Deixe-me te amar escrita por Nathália Francine


Capítulo 17
Dezessete


Notas iniciais do capítulo

Oi querido leitor, para você que acompanha a historia, saiba que agradeço muito!
Sumi um pouco pois estava viajando e o computador não era dos melhores e meu celular não me ajuda também. Mas estou de volta!



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Assim que o dia de afazeres dela começou, eu a acompanhei.

Sua rotina ainda era a mesma: ir para a floricultura, aguar as plantas, ouvir as histórias da Nora, brigarem por um cupcake de limão e ir pra casa dançar com o gato a mesma música.

Porém, naquele dia, quando a música havia acabado de tocar pela quarta vez, e o pulguento estava dormindo dentro da caixa de lasanha congelada com restos do molho dentro da orelha; a campainha tocou.

Um garoto sem os dois dentes da frente, com pele perdida em meio a tantas sardas e uma roupa surrada, entregou um envelope para Amy. Ela sorriu, e lhe deu dez reais. Ele foi embora pulando e assim que ela fechou a porta, eu senti sua vergonha.

— Amy? – Ela continuou encostada na porta encarando o envelope – Vamos, abra.

Ela me olhou sem jeito e depois tentou fazer uma cara de brava:

— Você já sabe o que é. Não é mesmo? – Eu sorri e dei de ombros. – Como você faz essas coisas?

— Que coisas?

Ela cruzou os braços e me encarou:

— Você meche com as lembranças e as vontades das pessoas, você some e volta do nada sempre com outra roupa, e essa sua tatuagem...eu nunca vi ninguém com uma assim! E não parece uma tatuagem! Parece uma marca de nascença! Mais isso seria impossível. Não é?

— Amy...respire. Você está ficando vermelha e acho que tem fumaça saindo dos seus ouvidos...você está se sentindo bem?

Ela começou a rir, me chamou de idiota e se sentou na cama. Eu comecei a lavar a louça enquanto ela lia as letras curvilíneas e um pouco grossas demais de Gael. Aquele era o primeiro convite. A primeira pessoa que ele convidara era ela. No fim ele se desculpava por não poder ter ido entregar pessoalmente pois estava dando os retoques finais no salão aonde seria a mostra.

Ela se jogou na cama e eu fui infernizar o pulguento.

— Acorda vira lata. Você ta imundo! Não quero você deitado do meu lado cheio de molho!

Quando eu ameacei tirar ele da caixa, ele me arranhou e Amy me mandou sair de perto dele antes que ela me tacasse um sapato. Eu senti a dor do galo inexistente novamente e optei por obedecer. Me sentei na cama e a observei enquanto ela sentava na janela e acendia um cigarro. Ela soprava a fumaça e por um minuto, pude jurar que antes de desaparecer, a fumaça dançava a sua vontade e sorria para mim.

Este era o efeito que Amy possuía: hipnose.

Tudo ao seu redor ganhava um brilho imenso e único cada vez que ela respirava.

Ela mudava a razão e a noção de tudo pelo simples fato de sorrir.

Ela mudava a minha razão e a minha noção de tudo apenas sorrindo.

Eu estava perdido em pensamentos e só acordei do devaneio quando seus lábios roçaram nos meus.

— Em que você estava pensando?

Ela estava próxima. Próxima demais.

— Em...em qual roupa você vai usar.

Ela sorriu mais uma vez e se afastou indo em direção ao armário.

— Você não pode ir de calça jeans e camiseta.

— Quem disse?

— Eu disse!

Me deitei na cama e segurei o riso a cada bufada que ela dava. Alguns minutos depois ela se jogou na cama ao meu lado com a cara no travesseiro.

— Não tenho roupa.

— Você pode ir nua...não. Esqueça. A noite será de atenção para os quadros e se eles virem uma deusa nua caminhando por lá, não sei se algum quadro será vendido. Vá vestida. Daremos um jeito.

— Você é um idiota.

— E você devia dormir.

— Primeiro um banho.

Assim que ela se foi para o banheiro a presença da Honestidade invadiu o quarteirão. Olhei pela janela e a vi pousar em cima do prédio. Subi.

O medo e o desespero me invadiram. E a vergonha....

Da última vez que a vi, ela me estapeou.

Assim que cheguei no telhado ela me abraçou.

— Me desculpe loirinho.

— Eu é quem devo me desculpar. Mas da próxima, de um tapa mais fraco.

Ela riu e me encarou.

— Eu ouvi a conversa sobre uma roupa especial. Onde vai leva-la?

O sorriso dela era genuíno. Tão genuíno quanto o da Amy. Mas se desfez ao ver uma lagrima involuntária escorrer pelo meu rosto.

— Loirinho...

Eu peguei seu rosto e beijei sua testa para lhe mostrar, pois sabia que seu eu falasse, não aguentaria. Lhe mostrei minha covardia por não contar a verdade para ela, mostrei a aliança, mostrei Gael...mostrei a Canção.

— Ah meu Deus...Amor predestinado. Cupido...e agora?

Eu dei de ombros e sentei observando a escuridão do céu. Ela se sentou a meu lado e segurou minha mão.

— Você vai contar?

— Não sei. Mas eu prometi pra ela que não a abandonaria. E é o que vou fazer. Não importa o quanto isso me destrua! Eu não vou sair de perto dela.

— Entendo...bem, eu posso ajudar com uma coisa.

Ela levantou e estalou os dedos. Uma caixa vermelha de veludo se formou e ela me entregou.

— O que é isso?

— Ora você acha que vou deixar a mulher que meu irmão é apaixonado ficar andando por ai com uma calça manchada e uma blusa maior que ela?

Eu ri e me levantei. Assim que Honestidade passou pela Porta, Amy desligou o chuveiro e quando eu me virei para voltar ao apartamento minha espinha gelou e um trovão cortou os céus deixando claro a imagem de um pavão negro no horizonte.


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Notas finais do capítulo

Façam suas apostas, o amor de Gael pela Amy irá durar? O Cupido terá coragem de confessar a verdade para sua amada? Ódio aceitará ser trocada por uma Material? Não deixe acompanhar!



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