Green Eyes - Jily escrita por Vitória Serafim


Capítulo 9
Réveillon das Esquisitonas


Notas iniciais do capítulo

Galera, Olá!!!! Que saudade de vocês ehuheue.

Primeiramente venho desejar um Feliz 2017 a todos!

Bem, esse capítulo não saiu do jeito que eu tinha planejado, mas eu acabei indo no embalo do momento e acabou saindo isso. Agradeço às minhas amigas Gaby Cedro e Carol, que foram uma das fontes de inspiração para o capítulo de hoje, minhas Gatosas ♥

Fiz uma pesquisa entre os meus amigos que acompanham essa fanfic e acabei decidindo que vou reduzir o tamanho dos capítulos. Apesar de eu gostar bastante de escrever 10k todo capítulo, eu concordo que fica realmente cansativo, tanto pra vocês que leem, quanto pra mim que escrevo (porque ai eu demoro uma vida).

Eu também percebi que o pessoal vêm comentando menos e eu fiquei muito sentida com isso... :( Acho que não estou conseguindo agradar a todos, mas eu juro que eu realmente me esforço, me desculpem por isso!

Esse ano vou cursar o terceiro ano na escola e vai ser a maior correria da vida! Ainda mais que eu preciso passar em medicina, então vou avisando-lhes que vou demorar pra postar mais capítulos. Eu espero que todos compreendam que autores também têm suas vidas pessoais e que não é nada fácil ter tempo e ideias para escrever! Então, peço encarecidamente que continuem comigo (aqueles que gostam da minha história, pelo menos), porque eu planejei um final maravilhoso para essa história e quero todos por dentro dele!

Bem, chega de discursinhos, obrigada pela atenção e aí vai o capítulo. Espero que gostem :D



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"Amigos então?", ouvi a voz de James Potter soar na minha cabeça.

Colegas. Era o que eu tinha lhe dito que seríamos daqui pra frente. Não podíamos ser mais próximos do que isso, ele tinha uma mulher grávida em casa e precisava destinar toda a sua atenção para o seu mais novo filho, simplesmente assim. Se Snape era meu amigo ou não, não cabia a ele saber, até porque nem eu mesma sabia como eu e Snape estávamos depois do ocorrido na noite de Natal.

Deixei-me sair de devaneios quando ouvi o volume da TV da sala de espera do hospital aumentar; estava cumprindo meus plantões para compensar a semana que passei em casa por puro caso de depressão  passageira, a mais conhecida bad.

"...mais um roubo no Banco Central de Londres por uma quadrilha de quatro integrantes altamente perigosos e procurados em todo o perímetro do Reino Unido. Conhecido por muitos, os Comensais da Morte têm usado reféns em seus assaltos, os matando logo em seguida, daí o nome.

 
" Ao todo já foram registrados 5,7 milhões de libras roubados. A Rainha tem tido cuidado redobrado na segurança dos bancos e discursará essa noite sobre as providências a serem tomadas em relação ao ponto em que as coisas chegaram..."

Que horrível... uma mulher morena de nariz estranhamente pontudo puxou a mão da sua filha pequena e se retirou da sala de espera.

Varri a papelada em minhas mãos com os olhos e vi o nome do próximo paciente.

Joshbell, Augustus anunciei.

Ao ver um menininho sardento de cabelos negros acompanhado de um adulto, pronunciei-me:

Me acompanhem, por gentileza... disse sorrindo de maneira singela enquanto os conduzia até uma das salas de atendimento.

Logo após a porta ser fechada, o adulto precipitou-se:

Bem... Eu sou Colombo, Colombo Joshbell ele ergueu a mão para apertar a minha.

Certo, Colombo. Posso saber o que acontece com o seu filho Augustus? perguntei profissionalmente depois de retribuir o aperto de mão.

Ah, me desculpe, eu esqueci de esclarecer que Gus não é meu filho, é meu sobrinho. Moramos no México desde os três anos de idade dele, meu irmão sofreu um trágico acidente que levou a sua vida e a de sua esposa, desde então eu assumi a guarda dele ele fez uma breve pausa, provavelmente percebendo que estava falando demais.

"Bem, de qualquer forma, viemos passar o final do ano aqui em Londres e parece que ele tem tido muita dificuldade para lidar com o clima e a comida por aqui... Ele..."

Antes mesmo que o homem pudesse terminar de falar, o garoto de oito anos vomitou em seus sapatos e limpou a boca suja com a manga do agasalho de moletom, retornando à sua posição inicial como se nada tivesse acontecido.

Tem sentido enjôos e dores abdominais, presumo falei tentando ignorar o vômito em cima dos sapatos engraxados do homem.

Certamente. Queria que a senhor... ele deu uma boa olhada nas minhas duas mãos ... senhorita nos receitasse um remédio para parar esses sintomas do que seja lá o que for essa doença que ele tem.

Perfeitamente. Ele teve febre? Alguma outra reação além das citadas? perguntei enquanto anotava algumas coisas na prancheta.

Não, não. Ele só teve enjoo e dor no corpo inteiro.

Sim... Esses são claramente os sintomas da virose.

