin, quando a mansão se consumiu em chamas, antes dessa outra existir. Mas depois o Coringa voltou. Ou me sacrificava pelo Batman, ou os cidadãos de Gotham se sacrificavam por Bruce Wayne. Dessa vez acho que podemos tentar começar de novo sem perdermos ninguém. Nós até criamos uma vida nova, Selina.

— Quem diria... Eu sumo por um ano pra cuidar dos filhos de outra pessoa e mantê-los o mais longe possível de você. Então eu volto e agora vou ter um filho com você – ela sorriu – A vida é muito esquisita. Por falar nisso... O que vou fazer com a minha agora que você não me deixa mais roubar nada?

— Não precisa roubar, eu posso te dar joias.

— Não é só por isso. Você sabe que eu penso que joias não são tudo na vida. O perigo me fascina – ela falou, e Bruce pode ver seus olhos faiscando de adrenalina nesse momento.

— É por isso que além de lidar com seus próprios inimigos fica indo ajudar o Batman? Mesmo quando ele pede pra você não ir – Ele riu.

— Talvez... – ela respondeu pondo a mão em seu peito e o empurrando para ficar em cima dele – Durante todo esse ano... Apesar de também estar com raiva de você ameaçar Harley, senti sua falta. Às vezes eu parava pra olhar a lua cheia tarde da noite depois dos bebês e dos gatos dormirem, e eu quase podia ver você voando do alto de algum edifício. E me perguntava o que você devia estar fazendo – disse docemente antes de beijá-lo, fazendo os cabelos longos caírem em volta de seu rosto.

Bruce a retribuiu, a deixando quase sem fôlego quando se separaram e deitaram lado a lado outra vez, olhando um para o outro.

— Eu me peguei fazendo o mesmo em muitas noites. E meditando sobre o que estava certo ou errado. Nunca cheguei a uma resposta até agora, mas por um ano eu também senti muita falta de você, Selina. Então vamos aprender a lidar com isso? – Ele lhe perguntou.

                - Só... Vamos agir conforme o que acontecer, sem nos importar muito pra onde estamos indo por enquanto. Vamos aproveitar ao menos o dia de hoje como pessoas normais, como um casal de futuros pais felizes e comuns, e vamos comemorar o nosso noivado e a vida do nosso bebê.

                - Você pode trabalhar com joias já que gosta tanto delas e sabe tanto sobre elas. Há muitos meios de fazer isso.

                - Vou tentar me acostumar.

                Sorriram um para o outro e Bruce a puxou para ele, abraçando-a forte e beijando seus cabelos, fechando os olhos para sentir completamente aquele momento. Ficara um ano sem ela e agora não queria deixá-la ir. Sentiu Selina envolver as mãos em seu pescoço e beijar seu ombro. Bruce sorriu e respirou aliviado.

******

                Floyd caminhava com Zoe pelo parque quando uma criança lhe chamou atenção. O menino que aparentava ter oito anos apanhou uma pedra perigosamente grande do chão e se preparava para mirá-la e atirar quando Floyd segurou sua pequena mão, forçando-o a abaixá-la e tirou a pedra dele, colocando-a de volta no chão. Zoe estranhou a atitude do pai e se aproximou.

                - O que você tá pensando, garoto? Isso pode machucar alguém! – Repreendeu se agachando para ficar na altura dele.

                - Mas é pra isso mesmo! – Falou com raiva.

                - Como assim?!

                Floyd olhou na direção que ele indicava, ficando surpreso e feliz ao ver Harley ao longe passeando sozinha com os gêmeos e as hienas. Bud e Lou soltos andando ao lado dos três, e os dois bebês andando de mãos dadas com a mãe. Ainda era estranho ver Harley sem uniforme e sem tanta maquiagem colorida. Os cabelos estavam soltos e ela usava um vestido salmão sem mangas que deixava as tatuagens dos braços visíveis, meias parecidas com a de seu uniforme de Arlequina e botas no tom nude.

                - Não se machuca ninguém assim, ainda mais uma mãe com dois bebês – disse ao menino.

                - Mas ela é má! É a namorada do Coringa, vai machucar todo mundo!

