Memórias do Outono escrita por Maxine Sinclair


Capítulo 20
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Chegamos no ultimo capítulo do primeiro livro o/ uhulll



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Porque talvez
Você será aquela que me salva
E no final de tudo
Você é minha protetora

Wonderwall – Oasis

 

            Aaron ficou com aquele anel guardado por algumas semanas. Era incrível como tudo tinha mudado em sua vida desde que conhecera Debra, e a dúvida de que talvez fosse cedo demais para o entregar a ela o atormentava. Com Annie fora tudo diferente, ela fora seu primeiro amor, fora completamente meiga e pensava muito antes de falar para que não fosse grossa. Ele arriscara tudo para tê-la. Com Debra era outro caso, ele já estava mais fechado para o mundo. Ela surgira e revirara tudo, dizendo coisas que ele nunca pensara em ouvir. Ela era mais explosiva, não ligava para o que ele fosse pensar dela, apenas dizia o que lhe vinha à mente.

            Em pé, olhando para o lago Ontário – ele tinha viajado a negócios para Toronto e levara consigo Debra e Abby – ele pensava no que fazer. Lembrou-se de quando frequentava aquele lugar com Annie. Ela amava as ilhas de Toronto, amava aquele país e tudo o que havia nele. Era engraçada a forma como ela via o mundo. Dizia: Nada mais importa, se você está com a pessoa que você ama. Aproveite ao máximo, pois nunca sabemos quando vai ser a última vez.  Como podia uma pessoa que não via maldade no mundo saber sempre o que falar? Como agir e como ser? Perguntara-se por muito tempo como seria se Annie ainda estivesse ali. Pensava que seriam um casal perfeito, mas a vida tem a sua forma de surpreender. Talvez nem estivessem mais juntos, talvez, com o passar do tempo, o casamento poderia se desgastar. Então Aaron ia procurar deixar todas as memórias do outono guardadas como um tesouro em um baú.

            — Olha para cá — Debra pediu surgindo do nada com uma câmera.

            Ele fez uma careta, e ela fez outra para ele. Seu batom vermelho contornava perfeitamente seus lábios.

            — Em que estava pensando? — ela indagou.

            — Em nada, amor. — Deu um beijo em sua testa. — Você está a cada dia mais linda, sabia?

            — E você, cada dia mais mentiroso.

            — Eu, mentiroso?! — fingiu estar ofendido. — Que pecado.

            — Imagina, que isso.

            — Vai registrar tudo mesmo?

            — Mas é claro! As fotos vão ficar no meu álbum e nos quadros espalhados pela minha casa.

            — Você nem mora mais lá.

            — Mesmo assim, fotografias são como memórias.

            Naquele momento ele se sentia tão feliz que então lhe veio a resposta que procurava.

            — Você sabe que encontrou a felicidade quando vive um momento que não quer que acabe — falou no instante em que pegava aquela caixinha preta que estava em seu bolso. Ajoelhou-se enquanto sentia a brisa do porto acalmando seu coração e fazendo os cabelos negros dela dançarem ao vento. — E você é a minha felicidade. — Estendeu a caixinha, na qual o anel de ouro branco e pedras se destacava.

            — Aaron...

            — Senhorita Bennet, você aceita passar a vida ao lado desse cara cabeça-dura, teimoso e chato?

            Os olhos dela lacrimejaram, e ela demorou alguns segundos para responder enquanto todos os olhares curiosos estavam junto com ele em busca de uma resposta.

            — É claro que aceito! — Estendeu sua mão, e ele pôs o anel em seu dedo.

            Aaron se levantou e Debra o abraçou, beijando-o ao passo que todos ao redor aplaudiam.

            — Eu amo você — ela confessou com um lindo sorriso emocionado e os olhos brilhando de lágrimas.

            — Eu também te amo.

            Desde que fora feito o pedido de casamento, Aaron e Debra estavam ficando cada vez mais íntimos e estavam muito felizes. Ela registrava tudo que viviam com fotos. Na casinha atrás da sua casa, ele montou um estúdio para ela.

            — O que acha? — Debra perguntou a Aaron, mostrando-lhe um convite de casamento que era muito bem desenhado.

            — Muito lindo. É o nosso?

            — Se você gostar, sim. Colocaram nossos nomes como modelo.

            — Por mim pode ser esse, é o mais bonito dos que me mostrou até agora.

            — Você fala isso de todos os que te mostro.

            — Porque você sempre consegue se superar.

            Ela lhe deu um olhar brincalhão.

            — Você só sabe me elogiar — afirmou se sentando em seu colo.

            — Porque só tenho isso para fazer. Nem seu cabelo é feio, como vou criticar? — Olhou-a de lado.

             Debra segurou seu rosto e o beijou lentamente, e aos poucos o beijo foi ficando mais profundo. Sentiram arrepios correrem por toda a extensão de seus corpos. O corpo dela se encaixou ao dele. As mãos masculinas percorriam suas coxas. Estava cada vez mais difícil esperar até o casamento, como ela queria.

            — Vocês não acham que está muito cedo para isso?

            — Scott, desde quando tem hora? — resmungou Aaron.

            — Desde que eu não precise ver isso. — Ele riu e continuou: — Vocês já estão arrumados?

            — Já, sim. Vou pegar a Abby. — Ela se levantou e subiu as escadas.

            — Estão se dando bem, pelo visto.

            — Sim, e Victoria? 

            — Vai chegar daqui alguns dias.

            — Prontos? — Debra questionou com Abby ao seu lado.

            Logo saíram, e o motorista os levou até o centro da cidade. Petra os encontrou lá, e tomaram sorvete juntos.

            — Como vai o relacionamento de vocês? — perguntou.

