MELLORY — entre Deuses e Reis escrita por Lunally, Artanis


Capítulo 3
O desafio dos Anciões — escolhida de Caius


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o finalzinho da Luna, meio grandinho, né? Mas vão adorar essa narrativa♥
Ela é uma personagem bem especial (Sim, ela sofre de probleminhas) ~kkkk



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Lisa tinha feito um belo jantar para seu marido e cunhada. Era uma família muito feliz. Diante da grande mesa de madeira com fartura de variados alimentos e bebidas, os três desfrutavam o momento.

Lunally estava de forma muito suspeita e incrivelmente amável. Mais cedo ela tinha escrito uma carta de sete paginas, frente e verso para que quando o Líder dos Anciões fosse contar a verdade e ela estivesse no templo, seu irmão pudesse ler e entender o porquê daquilo tudo.

Ela estava inquieta e não queria ir para a floresta, era como se jogar na morte. Porem o medo de provocar a ira do Deus, ou até dos anciões foi maior, então mais uma vez vestiu sua armadura de coragem e foi em frente pelo seu destino.

— Tenha uma boa noite querida. — Lisa deu um beijo na testa da Luna, teve que levantar os pés e Lunally abaixar devido à altura, mas tudo deu certo. Lunally escutou batida de coração fraca e infantil. Encarou a barriga de Lisa. “está grávida” — pensou, esse era o dom da garota, ela sentia as coisas. Sorriu de forma radiante e olhou orgulhosa para Lisa, está seria mãe de seu sobrinho querido, que ao menos Luna queria um dia conhecer. Não revelou nada, deixaria que os novos papais descobrissem.

Seguiu para seus aposentos no segundo andar. Já tinha preparado uma pequena mochila para sua fuga. Planejou com os anciões que seria hoje, noite de lua nova, que indica tempo para fazer coisas importantes que antes não pudera ser feitas.

Tomou um banhou rapidamente sem luxos, não colocou os sais e aromas que gostava na água. Fazia tudo como se tivesse sendo observada, ou como se alguém fosse pegar ela em meio ao ato. Decidiu vestir um yukata, solto e leve, para não atrapalhar ela andar, algo que a deixasse confortável.  Preferiu de cor verde clara, bordado de flores rosa delicada e com um obi dourado. Sendo, por incrível que pareça, seu traje mais discreto em seu guarda-roupa.

*

A Lua nova já estava escancarada na imensidão negra do céu. Lunally de forma tão hábil que nem a própria acreditou saiu de sua casa, como se seus passos fossem coordenados, como se estivesse sendo guiada; e foi para o muro de arvores que determinavam o fim de Golty e o começo de Mellory.

Lá estava o Ancião e alguns de seus subordinados.

— A floresta sabe quem vai para o bem e quem vai para o mal. — contou o velho ancião. — Ela te protegerá e o Deus cervo também. Deve ir sozinha.

Lunally estava prestes a surtar e bater no velho. Mas sentiu algo e olhou dentro da floresta, viu o mesmo cervo que tinha visto na manhã.  Voltou à atenção para o ancião. — Se algo de ruim me acontecer, eu jogo a fúria dos Deuses sobre você. — ameaçou a menina. Não era por mal, mas sua armadura de coragem não estava mais protegendo seu ser do seu próprio medo.

O ancião assustou, não pela ameaça, mas por Lunally não questionar de ir sozinha. Acompanhou pelo seu olhar a garota delicada, pequena, loira, de pele alva e fácil de machucar, entrar sem olhar para trás, na floresta de Mellory. O ancião ficou orgulhoso, aquela menina que lembrava sua mãe em todos os aspectos cresceu, e se tornou a esperança que precisavam.

Mas não acabou ainda tinha muita coisa a ser resolvida, e a primeira dor de cabeça do ancião, seria Daniel. O velho segurava a imensa carta que Luna mandou entregar, faria isso, e rezaria por boas coisas, ou pelo menos, para que ruins não acontecessem.

QUATRO

O cheiro úmido no ar irritava o nariz e atrapalhava o olfato de Lunally.  A garota pensava e repesava milhares de vezes em voltar para casa, mas nem sabia mais onde estava. Os galhos torcidos e espinhosos pareciam se mover e tampar o caminho atrás dela. Talvez a própria floresta estivesse tentando prender a garota em seu interior, só a simples hipótese disso arrepiou todos os pelos que Luna tem no corpo.

Ao mesmo tempo em que achava que tinha andando muito parecia que não saia do lugar, a floresta era homogênea em sua estrutura cada lado que ela fosse parecia igual. O silencio insuportável enlouquecia Luna, que odiava lugares parados e sem o som da alegria das pessoas se comunicando. Esta não viu nem uma formiga se quer zanzando por ai. A floresta de Mellory, desde que ela entrou, estava vazia.