O homem me olhou mais aliviado como se tivesse tirado um enorme peso das costas. Passei apenas algumas prescrições de remédios contra o enjoo e recomendei que ele permanecesse hidratado durante todo o período de recuperação.

Antes de deixar o hospital ao final do meu turno, passei pelo vestiário para despir do meu traje hospitalar e colocar minhas roupas. No caminho, encontrei-me com Dorcas, aquela que tinha participado da cirurgia presencial naquele dia da premiação, e apesar de ela ser a ganhadora da oportunidade, não parecia a estar mais tão feliz assim.

Dorcas? Está tudo bem? perguntei ao notar ela com o olhar focado no quadro de avisos, mais precisamente no folheto do show das Esquisitonas que aconteceria na semana seguinte.

Ela observou o anúncio por mais alguns milésimos antes de se dirigir a mim:

Claro... ela sacudiu a cabeça. Está tudo ótimo. Eu só... suspirou e ergueu seu olhar a mim. É só que... o ano novo está aí e eu me sinto mal... Mal por não saber se isso tudo é mesmo o que eu quero pra mim ela umedeceu os lábios e olhou brevemente em volta.

Como assim? franzi o cenho e me sentei ao seu lado. Quer dizer... Residência... Não é tudo o que um formando em medicina mais quer na vida? 

Sim, sim... Mas... Parece que aquela cirurgia mexeu comigo, entende? Alguma coisa naquela sala me fez pensar duas vezes se eu estou fazendo a escolha certa.

A encarei tentando mentalizar uma possível resposta para aquela confissão e segurei as suas mãos. Embora Dorcas e eu não fôssemos próximas, amigas nem nada, eu tentava ajudá-la sempre que possível, é revigorante a sensação de altruísmo.

Olhe, Dorcas... Sei que é difícil... Medicina é uma das carreiras mais sonhadas nas universidades. Imagine só quantas pessoas dariam tudo para estarem no seu lugar? fiz uma pequena pausa e olhei no relógio da parede do corredor, já passavam das nove da noite, hora da troca de plantão.

"Mas se você está confusa eu sugiro que dê um tempo, assim como fiz. Uma semana... Talvez duas... Isso ajuda muito a espairecer. Só não... tome decisões precipitadas, ok?"

Ela afirmou com a cabeça e eu a abracei.

Sinto muito por ter pegado a cirurgia...

Ahn? Mas se você conseguiu foi por que mereceu. Por favor não se desculpe, o mérito é todo seu.

Ela engoliu em seco e sorriu.

Tem razão... Bem, obrigada, Lily. Agora tenho que ir... Nos vemos por aí. Feliz ano novo! ela sumiu no corredor antes mesmo de eu respondê-la.

Cocei a cabeça brevemente e entrei no vestiário. Joguei minhas roupas num enorme saco plástico, que era onde se depositava os uniformes usados e fui direto para a ducha.

"O que tinha de tão horrível naquela cirurgia para fazer Dorcas questionar todos os seus anos de estudo?", pensei.

Passei mais uns cinco minutos embaixo da água e desliguei o chuveiro. Troquei de roupas e dirigi-me para casa. A neve caía serena nas ruas de Londres, agora menos volumosa do que na noite do natal.

Natal.

Aquela palavra sempre tivera uma lembrança em especial toda vez que era pronunciada, entretanto esse ano foi diferente. James estava lá fazendo parte dele, mais confiante e idiota do que nunca.

A sua insistência me fazia querer chorar, o choque de realidade que aquilo me causava era imenso, nunca ninguém fora tão apegado a mim a ponto de me perseguir por todos os lugares assim como ele faz.

Logo depois da briga ocorrida ao término da ceia de Natal, meu pai me chamou para uma conversinha. Ele me disse que eu tinha que deixar as coisas fluírem naturalmente, sempre fui muito apreensiva em relação ao Potter e que se eu realmente não queria nada com ele eu teria que ter certeza disso, já que isso o machucaria profundamente.

A sua sugestão, por fim, foi que eu me permitisse ser pelo menos uma colega, e que a partir disso eu talvez consiga enxergar o quanto ele pode ser bom para mim e o quanto se esforça para isso. Eu, como uma filha maravilhosa que sou, acatei o seu pedido.

Potter não era toda essas coisas não, mas de uma coisa eu sabia: Tínhamos uma conexão.

Embora ninguém possa negar que às vezes acabo me dando por vencida e deixo as coisas rolarem, a chatice que ele exala cada vez que dá as caras me enojou e vem me enojando cada vez mais. Talvez meu pai esteja certo. Sempre tive uma grande marcação com Potter e agora pode ser a hora perfeita para descobrir qual realmente é a grande sacada. E se isso era uma chance? Bem, provavelmente não, mas era uma oportunidade de nos darmos bem. Se ele ia agarrá-la ou não, estava a seu critério.

Saí de meus devaneios ao sentir o meu celular vibrar. Já tinha caminhado umas quatro quadras sem perceber e parara para entrar num táxi que me levaria para casa.

Tirei meu celular do bolso e vi que havia mensagens não lidas de minhas amigas, mais precisamente do nosso grupo no WhatsApp.

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Gatosas ❤

[29/12/16 – 21:17] Tonks: Já tô amando o meu look pro ano novo, me socorram. (Foto).

