Voz escrita por apple pie


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Olar.

Por incrível que pareça, estar escondida atrás de um computador não me deixa com menos vergonha de escrever isso aqui e postar. Se eu reler mais uma vez os capítulos que já escrevi é bem capaz de que eu nem poste mais de tanta timidez.

Melhor não.

Boa leitura!



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Talvez a culpa fosse de meus olhos. Meus malditos olhos, aqueles que observavam tudo, assistiam a tudo, sempre inexpressivos. Ou talvez os culpados fossem meus ouvidos, que ouviam conversas, histórias, segredos que não eram meus, não eram de ninguém. Mas a verdadeira culpa era de meu cérebro, minha mente, que absorvia toda a informação vista e ouvida; eu era uma caixinha, cheia de frases e cenas que não deveriam ter sido vistas, não deveriam ter sido presenciadas ou ouvidas. Eu era a droga de uma enxerida.

A culpa era de meu coração. Era ele que vibrava com certa novidade do namoro abalado de Kylie Johak ou pulava por causa das colas sutis que eram trocadas durante as provas. Nunca chegaram até mim. Mas eles nunca poderiam saber que eu precisaria de qualquer coisa, até mesmo de uma caneta emprestada. Eu era eu. 

Eu era os olhos, os ouvidos, o cérebro, o coração. Era uma mentirinha que eu contava todos os dias ao me olhar no espelho. Eu era apenas eu, tão normal quanto qualquer um.

Talvez.

Mas era patética.

Todos estavam ali, vivendo as próprias vidas, rindo com emoção e sentindo o tremor de suas pernas ao ver aquele garoto lindo na fila da cantina. Elas eram tão únicas, tão ridiculamente iguais, mas tão vivas. Eu as venerava. Invejava-as. Eram todas como eu, de carne e osso, algumas com cílios mais alongados e os dedos dos pés ligeiramente maiores que os meus. Mas eram como eu. Apesar de que não eram.

Tinham as próprias mentes, próprios gostos, manias, hábitos. Tinham um sorriso que pertencia somente a elas, com os dentes da frente entortados que odiavam, mas eu amava. Amava-os de um modo que ninguém jamais conseguira amar.

Eram desconhecidos. Não me viam, não falavam comigo, não compartilhavam temores ou dúvidas comigo; eu era apenas uma bisbilhoteira que eles não notavam, e os amava por isso.

Eu não era como eles.

Era uma garota que usava os sapatos que não serviam mais na mãe e óculos escolhidos pela irmã mais nova. Eu não tinha nada de especial sobre meu jeito de andar, ou de me vestir. Não tinha interesses, não escrevia poesia, não tinha voz angelical, olhos de ressaca ou pernas bonitas. Eu não era única em nenhum modo. Apenas um borrão sem cor, sem nada, sem nem ao menos o próprio borrão. Nada.

Havia uma coisa. Um pontinho colorido em meio a toda essa insignificância.

Meu segredo, que não deveria ser um, mas era, porque ninguém nunca se importou.

Eu colecionava momentos que não eram meus.


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Notas finais do capítulo

Dramático? Talvez.

(Talvez muito).

É só um prólogo mesmo, nada de mais. Em breve vou postar o primeiro capítulo, só preciso achar um tempinho livre.

Só isso, acho. Se você quiser dar um sinal de vida, me mandar um alô, é muito bem-vindo(a).

Xx



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