A menina não sabia dizer se era bom ou ruim, talvez os animais estejam melhores escondidos, ou quem sabe estejam esperando o momento certo para atacar ela. A falsa coragem que Lunally tinha se revestido partiu no meio e o medo reinou em seus pensamentos. Imaginava de tudo que fosse ruim e assustador, virava para trás e olhava para os lados repetidas vezes e segurava sua pequena bagagem junto ao peito, andava rapidamente, tinha uma vaga noção de onde ir.

Abaixou e colocou a mochila na terra suja de sangue, folhas secas do outono e outras coisas que Lunally não sabia e não queria saber. — Onde está o mapa? — vasculhava rapidamente a bagagem, achou um pedaço bem dobrado de papel e abriu este o sacudindo no ar. Visualizou o trajeto que deveria seguir, catou a mochila e foi andando com o mapa aberto, sabia que era longe a viagem até o templo. Lembra-se que de carruagem era uns dois dias, e com a lentidão e medo que ela estava demoraria uma semana para chegar ao destino.

Conforme foi caminhando na floresta e nada acontecia, Luna se acostumou com o ambiente e talvez seu medo tivesse diminuído. Mas não significava que ela não estava alerta com tudo, pelo contrario.

— Gosto disso em você! — uma voz branda, fina, parecido com um locutor de festivais exclamou.  Lunally deu um pulo exagerado e fez posição de ataque. “Quem eu estou enganando? Eu não sei matar nem uma barata” — pensou Luna tremendo da cabeça aos pés, virava pra os lados mexendo os braço e pés, como se tivesse dando socos e chutes.

— Atrás. — zoou a voz e Lunally devagar virou para trás e viu nada mais do que o cervo de antes.

Endireitou-se e largou a mochila e mapa no chão. Piscou algumas vezes, olhou para os lados. — Você fala? — apontou para o cervo que estava com a cabeça inclinada e um sorrisinho cínico.

— Como Deus eu posso tudo. — anunciou o cervo que começou a andar em círculos em volta da menina. — Quem diria que uma súdita minha tivesse coragem de vir aqui. — analisou a expressão de Lunally que parecia estar em pânico com os olhos arregalados e a boca escancarada, seus dedos finos e pequenos tremiam.

Lunally deu alguns passos para trás não estava sã, não acreditava no que via e ouvia. — Caius?

— Sim? — parou de andar.

Lunally de transfigurou de pânico para raiva. Encheu a bochechas de ar e pressionou os lábios, enrugou o cenho e fechou as mãos em punhos. Foi na direção do cervo que estava tranquilo. — Não acredito que você aparece justo agora! — berrou Luna.

Caius fica confuso.

— Depois de cinco séculos! Você tem noção do desespero do povo de Golty?! — Lunally levantou as mãos e ziguezagueava no lugar onde estava. — Têm gente morrendo, viado! — gritou na cara do espírito que estava perplexo com a garota. — E de repente você resolve mandar os anciões me sacrificarem na floresta! Onde está seu senso moral? Não percebe que não sirvo para isso? — Luna reclamava e se exaltava sem parar, ela tinha que jogar todos seus medos e revoltas em cima do Deus.

O cervo prestava atenção em cada uma delas e balançava a cabeça. Até que se cansou de ouvir. — Chega. — ordenou e Luna obedecendo cruzou os braços levantou uma sobrancelha e encarou o espírito de forma furiosa. — Primeiro, para de ficar nervosa, pois eu que deveria dar o sermão. Foram vocês que pecaram! — Caius fala se sentindo repremido pala garota e tentando se sobressair.  — Segundo, você não um sacrifício. Quem te falou isso? Você é escolhida. E serve muito bem para o cargo. — o cervo bufou e se transformou em um homem de cabelos loiros claros compridos e soltos com olhos verdes brilhantes. Seu físico era magro e fino, era muito bonito e bem vestido. Trajava uma túnica branca com desenhos na mesma cor só que tons diferentes, e bem repartida e costurada. — Terceiro e ultimo, olha como se comporta na frente de um Deus! Tenha mais respeito.

Lunally se acalmou e virou os olhos. — Desculpe-me. — pareceu triste. — É que você não tem noção do quanto está difícil sem você. — os olhos azuis da menina se encheram de lagrimas.

O cervo se emocionou e sorriu de forma carinhosa, abriu os braços e Lunally veio até ele o abraçando. Era estranho como sentiu uma confiança e afeto instantâneo por aquele espírito. Ele parecia ser um salvador.

— Sinto muito minha pequena súdita. — desculpou-se Caius abraçando mais forte sua escolhida. — Eu também tenho minhas falhas e duvidas. Senti medo e afastei, mas tive motivos para isso, assim como venho para falar com você e tentar dar mais uma chance. Uma chance para você e para mim, para nós!

— Porque tudo isso? — indagou Lunally se afastando do cervo prestando atenção em suas palavras.

— Por causa de vocês, meus devotos. Pelo amor que tenho por vocês. — explicou o cervo caminhando para o centro da floresta e Luna o seguiu. — Eu não sou muito forte em questão física, sabe? — o espírito olhou envergonhado para a menina. — Nem muito inteligente em estratégias e rico... Mas sou bom em proteger e curar. — falou feliz e ressaltando a ultima parte.

