— Acho melhor nós descermos. — Rose se afastou de James, interrompendo o beijo. — Não queremos ficar sem jantar, não é?

— Ah, é claro. — James saiu do transe induzido pelos beijos da Barton e levantou-se, ajudando-a a levantar também. Eles conversaram por tanto tempo que os beijos ficaram para o final do encontro, mas ainda assim surpreenderam tanto que ele estava em choque.

— Qual é a dessa cara de bobo? Achei que James Potter só tivesse aquela cara de galã determinado... — Ela riu, apontando para o dele sorrisinho que tentava escapar por seus lábios.

— Você é diferente. — Ele entrelaçou os dedos nos dela e juntos desceram até o Salão Principal. Potter agiu por impulso ao chamar Barton para sair naquela tarde depois de ver Lily e Fabian saindo por ai de mãos dadas, mas agora começou a agradecer mentalmente por ter feito isso. Ele ainda estava apaixonado por Lily Evans, isso ele não podia negar, mas estar com a Rose lhe dava uma sensação boa.

Os dois entraram no Grande Salão e com um beijo, separaram-se. Chegando na mesa da Grifinória, vários olhares seguiram o garoto confiante que sentou-se ao lado dos amigos.

— Eu ia perguntar por onde andou a tarde toda, mas a resposta é bem óbvia. — Remus comentou, observando a mesa da Corvinal. — Pelo jeito até esqueceu do que planejamos.

— Temos que adicionar a Torre do Relógio ao mapa. O lugar é incrível! — James comentou, um pouco avoado. Um tapa em sua nuca o fez voltar a si.

— Acorda, veadinho! — Sirius ria da cara de assustado que James fez. — Parece que já superou a Evans...

— Não. — Respirou fundo olhando para a ruiva do outro lado da mesa, rindo de algo que Fabian havia falado. — Mas a Barton tem muito potencial a ser explorado. — Ele comentou, pensando nas curvas que o corpo tinha, no som da risada dela e nos olhos azuis brilhando para ele.

— Isso quer dizer que logo vamos ter mais um maroto no meu time... — Sirius comentou, referindo-se a relação dele com a Marlene.

James animou-se com a ideia, mas lembrou que aquela noite não terminaria com uns amassos por aí, e sim com um plano para acabar com os sonserinos.

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Seguindo o que tinham planejado, os marotos seguiram com o plano e usaram a passagem secreta escondida por uma velha e empoeirada tapeçaria, que ia dar próximo da sala de Poções, para emboscar os sonserinos antes de chegarem ao Salão Comunal.

— Não sei para onde eles foram, assim que os vi saindo do Salão Principal fui atrás deles e... — Avery avistou os marotos no final do corredor e parou de falar. Ele era alto e esguio, os olhos esverdeados se fixaram nos quatro garotos.

— Estamos atrapalhando alguma conversa de garotinha? — Peter questionou com um tom de desafio, cruzando os braços sobre a barriguinha saliente. Os garotos da Sonserina tinham a cara amarrada por terem seu plano voltado contra eles.

— Vocês são as únicas garotinhas aqui, seus idiotas! — Severus sacou a varinha e avançou, os outros o imitaram.

— Expelliarmus! — Remus tentou atingir Mulciber, o garoto grande e gorducho desviou, mas impulso do feitiço o jogou para longe. Logo Lupin partiu para acertar outro sonserino baixinho que atacava Peter.

— Rabicho, cuidado! — Ele tentou avisar antes que um Petrificus Totalus o atingisse.

 James duelava com Avery e mesmo que ele tentasse atingi-lo, James era mais habilidoso e conseguia desviar as azarações. O que Potter não esperava era que Severus conseguiria acertar Remus, que lhe dava cobertura, e em seguida o acertaria com um feitiço que nunca havia ouvido:

— Levicorpos! —  Quando James viu, seu corpo estava levitando como se tivesse sido pendurado pelo tornozelo. O sorriso triunfante de Snape era algo estranho de se ver, já que ele nunca sorria e seu rosto não parecia estar acostumado com esse movimento. — Eu precisava mesmo testar esse feitiço... Parece que funciona muito bem. — Ele comentou, num tom de deboche. Remus recuperou-se e desarmou Severus, o que fez James cair com um estrondo no chão.

Enquanto isso acontecia, uma batalha muito mais séria acontecia no final do corredor. Os irmãos Black eram igualmente bons em duelos e precisavam aproveitar qualquer abertura para atacar seu oponente. A distração perfeita aconteceu logo em seguida: James se levantou irritado após a queda e mandou um Destruccio na direção de Severus, quebrando o nariz já torto e gigante do sonserino. O grito de dor fez com que Regulus desviasse a atenção do duelo para seu amigo, dando chance para Sirius desarmá-lo.