[29/12/16 – 21:18] Holly: Meu Deus! Você vai pro show das Esquisitonas ou pra rave? Amei!

[29/12/16 – 21:20] Alice: Achei uma graça!

[29/12/16 – 21:20] Alice: Preparem-se já que dia 31 tem convitinho hihi.

[29/12/16 – 21:21] Holly: Senhor!! É verdade! O casamento... Tá tão perto... :’) Precisamos pegar firme nos ensaios, meninas. Não queremos fazer feio no dia.

[29/12/16 – 21:21] Tonks: Com certeza.”

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­            Voltei a tela inicial do aplicativo e ergui uma sobrancelha ao ver a mensagem seguinte.

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[25/12/16 – 03:39] James Potter: Obrigado.

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            Fazia tempos que eu não via mensagens no celular além das provenientes do meu grupo de amigas. Apesar de não gostar de conversar com Potter eu realmente não tinha visto a mensagem dele, que era de longe pra lá de confusa. O que ele quis dizer com “obrigado”?

            O táxi parou na frente do meu prédio e eu o paguei com uma nota de vinte libras antes de deixar o veículo. Peguei minha mãe com sacolas na mão bem na entrada.

            Sorri.

            – Mãe! – fui até ela ajeitando meus cabelos molhados e a abracei.

            – Lilian, tudo bem, filha? – ela disse retribuindo meu sorriso da mesma forma. Afirmei com a cabeça e começamos a caminhar em direção ao elevador. – Fui fazer umas comprinhas para o ano novo, seu pai e eu resolvemos ir jantar num restaurante fino e deixarmos você mais à vontade com os seus amigos.

            – Mas mãe... Só por minha causa? Não precisava disso, meus amigos e eu não iríamos nos incomodar por estarem junto a nós – protestei apertando o botão de número sete no elevador.

            – Não é só por causa disso, filha. Eu e seu pai queríamos passar um tempo sozinhos, entende? Ele vive ocupado com os serviços de casa e acaba se distanciando de casa... – ela suspirou.

            – Eu imagino... Mas faz parte – ela concordou.

            Quando íamos saindo do elevador, vi o rosto de minha mãe se empalidecer instantaneamente, franzi o cenho e olhei em volta à procura da fonte do que possa ter causado tanta surpresa.

            Snape.

            Encaramos-nos por alguns segundos antes de mamãe se manifestar.

                – Bem... Acho que vou deixá-los a sós. Boa noite – ela disse formalmente e entrou para dentro de casa tão rapidamente que muito provavelmente não ouviu o murmuro de “boa noite” que meu amigo recitara.

            Respirei fundo me preparando psicologicamente para aquela conversa e esperei que ele se precipitasse a falar, mas não o fez.

            – E então...? Está tudo bem? – perguntei com um tom de preocupação.

            Ele se demorou nos meus lábios e suspirou.

            – Será que podemos dar uma volta para conversarmos melhor? – ele disse olhando desconfiado para as demais portas do andar, como se elas tivessem o mesmo poder que as árvores de Nárnia têm para ouvir o que se passa nas redondezas.

            – Olha, não sei não.., Eu acabei de ter um dia cansativo e tudo, não acho que seja uma boa ideia. Até porque já está tarde e...

            – Por favor, Lily... – ele se aproximou e segurou minhas mãos.

            Desvencilhei-me de seus toques e o encarei com seriedade.

            – Severo, seja lá o que tiver para me contar, acho melhor contar logo – cruzei meus braços o encarando.

            Ele suspirou passando as mãos pelos cabelos.

            – Que história é essa de que agora Potter é o seu amigo?

            – Ahn? Quem lhe disse isso? – surpreendi-me.

            – Não importa. Você perdeu totalmente o juízo? Esqueceu o que ele fez não só a mim, mas a você? – ele fez uma pausa negando com a cabeça. – Por favor, me diga que isso não é verdade...

            – Olhe, Severo... Eu realmente não sei do que você está falando. Se for só isso que você tem a me dizer, acho melhor me dar licença... – dei as costas para entrar em meu apartamento, quando fui interrompida.

            – Não! – ele gritou e eu me virei assustada. – É só que... – ele suspirou e eu pude notar lágrimas preencherem toda a superfície dos seus olhos. – Eu venho passando por tanta coisa ultimamente... Em primeiro lugar, eu realmente sinto muito por ter estragado tudo no natal, não foi a minha intenção; em segundo, eu tenho me envolvido com certos lances por aí que tem me deixado cada vez mais dividido e...

            As lágrimas corriam pelo seu rosto coberto por grandes mechas dos seus cabelos negros.

            – Que tipo de lance? – interessei-me.

            – Eu não posso dizer, não cabe a mim fazê-lo, mas isso tem me pressionado demais, Lily, você não sabe o quanto.

            – Se tem alguma coisa ou alguém que tem te chantageado, pode me contar, meu pai é policial e tenho certeza que ele pode ajudar – aproximei-me dele preocupada.

            – Não é tão fácil assim. Eles são espertos, descobririam em questão de dias e não só o seu pai correria perigo, mas você também, e isso é o que eu mais temo – ele comprimiu os lábios tentando inutilmente segurar as lágrimas e eu o abracei.