                - Ei, garoto, o que te faz pensar que ela é a namorado do Coringa? O Coringa morreu há meses, ninguém sabe o que aconteceu com a namorada dele, se é que ele tinha uma mesmo.

                - Mas ela tem hienas como o Coringa tinha! E tem tatuagens e cabelo colorido.

                - Sim, mas ele não é o único que podia ter hienas na cidade. Temos biólogos e veterinários, essa moça pode ser um desses dois. E há muitas pessoas com cabelo colorido e tatuagens na cidade. Você conhece a namorada do Coringa?

                - Não.

                - Você tem certeza que aquela mulher é ela?

— Não.

— E se você machucasse os bebês ou as hienas que não tem nada a ver com a sua raiva?

O garoto ficou em silêncio, pensativo, e chateado por ser corrigido por um estranho.

— Olha... As pessoas cometem erros. Você também vai cometer muitos ainda. Alguns comentem erros pequenos, outros tão grandes que não esquecemos facilmente, mas todo mundo merece uma segunda chance. Nunca levante uma pedra pra outra pessoa de novo, ainda mais sem ter certeza do que está fazendo. Mesmo se aquela fosse a namorada do Coringa, ela está passeando feliz com seus bebês e seus bichinhos de estimação, sem fazer mal a ninguém. Então esqueça isso, aproveite que o dia está lindo e ensolarado, que temos um parque, grama verde, brinquedos, caixa de areia, e vá brincar.

O garoto assentiu timidamente sem levantar a cabeça e saiu correndo para a grande caixa de areia, onde outras crianças já brincavam.

— Ela é mesmo a Arlequina, pai? – Zoe perguntou baixo.

— Sim, Zoe. Mas ninguém aqui além de nós precisa saber disso.

— Então ela tem mesmo bebês e hienas – a garota olhava fascinada na direção da palhaça, que vinha na direção deles.

Zoe se encolheu assustada quando Bud e Lou avançaram para farejá-la e depois pularam sorridentes.

— Eles gostaram de você – Harley falou ao finalmente alcançá-los.

— Oi, maluquinha – Floyd sorriu.

Harley permitiu que o amigo a abraçasse ainda que não pudesse retribuí-lo por estar segurando as crianças.

— Foi impressão minha ou aquela criança ia atirar uma pedra na gente? – Ela perguntou indignada.

Floyd suspirou.

— Sequelas de tudo que fizemos. Acho que todos nós vamos ter que lidar com isso por muitos anos antes de ficar tudo bem. Tá me devendo mais uma, é a terceira vez que salvo a sua vida.

Harley sorriu.

— E como estão esses dois palhacinhos lindos? – Ele sorriu para os bebês, se agachando para ficar na altura deles – Deem um abraço no tio Floyd – o ex-pistoleiro pediu estendendo os braços para as crianças.

Os bebês olharam para a mãe, depois para Floyd de novo.

— Vamos, amores, deem um abraço no tio Floyd – Harley falou os tranquilizando com um sorriso e soltando as duas mãozinhas que segurava.

As duas crianças seguiram na direção de Floyd, que abraçou ambos e beijou os cabelos louros dos dois, fazendo gracinhas para as crianças rirem. Depois se levantou com um em cada braço.

— Olha... Tão crescendo – ele sorriu – Já estão com dois anos?

— Quase. Um ano e nove meses.

— Como vão as cosias com você?

— Mais fáceis agora... Foi difícil voltar pra aquela casa sozinha e ver tudo aquilo vazio, sem ele no escritório e tudo mais... Pam ficou comigo por mais de uma semana antes de me deixar ficar sozinha lá. Agora já está tudo bem. Eu reformei alguns cômodos, pintei as paredes, desmanchei algumas coisas que não são mais necessárias. Todos os dias eu me lembro do que aconteceu e ainda dói, mas eu esqueço tudo quando vejo o sorriso deles dois – ela sorriu para os bebês – e quando Bud e Lou veem correndo pra mim toda manhã e toda vez que chego em casa. E quando me lembro que ao menos agora ninguém mais vai me bater ou me magoar. Eu acho que nunca vai voltar a ser como era antes dele, aquela mulher está morta, o que eu sou agora deixou uma marca eterna entre mim e ela, por isso o caminho é totalmente novo pra mim.