— Você devia se ouvir dizendo tantas coisas boas sobre nossa família. Você soa tão ridículo que me dá náuseas! — Sirius apontava sua varinha para seu irmão, o segurando pela gola da camisa. — Essa ideia de pureza de sangue é absurda e vocês tem que parar de atacar nascidos trouxas ou então eu... — Foi interrompido por um pigarro e soltou Regulus com um empurrão.

— Ou então o que, Sr. Black? — Minerva McGonagall estava parada no meio do corredor, observando o grupo de sonserinos e grifinórios. Percebendo que Sirius não sabia o que responder, continuou: — Aparentemente vamos ter muita ajuda para limpar todos os banheiros do castelo, certo?

— Mas Professora, eles nos atacaram! — Regulus soou como um bebê chorão, fazendo-se de inocente.

— Não me importa quem começou, está claro que ambos tem capacidade de duelar e com certeza, de limpar banheiros. Vamos, Severus, vou te levar para a enfermaria. — Chamou o garoto que tinha o rosto coberto de sangue. Pegou sua varinha do chão e lhe entregou quando outros sonserinos seguissem para o Salão Comunal. — Não pensem que isso não afeta meu trato com vocês. — Comentou antes de seguir com Snape para a enfermaria, referindo ao acordo que fizeram para conseguir ajuda na transformação em animagos.

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— Merda! O que vamos fazer? — Remus queixou-se a manhã inteira. Ele tinha passado a noite toda pensando nisso e mesmo que os garotos tentassem o tranquilizar dizendo que eles dariam um jeito, a lua estava afetando seus pensamentos e o distraindo das aulas.

— Para de ser tão aluado! — Peter fez uma piadinha com o problema de Remus com a lua e com o fato dele estar tão distraído.

— É, Remus! Relaxa... — Sirius passou o braço sobre os ombros dele e bagunçou seu cabelo. — Ei, esse é um bom apelido... Aluado.

— Pessoal, foco! — Remus revirou os olhos para o novo apelido. — Se a Minnie resolver proibir vocês de me acompanharem todo esse tempo treinando a transformação vai ser em vão!

— Aluadinho, pare de se preocupar e deixe com os mestres... Sempre damos um jeito. — James e Sirius deram um hi-five e sorriram em sincronia, o que era até um pouco assustador. Eles pareciam estar se divertindo só de imaginar que quebrariam as regras.

— Acho que em vez de ficar pensando na lua cheia você deveria relaxar um pouco. Eu e a Mary vamos dar uma volta nos jardins depois da aula. Por que não faz isso com a Meadowes? — Peter lançou um olhar maroto.

— Como exatamente vocês vão sair para namorar se temos detenção? A Dorcas está furiosa comigo por termos pego detenção... — Lupin estragou os planos do amigo, que deixou escapar alguns palavrões. Marlene havia contado sobre a ideia do duelo com os sonserinos antes que Lupin pudesse pensar no que dizer, e Dorcas não ficou muito feliz por não poder passar os últimos fins de tarde de outono com o namorado. De acordo com ela, as provas estavam chegando, depois o natal e no outro semestre tudo o que os alunos do quinto ano podiam pensar era nos N.O.M.s, não sobraria muito tempo para namorar.

— Eu imagino que não vão nos deixar limpar os banheiros juntos certo? — James procurava alguma coisa no bolso de sua capa com um sorriso no rosto. — É o momento perfeito para testar isso aqui... É um espelho de dois sentidos. — Mostrou os fragmentos do espelho que não pareciam ter nada de especial, até que Peter pegou um deles e observou, aparecendo instantaneamente no outro espelho.

— Como é que você fez isso? É genial! Você é tão talentoso... — Peter não poupava elogios quando James fazia algo legal, chegava a ser até um pouco exagerado as vezes.

— Eu estava na biblioteca na semana passada... — Os três marotos lançaram um olhar duvidoso para Potter, sugerindo que ele estava na biblioteca para ver a Evans. — Dessa vez não foi pela Lily... Ok, talvez eu tenha ido lá por causa dela, mas depois eu achei esse livro que falava sobre transfiguração e feitiços e acabei pensando: nós precisamos de um jeito de nos comunicarmos, não é mesmo? — Ele deu de ombros e sorriu, depois seguiu a explicação sobre o espelho.

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— Achei que vocês fossem melhores, não eram pegos antigamente... — Dorcas brincou, durante o jantar.

— Antigamente nós pregávamos peças simples no Filtch ou em algum aluno desavisado, agora nós lutamos pela paz! — James jogou seu pomo de ouro para cima e o pegou rapidamente.

