Edward PDV


Deixei a casa de Bella contra a minha vontade. Eu queria muito ficar com ela. Um segundo sequer que eu me mantinha longe dela, a saudade doía e me fazia querer voltar para os braços da mulher que eu tanto amava.

Porém Carlisle queria conversar comigo. Ele queria saber um pouco mais sobre a gravidez de Bella. Sobre Renesmee.

Renesmee... Minha filha! Eu não conseguia acreditar que eu realmente fora capaz de fazer parte dos genes de uma criaturinha tão linda e perfeita. Era óbvio que os genes de Bella se sobressaíram mais do que os meus, afinal de contas, Renesmee era linda como a mãe.

Eu não via a hora de contar para a minha filha a verdade. A verdade de que eu estava aqui e era o seu pai. E que eu já a amava tanto. E faria qualquer coisa por ela. Seria qualquer coisa por elas duas.
Bella e Nessie eram minha vida agora.

Quando despertei de meus devaneios já estava na porta da minha casa.

Adentrei a sala e encontrei Alice sentada em uma das cadeiras da sala de jantar. Ela parecia concentrada em algo.

- Desse jeito vai acabar saindo fumaça – apontei para a cabeça dela.

Ela sorriu sarcasticamente.
- Você deveria entrar para um circo. Pena que não exista um circo exclusivo para vampiros – suspirou frustada.

Sorri torto.
- Agora eu sou o culpado por estar falando a verdade?- falei aparentando estar ofendido.
- Não seja ridículo Edward.- levantou-se da cadeira e começou a andar de um lado para o outro – Você quando está mal-humorado já é chato, mas quando está com bom humor consegue se tornar mais irritante.

Arregalhei os olhos e fingi espanto. Agora ela estava sentindo o quanto às vezes ela era chata e persistente comigo. Pimenta nos olhos dos outros, é refresco- já diz o ditado.

- Nossa! Se você não fosse uma vampira, eu diria que você está de TPM.

Ela me fuzilou com o olhar. Em sua mente transcorriam diversas maneiras de me fazer calar a boca, e podem ter certeza que não eram das melhores.

Me aproximei mais dela e percebi que realmente algo estava aflingindo a minha pequena e hiperativa irmãzinha.

- Parei com a brincadeira.- falei enquanto levantava as minhas mãos para o alto em sinal de paz – Me diga o que está havendo, ou pelo menos pense se preferir.- sorri torto.
- É frustante! Eu simplesmente não consigo ver o futuro de Renesmee. Só vejo manchas ou vultos ininteligíveis. Eu simplesmente não consigo entender o porquê.- falou cabisbaixa.

Cheguei mais perto e a abracei.
- Existe muitas coisas que a senhorita ainda não sabe.
- Sério? Como o que? Diga Edward...
- Depois conversamos melhor Alice. Carlisle está me esperando. Onde estão todos?
- Bem, Jazz e Emmet foram caçar. Rosalie deve estar no quarto penteando os cabelos, Carlisle está no escritório e Esme estava bordando algo para Renesmee no quarto dela.

Assenti com a cabeça e fui em direção às escadas.
- Ei, Edward! Ainda não terminamos a conversa.
- Depois Alice! Depois.- falei acenando para ela já do último andar.


Cheguei a porta do escritório de Carlisle – que já estava aberta- e adentrei no local. Ele estava sentado em sua poltrona de couro à minha espera.
- Edward, meu filho que bom que veio logo.
- Você disse que queria conversar... E eu realmente acho que precisamos mesmo. Eu saí de casa ás escondidas sem avisá-lo e depois veio a descoberta de Renesmee e... - ele me interrompeu.

- Eu entendi meu filho- colocou a mão em meu ombro me reconfortando- Eu lhe chamei aqui para conversarmos casualmente... Não lhe chamei para te julgar ou algo do tipo. Apenas quero lhe ajudar se for preciso, pois eu sei que você deve estar confuso e ao mesmo tempo feliz, como posso perceber- ele sorriu apontando para o meu rosto que transmitia apenas felicidade.

- É tudo inacreditável ainda Carlisle... Em menos de um mês eu me tornei pai e voltei a ficar perto da mulher que eu tanto amo. Eu estou tão feliz que essa felicidade mal está cabendo dentro do meu peito. Mas...
- Mas...?- ele me incentivou a continuar.
- Renesmee ainda não sabe que sou o pai dela. E eu realmente fico apreensivo em relação à reação dela.

