Uma vida feliz para Arlequina? escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 21
Capítulo 21 – Preocupação


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, entendo que todos somos encantados pela presença do Coringa, apesar das monstruosidades que ele já cometeu. Mas vejo vocês tão concentrados em descobrir se ele tá vivo ou não que tão perdendo de aproveitar as outras coisas legais que tão acontecendo. Não tô reclamando de nada tá gente, só opinando. Eu não seria nada sem vocês! ♥ Coisas tristes ainda vão acontecer pra Harley, mas coisas muito felizes também. Outros personagens do filme vão dar as caras ainda. Vou deixar o spoiler que um futuro feliz aguarda por Batman e Mulher Gato, e por outro casal (não são Arlequina e Coringa) do filme Esquadrão Suicida também. =D



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Capítulo 21 – Preocupação

Only you... Can make this changing in me

For it’s true…  You are my destiny

When you hold my hand, I understand

The magic that you do

You’re my dream come true

My one… And only… Yoooou!

One… And only... You... Puddin...

Um choro cansado foi ouvido através das paredes da grande mansão abandonada adornada por plantas nas paredes e teto onde Pam vivia. A Hera desde cedo estava acordada cuidando de algumas coisas e se dirigiu ao seu quarto, onde ela e Harley vinham dormindo, no caminho passando pelo quarto onde estavam Selina, as hienas e os gêmeos. Depois do dia anterior, teve uma esperança de que Harley encararia a realidade com mais força, mas conhecendo sua amiga preferiu deixar ela num quarto e os bebês no outro por mais algum tempo. Os três chorando juntos seria mais complicado ainda.

— Pam! – Selina reclamou com a voz abafada ao esconder a cabeça com o travesseiro – Que rádio horrível é essa! |Mude de estação ou desligue isso! Ainda são seis da manhã.

— Eu não ligo rádio às seis da manhã. Agora entende o que digo quando falo do quanto Harley canta mal?

— Tive a esperança de que ela apenas tivesse dado um jeito de alguém gravar essa homenagem ao Coringa e tivesse enviado a alguma rádio.

Pam suspirou.

— Eu vou conversar com ela antes que acorde as crianças e as hienas. Isso vai ser difícil pra ela. Não garanto que hoje é o único dia que você vai ouvir música desafinada. Mas quando seu ferimento estiver melhor vou te deixar ir com segurança. Não falta muito.

— Aquele tiro de raspão no meu ombro? Só me apagou na hora devido a uma série de fatores, só lembro porque você fica insistindo em tratá-lo. Nem dói mais tanto. E confesso que me dói ter que deixar esses pequenos.

— Você ainda tem que nos explicar porque estavam com você esse tempo todo e não em adoção. Eu vou falar com Harley – a Hera saiu após trocarem um sorriso gentil.

— Harley...

Pam sentou-se ao seu lado e afagou suas costas enquanto ela chorava baixinho agarrando o travesseiro.

— Desculpa, Pam... – ela murmurou – Eu te acordei?

— Não, querida. Acordei bem mais cedo. O que me incomoda é não saber como te consolar.

— Você não tá feliz? Meu Pudinzinho não vai mais poder brigar comigo.

— Harley Quinn, não se atreva a pensar assim! Sabe muito bem porque eu não gostava dele, você mesma entendeu isso. Ainda que fosse assim, nada me faz sentir bem vendo minha melhor amiga nesse estado. Se você tivesse ideia de quantas vezes me segurei pra eu mesma não acabar com ele só pra não te fazer sofrer... Vai doer por um bom tempo, Harley, mas o mundo não acabou. Você tem dois bebês perfeitos e maravilhosos que desejou por muito tempo e agora estão aqui, eles precisam de você. Bud e Lou também. Eu também preciso. E tenho certeza que não sou a única. Em algum momento essa dor vai passar, e você vai conseguir seguir em frente. E vou estar aqui, sempre.

— O que vai ser minha vida agora...? O que eu vou fazer todos os dias? O que vou fazer morando sozinha naquela casa enorme e os subordinados do meu Pudinzinho? Como vou me deitar naquela cama toda noite sem pensar nele?

— Harley... Tudo isso vai se ajeitar com o tempo. Não estará sozinha, você tem Lucy, Joe, Bud e Lou. Lucy e Joe vão crescer e vão adorar ter uma casa grande pra brincar. Jonny não lhe falou nada sobre o que pretende fazer agora?

— Disse que conversaríamos depois e que está as minhas ordens.

— Você não que se preocupar com nada disso agora. Primeiro tem que se recuperar fisicamente e colocar ao menos um pouco da sua cabeça em ordem.

