I'm by your side. escrita por Nicolle Lima


Capítulo 3
Você não o tem de verdade.




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Já era tarde quando Mary se levantou da cama para preparar um chá, as noites não eram mais as mesmas desde que toda a verdade foi relevada. Ela pensava e pensava, mas não sabia o que fazer e nem como fazer. Conversar com Regina era preciso, porém o sentimento que odiava sentir em seu coração estava a incomodando; a revolta e isso a impedia de vê-la, não queria agir de cabeça quente. Mas sabia também que não poderia deixar passar em branco tudo que sua ex madrasta fez a todos e principalmente a David. 

Em um ato súbito, Mary coloca seu casaco e abre a porta de casa. Estava uma noite fria na rua, mas mesmo assim caminhou em direção à delegacia que ficava próxima de sua residência. Retirou do bolso as chaves que abriam o lugar e sem fazer barulho adentrou o local. Ela a olhou deitada na cela, ficou sem reação por um momento. Apesar de tudo, sentia pena de Regina, todavia se perguntava o por quê de nutrir isto dentro dela por uma pessoa que merecia o pior dos castigos. 

— Eu sei que está ai. - Falou Regina ainda deitada com os olhos abertos e fitando a parede. - O que quer? 

— Sua vida deve ser cheia de solidão se sua única alegria é destruir a felicidade de todos. - Disse de uma vez. - E é tão triste, Regina. Porque isso não te fará feliz, só deixará um imenso buraco em seu coração.

— Minha alegria seria se eu destruísse a sua felicidade. - Levantou-se.

— Você conseguiu. - Falou e a rainha a encarou. - Ele não está bem por sua causa. - Referia-se a David.

— Isso não é meu problema. Pelo contrário, é sua culpa! - Exclamou como se não se importasse com o amor de sua vida.

— Ah não! - Mary sorriu sarcasticamente não crendo no que ouvia. - Não, não me culpe pelo seus erros. David não tinha nada a ver com isso. Você é o pior dos seres humanos.

— Quem pensa que é para me dar lição de moral? Só retribui sua gentileza de anos atrás.

— Oh meu Deus! Pare de insistir nisso! - Snow estava com seus olhos já marejados enquanto a rainha mantinha sua postura fria. - Eu era uma criança, aquilo nem se compara com o que você fez. Não foi eu quem tirou Daniel de você. 

— Pode não ter sido, mas você foi a responsável.

— Eu sabia que isso não daria certo. - A moça respirou fundo. - Você sempre traz à tona esse assunto.

— O que está fazendo aqui a final? - Regina questionou. - Já se deu conta de que horas são? Que eu saiba presos não recebem visitas de madrugada. 

— Eu não deveria ter vindo, eu sei. Ainda mais neste horário. Mas quero que deixe David em paz, nós deixe em paz. Você já estragou a vida dele o bastante.

— Não era isso que ele dizia quando estávamos juntos. - Disse irritado-a.

— Você nunca mais vai se meter com ele, porque eu não deixarei. Seja lá o que planejar fazer, isso você não irá conseguir. Nem que eu tenha que lutar com todas as minhas forças.

— Você é tão corajosa que me deixa até orgulhosa. Tem sorte de eu estar presa, porque a vontade que estou de arrancar seu coração e transformá-lo em pó você nem pode imaginar. 

— Espero que fique muito tempo ai, tempo suficiente para se arrepender de suas crueldades.

— Você sabe que eu vou sair daqui, não sabe? E quando sair a primeira coisa que irei fazer é te matar na frente de todos.

— Você não pensa em Henry? - Mary pergunta indignada. - O quanto ele está sofrendo com isso?

— Não meta meu filho nisso! - Responde furiosa. - Eu sei que estão fazendo a cabeça dele contra mim. 

— Ele é inteligente o bastante para isso, Regina. Você mesma fez com que ele se afastasse de você. - Snow fala com tristeza e a deixa novamente sozinha na delegacia. 

 

 

 

"... -  Ela deve ser presa. Por sua segurança, e o mais importante, pela nossa." 

 

 Regina podia escutar a voz irritante de Branca em sua mente cada vez que olhava ao redor daquele pequeno cômodo que estava.  O ódio que possuía pela mulher não diminuiu em nada, pelo contrário, somente aumentou depois da princesa recordar-se de quem era. Mas não tinha a ver simplesmente por isso, havia muitas outras coisas que enraivecia o coração da Rainha, coisas que ela mesma se amaldiçoava de sentir. Com sua irritação ao extremo, ela resolve tentar utilizar seu poder novamente, para que assim pudesse finalmente sair daquele detestável lugar e recuperar seu filho. 