Carlisle se pôs ao meu lado.

- Edward... Tudo tem seu tempo certo. Ela irá saber quando a Bella achar que é o momento. E eu tenho certeza que tudo ficará bem...

Sorri fraco.
- É o que eu mais quero. Que tudo dê certo.

(…)

Expliquei ao Carlisle o pouco que eu sabia sobre esses 3 anos da vida de Bella e de Nessie. Ele ficava fascinado a medida que eu lhe contava sobre a gravidez, sobre o parto e tudo mais. Tanto eu quanto Carlisle nos surpreendemos com a eficácia e dedicação de Rosalie para com a Bella. Eu realmente não esperava aquilo.

Contei para ele também sobre o dom de Nessie. E Carlisle ficou super empolgado com o fato.

Depois de conversarmos, fui para o meu quarto e troquei de roupa. Eu iria dar um beijo em Esme e depois voltaria para a minha rainha e minha princesinha.

De repente uma sensação estranha me ocorreu. Uma angústia e uma confusão de sentimentos me pegou em cheio.

Olhei para trás por reflexo para verificar se Jasper estava atrás de mim de repente. Pois seria a explicação mais plauzível para a onda gigantesca de sensações que eu havia acabado de sentir.

Na mesma hora pensei em Bella e Nessie. Não era uma simples sensação... Pelo menos não era a mim que aquelas sensações pertenciam.

Seria que estaria acontecendo algo com elas?

Diziam que quando amamos muito uma pessoa e essa pessoa se torna extremamente necessária para você, o seu vínculo com essa pessoa se torna tão intenso que dizia-se ser possível sentir se essa pessoa precisasse de você. Se alguma coisa estivesse acontecendo com a pessoa amada, você saberia.

E amor não me faltava em relação a elas duas.
Poderia ser uma suposição, eu não sabia.

Preferi seguir direto para casa de Bella. E a medida que o caminho se encurtava era como se as ondas de sentimentos se intensificassem. E naquela onda não existiam apenas confusão. Eu podia identificar mágoa, medo e raiva também.

Que diabos era aquilo que estava acontecendo comigo?

De repente a onda de sentimentos desapareceu. Simplesmente sumiu.

Por um momento me senti atordoado e parei de correr feito um louco. Será que existia algum outro vampiro que estava me proporcionando àquelas sensações?

Chacoalhei a cabeça.
Improvável. Não havia nenhum cheiro de nossa espécie por ali.

Decidi por seguir devagar para casa de Bella. Alguma coisa ainda me dizia que eu precisava chegar até lá.



                                                    Bella PDV

Renesmee havia descoberto a verdade. E eu não sabia por onde começar a explicá-la o porquê de eu ter escondido aquilo dela.
Eu tive medo. Medo dela não aceitar o Edward. Medo dela se machucar, pois eu ainda não tinha certeza se ele realmente iria ficar. Eu acreditava verdadeiramente que sim, mas quando temos um filho a última coisa que queremos é que eles sofram.

O que eu faria? Mentiria e arrumaria uma boa desculpa para ela?
Teria que ser uma boa desculpa para poder convencer Renesmee.

Não. Eu não faria aquilo. Ela merecia saber...

Aqueles olhinhos cor de ocre me fitavam cheios de lágrimas. Eu não precisava ler mentes para saber que ela estava confusa e com medo.
Eu me senti uma monstra por ter omitido a verdade para ela.

- Filha... Sente-se aqui junto da mamãe.- fiz um gesto com o indicador pedindo para que ela se aproximasse.

Ela veio ao meu encontro e sentou-se na cama de frente para mim. Uma lágrima escorria pelo lado esquerdo de seu lindo rostinho. Me senti sendo rasgada por dentro devido a imensa dor que senti em ver o meu doce bebê chorando.

Com o meu polegar limpei a lágrima de seu rosto. Pequenos espasmos começaram a se tornar visíveis no peito da minha menina. Ela estava sofrendo... E eu mais ainda por vê-la e fazê-la sofrer.

