Uma vida feliz para Arlequina? escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 15
Capítulo 15 – Eu vi esses rostos antes




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Capítulo 15 – Eu vi esses rostos antes

— Não, você não pode vir pra Gotham!! Selina! Selina, me escu... – Pam afastou o telefone assustada.

— O que foi? – Ouviu Harley perguntar baixinho.

— Eu acho que o celular explodiu ou se espatifou, não sei... – falou apreensiva – O que essa criatura anda fazendo que nunca conseguimos ter uma conversa inteira?!

— Qual o problema dela vir? Vai ser mais uma pessoa pra festinha – Harley abriu um sorriso louco.

— Uma festa que pode ser mortal pra adultos como nós e até pra o Batman, não é uma festa pra crianças – Pam disse nervosa finalmente desistindo da ligação.

— Como assim, Pam?! – Harley a olhou com mil emoções se misturando nos orbes azuis.

— Não, não! Você não vai se levantar – disse ao correr para Harley e empurrá-la de volta para o balcão.

— Tô entediada.

— Você está baleada. E qual parte do “perdeu muito sangue” você ainda não entendeu? Me surpreende que reste energia pra ficar acordada e falar, as ervas e a sopa devem estar fazendo efeito, e você é você. Por que pensei que ficaria quieta?

— Pam! Tá fugindo do assunto.

— Harley...

A Hera ficou pensativa por alguns instantes, quase matando Harley de ansiedade, e sentou-se ao seu lado no mesmo banco em que o Coringa estava antes.

— Pam, fala logo!

— Harley... Ela não me deu detalhes, disse que era melhor depois. Mas sabia onde eles estavam.

— Onde? Onde?!

— Agora estão com ela.

Harley ficou em choque, muda, apenas olhando a amiga com olhos arregalados.

— Harley...? – Pam perguntou preocupada.

Os olhos azuis se encheram de lágrimas e ela começou a rir como uma louca, assustando a ruiva.

— Harley, é melhor se acalmar...

Inútil. Harley praticamente chutou a toalha que a cobria para longe, derrubou parte dos panos utilizados como travesseiro e tentou pular para fora do balcão. Pam tentou segurá-la, mas estava muito alterada, ria e se contorcia, tentando se soltar como se nem houvesse mais alguém ali. Quando finalmente conseguiu obrigá-la a deitar novamente, Pam arregalou os olhos em pânico ao ver o sangue se espalhando novamente pelas bandagens.

— Droga! Por que, Harley?! Eu devia ter previsto isso!

Correu para alcançar uma tesoura em suas coisas, seria mais rápido para remover as bandagens. Fez o seu melhor para tirá-las de Harley sem atingir a pele da amiga, que ainda ria descontrolada, embora não tivesse mais tentado sair do lugar. Agora ela alternava entre rir e chorar de dor.

— Harley, isso vai doer – avisou pegando várias ervas.

— QUE DIA LINDO!!! – Harley gritou antes de rir novamente – AAI!! – Reclamou de dor entre as risadas.

— Fale baixo! Não vai ficar nada lindo se aqueles dois nos encontrarem! Agora se segure porque isso vai doer, só por um ou dois segundos, mas vai ser muito.

Sendo novamente ignorada entre as risadas de Harley, a Hera olhou para a amiga sentindo-se mal pela dor que causaria, mas era o único jeito.

— Desculpe, Harley.

Tentou diminuir a quantidade de sangue com uma toalha e depois aplicou as ervas, as pressionando no ferimento. Harley gritou de dor e já não era possível saber quais das lágrimas que escorriam por seu rosto eram de alegria ou sofrimento. Pam segurou seus braços como podia com a mão livre, por sorte dessa vez ela não mexeu tanto as pernas, depois esperou até ela se acalmar e pegou uma seringa.

— Sei que você já passou por dor demais hoje, mas não posso deixá-la se matar assim.

Com certo esforço Pam tirou a jaqueta da amiga e ergueu a manga da roupa do braço esquerdo, tomou as precauções necessárias e lhe injetou um tranquilizante. Harley gritou de novo e reclamou da dor, mas em poucos segundos estava sonolenta depois que Pam removeu a agulha.

— Se for assim, você vai morrer – a Hera lhe disse mais calma – Fique quieta por ao menos uma hora, é um bom tempo pra minhas ervas ajudarem você a reagir melhor e pra esse ferimento parar de sangrar com tanta facilidade.