Os olhos de Harley focaram o taco de baseball encostado na parede ao lado da cama.

{Flash Back}

Hush little baby, don’t say a word

Momma’s gonna kill for you the whole damn world

And if they don’t laugh at our jokes

Momma’s gonna stab out their godamn throats…

— O que está fazendo com seu amado taco, meu amor? – O Coringa perguntou ao entrar no quarto.

Harley, grávida de cinco meses e meio, incrivelmente feliz, estava escrevendo algo no taco de baseball, do lado oposto ao “Good Night”.

— Sempre achei que faltava algo aqui, mas acho a canção dos nossos bebês perfeita pra preencher o espaço!

O Coringa riu e seguiu para o banheiro. Tomou banho e relaxou após mais uma tarde de negociações com traficantes enquanto ouvia Harley cantar o restante da canção. Quando terminou saiu vestido da cintura para baixo e viu Harley sorrindo de orelha a orelha após escrever toda a letra na canção junto a várias risadas e outras palavras e frases soltas no taco com canetas preta, vermelha e azul. Ela guardou as canetas e encostou o taco na parede de novo.

— Está tão feliz só por isso, Harley?

— Não, Pudinzinho!! – Ela exclamou mais feliz ainda – Vem cá!! – Ela suplicou.

Havia aprendido a não contestá-la durante a gravidez, ficava até bonitinha toda feliz muitas vezes sem motivo nenhum.

O príncipe palhaço sentou-se ao seu lado na cama e a Harley mais feliz e agitada que ele já vira na vida puxou sua mão para a barriga. O Coringa sorriu ao sentir um pequeno chute sob sua mão, depois outro e outro. Harley emitiu um gritinho de alegria.

— Eles começaram a chutar logo depois que você saiu – ela falava com os olhos marejados de felicidade.

— Finalmente esses dois preguiçosos decidiram dizer oi pra mamãe e pro papai – o palhaço sorriu antes de beijá-la.

— Ficou bem hoje?

— Fiquei enjoada, mas passou. Mesmo assim Pam disse que vai me trazer algumas coisas, e remédio pra isso também. Ela deve chegar logo, espero que não se importe – ela falou mais baixo temendo ser apreendida.

— A Venenosa vem aqui...?

— Sim...

— Tudo bem... Tudo pelo seu bem estar, docinho.

— Obrigada, Pudinzinho! – Exclamou ao abraçá-lo.

Poucos segundos depois alguém bateu na porta do quarto.

— Quem é?

— Sou eu, palhaço! – A Hera respondeu irritada.

— Entra – o Coringa autorizou ainda abraçado à Harley.

— Boa noite! – Ela sorriu para a amiga, entrando com uma sacola e a deixando na cômoda.

— Ruiva!!! Vem cá, depressa!!!

— Mas o que há?! – A ruiva riu.

Pam sentou-se na beirada da cama ao lado de Harley, ficando estática quando a amiga puxou suas mãos para a barriga e ela pode sentir os bebês se mexendo. A felicidade tomou o rosto da Hera e as duas se abraçaram rindo enquanto o Coringa apenas observava com um sorriso discreto.

{Fim do flash back)

Pam voltou de seus devaneios ao perceber que as duas estavam fitando os escritos no taco e provavelmente se lembrando da mesma coisa.

— Desculpa, Pam – ela falou voltando a chorar.

A Hera deitou-se ao lado da amiga e a abraçou como no dia anterior, afagando seus cabelos enquanto ela chorava.

— Não tem do que se desculpar, meu anjinho – sussurrou para ela – Vai ser difícil, mas você não vai passar por nenhum segundo disso sozinha, eu prometo.

Quando Selina levantou uma hora mais tarde encontrou as duas dormindo. A gata sorriu, mas logo ficou em alerta com um barulho em algum lugar da mansão. Verificou se as crianças dormiam. As hienas haviam acordado e levantado a cabeça e as orelhas em alerta, mas Selina fez sinal de silêncio para os dois e fechou a porta. Se houvesse um invasor indesejado ali não queria que o barulho o afugentasse. Bud e Lou poderiam avançar e latir. Olhou para Pam e Harley e saiu para o corredor, fechando a porta e caminhando em silêncio pela mansão, passando pela cozinha, sala, laboratório de Pam e outros vários cômodos que ela deixava vazios a fim de manter a aparência abandonada da casa em volta dos cômodos utilizados. A gata se escondeu nas sombras esperando ouvir mais alguma coisa e apertou seu chicote entre os dedos, pronta para um ataque se necessário. Passos cautelosos formam novamente percebidos por seus ouvidos bem treinados e ela avançou no grande vulto negro que passou ao seu lado, vendo que se chicote se enrolara no braço do homem morcego. Selina arregalou os olhos e o soltou, tomando alguma distância.