— E? — questionou Lunally. O cervo só estava falando coisas obvias.

— Não entendeu? — Caius ri de forma meiga e continua sua explicação. — Se eu continuasse abençoando vocês da mesma maneira que antes o que aconteceria? — a voz do deus era tão confortante.

Luna pensou um pouco. — Inveja, guerras, mortes, por ai vai. — Concluiu.

— Eu poderia proteger meu povo disso? — perguntou o obvio.

— Claro que não. — a garota respondeu desanimada. — Se não pode proteger, você apenas manteve contato para não perdemos a esperança e afastou para não corrermos riscos, certo? — deduziu toda a lógica que o cervo estava tentando mostrar.

— Exato! Viu? Você é uma ótima escolhida! — afirmou animado juntando as mãos e balançando o corpo.

— Mas porque agora está pedindo para Golty se arriscar? Porque tenho que estar aqui? Em Mellory? —indagou confusa e descrente. Sentou-se não chão mesmo, pois suas pernas estavam doendo, era sedentária demais para essas aventuras extremas.

— Porque não sou só eu que estou agindo. — contou Caius agachando na frente da menina. — Os outros espíritos escolheram a quem usar de cada reino. E eles querem restabelecer a comunicação, mas, claro, precisam saber se o povo é de confiança realmente. E precisamos derrotar nosso inimigo em comum: Kalisse, a raposa.

Lunally conhecia bem a historia sobre o jantar que mudou a equilíbrio natural. Era bem popular, e todos sabiam que a raposa era a traiçoeira, só não desacreditaram totalmente nela, porque depois da vingança dos Deuses essa foi à única que ofereceu amparo para seu povo.

— Então no templo tem uma arma que derrotará Kalisse?

— Claro que não! — debochou Caius levantou-se e andava mais ainda para o centro da perigosa Mellory. — Não sou capaz disso, provavelmente os Dragões são os mais qualificados para derrotar Kalisse, ou qualquer outro ser desse mundo. — ponderou, pois pelo que todos sabem os Dragões eram fortes de modo exagerado.

— O que tem lá dentro então? — vociferou cansada de tanta enrolarão.

— Não posso te falar, tem que ver! — Caius falou como se estivesse super na cara o fato. — Na verdade o templo sempre existiu, este era do fruto uso de todos os Deuses, o ponto de encontro e paz de todos, mas os humanos não podiam ver. Só que eu fiz com que ele se tornasse visível, e que fosse bloqueado para os que não fossem de minha vontade.

— Como fez isso? Tu és fraco! — Lunally contestou andando atrás do Deus que começou a se afastar, com um pouco de dificuldade, o chão estava mais encharcado e tinha muitos cipós que enrolavam em seus tornozelos, provavelmente o rio passava naquele ponto da floresta. O sol já não era mais visto, o topo das arvores bloqueavam todo o brilho do céu, sem restar nenhuma fresta.

— Tenho meus meios, mas digo que foi trabalhoso. — exibiu-se o cervo. — Mãe natureza que nos abençoe. — estendeu as mãos para cima sorrindo.

Andaram por um tempo conversando sobre os acontecimentos em Golty, sobre os avanços na medicina, uma área que interessava aos dois. Sobre as bases de proteção e abastecimento. Lunally tentava lembrar-se de tudo que seu irmão insistia em lhe ensinar sobre o planejamento do governo para contar para o Deus, provavelmente este sabia sobre tudo isso, mas mesmo assim era legal conversar isso com Caius, que atenciosamente dava importância para cada tópico e dissertava de forma produtiva sobre tudo. Era um deus atencioso.

Lunally até pensou que deveria escrever outra carta para seu irmão, contando o que aconteceu e sobre as ideias de melhoria para o reino que Caius sugeriu. Mesmo que o Deus pudesse falar por si só, Luna sabia que ele se recusaria, pois estava com receio ainda e precisava se manter afastado até o plano que ele tinha ser completado.

A garota gargalhou ao pensar que seu irmão nem tivera tempo de ler sua primeira carta — a de sete paginas explicando sua fuga — então nem tinha como já ler a que estava pensando em fazer, e nem sabia como mandar a carta para ele levando e conta o lugar que estava.

Luna estava distraída em seus pensamentos e percebeu que Caius não falava mais, olhou para a floresta e se encontrava sozinha no local.

— Merda! — berrou frustrada. — Então é assim? Eu fico com a parte difícil?! — percebeu que o cervo não iria voltar e continuou a andar pela Mellory.


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Notas finais do capítulo

Caius é mesmo um atrevido, deixou sua escolhida prosseguir sozinha na perigosa Mellory, e agora?
Essa floresta tem seus segredos e é muito mais do que pensam. Será que vão explorar ela ou se acovardaram pelos mitos do lugar?



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