Uma vida feliz para Arlequina? escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 20
Capítulo 20 – O presente de Pam


Notas iniciais do capítulo

Gente, quase ninguém comenta mais. A história tá ficando ruim? Ç.Ç Me digam o que acham.



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Capítulo 20 – O presente de Pam

— Pam... O que aconteceu? – Sua voz não passava de um sussurro, ainda estava fraca, podia perceber que era de manhã cedo.

— Harley, você perdeu a consciência depois da luta. Todos nós pensamos que estivesse morta – Pam cobriu os olhos momentaneamente tentando conter as lágrimas, respirou fundo e se acalmou – Você começou a sangrar... Muito! Não reagia, não respondia, sua respiração estava falha, seu coração acelerado. Nós trouxemos você pra cá, estanquei o ferimento, trocamos sua roupa por uma mais confortável, e colocamos você na água. Estava queimando de tanta febre. Quase aceitamos a insistência do Batman em correr pra um hospital.

— Pam...

— O que?

— Ela andou usando drogas?

A Hera não entendeu à princípio, achou que a amiga estivesse delirando de novo, mas então fitou o ponto em que ela olhava, os furos no braço direito de Selina que havia sentado no final da cama e estava usando roupas normais no lugar de seu uniforme. Os cabelos castanho claros à mostra agora, destacando ainda mais os olhos amarelo esverdeados muito semelhantes aos de um gato.

— Você precisava de sangue, Harley. Com urgência incrivelmente alta. Somos compatíveis – a gata respondeu.

— Ainda bem que ela estava aqui. Também sou compatível com você, Harley, mas você não sobreviveria ao meu sangue, mesmo com a imunidade que te dei. E ainda poderia fazer mal aos bebês.

— Como assim?

— Vamos falar disso daqui a pouco. Agora que acordou me deixe verificar como você está.

— Pam, o que fizeram com meu Pudinzinho...? – Ela perguntou sentindo os olhos marejarem.

— Harley... – Pam trocou um olhar preocupado com Selina – Não se lembra de nada?

— O Batman arrastou o Espantalho de volta pra Arkham. Charada será enterrado lá mesmo. Quanto a nós ele disse que ia “resolver nossa situação” depois de conversarmos com ele quando você acordasse. Falou com o comissário pra nos esquecer por enquanto. Saímos de lá com você antes que a polícia e a imprensa chegassem. Só o Batman ficou com os outros dois. Depois de despachá-los pra Arkham ele veio nos encontrar. Foi ele que carregou você até a banheira. Se lembra disso? Você se assustou quando ele te colocou na água.

Harley lembrava vagamente. Lembrava mais de seu longo e doce sonho do que dos flashs de quando estava acordada.

— Eu baixei sua febre com a água e plantas, mas ainda levou dois dias pra passar totalmente. Também te dei banho e troquei suas roupas. Depois de te colocar na cama de volta o morcego foi embora. Lucy e Joe estão bem. Choraram por muito tempo quando chegamos aqui, mas depois dormiram. Bud e Lou estão com eles. Quanto ao Coringa, Harley... – Pam começou sem saber como dizer aquilo.

— Eu sei que o meu Pudinzinho tá morto, Pam – ela falou com a voz trêmula, sem conseguir mais conter as lágrimas – Acho que eu nunca vou esquecer de quando puxei aquele gatilho. Eu sei que eu queria deixá-lo, que tinha me cansado de ser maltratada, mas não deu tempo deixar de amá-lo, Pam – falou chorando – Eu não queria ele morto. Ainda é o pai dos meus bebês.

Pam se deitou junto com a amiga e a abraçou, afagando seu cabelo e beijando sua testa, deixando que Harley se agarrasse a ela e chorasse sem limites. Sabia que um dia aquilo ia acontecer com um dos dois, mas no fundo estava feliz de não ser ela mesma a estar chorando sozinha pela morte de Harley e possivelmente das crianças e quem sabe até das hienas. Mas ainda que detestasse o Coringa e pouco se importasse com sua partida, podia sentir qualquer dor de Harley como se fosse sua e vê-la naquele estado a consumia por dentro. Selina apenas as olhava com tristeza, sem ter ideia de como reagir. Nenhuma das duas falou nada, apenas deixaram Harley chorar por quase uma hora. Jonny Frost ligou para o celular de Harley e pediu para falar com a mesma. Ela ainda tremia do choro e tinha a respiração irregular, além dos olhos muito vermelhos, mas ficou em silêncio e ouviu a ligação por longos minutos, assentindo positivamente no final e desligando.