- A mamãe ia te contar... Eu juro que ia meu amor.
- Mas não contou! Você mentiu mamãe... A senhora sabia o quanto eu queria conhecer o papai.- a minha pequena já chorava e a cada lágrima derramada a pedra em meu peito se contorcia de dor.

- Filha... Nem a mamãe sabia que o papai voltaria. Eu fiquei surpresa tanto quanto você está agora.
- Mas quando soube... Não me disse por quê?
- Porque eu tive medo. Medo da sua reação.
- A senhora sempre prometeu que iria me dizer a verdade. O nosso pacto era...
- Nunca mentir uma para outra- dissemos juntas.
- E eu não menti! Quando eu lhe digo que iria lhe contar, eu estou lhe falando a verdade.

Meus olhos ardiam. Eu queria poder chorar também. Era sufocante não colocar toda àquela dor que eu estava sentindo para fora.

- Por que ele voltou?- ela me questionou entre seus soluços.
- Por nossa causa. Como eu já lhe disse, ele não sabia da sua existência. E ele sentia muita falta da mamãe, e então quando descobriu sobre você, ele não pensou duas vezes em voltar para ficar perto de nós.
- Como ele descobriu?
- Através da Dinda Rose. Como você pôde perceber a dinda Rose tem um vínculo muito forte com a família do Edward. O motivo real é porque ela faz parte dessa família. Ela irmã do Edward.

Os olhos de Renesmee se arregalaram e sua boca se abriu com a surpresa desse fato.

- É muita coisa para eu saber de uma vez mamãe.- ela levantou-se e ficou de costas para mim colocando as duas mãos em sua cabeçinha.

Me levantei e fui em sua direção e a abracei. Coloquei as mãos em seus ombros e a virei de frente para mim. Agachei para ficar do mesmo tamanho que ela.

- Eu sei que é muita coisa para você. Eu também sei que você está confusa e com medo, mas a mamãe está aqui. E eu te amo!

Ela ficou me fitando ainda triste e chateada, pelo que pude perceber. Eu não queria que a minha menina ficasse magoada comigo. Aquilo era a última coisa de que eu precisava.

A única pessoa que eu precisava não estava ao meu lado. Eu queria tanto que Edward estivesse comigo naquele momento...

Como coisa de menos de um segundo reconheçi no ar um perfume tipicamente conhecido por mim.
Era ele... Era o meu Edward.

Um sorriso de agradecimento se formou em meus lábios involutariamente enquanto eu ainda estava agachada em frente a Renesmee.

Virei-me para olhá-lo. Em sua testa já jazia uma ruga de preocupação. Ele já sabia... Com certeza Renesmee já devia ter bombardiado sua mente com pensamentos confusos e tristes.

Levantei-me e o fitei com os meus olhos ardendo. Ele me olhava com desespero no olhar. Ele não sabia o que fazer e isso estava visível. Eu queria poder correr e abraçá-lo e despejar toda a minha tristeza em lágrimas no seu peito, enquanto estivéssemos abraçados.

Renesmee olhava para ele fixamente. Seu lábio inferior tremia tentando conter seu choro em vão.
Lágrimas rolavam pelo seu pequeno e perfeito rostinho. E meu peito se comprimia de uma maneira desesperadora ao vê-la chorar por minha causa.


Os lábios de Edward se mantinham em uma linha reta. Ele estava tenso e com medo também.
Para quem pensava que vampiros não se sentiam com medo e desesperados, estavam completamente enganados. Um filho muda tudo. Esse pequeno ser passa a ter a importância mais indispensável na vida dos pais. Passa a ser a razão de tudo. Literalmente TUDO.

Edward suspirou e se aproximou mais de nós duas. Meu olhar acompanhava a cada passada que ele dava para encurtar a distância entre nós.

Ele se postou ao meu lado e segurou a minha mão. Aquele pequeno gesto já havia me reconfortado. Era bom saber que ele estava comigo naquele momento.

Olhei para ele. Meus olhos suplicavam por uma ajuda.
Renesmee começou a chorar de novo. E pior comparada a antes de Edward chegar.

Eu chorava. O som de desespero saía da minha boca, porém as lágrimas não. Edward largou a minha mão e a abraçou. Ela chorava desesperadamente enquanto afundava seu rosto no pescoço dele.

- Shhh! Não chore princesinha.- ele pedia enquanto passava a mão nas costas dela para reconfortá-la.
- Eu sabia que era você. Por isso eu sonhava com você.

