Uma Luz na Escuridão escrita por Silvio Dutra


Capítulo 1
Conteúdo Geral




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Uma Luz na Escuridão

 Silvio Dutra

 Set/2016

     A474

            Alves, Silvio Dutra

                Uma Luz na Escuridão/ Silvio Dutra Alves. – Rio                    

                de Janeiro, 2016.

                36p.; 14,8x21cm

                1. Vida Cristã. 2. Discernimento. 3. Conhecimento.

            I. Título.

                                                                            CDD 207

Sumário

 

Introdução.................................................................

  4

Treva Espiritual é Mais do que Errar ou Acertar.........................................................................

 10

Seria Deus Condescendente com o Pecado?........................................................................

  11

O Foco do Testemunho........................................

13

Na Luz, Mas Vivendo nas Trevas.....................

15

O Alvo da Luz é Também Vida...........................

17

O Ensino da Luz Espiritual na Cura do Cego de Nascença em João 9.............................

 20

 

Introdução

“4 Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens;

5 a luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela.” (Jo 1.4,5)

“...as trevas vão passando, e já brilha a verdadeira luz.” (I João 2.8b)

“O Senhor disse que habitaria nas trevas.” (II Crôn 6.1b)

“Aos retos nasce luz nas trevas; ele é compassivo, misericordioso e justo.” (Sl 112.4)

“Não te alegres, inimiga minha, a meu respeito; quando eu cair, levantar-me-ei; quando me sentar nas trevas, o Senhor será a minha luz.” (Mq 7.8)

“78 graças à entranhável misericórdia do nosso Deus, pela qual nos há de visitar a aurora lá do alto,

79 para alumiar aos que jazem nas trevas e na sombra da morte, a fim de dirigir os nossos pés no caminho da paz.” (Lc 1.78,79)

“35 Disse-lhes então Jesus: Ainda por um pouco de tempo a luz está entre vós. Andai enquanto tendes a luz, para que as trevas não vos apanhem; pois quem anda nas trevas não sabe para onde vai.

36 Enquanto tendes a luz, crede na luz, para que vos torneis filhos da luz. Havendo Jesus assim falado, retirou-se e escondeu-se deles.” (Jo 12.35,36)

“44 Clamou Jesus, dizendo: Quem crê em mim, crê, nâo em mim, mas naquele que me enviou.

45 E quem me vê a mim, vê aquele que me enviou.

46 Eu, que sou a luz, vim ao mundo, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas.” (Jo 12.44-46)

“5 E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, e nele não há trevas nenhumas.

6 Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos nas trevas, mentimos, e não praticamos a verdade;” (I Jo 1.5,6)

“9 Aquele que diz estar na luz, e odeia a seu irmão, até agora está nas trevas.

10 Aquele que ama a seu irmão permanece na luz, e nele não há tropeço.

11 Mas aquele que odeia a seu irmão está nas trevas, e anda nas trevas, e não sabe para onde vai; porque as trevas lhe cegaram os olhos.” (I Jo 2.9-11)

“6 Acaso não é este o jejum que escolhi? que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo? e que deixes ir livres os oprimidos, e despedaces todo jugo?

7 Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desamparados? que vendo o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne?

8 Então romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará. e a tua justiça irá adiante de ti; e a glória do Senhor será a tua retaguarda.

9 Então clamarás, e o Senhor te responderá; gritarás, e ele dirá: Eis-me aqui. Se tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo, e o falar iniquamente;

10 e se abrires a tua alma ao faminto, e fartares o aflito; então a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio dia.” (Is 58.6-10)

No mundo natural, sem luz não há visão. De igual modo, no mundo espiritual também não há visão sem a luz da única e verdadeira fonte de toda visão espiritual santa e celestial – nosso Senhor Jesus Cristo.

Quando disse ser a luz do mundo, e que aquele que nele está não anda nas trevas,  não recorreu a uma frase de efeito poético ou metafórico, mas à mais exata expressão da verdade espiritual, de maior peso ainda do que à que se refere de que não anda em trevas quem está sob a luz do sol.

Dizemos ser de maior peso porque a luz natural ilumina apenas o exterior, mas a de Jesus ilumina o interior, o entendimento, o espírito.

É luz que expulsa as trevas da incredulidade, da ignorância e tudo aquilo que se opõe ao conhecimento da pessoa e da vontade de Deus.

Sabendo que todas as pessoas chegam a este mundo em estado de trevas espirituais, em razão do pecado original, deve ser devidamente considerado o fato de extrema importância de que Deus brilha, portanto, em trevas, as quais somos nós em nossa condição natural.

Daí serem tantas as passagens proféticas bíblicas em que Deus afirma que habitaria em trevas espessas.

Ele condescende, a par de ser totalmente luz e santo, em habitar em pessoas tenebrosas para ser a fonte e a causa de transformá-las também em luz, para que brilhem irradiando a Sua glória.

Por isso é tão ofensivo ao Senhor a justiça própria daqueles que se consideram luz em si mesmos, pois além disto consistir num grande engano, também furta de Cristo a glória que lhe pertence total e exclusivamente.

Se é somente por Ele que se pode chegar a enxergar as coisas que são espirituais, celestiais e divinas, pois nenhum outro possui o poder de nos curar de nossa cegueira relativa a estas coisas, como poderia o Deus único e verdadeiro suportar a presunção de alguém afirmar que enxerga, enquanto permanece cego?