— A magia é diferente aqui... Querida. - O velho Rumpelstilstkin falou aparecendo de repente na delegacia com sua velha bengala e terno preto.

— Eu percebi. - Regina o olhou com um sorriso sarcástico. - Imagino que isso tudo seja obra sua. 

— A maioria das coisas são. - Respondeu prontamente sem deixar de encara-lá. 

— Vá ao ponto, Rumple. O que você quer? - Indagou com um tom de irritação. - Veio terminar o trabalho? 

— Não, não, não... - Andou mais para perto. - Você está a salvo de mim. 

— Me sinto tão aliviada. - Disse com deboche. 

— Eu prometi à alguém que não a mataria.

— Quem conseguiria isso de você?

— Belle

 Regina engoliu em seco ao ouvir o nome, relembrando os motivos que a fizeram deixa-lá presa durante o tempo da maldição e podia imaginar o que ele queria ali. 

— Ela está viva? - Fingiu-se não saber do assunto. 

— Você é uma péssima mentirosa. - Podia-se ver o sentimento de vingança transformando Rumple naquela hora.

— Eu poderia tê-la matado. Mas não o fiz.  - Justificou-se. 

— Fez bem pior que isso. - Ele se aproximou dela. - Você a manteve viva para que a pudesse matar quando lhe fosse conveniente. Um destino pior que a morte. O qual, incidentemente, é exatamente o que acontecerá com você. - Quando menos se esperava, Regina sentiu seu braço ser puxado violentamente para fora da cela, sendo agarrado por Rumple

— Isso é...? - Questionou se dando conta do que aquilo significava.

— Sim, querida. A única coisa na qual ninguém pode escapar. Destino. E eu prometo, o seu é particularmente desagradável. - Ela se livrou dele imediatamente, observando o desenho sua mão.

 

—___

 

A noite chegou rápido enquanto Regina permanecia fitando a marca em sua mão e como ficava cada vez mais aparente. Ela podia escutar os gritos das almas que estavam presas tentando escapar, na medida que a luz piscava repetidamente. 

— Olá. Quem está aí? - Ela disse alto, prestando atenção nos sons que ouvia. 

E quando viu Wraith¹  ali, voando vagarosamente em sua direção todo encapuzado, seu coração acelerou. E logo em seguida, o monstro de olhos vermelhos arrancou as grades

da cela, jogando-as para longe. Regina levantou-se boquiaberta, sabendo que não tinha para onde fugir, ela estava de frente para ele, temendo-o por não ter magia para se defender. Talvez pudesse correr dele, mas não estava raciocinando direito. Aliás, não teria para onde, ele sempre a acharia. A mão foi posta na frente do corpo e ela sentiu a magia sair de lá, sugando sua alma dolorosamente. Ela tentou dizer algo antes de ser atacada, mas falhou assim que ele começou a agir. 

 

 

David apareceu vendo a cena e correu, pegou uma cadeira e arremessou sem muito sucesso, quando seu caminho foi desviado. O sugador de almas o lançou longe, e Emma se protegeu ao lado de sua mãe. 

— Aqui! - Branca pegou algo e o fogo se acendeu na frente dele prontamente, fazendo-o se assustar com aquilo e sair pela janela quebrando o vidro. O príncipe viu Regina ao chão, tossindo e respirando ofegantemente mas resistiu-se à ir lá. Emma adiantou de ajuda-lá.

— O que era essa coisa? - Snow questionou 

— Um Wraith. - Regina ficou em pé, respirando com dificuldade. - Um sugador de almas. 

— Você o matou?

— Não, ele se regenera. Vai voltar. Ele não para até conseguir devorar a presa... Eu.

— Então como o matamos? - A salvadora tomou a frente. 

— Não há como. Não pode matar algo que já está morto. 

— Então temos um problema. 

— Não, não temos. - David se pronunciou sério e a olhou. - A Regina tem.

Ela não esperava isso por parte dele, mesmo depois de tudo que aconteceu. Ele permitiria que a machucassem? Para onde foram aquelas promessas que jurava quando estavam juntos? Regina balançou sua cabeça, afim de despertar dos pensamentos idiotas que invadiam sua cabeça. 