— Lutam pela paz? — Marlene franziu a testa e gargalhou, atraindo o olhar de algumas garotas. Sirius notou que as meninas estavam começando a se irritar com o relacionamento dos dois, como se fosse errado ele ficar só com a Marlene desde a noite na Torre de Astronomia.

— Claro! Vocês sabem como o Regulus é quase um discípulo do Lord das Trevas... Eles já foram pegos atacando nascidos trouxas mais de uma vez. — Sirius tirou o braço de cima dos ombros de Marlene e pegou mais uma asinha de frango como desculpa para ter se afastado. Percebeu que os olhares das meninas passaram de Marlene para ele.

— Só demos uma lição neles... — Potter deu de ombros e bagunçou os cabelos, inconscientemente procurando pelos olhos verdes de Lily na mesa, mas ela não estava lá.

Quando o jantar estava quase acabando, Lily viu Snape se levantando da mesa da Sonserina. Eles ainda não tinham conversado depois do momento vergonhoso na biblioteca e ela queria se desculpar, então seguiu até a porta do Grande Salão atrás dele.

— Ei Sev... Está tudo bem? — A voz dela era doce e delicada como sempre, era difícil para Severus manter a compostura. A verdade era que ele já estava cansando de ter seu coração partido por ela, que parecia nem notar. — Me desculpe por aquela hora na biblioteca. — Ela tentava olhar nos olhos dele mas ele não podia encarar aquelas esmeraldas, então escondia o rosto com os cabelos e mantinha o olhar no chão.

— Está tudo bem, Lily. — Ele apertou o passo em direção as escadas.

— Sev, olhe para mim! — Lily segurou em sua capa e o fez parar. Finalmente podendo ver seu rosto, ela notou o nariz levemente roxo do garoto. — O que aconteceu? Isso foi na briga de ontem?

— Esquece isso, Lily. Agora, se me der licença eu preciso ir. — O tom sério na voz dele preocupou a garota. Snape já estava bem diferente do menino indefeso e sozinho dos primeiros anos, mas ela não esperava que ele a tratasse daquela forma.

Fabian encontrou a ruiva com o rosto vermelho parada perto das escadas meio perdida e a chamou para dar uma volta, ela precisava esfriar um pouco a cabeça.

— Talvez ele esteja com ciúmes. Snape sempre foi um pouco estranho, Lil... Não se preocupe com isso. — Os dedos dele estavam entrelaçados nos dela enquanto eles andavam sem rumo pelo castelo.

— Eu me sinto péssima por fazer ele sofrer, odeio isso. — Resmungava ela, fazendo bico como uma criança. — Não é justo ele estar chateado e eu não saber como resolver.

— Ele pode estar chateado com o que aconteceu, mas não parece estar tão abalado assim se duelou com os marotos ontem. Ouvi eles comentando que Snape usou um feitiço diferente que fez James ficar de ponta cabeça, deve ter sido engraçado... — Fabian tinha uma relação um pouco mais distante dos marotos, principalmente por suspeitar que eles não gostavam muito dele.

Lily continuou com a testa franzida até que ele comentou: — Já falei que você fica linda quando fica bravinha? — A frase arrancou um sorriso dela. Inesperadamente, Lily o puxou para perto e colou seus lábios nos dele. Era engraçado que, mesmo que os dois já estivessem juntos a algum tempo, ela sempre sentia um frio na barriga e suas bochechas coravam quando eles se beijavam.

— Vou te elogiar mais vezes. — As sardas de Prewett pareceram mais destacadas no rosto vermelho do garoto, que logo voltou a beijá-la.

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— Pensando pelo lado bom, pelo menos não colocaram a gente com um daqueles idiotas. — James falou para o espelho, que tinha ficado com Sirius. Eles pretendiam revezar entre os quatro até conseguirem fazer mais espelhos.

— É, mas não foi você que ficou no banheiro com a Murta-que-geme... Eu só gosto de um tipo de gemido, é com certeza não é o dela! — Potter conseguiu ouvir a Murta reclamando do comentário de Sirius. — Então, quais as intenções com a Barton?

— Eu não sei, gostei de sair com ela ontem... — James esfregava a pia com uma escova de dentes encardida, com o espelho apoiado na parede a sua frente.

— Só não vá se amarrar igual eu fiz, tem horas que eu morro de vontade de aceitar o convite de alguma garota por aí... Experimentar outras coisas, sabe? — Pelo pequeno pedaço de  espelho, James observou Sirius passando o antebraço no rosto para tentar afastar os cabelos longos e negros enquanto segurava uma escova grande.

— Achei que a Marlene fosse tudo de bom...

— Ela é, mas eu tenho curiosidades. Fala sério, não quero me formar tendo transado só com uma garota! — A murta gritava ao fundo que ele era cafajeste, mas que ela adoraria ter uma chance.

— Você é estranho, cachorrão... Mas eu te entendo.