— Você precisa ir algum lugar? – Pam lhe perguntou baixinho.

— Não agora... – ela sussurrou de volta – Amanhã ou quando eu me sentir melhor. Jonny está cuidando dele pra mim.

Pam e Selina se entreolharam rapidamente. Não tinham ideia do que um dos capangas do Coringa estaria fazendo com o corpo depois de cinco dias e como o estava conservando. Em algum lugar de sua mente Pam temia que o rei de Gotham não estivesse realmente morto, ainda que isso fosse deixar Harley feliz. Após a batalha era urgente salvar Harley, então deixaram que Jonny levasse o corpo do palhaço, prometendo cuidar bem dele até Harley acordar.

— Harley... – Selina começou com cautela – Há meios de Jonny conservar bem o corpo por cinco dias?

— Sim – ela respondeu – Eu conto a vocês depois.

Pam e Selina não insistiram, não querendo prolongar o assunto no momento.

— Harley, deixe-me verificar você agora.

Ela assentiu e Pam sentou-se na cama. Certificou-se que Harley não tinha mais febre e ergueu um pouco a blusa do baby doll verde que ela usava para verificar o ferimento, que não estava mais enfaixado, apenas com um curativo grande. A Hera aplicou ervas na ferida e fez um novo curativo. Harley choramingou de dor, mas bem menos do que antes. Selina trouxe um copo de água para a palhacinha, que sentou-se com ajuda das duas e bebeu.

— Harley, agora você está muito fraca, mas o que acha de você mesma alimentar seus bebês mais tarde? – Selina perguntou.

— Eu não posso mais fazer isso – ela respondeu sonolenta se deitando outra vez, quase dormindo – Meu leite secou depois de você levá-los.

Pouco a pouco Harley parou de soluçar, sua respiração ficou tranquila e ela adormeceu novamente. Pam a cobriu e a observou por algum tempo antes de levantar e começar a guardar algumas coisas.

— Quando vai contar a ela que ela pode amamentar novamente?

— Quando acordar, dependendo de como ela estiver.

— Como pode saber que a injeção que você deu anteontem já fez efeito se ela nem tentou ainda?

— Conheço minhas ervas, eu sei que fez. Remédios comuns levam semanas ou meses, mas psicológico também influencia muito. Harley vinha desejando isso desde que se decidiu a procurar os filhos, e justamente por ser louca a mente dela trabalha muito mais rápido. Já vi mães adotivas que sem chegarem nem perto de estarem grávidas produzem leite sem ajuda de remédio nenhum. Tenho certeza que funcionou.

******

Harley abriu os olhos lentamente ao ouvir uma vozinha de bebê murmurando no quarto. Viu Pam brincando com Lucy em seus braços. As duas morriam de rir enquanto Bud e Lou pulavam e riam ao redor delas. Harley se mexeu, atraindo a atenção das hienas, que ergueram as orelhas e olharam em alerta na direção da cama. Ambos emitiram um grito de alegria e quase voaram em cima de Harley, latindo como loucos por vê-la acordada. Harley riu e acariciou a cabeça de ambos, encostando o rosto no deles e fechando os olhos, bem como as duas hienas também fizeram, como uma espécie de abraço. Quando os olhou novamente os dois se afastaram e sentaram ao lado da cama, ainda com sorrisos de orelha à orelha. Estavam cheirando a xampu e o pelo brilhante e sedoso, Pam devia ter dado banho nos dois enquanto ela dormia.

— Bom tarde, mamãe! – Pam falou baixinho se sentando com Lucy ao lado de Harley – Você dormiu por horas, são quatro e meia da tarde. Como se sente? – Perguntou preocupada.

— Bem, eu acho... Só triste.

— O que acha de esquecer um pouco essa tristeza e finalmente aproveitar um momento com sua princesa?