            – Não vai acontecer nada comigo, Severo. Está tudo bem, e você também vai ficar – disse enquanto servia de ombro amigo para as suas lágrimas.

            – Me perdoe, por favor... – ele suplicou em meio alguns soluços.

            – Tudo bem, tudo bem. Já passou, e aliás, você não estragou o meu natal – constei e o larguei assim que ouvi o barulho da porta vizinha abrir.

            Deparei-me com nada mais, nada menos do que James Potter. Tinha demorado a aparecer no lugar errado e na hora errada. Snape limpou o rosto úmido na mesma hora e sua expressão mudou de “sentindo-muita-dor” para uma de “sou-a-pessoa-mais-fria-que-você-já-conheceu”.

            Percebi as feições de Potter se irritarem na mesma hora que ele percebeu que Snape e eu estávamos frente a frente e próximos demais para o gosto dele.

            – Acho melhor conversarmos depois, ok? – sussurrei para Severo tentando quebrar a conexão mortal da troca de olhares entre ele e James.

            – Tudo bem – ele fungou e depois de encarar Potter por mais alguns milésimos, deu as costas e desapareceu com o fechar da porta do elevador.

            Suspirei e encarei James.

            – Ele fez alguma coisa com você? – Potter se aproximou com um quê de preocupação. Cruzei os braços, a fim de evitar contato físico com o mesmo.

            – Não. Está tudo ótimo – forcei um sorriso e coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha.

            Nos entreolhamos por alguns instantes e eu gaguejei um pouco antes de me perguntar o que queria:

            – Hm. B-Bem, você me mandou uma mensagem logo depois de voltar do rinque de patinação no natal e... – fiz uma pausa prevendo que aquilo seria um grande ponto constrangedor que abalaria o meu ego. –... Eu não a entendi direito. Q-Quer dizer... Obrigado pelo quê, exatamente?

            Potter encarou-me um pouco mais surpreso do que eu esperava. Por um breve momento achei que ele tinha ficado tão travado quanto eu, foi então que ele iniciou a sua resposta.

            – Ah... Er... – ele passou a mão pelos cabelos desarrumados – pelo presente, é claro. Eu gostei bastante, você acertou – ele sorriu brevemente. – Mas... E você? Gostou do que eu-

            – Claro, claro. Eu gostei sim. Obrigada – apressei-me a dizer e o encarei brevemente constrangida.

            Que idiota! É claro que foi por causa do presente, por que mais seria? Lily, Lily... Caia na real, mulher.

            – Eu...hm... Tive um dia cansativo hoje e... Acho que eu preciso de... – ele me encarou profundamente nos olhos tentando me entender – de... – travei por um segundo – Nos falamos depois, ok? Boa noite, Potter – falei rapidamente e entrei para dentro de casa.

            Minha Nossa! O que foi isso? Eu não acredito que gaguejei na frente do Potter! Quer dizer, sou sempre eu que coloco ordem na conversa inteira, ele é quem era para estar reagindo dessa forma! Céus!

            – E então filha? O que Snape queria com você? – disse mamãe com uma voz abafada por estar com a cabeça para o lado de dentro do armário, guardando algumas roupas que tinha comprado.

            Eu queria muito descobrir o que estava acontecendo com Severo, chorar para ele definitivamente não é um hábito, o que vem ocorrendo deve ser algo bem sério para ele estar tendo esse tipo de reação, ainda mais em minha frente. Costumo contar tudo o que acontece para meus pais, seja por telefone, vídeo conferência ou pessoalmente, eles são os meus confidentes (além de minhas amigas, obviamente), mas acredito que contar que Snape pode estar sendo chantageado pode ser um erro, ainda mais que papai está de folga e junto da família mais uma vez. O melhor a se fazer no momento é investigar e ter certeza dos fatos antes de ir contando para os meus pais.

            – Nada... Só veio se desculpar pelo escândalo do dia 24 – coloquei minha bolsa em cima da minha cama e me sentei no pufe no canto do quarto, onde uma vez Tonks pintara suas unhas quando estávamos na noite de garotas.

            – Ah sim... – ela fechou a porta do armário e se olhou no espelho preso ao lado exterior da mesma. – Já era de se esperar, não é? Digo, não foi nenhum pouco certo o que ele fez para o James – ela ajeitou os cabelos e me encarou. – Como foi o trabalho hoje?

            – Foi bom. Atendi uns vinte e sete pacientes, acredito eu. Falando nisso, onde está o papai? Preciso perguntar se ele está a par das reportagens que vem aparecendo nos noticiários nessa última semana – disse passando a mão pelo meu rosto, sentindo o stress se esvair aos poucos.

            – Está no banho. E essas reportagens que você diz por acaso é sobre a quadrilha que vem roubando bancos por aí? – ela sentou-se na cama e cruzou as pernas.

            – Essa mesmo. Claramente ele sabe, trabalha para a segurança do Reino Unido. Eu ando um pouco receosa por causa disso, sabe? Ainda mais que eu ando por aí sem companhia.

            – Realmente, se você está assim, imagine eu, que sou sua mãe. Petúnia tem passado dias na casa do Vernon e eu não sei mais o que fazer para controlar essa teimosia dela. Acho que pra sair casamento ali não vai demorar muito não – minha mãe suspirou e meu pai finalmente saiu do banheiro já vestido.