— Não é elegante aparecer sem avisar.

— Olha quem fala – ele sorriu de lado.

— Os gatos tem elegância por natureza – ela brincou.

— Precisei antecipar minha chegada. Avisei à Hera Venenosa mais cedo que eu viria.

— Ah... Receio que Pam não teve tempo de nos dizer. Harley teve outro acesso de tristeza e desespero hoje. As duas estão dormindo agora.

— Eu posso esperar. Como ela está?

— Triste, muito triste... Mas se recuperando bem e rápido, especialmente depois da transfusão. Os bebês também estão bem. Quando olha pra eles ela se perde em felicidade, parece até que esquece o que aconteceu. E agora que pode amamentá-los de novo vai ficar mais fácil pra ela.

— Fiquei preocupado.

Selina olhou na direção de onde tinha vindo, como se assim pudesse ver Harley, e fitou o Batman outra vez.

— Depois de todos esses anos temi descobrir que o espírito do palhaço poderia se apoderar dela caso ele morresse, que ficasse louca de vez e sabe-se lá o que mais. Ainda mais depois dela mesma matá-lo – o morcego falou.

— Acho que aquelas duas crianças a estão segurando. Ou simplesmente ainda não acredita no que aconteceu, não completamente. Apesar de ter admitido que sabe que o Coringa está morto e que foi ela que o matou, e chorou muito depois disso.

 - Vamos deixar assim por enquanto e ficar por perto no momento do funeral do palhaço. Ela pode mudar totalmente quando a hora chegar.

— Devemos manter as crianças por perto?

— Não. Quero vê-la provar que pode manter o controle sem eles por perto.

— O que vai fazer com ela? Ela continua como fugitiva de Arkham.

— É isso que eu também quero descobrir... Depois que o Coringa for devidamente sepultado.

— Como podem guardar um corpo por tantos dias assim?

— Eu tenho certeza que o palhaço preparou algo pra esse momento, embora não fosse pra ser inaugurado por ele. Harley deve nos dizer em breve.

— Você parece saber o que é.

— Apenas suspeitas.

Ficaram em silêncio por um momento.

— Obrigada.

O morcego apenas a olhou.

— Como estão seus ferimentos?

— Nada que vá me matar. Você doou sangue, espero que esteja se cuidando bem.

— Pam não me deixa partir enquanto eu não me recuperar. E não quero deixar Lucy e Joe tão rápido depois de um ano.

— Temos muito o que conversar.

— Sim... Mas por que veio mais cedo?

— Alguns amigos de Harley querem vê-la. Sei que a Hera Venenosa pode não ser amigável com a ideia de muita gente em seu esconderijo, preciso falar com ela a respeito.

— Amigos?

— Vai conhecê-los em breve.

Os dois começaram a se dirigir para o interior da mansão, mas o morcego parou após alguns passos.

— Eu fico feliz... Que você esteja viva depois de tudo isso acabar.

Os dois olhares se encontraram. Selina sabia do que ele estava falando, apesar de sempre observar tudo de longe. Todos que se aproximavam morriam... O Coringa levava todos. Robin... Batgirl... Quase levara Gordon.

— Você podia tentar ser mais feliz a partir de agora, Batman. Tudo acabou. Eu não acredito que Harley vá enlouquecer ainda mais ao ponto de criar uma nova era de caos. Apesar de já ter até matado, diferente do Coringa, ela conservou o coração carinhoso que sempre teve. Dá pra ver de longe o quanto ela ama aquelas crianças, as hienas, Pam... Talvez agora o mundo tenha espaço pra uma Harley feliz de verdade e também pra um morcego feliz.

O Batman ficou pensativo por alguns instantes, deixando Selina seguir na frente, mas se surpreendendo ao vê-la se voltar para ele, e sequer teve tempo de reagir quando ela o derrubou, sentando-se em cima dele e rindo divertidamente. Sentiu a gata tomar seu rosto entre as mãos e deslizar a língua por seus lábios.

— Só pra não perder o costume de te provocar – ela riu ainda segurando-o – Por que toda mulher que você tenta proteger acaba morta ou muito ferida?

— Você está viva e com ferimentos relativamente leves.

Ela riu outra vez, e o beijou. Rápido, mas agradável. Depois o soltou, pegando o chicote no chão, se levantando e caminhando pela mansão. O morcego sorriu sem que ela pudesse ver, e também se levantou e a seguiu.


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