— O quê?

— David... - Branca o chamou, também não acreditando. Apesar da situação complicada que tinha com a malvada rainha, ela não poderia deixa-lá sofrer desse jeito. Seu coração sempre falou mais alto, não se importando com o quão cruel a pessoa fosse. 

— Vai deixa-lá morrer? - Emma perguntou.

— Por que não? - Ele continuava a encarando e Regina sabia que aquilo era por causa de sua vingança, que o usou como dizia. Ele estava cego. - A coisa vai embora e estaremos seguros. 

— Que belo exemplo está dando a sua filha. - Rebatei incrédula. 

— Não, você não pode nós julgar. - Ele quebrou a distância que estava entre eles, apontando o dedo para ela.

— Deixe-me perguntar algo. De onde você acha que essa coisa veio? Gold. 

— Fiz uma promessa ao Henry. - Emma o lembrou. - Ela não vai morrer. 

— Se não podemos matá-lo, o que sugere? 

— Mandar a algum lugar que não possa fazer o mal. 

 

Então o plano seria esse; mandá-lo de volta para um local no qual não poderia saire assim não poderia fazer nada à ninguém. A rainha pegou o chapéu de Jefferson, antigo portal para tentar realizar a estratégia. Sua magia estava enfraquecida e ela não entendia o motivo, era como se estivesse limitada demais para um simples feitiço. 

— Vamos, Regina. - Branca disse ao ver Wraith entrar na prefeitura, enquanto David tentava enganá-lo com uma vassoura em chamas. 

— Eu sei. - Regina tentou fracassadamente fazer o portal funcionar. 

— David! - Gritou a princesa, o alertando para tacar fogo em lugares específicos 

 – Rápido! - Disse para Regina. 

— Não está funcionando. - Falou ela. 

— Qual é o problema? - Emma inqueriu. 

— A magia. É diferente aqui. 

— Agora seria um bom momento! - Ele verbalizou com dificuldade de livrar-se do monstro. 

Emma abaixou-se e pegou no braço de Regina, e logo o portal foi aberto. Um redemoinho roxo surgiu no meio do salão, surpreendo ela que percebeu que a salvadora também possuía magia. 

— Está indo! - David afirmou caído ao chão.

— Regina! - Emma gritou a empurrando para ser salva, mas acabou sendo puxada por ele, caindo no portal. 

— Não! - Mary e Nolan se desesperaram ao ver a filha indo embora. - Não vou perdê-la de novo. 

E assim David tentou pular para dentro do chapéu ao lado da esposa, mas era tarde demais. O que apenas aconteceu, foi ir de encontro ao chão, vendo que Emma e Mary não estavam mais lá. 

Regina ficou paralisada, vendo-o inutilmente mexer no chapéu, na esperança de ser reaberto. 

— Onde estão elas? - Ele se levantou completamente transformado.

— Não tenho ideia. 

— Elas estão mortas?

— A maldição destruiu tudo que havia.

— Elas estão mortas? - Alterou-se mais ainda. 

— Eu não sei. - Regina responde à altura. 

— Eu mesmo deveria ter lhe matado. 

— Então o que está lhe impedindo? - O desafiou. Queria acabar de uma vez com aquilo, ele realmente não a amava mais e percebia-se isso pelo sua feição de ódio. Jogou-o contra a parede com magia, o prendendo. - Você pensa que é algum príncipe herói? Por favor, você não passa de um filho de pastor. Deveria ter lhe matado quando pude, mas fui tola! Tentei fazer isso ser fácil para nós dois, porém, você não cooperou. Tentei fazer do modo que nenhum de nós saísse machucado, mas você insiste em me machucar...

— Não se faça de vítima, não combina com você!

— Mãe? - A voz de seu filho chamou sua atenção, temendo pelo pior ao lado de Ruby. 

— Henry, o que está fazendo aqui? 

— O que está fazendo? - Ele parecia assustado. 

— Está tudo bem. Está seguro agora. - Ela soltou David. 

— Onde está minha mãe e... ?

— Se foram. Caíram em um portal, elas... Henry, eu sinto muito. 

— Não, não sente. Você realmente é a Rainha Má. Não quero te ver novamente.

— Não diga isso. - A frase saiu embargada pelo choro que a impediu. - Eu te amo. 