            – Lily! Que bom que chegou em casa – me levantei para abraçá-lo.

            – Oi pai – sorri.

            Conversamos pelo restante da noite. Ele me explicou tudo o que sabia sobre essa quadrilha e que as equipes policiais estavam fazendo todo o possível para identificar os suspeitos e prendê-los, e que isso não demoraria muito para acontecer, era somente questão de meses.

***

— E essa aqui?

Francamente, Lily! Não vamos repetir a mesma coisa daquele dia que fomos pro Três Vassouras, né? Veste logo qualquer coisa e vamos, se não vamos perder o melhor lugar! — Holly reclamou através da vídeo conferência que fazíamos pelo Skype.

Estavámos a três horas do ano novo e eu nem ao menos sabia que roupa iria usar. Papai e mamãe já tinham ido jantar e eu ainda estava em dúvida entre vestir meu vestido branco e o conjunto composto por jaqueta jeans clara, blusa branca com uma calça jeans de cós alto.

— Se você pelo menos dessem uma opinião franca eu ficaria menos confusa ao invés de agoniada com toda essa pressa – suspirei me sentando na cama.

Ding Dong

Ah, Lily. O Sirius chegou. Vai com o conjunto mesmo e já era. Nos falamos no show. Tchau!

— Holly! Espera! – a chamada foi desligada. Rolei os olhos.

Decidi vestir o conjunto mesmo e depois de fazer uma maquiagem um pouco mais pesada do que o normal, finalizei colocando um tênis branco reluzente. Passei a mão pelos meus cabelos ruivos e sorri. Seria uma ótima noite, ainda mais com a minha banda favorita (além de Coldplay, é claro) e meus amigos por perto o tempo todo. Apesar de estar com uma carga de cansaço acumulado por conta dos plantões compensados na última semana do mês, eu não me deixaria vencer por ele, me divertiria como uma jovem de 18 anos descobrindo o que é liberdade.

Peguei uma bolsinha transversal e coloquei o celular, documentos e saí em disparada até a porta, quando ia saindo de casa o meu celular toca.

— Alô?

Hey, Lils. Já tem carona pro show?— era a voz de Alice pelo telefone.

— Ali, hey! Estava saindo de casa agora pra pegar um Uber, mas já que você é maravilhosa... – soltei um risinho. – Aceito uma carona sim.

Ótimo, então desce logo porque eu já estou na esquina da sua casa!

Na mesma hora que ela disse, desliguei a chamada e saí de casa correndo, joguei o celular e a chave de qualquer jeito na bolsa e entrei no elevador apertando o botão T para descer. Usar o Uber era fácil, mas uma caroninha da melhor amiga? Não tem coisa mais legal.

Ao sair do elevador apressei-me e vi o Corolla parado logo em frente ao prédio, ouvi o barulho das portas serem destravadas e entrei no banco de trás, visto que o seu noivo estava no banco do passageiro.

— Boa noite – disse com uma voz ofegante, mas não menos simpática do que o de costume.

— Boa – Alice e Frank responderam em coro.

— E aí? Satisfeita com o look? Holly disse que você demorou uma vida pra se decidir que roupa usaria. Eu achei essa jaqueta maravilhosa, com essa calça então... – minha amiga constatou virando a esquerda na quadra subsequente.

— Acho que sim. Quer dizer... Eu adoro essa calça e se você gostou, então já tá ótimo. Pelo menos você é sincera, a Holly fica pedindo pra eu vestir qualquer coisa e já era – rolei os olhos lembrando-me da vídeo conferência que tinha feito com Hall há poucos minutos atrás.

O casal riu.

— É bem a cara da Holly mesmo – Frank comentou. – Sabe se todos confirmaram mesmo que iriam ao show com a gente?

— Bem, até onde eu sei as meninas todas vão, Sirius está com Holly e provavelmente Remus com Tonks – respondi um pouco pensativa.

— Ah, então com certeza Pettigrew e Potter estarão lá – Frank concluiu e eu afirmei com a cabeça mesmo que ele não estivesse enxergando esse gesto.

Demorou por volta de uns quarenta minutos depois, chegamos à Península de Greenwich, que era onde se localizava a arena The O2, onde se realizaria o show. Alice estacionou o carro perfeitamente próximo a uma guia de calçada, já que já eram dez e quarenta e oito e todas as vagas do estacionamento estavam ocupadas e enfim descemos do carro.

— Parece que tirar a carteira de motorista muda bem as coisas pra você, não é? – Frank caçoou da conjugue e ela o retribuiu com o soco no ombro.

— Fiz uma baliza perfeita porque andei treinando, ok? – ela bufou.

Frank apenas riu e “se desculpou” dando-lhe um beijo na testa.

            Que coisa mais linda!

            – Ah! Antes que eu me esqueça!

 Ali destravou o carro e abriu o porta-malas, fuçou sua bolsa por alguns instantes e voltou a travar as portas, ela voltava com a mão lotada de envelopes de tamanho médio e passou alguns segundos até achar o que procurava.

— Aqui está – ela entregou aquele que continha o nome “Evans”.