— Onde está Joe?

— Selina está dando banho nele na banheira de bebê no quarto deles aqui.

— Oi, meu amor – Harley disse sorrindo para Lucy e segurando sua mãozinha.

A menina riu e agarrou o dedo da mãe, arrancando um enorme sorriso de Harley. Pam lhe deu outro travesseiro e a ajudou a se sentar e apoiar-se na cama, colocando Lucy em seus braços em seguida.

— Ela continua linda... – disse encarando os olhinhos azuis da menina.

As duas se olharam por longos minutos, e Pam admirava a cena como se algo mágico acontecesse diante de seus olhos. Lucyu encarava a mãe com curiosidade enquanto Harley a olhava com devoção e afagava seu rostinho com o dedo. Pam agradecia mentalmente por tanto Lucy quanto Joe se parecerem tanto com Harley, mesmo carregando também traços do Coringa, mas ambos tinham o olhar gentil e doce da mãe, além da pele clara, dos cabelos dourados de Harleen Quinzel, e dos olhos azuis, num tom um pouco mais forte por causa do azul dos olhos do pai.

— Por que não tenta alimentá-la, Harley? Já está na hora dela comer.

— Há mamadeiras prontas?

— Mamadeiras não, você.

— Pam, você sabe que eu não posso.

— Você pode agora.

Harley a olhou com surpresa, confusão, adoração, medo e felicidade e mais não sei quantos sentimentos misturados.

— Posso...?

— Pode. Não se assuste, tente. Ela não vai rejeitar você, é a mãe dela.

Harley olhou para o próprio corpo, tentando encontrar diferenças visíveis.

— Ainda é pouco, mas a quantidade vai aumentar enquanto você os amamenta. Vai doer um pouco e vai precisar trocar algumas peças de roupa, você deve se lembrar. Com a injeção que te dei em algumas semanas vai ter um ótimo fluxo pra alimentá-los.

Os olhos de Harley se encheram de lágrimas de novo, mas dessa vez acompanhados de um grande sorriso.

— Vamos, tente – a Hera sorriu – Lembra-se de como se faz na primeira vez?

— Lembro.

Harley sorriu para a filha e beijou sua testa antes de abaixar o lado esquerdo do baby doll e massagear o seio para ativar o fluxo de leite. Quase chorou de emoção ao confirmar o que ainda não estava acreditando. Ela podia alimentar seus filhos por si mesma outra vez.

— Vamos, querida. Ajude a mamãe.

Alguns segundos depois Lucy abriu sua boquinha delicada, a encaixando em sua mãe, e mamou sem problemas. Foi como no sonho. Podia sentir o alimento saindo dela para sua filha e aquilo era emocionante. Fora mágico sonhar com aquele momento, mas vivê-lo lhe trazia uma sensação incomparável, indescritível.

— Eu não acredito – Harley falou com um sorriso, deixando lágrimas de pura alegria correrem por seu rosto – Queria que ele estivesse aqui pra ver isso.

Pam enxugou seu rosto, a fazendo encarar os olhos verdes.

— Chega de lágrimas, você já chorou o suficiente pra vidas inteiras, especialmente hoje. Entendo você, Harley, mas tente se concentrar em Lucy e na sua felicidade agora. Daqui a pouco vamos tentar com Joe.

Harley sorriu, voltando a olhar encantada para Lucy. Nesse momento Selina entrou no quarto, com Joe já arrumado, admirando a cena com um sorriso. Fizera muito bem em procurar amas de leite ao invés de apenas usar mamadeiras durante um ano. Sentou-se na cama do lado oposto ao de Pam e trocou um olhar com Harley.

— Obrigada pelo sangue – ela finalmente disse e Selina notou que sua voz estava mais forte e não apenas sussurrando.

— Eu não deixaria esses pequenos ficarem sem mãe. São meus sobrinhos também depois um ano morando comigo.

As duas trocaram um sorriso e Harley encarou o filho, fazendo gracinhas para ele e ouvindo Joe rir. Pam também riu ao observar a cena, enquanto Selina estava hipnotizada olhando Lucy. Nem pensava em ser mãe, mas não conseguia conter sua felicidade por Harley, Lucy e Joe.


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