— Então prove. Traga Emma e Mary Margaret de volta, e até lá me deixe, deixe todos em paz. 

— Onde você vai?

— Comigo. - David disse.

— Você não pode levá-lo.

— Quem escolhe é ele! 

— Preciso falar com você. - Regina disse.

— Eu não quero conversar com você.

— Henry, vá na frente com Ruby. - Pediu ela. 

— Não tenho tempo para suas bobagens, Regina. Se não sabe, tenho que dar um jeito no caos que você deixou nessa cidade e recuperar as pessoas que eu amo. - Falou saindo, sem aos menos deixá-la terminar..

   Depois de uma noite mal dormida e das várias vezes que foi ao quarto de Henry, na esperança dele estar lá, Regina resolveu sentar e refletir. Estava confusa, e por mais incrível que pareça, estava sentindo... Medo, só não sabia o porquê. Sempre foi uma mulher confiante, persistente e que não era de cair fácil na lábia dos outros. Mas parece que dessa vez foi diferente, ela sentia saudades de momentos. Momentos esses que não sonhava que teria, que a fez feliz por um curto tempo. Se perguntava quando deixou seu coração falar mais alto que sua mente, que seus planos. Existia várias razões pela qual ela estava se martirizando, Regina definitivamente estava em um buraco sem saída.

Não queria admitir, porém estava apaixonada. Uma lágrima escorreu sobre suas bochechas, lembrando do segredo que guardava consigo. Segredo esse que a deixava sem saber o que fazer observando ainda o pequeno teste em suas mãos e como as duas linhas rosas se faziam mais presentes com o passar dos minutos. Ela estava grávida... Realmente grávida e não podia acreditar nisto. As coisas estavam todas fora do lugar neste momento e ter um bebê era péssimo, por mais que já o queria tanto quanto queria que o pai estive presente naquele momento dividindo esta alegria com ela. 

Em meio há tantos devaneios, Regina ouviu batidas um tanto fortes em sua porta e podia imaginar quem seria, levantou-se para atender logo em seguida. Após abrir a porta, não ficou surpresa com a ousadia de Nolan, entrando sem ao menos pedir licença. 

— Diga-me sobre isto. - Ele se referiu ao chapéu, que mais se pareciam trapos velhos. 

— Surpreende-me que não ande com guardas o tempo todo, príncipe. 

— Não é necessário. Ambos sabemos que se sair, há uma fila gigante de pessoas que querem sua cabeça. 

— Quem se arriscaria a me atacar? - Ela fechou a porta e disse.

— Arrisque-se, então. Mas aquele seu truque de papel de parede foi uma anomalia. Se tivesse suas habilidades, a cidade já estaria em cinzas.  Está tendo problemas com a magia, não está? - Continuou com tranquilidade. -  Neste momento, a única coisa que a mantém viva, é o desejo de Henry. - O olhar que ela o lançou foi com um pouco de tristeza.

— Sei que não é só por Henry que ainda estou viva. 

— Agora, isto. - Mudou-se para o assunto anterior.

— É o chapéu que mandou suas queridinhas para longe. - Subiu as escadas do hall, o deixando para trás.

— Onde o conseguiu?

— Estava há muito tempo esquecido. Sabe de uma coisa? Talvez devesse se preocupar menos com chapéus, e se preocupar mais em cuidar do meu filho. 

— Porque você cuidou tão bem dele. 

— Não ouvirei sermões sobre como cuidar de crianças de um homem que colocou sua filha em uma caixa e mandou para o Maine

— Certo, escute.  Preciso da minha família. Há magia aqui agora. Tem que ter um modo de segui-las.

— Segui-las aonde? Em um vácuo sem existência? E boa sorte em conseguir magia para trabalhar, porque como disse, você não passaria de cinzas. 

— Está frustrada, não é? Bem feito. Você mereceu tudo isso.

— Continue me insultando, Encantado. Agora não tenho magia e não tenho meu filho, mas quando conseguir um, consigo o outro. E não vai querer está por perto quando isso acontecer. 

— Se tem que usar magia para ter seu filho, você não o tem de verdade.

 


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Notas finais do capítulo

Olha eu aqui de novo kkkk postei rápido não? Obrigada a todas que comentaram no capítulo passado. Fico feliz de ver minhas antigas leitora aqui comigo ♥ Até a próxima!