Eram os convites de casamento. O envelope tinha uma cor de pergaminho claro e um selo de cera azul onde se encontravam as iniciais “AF”, que dava um aspecto mais rústico no design. Ao abrir o envelope encontrava-se uma foto dos dois e as informações do local e horário do casamento. Passei apenas uma olhada rápida e sorri, guardando o convite dentro da minha pequena bolsa de modo que ela não o amassasse.

— Ah, obrigada! – disse a abraçando. – Ficou lindo, mesmo! – falei olhando de minha amiga até Frank, que corou um pouco.

Tanto Frank quanto Alice coravam com facilidade, e isso era uma característica que faziam os dois ficarem ainda mais fofos juntos.

— Estou ansiosa para rever os seus pais. Seria bom se Petúnia também viesse – ela disse com um sorriso singelo exposto no rosto.

— Ah... – bufei. – Aquela ali eu não vejo desde o natal, só fica com o namoradinho dela o tempo inteiro, acho difícil ela aparecer, mas prometo tentar! – falei determinada.

— Ae! – ela riu.

Caminhamos até a entrada da Arena e enfrentamos uma fila de meia hora para entregarmos o ingresso, o show estava prestes a começar. Mas havia um problema: Como conseguiríamos encontrar os demais no meio de tanta gente?

Virei-me para Alice e Frank e tirei o celular de dentro da minha bolsinha. Sabia que era furada andar de bobeira com o celular na mão no meio de tanta gente, mas era isso ou ficar infiltrada no meio de desconhecidos. Apesar das Esquisitonas ainda não estivessem no palco, a arena inteira gritava em coro enlouquecidamente.

Disquei o número de Holly e aguardei na linha. Nada.

— É óbvio que ela não vai me escutar no meio de todo esse barulho – suspirei e me desviei de uma garota eufórica que passara gritando em direção as arquibancadas. – Maluca...

No procedimento de revirar os olhos, pude examinar melhor a garota, estava com uma blusa branca, shorts e um par de tênis similar ao meu.

— Espera... Aquela é a Tonks! – falei franzindo meu cenho e saí em disparada. – Dora! Espere!

— Lily! – o som da voz de Alice diminuía a cada vez que eu me infiltrava mais na multidão atrás de Ninfadora.

Quando finalmente não havia mais como ela escapar, a agarrei pela blusa.

— Ei! Não está me ouvindo não? – brinquei e ao ver a garota se virar, notei que não era a amiga que eu procurava. Gelei.

— O que você quer, garota? – a jovem perguntou com frieza.

— Ah... Me desculpe! Achei que fosse minha amiga...

Senti meu rosto queimar de tanta vergonha e saí em meu caminho de volta para o lugar de que eu tinha vindo. Para o meu horror Alice e Frank não estavam mais lá, procurei por meu celular e sendo a pessoa azarada que sou, ele não estava mais nem em minhas mãos e muito menos na minha bolsa. Senti o desespero tomar conta de mim, agora eu sé era mais uma no meio da multidão e meus amigos provavelmente já teriam pegado seus lugares.

Respirei fundo e por um milagre de Deus encontro alguém conhecido.

Snape.

Apesar de não ser a pessoa que eu mais queria encontrar no meio de uma arena lotada, era alguma coisa. Alice essas horas já estaria preocupada com o meu sumiço.

— Severo! – corri até meu amigo e suspirei aliviada. – O que está fazendo aqui? Pensei que não gostasse das Esquisitonas.

“E agora! O momento mais esperado desse dia 31! Com vocês... As Esquisitonas!”, o locutor se pronunciou e eu presenciei a banda entrar no palco.

 Quando a banda começou a tocar, o público inteiro foi ao delírio e isso só complicou ainda mais a minha situação. Snape me puxou para um canto menos barulhento e fechou a porta. Aquele lugar parecia ser um armário de vassouras.

— Oi... Fiquei sabendo que você vinha então comprei um ingresso de última hora... – ele disse um pouco receoso, parecendo desconfortável demais pro meu gosto.

— Ah... Bem, é que eu já combinei de me encontrar com meus amigos, eu acabei me separando deles e... – passei a mão pela testa e suspirei. – Acabaram levando o meu celular, agora eu estou bem... perdida.

— Hm... Ah, eu trouxe o meu. Se você... er... quiser usar o meu pra ligar para as suas amigas... – ele tirou o celular de dentro do bolso de trás da calça e o ergueu.

Olhei para ele brevemente e depois de hesitar, acabei pegando o celular, simulando um “obrigada” com os lábios. Disquei o número de Holly, Tonks, Alice, até Frank e Sirius eu tentei, mas era inútil, fazia barulho demais lá fora e a não ser que alguém fosse tão idiota quanto eu – de ficar segurando o celular de bobeira – não seria possível saber que eu estava ligando, e se por uma vez acabaram vendo, não atenderiam, sabendo que o número proveniente da chamada não continha o meu nome.

Bufei desistindo e devolvi o celular para Snape.

— Obrigada por isso, Severo, mas ninguém atende – balancei os ombros em desistência.

— Tudo bem... Não tem problema. O que acha de irmos pegar alguma coisa pra beber? Se acalme, vamos encontrá-los – ele colocou a mão brevemente sobre o meu ombro, do modo que sempre costumava fazer ao me aconselhar.