Edward se afastou um pouco dela para me olhar. Seu olhar havia questionamento. Porém ele não fazia ideia de que eu estava tão surpresa quanto ele com aquele fato.
Me agachei para ficar do mesmo tamanho que os dois.

- Como assim filha? Você sonhava com ele?- perguntei, confusa.
Ela assentiu.
Edward sorriu. Com toda a certeza ele estava vendo os sonhos dela. E pelo que percebi, ele estava gostando do que ela estava lhe mostrando. E aquilo era injusto porque eu também queria vê-los.

- Me mostre também filha! Deixe-me ver...
Sem ainda dizer nada, ela colocou sua mãozinha em meu rosto e sem um mínimo de dificuldade me mostrou as imagens.

Nas imagens estavam eu e ela fazendo um piquenique na campina. Estávamos felizes e risonhas quando de repente o Edward aparecia a uns 100 metros de distância de nós duas. Ele estava lindo e sorridente. Um dos sorrisos mais lindos que ele dera. Ele não se aproximava mas a felicidade em nos observar era aparente. Eu olhava para Renesmee que sorria da mesma maneira graciosa que o pai, e quando eu voltava para olhar para Edward ele não estava mais lá. E renesmee não estava mas com aquele lindo sorriso nos lábios depois da partida dele.

Ofeguei quando Renesmee retirou a mão de meu rosto. Ainda era surreal a maneira com que Renesmee passava tanta realidade através de um simples e singelo toque.

- Mas filha... Por que você nunca me contou sobre esse sonho? Por que não me disse que já havia visto o Edward em seus sonhos?

Ela olhou para mim com seus olhhinhos inchados devido ao choro.

- Quando eu sonhava com ele, eu pensava que era apenas um sonho... Que ele não existia de verdade. Eu tinha esses sonhos frequentemente. Quando ele não estava no sonho, eu apenas sonhava com o “campo bonito”. Mas aí quando o conheci , eu fiquei um pouco assustada mas eu não pensei muito nisso mamãe... E agora olhando para ele e sabendo da verdade, eu posso dizer que eu sempre soube que ele era o papai. Era por isso que eu já gostava tanto dele sem conhecê-lo antes.- ela deu um sorriso fraco para ele.

Eu ainda estava admirada com tanta coisa. Afinal Renesmee já tinho o dom de nos transmitir imagens. E depois veio essas sensações que ainda não entendemos muito bem e agora... Visões! Uau!
Agora eu que fiquei confusa com tanta informação.

- Isso tudo é extraordinário. - falei olhando para o Edward.
- Eu sei que sim. É simplesmente maravilhoso.- ele me respondeu.

Renesmee nos encarava um pouco confusa. Eu me aproximei mais dela e a puxei para se sentar em meu colo. Já estávamos todos sentados no chão.

- Me perdoa meu tesouro. A mamãe fez tudo errado.
- Nós fizemos tudo errado.- Edward me corrigiu. - Mas você não faz ideia do quanto eu estou feliz por você já saber da verdade. Eu estava com muito medo de você me odiar- ele falou olhando para a minha pequena.

Ela passou a mão no rosto de Edward, que fechou os olhos desfrutando da sensação.
- Eu nunca vou te odiar. E não estou mais triste. Apenas confusa, mas feliz.- sorriu para nós dois.

Ele abriu os braços chamando a minha pequena para um abraço. Ela não hesitou e se jogou nos braços dele.
- Eu só quero que fique aqui pra sempre. Cuidando de mim e da mamãe.
- E eu ficarei. Pra toda a eternidade minha filha.
- É só o que eu te peço Tio Ed... Quer dizer papai. Meu papai e minha mamãe.- ela agora abraçava os dois. Um braço em cada um de nós.

Eu estava completa. Com o homem que eu tanto amava e o tesouro que o mesmo me deu. Eu tinha tudo. E não precisava mais de nada.

Olhei para Edward que tinha em sua face um dos sorrisos mais lindos que eu já vira. Ele também estava completo.
E alí ficamos por longos minutos ou longas horas, eu não fazia ideia. Eu só queria sentir que estava tudo bem ao lado daqueles que eram tudo pra mim.

Do amanhã eu não sabia nada mas o que importava para mim era aquele momento.