—Nós temos que dar um jeito nisso. -A voz do Batman soava profunda, enquanto Jim Gordon o encarava com uma xícara de café em mãos. -

—Ouça Batman, ela não disse tudo o que precisávamos para executar o plano. Não podemos confiar em Harley Quinn, ela é loucamente apaixonada pelo Coringa, mesmo sendo insana, ela nunca o entregaria.

—Bem, isso não me parece muito recíproco, já que ele a entregou.

—O Coringa não faria nem metade do que ela faria por ele. Para ele, Harley é apenas um peão, alguém que ele possui, alguém que faria tudo por ele, cegamente. -Jim completou, dando um olhar compreensivo. -

—Não sei mais se isso procede, detetive Gordon, ele me pareceu muito abalado quando mencionei Harley, quando eu mencionei uma hipótese. -Bruce respondeu. -

—Você realmente acredita que o Coringa esteja sofrendo a perda da Arlequina?

—É possível, mas ele é um pisicopata dissimulado, os sentimentos dele são profundamente perturbados. Eu não diria que é necessariamente amor mas ele sente sim algo por ela.

—Devemos lembrar que podemos usar Harley Quinn a nosso favor, ironicamente ela poderá ser nossa carta branca contra ele, ela poderá ser o nosso coringa.—Detetive Gordon sugeriu, Bruce Wayne não havia movido um músculo se quer, estava pensando nas consequências que viriam junto com a confiança de Harley Quinn. O Morcego sabia que não seriam poucas, e sabia que seriam tudo menos fáceis. -

—E se houvesse um jeito de fazer Arlequina nos ajudar, cegamente, sem saber que está nos ajudando? Senhor, nós não podemos esquecer, ela é ainda mais louca do que ele, e principalmente, mais destemida do que o Coringa.

—Eu sei disso, nunca poderia me esquecer. Já enfrentei Arlequina cara a cara. Ela é perigosa, sem dúvida é louca mas não é burra. Ela é poderosa, mais do que podemos imaginar. O Coringa não tem apenas uma aliada, não tem apenas uma amante, ele tem uma arma.

***

—Diga-me, e preste muita atenção! Você sabe onde exatamente onde ela está? -A voz do Coringa era intensa, profunda, assustadora. -

—Escuta cara, quer dizer...Majestade. Eu não sei de nada, hoje é meu dia de folga, okay? -O rapaz dizia, claramente aterrorizado. Amarrado em uma das macas velhas no porão úmido e nojento do Hospital de Gotham City. -

—Não minta para mim!-O Palhaço gritou, agarrando o rapaz pelos ombros. -Todos sabem que mentir para mim é uma piada de péssimo gosto. -O Coringa dizia sussurrando a última frase no ouvido do rapaz, que estremeceu. -

—Olhe Coringa, eu juro. Não me mate por favor! Eu tenho um gato pra cuidar. -O rapaz começou a chorar, o que fez o Coringa revirar os olhos, entediado. -

—Oh, é sério? Você tem um gato? -O Coringa debochou, dando uma risada fraca. -

—Te-tenho. -O rapaz gaguejou. -

—Sabe de uma coisa? Eu adoro gatos.

O rapaz não disse nada, nem se atreveu a emitir nenhum som. Tinha o pressentimento de que se falasse algo, qualquer coisa que fosse, poderia ser fatal.

—Agora, me diga. -O Coringa sussurrou. -

—O que, senhor? -O rapaz mal conseguia falar, era como se já não houvesse mais ar em seus pulmões. -

—Me diga...O nome do seu gato. -O Palhaço perguntou, fazendo o garoto mesmo aterrorizado, franzir o cenho brevemente. -

O garoto hesitou.

—É...o nome dele é Gary.

—Olha só que coisa! -O Coringa riu melodiosamente. - Eu adoro este nome.

O rapaz sorriu, nervoso, tentando agradar o Rei.

—E sabe de uma coisa? Eu acho que eu e o Gary vamos nos divertir muito! -Ele falou mais alto animado com o maior sorriso que o rapaz já havia visto em sua vida. -

—Por favor não, é só um gatinho. -O rapaz começou a chorar. -

—Oh não! Não se preocupe, eu não vou machucar o gato. Ele não vai sentir nadinha. Eu apenas o quero empalhado em minha parede.

—Tudo bem, vou dizer o que eu sei! -O rapaz de repente exclamou. - Okay,  eu costumava vigiar a Harley, eu era o responsável pelos remédios dela, a comida, esse tipo de coisa. Até que um dia, a alguns dias atrás, apareceu um detetive do Departamento de Polícia de Gotham City, procurando ela, ele dizia que queria apenas conversar.

O Coringa contraiu o maxilar, estava nervoso, irritado.

—Então ele entrou lá, na solitária e ficou lá dentro por umas duas horas, ou sei lá. Depois que ele foi embora, ela surtou, tentou me morder, pulou em cima de mim e simplesmente pirou, tipo, sabe...Mais do que o normal.  E aí eu pedi uns dias de folga, porque, cara! Sem querer ofender mas a tua mina é louca.

—Então...Qual é o seu nome? -O Palhaço perguntou de repente. -

—Meu nome, é Jacob. -Ele soou nervoso, mas havia parado de gaguejar. -

—Muito bem, meu caro Jacob. -O Coringa sorriu, de orelha a orelha, encarando Jacob nos olhos. - Você e eu, vamos ser amigos.

—Nós vamos? -Jacob sorriu fraco, ainda com medo. -

—Sim, sim nós vamos. E como meu amigo, você vai me ajudar a entrar em Arkham, vamos fazer uma visitinha para minha amada Harley.

***

—Pundinzinho...-Harley sussurrava, enquanto dormia em um sono profundo. -

—O que será que ela sonha com ele hein? -Um dos guardas perguntou ao outro do lado de fora da cela de Harley. -

—Provavelmente, alguma sacanagem. Essa daí é perigosa irmão. -Respondeu o outro rindo. -

—Eu sou é? -Arlequina sussurrou para os dois seguranças pela janelinha em sua cela. -

—Jesus Cristo garota! -Um deles exclamou, fazendo Arlequina rir, uma gargalhada alta. -

—Fica quietinha aí coisa linda! Você não quer problemas, quer? -O outro falou. -

Harley riu novamente, dessa vez, mais alto.

—Ah, mas isso é o que eu mais quero. -O segurança riu, revirando os olhos. -

Aqui é da Central, temos um problema! Estamos sendo invadidos, é coisa pesada, eles não estão brincando! Todas as unidades se apresentem na Central agora mesmo!

Repito, todas as unidades na Central agora!

  Os seguranças de Harley logo se retiraram, ela ficou confusa, e esperançosa.

Qual é o problema Capitão?

Um deles perguntou no rádio.

Ele está aqui, por uma paciente bastante específica, e não vai desistir tão fácil.

Quem é senhor?

...

Senhor? Responda!

Uhul!! Adivinha quem é? -A voz do Coringa ecoou no rádio. -

—Puta merda! -Um deles exclamou. -

—É isso aí, papai chegou!

Mais uma vez a risada ecoou pelos auto falantes. Fazendo Harley sorrir.

—Pundinzinho! Eu sabia que viria me buscar!