Afirmei com a cabeça e fomos em direção à porta. Ao sair daquele pequeno cubículo decidi que preferiria não tê-lo feito. Peter e James estavam encostados na parede da entrada olhando de um lado para o outro, provavelmente tinham os mandado para me procurar no meio da multidão. Foram questão de segundos para Potter encontrar meus olhos no meio daquela bagunça, carreguei sua expressão de desapontamento.

Ele veio até nós e fuzilou Snape com os olhos antes de se manifestar:

— Vamos... Alice e suas amigas estão preocupadas – ele segurou o meu braço com firmeza e me puxou pela muvuca.

— Me solte! – exclamei, mas ele não pareceu ouvir, se é que dava para ouvir alguma coisa. – Me largue, Potter!— ordenei e ele me soltou bufando.

— Sabe encontrar suas amigas sozinha? – ele se virou e disse de maneira seca.

— N-Não... – me expressei assustada com a sua reação.

— Então para de ser teimosa e vem logo – ele me segurou pelo braço e me puxou até a penúltima fileira.

Tínhamos chegado tarde, então perdemos o melhor lugar para assistir o show. Holly apareceu me abraçando como se nunca tivesse visto na vida.

— Lily! Achei que nunca mais íamos te achar! – ela gritou por conta do barulho.

Potter já ia se retirando para ficar ao lado de Sirius, quando Hall o segurou pelo ombro.

— Obrigada, James – ela sorriu.

— Tanto faz... – ele olhou para mim dando de ombros e se juntou a Sirius.

Senti meu peito apertar.

— Lilian Evans... Depois do show você me deve uma explicação, e das boas! – vociferou Holly e eu fiquei ali congelada enquanto o restante das minhas amigas vieram me cumprimentar.

Tonks estava com a camiseta autografada das Esquisitonas assim como ela tinha dito que viria, ao ver a minha cara, o seu sorriso murchou.

— Depois, galera. Depois... – falei para elas e me infiltrei no meio do pessoal tentando tirar a tensão que meus ombros carregavam agora e apenas me concentrar no show, que era o real propósito de tudo aquilo.

Se passaram apenas mais umas duas músicas e a banda parou por alguns segundos para fazer aquele discursinho pré virada do ano.

Minha cabeça estava um turbilhão. Potter tinha levado a sério toda essa história de virarmos colegas, não estava mais insistente e nem mesmo me elogiava. Talvez seja porque todas as vezes que nos encontramos Snape esteja por perto. Mas esse era o trato, não era? Sermos colegas/amigos da mesma maneira que eu sou de Snape, ele tinha concordado com isso e não podia ficar emburrado pelo que estava acontecendo.

Ser tratada por Potter da maneira dele tinha me deixado tão mal acostumada que foi só ele agir como uma pessoa normal agiria que eu acabo me sentindo estranha. É complicado. É como se você fosse lisonjeada por toda a sua adolescência e num piscar de olhos não tem mais ninguém para fazer isso.

Não preciso ficar pensando nisso, isso foi sempre o que eu sempre quis que James fizesse: parar de me encher o saco. E aí está ele, fazendo o que tem de fazer e me deixando no meu espaço. Apesar de ser um desejo antigo ainda não me fazia totalmente satisfeita. O motivo? Não se sabe.

“All right, Hogwarts! Are you ready for some real music?!

I said are you readdddy?! Are you readdddy?!

I can't hear ya'. All right. Come out, I wanna see your hands in the air.

 

            As Esquisitonas estavam prestes a tocar a sua música mais famosa “Do the Hyppogryff” e quando a contagem regressiva se encerrasse todas as Hogwarts— nome dado às fãs do grupo – iriam cantar, ou melhor, berrar a letra da música juntas. A pedido dos integrantes da banda, a plateia inteira levantou as mãos para o alto, chacoalhando-as no ritmo da batida emitida.

            Dei uma boa olhada em Potter antes de começar a contagem, ele estava pensativo, mas ainda se divertia. Minha mente simplesmente não parava de pensar na sua mudança brusca de comportamento.

“We're gonna teach ya' a brand-new dance tonight.

So move your body. You gotta help us, Hogwarts.

Together we can do this thing. Are you readdddy?

Are you readdddy?”

 

            Quando a contagem chegou ao zero, fogos foram disparados por toda parte e a música se iniciou com um lindo grito em coro de “Feliz ano novo!

            Todos começaram a dançar e gritar a letra da música e eu tentei ir no embalo, mesmo tendo a cabeça lotada de outros pensamentos.

[...]

            A festa se extendeu até as cinco da manhã e graças ao meu bom Deus, ninguém ficou bêbado as quedas, o que colaborou para uma volta tranquila para casa. Alice estava tão destruída de pular e gritar no show que Frank teve de fazer as honras e nos levar para casa.

            Tonks e Remus tinham vindo de ônibus, e como todos acharam que era arriscado demais para irem de transporte coletivo, acharam melhor irem todos de carro. Alice foi no banco de trás junto a Tonks e Holly, Remus foi na frente com Frank. No carro de Potter sobrou para Peter, Sirius e eu irmos com ele. Fui no banco de trás com Rabicho enquanto deixava os dois melhores amigos nos bancos da frente, Potter na direção.