            — Fluindo. É engraçado, porque temos nossas discussões, e quem não nos conhece, acha que é algo apavorante — Debra respondeu. Entreolharam-se e riram da situação.

            — Imagino.

            — Papai, quero suco — Abby pediu com a boca toda suja de sorvete de chocolate.

            — Claro, filha.

            Todos se levantaram e foram para fora da sorveteria. A lanchonete ficava do outro lado da rua.

            — Eu compro — Debra se ofereceu. Aaron assentiu.

            Às vezes as coisas acontecem do nada. Por um momento ele estava rindo e falando sobre coisas aleatórias, e no outro... só escutou um cantar de pneus e, quando olhou, Abby estava caída sentada perto da calçada e Debra estava deitada no chão. Correu até ela e gritou por ajuda. Scott ligou para a ambulância, e o homem que atropelara Debra tentava se explicar. No entanto, Aaron não via nada além de sua noiva sangrando.

            — Eu a conheci — Debra disse querendo chorar e com a voz falha.

            — Quem, meu amor?

            — Annie.

            — Vai ficar tudo bem, okay? Não se mexa, por favor. E do que está falando?

            — Annie me ajudou no hospital no dia de meu acidente. A primeira flor que eu recebi foi dela.

— Debra, por favor, não se esforce. A ajuda já vem.

Ela olhou para o lado, e um sorriso surgiu em seus lábios.

— Ela é tão linda, parece um anjo. Ela está me dizendo: Cuida dele para mim?

Aaron olhou para o mesmo lado e não viu nada.

— Ela está aqui e disse que ouviu suas preces. Aaron, ela ama você e disse que está... — sua voz estava falha, e ela tossia — orgulhosa.

Debra parou de falar. Aaron achou que ela não estava dizendo coisa com coisa. Olhou novamente para onde a morena fitava e não viu nada, mas ao retornar seu olhar para Debra, era como se visse em suas íris o reflexo de Annie segurando seu ombro. Quando virou o rosto, não havia nada. Ao voltar seus olhos para a amada, ela tinha fechado suas pálpebras.

            A ambulância chegou, e os paramédicos fizeram o que tiveram que fazer. Aaron estava completamente confuso. Como Debra conhecera Annie? Como ela nunca tinha se lembrado disso antes? Ele estava totalmente em choque, não sabia o que fazer. O medo de perdê-la era inimaginável... Ele não podia deixá-la ir, não podia perder o seu anjo.

            Algumas horas se passaram, e então veio a notícia: Debra estava em coma. As chances de sobreviver eram de cinquenta por cento. Os médicos não sabiam ao certo com o que estavam lidando.

            Aaron passou os dias no quarto com ela. Não ficava em casa; tomava banho, comia e logo voltava para o hospital. Era tão difícil acariciá-la e não conseguir uma reação dela, ver seus olhos eternamente fechados. Ele falava com ela e não havia respostas, mas tinha fé de que ela o escutava.

            — Já comeu? — Scott perguntou entrando no quarto.

            — Mais ou menos.

            — Aaron, você tem que se alimentar. Debra vai ficar bem.

            — Já falaram o que aconteceu?

            — Disseram que ela foi atravessar e Abby tentou ir atrás dela. Na hora veio um carro, e Debra empurrou Abby para ela não levar o impacto. — Ele suspirou. — Ela a salvou.

            Lágrimas desceram pelo rosto de Aaron.

            — Se tivesse sido Abby, talvez minha filha nem estivesse aqui — sussurrou levando a mão à cabeça.

            — Cheguei — Tori disse ofegante e ficou desesperada ao ver o estado inerte de sua amiga. Ela havia acabado de voltar de viagem e estava preocupada com Debra e louca para ter mais notícias. — Ai, meu Deus...

            — Victoria... eu...

            — Aaron, eu sei que você não tem culpa de nada e, por mais que eu não tenha aceitado muito o relacionamento de vocês de início, sei que a ama e que quer o melhor para ela — após dizer isso, ela abaixou a cabeça e o abraçou.

            Os dias no hospital viraram rotina. Depois que Victoria havia chegado de viagem, Aaron ao menos teve companhia. O medo o consumia.

            — Debra, sei que talvez você nem me escute, mas, por favor, não me deixe. Abby vai sentir sua falta, eu vou... Obrigado por salvar minha filha.

            Lágrimas desceram por suas faces sem que ele pudesse segurá-las. A imagem de Annie morrendo vinha a sua mente, e logo em seguida suas últimas palavras. Ele não queria passar por tudo aquilo de novo.

            Duas semanas se passaram. Naquele dia Victoria e Scott estavam com Aaron no quarto. Tori segurava a mão de Debra, e Scott estava ao lado dele, ambos encostados na bancada perto da janela.

            Tori se assustou e logo chamou a atenção dos dois. Debra mexia os dedos e então acordou.

            — Debra — Tori disse aliviada e emocionada.

            Aaron e Scott se aproximaram da cama, e Debra estava acordada. Aaron foi correndo chamar o médico. Eles fizeram alguns exames e depois liberaram as visitas.

            Nesse meio tempo Aaron tinha ido em casa avisar Abby. Scott e Victoria permaneceram no quarto do hospital, e assim que Aaron entrou, Debra estava sorrindo enquanto Victoria segurava a sua mão. Ele sorriu ao vê-la e se aproximou.

            — Olha quem chegou — avisou Tori.

            Aaron foi até Debra com um sorriso em seus lábios, mas um olhar diferente surgiu nos olhos dela.

            — Eu fiquei tão preocupado, amor.

            E então lhe veio a maior surpresa.

            — Quem é você?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, Um beijo a todos que acompanharam ate aqui.



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