Estava logo ali. Só precisava decirdir-se por dar os últimos passos até o artefato impregnado com a mais devastadora magia.

Encará-lo era para poucos, contavam as histórias que o homem fraco ali encontraria sua ruina. Alguns diziam que aquilo mostrava o futuro, outros afirmavam que a magia revelava os mais obscuros segredos e desejos daquele que ousava usá-lo.

No entanto, o que a superfície límpida do espelho revelava era a essência de sua alma. Poucos tinham o privilégio de deparar-se com ele, destes, muitos não tinham a devida coragem. Mas ali estava.

A figura acômica lhe encarava muda. Seu corpo era fraco e frágil, falanges ossudas quase rasgavam a pele fina e completamente coberta por marcas como se as tentasse esconder.

Algumas finas, outras exageradas. Superficiais e profundas. Cicatrizes apagadas sobrepostas pelas ainda arroxeadas de tão recentes; uma para cada pecado.

Desta vida e de todas as outras. Eram muitas então.

Esguio e desconfiado. Custou a olhar-lhe nos olhos, mas quando o fez revelou em segredo toda força daquela magia perigosa. O que viu não confidenciaria nem consigo.

Aquela experiência não era para os fracos. Apenas um homem forte veria na união de suas virtudes e defeitos uma imensurável aprendizagem.