            Vi o carro parar na casa de cada um e por fim, chegamos em casa. O silêncio foi tudo o que aconteceu em uma hora de viagem. Pensei que quando os garotos descessem do carro James diria alguma coisa a respeito do seu comportamento mais cedo, mas não, ficou quieto, tão quieto que eu quis socá-lo.

            Ele deixou o carro no estacionamento do nosso prédio e foi andando na frente. Segurei minha bolsa com firmeza me sentindo mais insegura do que nunca, não tinha contado a ninguém mais que meu celular tinha sido roubado além de Snape, caso meus pais estivessem preocupados eu nunca iria saber.

            O silêncio perdurou até chegarmos ao sétimo andar, que foi quando decidi começar a falar.

            – Potter... Obrigada – falei um pouco sem graça.

            – Não precisa agradecer. Boa noite – ele disse rapidamente sem nem me olhar nos olhos e se precipitou em destrancar a porta do seu apartamento.

            Eu estava simplesmente inquieta com a situação.

            – James...

            – O que você quer, Evans? – ele se virou irritado e eu arregalei os olhos. – Francamente! Você espera que eu veja você com Snape duas vezes e fique feliz? “Parabéns! Que amizade linda!” – ele disse com sarcasmo e eu engoli em seco.

            – E-Eu...Eu só...

            – Só queria conversar, não é? Eu sei. Mas quer saber de uma coisa? Eu cansei. Passei a minha vida inteira correndo atrás de você e você nunca deu a mínima! No natal, eu implorei a você por uma chance, mas tudo o que me restou foram hematomas no corpo por causa do idiota que você chama de amigo. Então se para sermos colegas ou seja lá que merda você quer que nós sejamos, teremos que agir do mesmo modo que você age com aquele imbecil eu prefiro que você saia da minha vida, que na verdade foi tudo o que eu mais almejei depois de tantos foras que você me deu. Então aqui vai um... Se você quer ser minha amiga, seja, mas eu não vou aturar um seboso idiota que só sabe falar mal da família dos outros – ele explodiu e eu apenas continuei calada.

            – Aquela hora... No armário de vassouras, não é o que você está pensan...

            – Estou pouco me lixando para o que vocês dois estavam fazendo dentro daquele lugar! – ele vociferou. – É isso o que eu tinha pra te dizer, Evans. Ou você é minha amiga, ou é amiga dele. Boa noite – ele concluiu e entrou para dentro de casa batendo a porta.

            Estava totalmente chocada. Eu realmente não conhecia o James que cuspia verdades na minha cara, sempre fui acostumada com o James que estava no meu pé me chamando para sair ou dizendo a cada quinze minutos que queria uma chance, mas agora era diferente. Ele estava farto, como nunca pensei que estaria.

            Suspirei e fucei a minha bolsa à procura do molho de chaves. Ao achá-lo, destranquei a porta e adentrei o meu apartamento sentindo uma dor de cabeça imensa me atingir. Não havia bebido uma gota de álcool, mas a enxaqueca era da mesma intensidade que uma bêbada de ressaca.

            Tentei fazer a menor quantidade de ruídos possíveis para não acordar meus pais, que estavam dormindo no meu quarto. Tomei um banho breve, vesti um pijama que ficava atrás da porta do banheiro e me sentei escorada ao batente da sacada observando a alvorada, apesar de ainda estarmos no inverno, o sol já começava a nascer às seis da manhã, contudo fraco.

            Não sabia o que tanto havia de errado comigo, passara a noite toda acordada e uma semana inteiramente cansativa, mas não tinha um pingo de sono. Fechei a persiana da porta de vidro que levava à sacada e me deitei no sofá com a televisão ligada.

            Não fora isso o que eu sempre quis? Que James me deixasse em paz? Certamente que era, mas agora as coisas estavam diferentes, sentia como se uma parte de mim estivesse falecendo. Mesmo com todo o tempo que Potter e eu estivemos sem nos ver – em nosso período de formação universitária – eu nunca me queixei internamente por nada que havia feito em relação a ele, mas agora era como se toda a minha carga de ódio e inimizade a favor dele tivessem se virado contra mim e agora eu sabia como era ser odiada.

            Ok, talvez ele não me odiasse, mas agora eu sabia como ele se sentia em relação a mim depois de todos esses anos. Será que a conversa que tive com meu pai causara todo esse efeito sobre mim? E que todos esses anos vim bloqueando meus sentimentos em relação a Potter e só agora eles decidiram se mostrar? Eu estava enlouquecendo. Será mesmo que depois de todo esse tempo eu realmente sempre... gostei dele?


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Notas finais do capítulo

Lilyzita confusa... Adorei essa cuspida na cara que ela levou. Sorry, guys... Mas ela tava necessitada de um choque de realidade! James tá cansado de tanto cu doce.
O próximo capítulo já é o casório, em! euhuehueh (o capítulo que eu mais almejo escrever desde o início da fanfic), então preparem seus forninhos que vem bomba por aí! SE SEGUREM.
Obrigada mais uma vez por serem tão maravilhosos! Um beijão e até o próximo tiro, opa, quero dizer, capítulo.



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