Harley murmurava frases soltas sem muito sentido e ainda ria de vez em quando. Pam se assustou e a olhou de olhos arregalados quando a ouviu rir exatamente igual ao Coringa com aquela risada arrastada, mas em seguida pareceu dormir enquanto a Hera estancava o sangue, limpava o local e o enfaixava outra vez.

— Quem diria...? – Perguntou a si mesma quando guardou tudo, limpou suas mãos, cobriu Harley e ajeitou os panos sob sua cabeça – A quem eu quero enganar? Harley é louca e estava quieta até demais ultimamente. Mas nem sei se poderia me acostumar caso você perdesse essa loucura de repente – riu baixinho.

Rasgou um pedaço de um outro pano e o molhou com água fria, o colocando na testa de Harley e a fazendo beber uma nova combinação de ervas para ajudar com a febre.

— É verdade, Pam? Ela tá com eles? – A ouviu sussurrar sem abrir os olhos.

— Achei que estivesse dormindo.

— Minha Lucy, meu pequeno Joe, eles estão voltando?

— Sim, querida – Pam sorriu.

Um grande sorriso. Ainda não sabia como evitar qualquer perigo se Selina os trouxesse para Gotham naquele momento, mas seu coração também acelerava só com o pensamento feliz de ver aqueles dois pequenos de novo. Viu Harley também sorrir, ainda de olhos fechados, e segundos depois sua respiração denunciou que havia dormido.

******

O Batman caminhava novamente pelas ruas de Gotham, tudo quieto demais... Ruas continuavam vazias, como se nunca houvesse existido um único habitante de Gotham caminhando por elas. Mesmo durante as três e meia da manhã não era incomum encontrar alguém do lado de fora. O homem morcego pensava nas possíveis localizações dos três vilões que brigavam pela cidade quando seus ouvidos se atentaram a um som estranho, muito estranho para as atuais circunstâncias.

— Não acredito que alguma alma cruel escolheu justamente esta noite pra abandonar bebês na rua.

Se deteve quando ia dar o primeiro passo, podia ser uma armadilha do Coringa ou até do Espantalho. Não seria a primeira vez que o Coringa enlouquecia e brincava com a vida de bebês. Pôs suas armas em mãos e caminhou silenciosamente na direção do barulho. Caminhou por alguns minutos e virou algumas esquinas, parando nas sombras ao avistar um carro preto parado na calçada no meio do quarteirão, em frente a uma loja de conveniência. Alguém desceu do veículo. Usava um casaco longo e um chapéu sombreava e escondia suas feições, fazendo o estranho parece uma sombra com vida.

O homem morcego se deslocou agilmente para o lado oposto da rua, escondendo-se antes de ser percebido. A figura estranha olhava para uma máquina de vendas em frente à loja. No vidro da máquina se podia ver produtos para bebês. Mamadeiras, chupetas, brinquedos, roupas, fraldas, leite em pó, e outros itens. O estranho pareceu vasculhar os bolso, provavelmente procurando moedas que pudesse usar na máquina, mas sem muito sucesso. O choro de crianças pequenas foi ouvido novamente, pareciam ser duas. Seria um sequestro? Uma família desavisada viajando e passando pela cidade no meio da madrugada? Ou aquele indivíduo estava providenciando o necessário para abandonar as crianças?

— Tenham calma, pequenos. Estou fazendo o que eu posso.

— Eu conheço essa voz de algum lugar – o Batman murmurou para si mesmo.

— Bom... Vamos do jeito difícil. Vou tentar quebrar sem fazer muito barulho.

Ia investir um golpe contra o vidro quando o Batman se aproximou rápida e furtivamente e segurou seu braço. A mulher tentou se soltar e agredi-lo, mas o morcego segurou seus dois pulsos, a forçando a olhá-lo.

— Você... – ela disse apenas com uma expressão totalmente surpresa e um tanto assustada.

Não se viam há tempos. O Batman olhou para dentro do carro e na escuridão do banco de trás pode distinguir dois bebês conforto que acomodavam dois pequenos seres de olhos claros e tão parecidos que poderiam ser idênticos. Tinham certeza de já ter visto aquelas feições antes, não nas crianças, era a primeira vez que os via sem dúvida alguma, mas tinham certeza que conhecia aquela fisionomia.


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