— Lembra que você não tá sozinha. Se precisar, todos nós estamos aqui pra você. Até aquele unicórnio idiota.

Os dois riram quando ele se referiu a Boomerang e olharam para Zoe, que morria de rir brincando com as hienas que pulavam em cima dela para lamber seu rosto.

— Ela é linda. E é a sua cara.

— Como os seus.

— Como vão as coisas pra você?

— Tá tudo bem... A mãe dela finalmente tá tentando ajeitar a vida e nós temos guarda compartilhada, embora Zoe passe mais tempo comigo. Zoe – ele a chamou – Quer conhecer amigos novos?

A menina o olhou e se aproximou junto com as hienas quando Floyd se abaixou e os gêmeos encararam a garota.

— Eles são lindos! – Ela sorriu.

Harley respirou fundo, tentando afastar qualquer lembrança ruim que pudesse nublar seus pensamentos naquele momento e aproveitou quase toda a manhã passeando pelo parque junto com sua família e com Floyd e Zoe.

******

— Está se sentindo bem essa manhã, donzela? – Alfred perguntou enquanto lhe servia um pouco de chá.

Selina estava sentada no sofá com as pernas estendidas, acariciando sua barriga de seis meses, incrivelmente feliz.

— Bem melhor. Obrigada, Alfred – ela aceitou a xícara e bebeu calmamente, pousando-a no suporte que Alfred havia deixado no chão ao lado do sofá.

Selina se divertiu ao ver alguns dos seus gatos surgirem e enroscarem nos pés de Alfred, que também observou curioso.

— Eles adoram você.

— Confesso que nunca convivi muito com esses bichinhos, apesar de achá-los adoráveis.

— Você tem sorte que te amam tanto, mesmo sem tê-los ganhado pelo estômago. Alguns deles não gostam de Bruce – ela riu.

A gata siamesa pulou em seu colo, ronronando quando Selina afagou sua cabeça. Bruce desceu as escadas e seguiu até eles.

— Vai trabalhar em casa hoje? – Alfred lhe perguntou.

— Sim, Alfred.

— Estarei cuidando daqueles assuntos pendentes se precisar de mim, mestre Bruce.

— Tudo bem.

Alfred se retirou, com os gatos o seguindo felizes da vida. Bruce e Selina riram com a cena. O morcego se abaixou ao lado dela, quase sendo arranhado pela gata no colo de Selina, que gruniu zangada e correu para trás do sofá.

— Ela realmente não gosta de você – a mulher riu.

— Espero que goste de Helena mais do que de mim.

— Ela vai gostar. Nossa menininha vai ser o ser mais lindo e fofo dessa casa daqui a três meses.

— Se sente melhor depois de ontem? – Ele perguntou preocupado.

— Alfred me perguntou a mesma coisa. Foi só um enjoo forte, você não tem que ficar se preocupando com isso, bonitão. Achei que tinha negócios a fazer agora.

— Não posso mais aproveitar o tempo com minha mulher e minha filha?

— Deve – ela sussurrou com aquela voz que o seduzia.

Bruce afastou o suporte com a xícara, já vazia, e puxou a parte debaixo do sofá que se estendia para virar um sofá cama, tirando os sapatos e sentando-se ao lado da mulher. Queriam se casar em breve, quando julgassem que estava tudo em ordem para isso e depois que Helena nascesse.

— Bruce... Se algo acontecer... – ela começou, repousando a cabeça em seu ombro quando ele a abraçou.

— Nada de mal vai acontecer com nenhuma de vocês duas. Sua gravidez não é de risco, está tudo bem com você e o bebê. Você vai dar a luz sem problemas e vamos nos casar assim que você se recuperar.

— Estaria mentindo se dissesse que não estou com medo ainda assim.

— Eu acho que todas as mães ficam antes da hora chegar. Mas eu vou estar lá com você, o tempo todo.

Ela o encarou, vendo-o já sorrindo para ela. Fecharam os olhos e uniram seus lábios demoradamente. Bruce levou a mão junto a dela em sua barriga, sorrindo no beijo ao sentir o bebê se movimentar.

— Eu já disse que isso é uma das melhores sensações que eu já tive na minha vida? – Perguntou ao se separarem.

— Todos os dias – ela sorriu de volta.


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