Este era o grande erro dos escribas e fariseus do passado, que foram severamente repreendidos por Jesus.

Nosso Senhor destacou principalmente a cegueira deles, nem tanto porque se recusassem a entender a verdade que eles tanto atacavam, mas por se recusarem a serem curados por Ele, em razão da sua incredulidade.

Eles estavam apegados às suas convicções e hipocrisia e jamais permitiriam que um trabalho fosse feito em seus corações convertendo-os das trevas para a luz.

Daí as repreensões de Jesus contra eles que encontramos no texto de Mateus 23, como as seguintes:

“16 Ai de vós, guias cegos! que dizeis: Quem jurar pelo ouro do santuário, esse fica obrigado ao que jurou.

17 Insensatos e cegos! Pois qual é o maior; o ouro, ou o santuário que santifica o ouro?

18 E: Quem jurar pelo altar, isso nada é; mas quem jurar pela oferta que está sobre o altar, esse fica obrigado ao que jurou.

19 Cegos! Pois qual é maior: a oferta, ou o altar que santifica a oferta?

20 Portanto, quem jurar pelo altar jura por ele e por tudo quanto sobre ele está;

21 e quem jurar pelo santuário jura por ele e por aquele que nele habita;

22 e quem jurar pelo céu jura pelo trono de Deus e por aquele que nele está assentado.

23 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber, a justiça, a misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas.

24 Guias cegos! que coais um mosquito, e engolis um camelo.

25 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque limpais o exterior do copo e do prato, mas por dentro estão cheios de rapina e de intemperança.

26 Fariseu cego! limpa primeiro o interior do copo, para que também o exterior se torne limpo.”

Treva Espiritual é Mais do que Errar ou Acertar

É comum o pensamento de se associar a condição de se estar em trevas espirituais apenas aos casos de pecados e vícios notáveis, e daí decorre o engano de muitos que se abençoam em seu íntimo pensando estarem na luz pelo simples fato de serem abstêmios, educados, de temperamento brando, responsáveis, honestos e por tudo aquilo que é louvável, mas não suficiente para nos transportar da condição de trevas para a luz.

Alguns se jactam por não praticarem o mal abertamente e outros se condenam por se reconhecerem pecadores e falhos, mas é possível que tanto num grupo quanto noutro haja quem se encontre na luz ou nas trevas.

Isto decorre de que esta condição não é medida simplesmente pelo fator moral, pois é possível que alguém que ainda esteja sujeito à prática de determinados pecados (que não aprova e dos quais pretende  se livrar) tenha chegado à iluminação que procede de Jesus, enquanto outros que não se julgam sequer pecadores, estejam ainda andando em trevas.

Seria Deus Condescendente com o Pecado?

De maneira alguma.

Ele nunca aprova o pecado ou faz vista grossa para os nossos atos e atitudes pecaminosos, mas determinou usar de misericórdia, longanimidade e graça por amor aos pecadores que se arrependem, concedendo-lhes que sejam transportados das trevas para a luz.

Para tanto, teria que atender à demanda da Sua própria justiça, ao absolver pecadores que não eram dignos de luz, senão de trevas e condenação eternas. Isto explica porque foi necessário que Jesus, sendo Deus, se fizesse homem, e morresse no lugar dos pecadores, carregando sobre Si no madeiro a culpa deles, para que pudessem ser justificados e iluminados por Deus.

Houve, portanto, a necessidade de uma intervenção histórica, de modo que Ele participasse da nossa natureza e realizasse em Si mesmo a obra que nos favoreceria eternamente.

Assim, para sermos iluminados necessitamos, antes, ser absolvidos.

Um cego espiritual jamais poderia se matricular na escola do conhecimento divino caso não fosse antes libertado das cadeias em que se encontrava, em total escravidão ao pecado e aos espíritos das trevas.

O Foco do Testemunho

Podemos ilustrar a nossa conversão a Cristo com o testemunho das muitas coisas erradas e pecaminosas que praticávamos e das quais fomos libertados, todavia, jamais devemos esquecer que o testemunho da conversão deve apontar para a Supremacia de Jesus em nos absolver e abrir os nossos olhos espirituais, pois é este o testemunho e não propriamente a condição pecaminosa em que nos encontrávamos.

Por isso, o foco do testemunho apostólico é o próprio Senhor Jesus Cristo, e não propriamente os ex-isso e ex-aquilo.

Não há grande proveito, portanto, em dizer simplesmente que eu sou um ex-alcoólatra e que Jesus me livrou disso, ou do tipo de “ex” que tenha sido, pois isto leva o foco para mim mesmo e não para Cristo, e retrata uma parte muito pequena de uma grande verdade que está atrelada ao trabalho de Jesus na minha justificação, regeneração e santificação, com vistas à futura glorificação.

Cabe também enfatizar que tudo isto que é feito em relação a nós e em nós, tem em vista não à nossa glória, senão à exclusiva glória de Deus.

“6 Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João.

7 Este veio como testemunha, a fim de dar testemunho da luz, para que todos cressem por meio dele.

8 Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz.” (Jo 1.6-8)

Na Luz, Mas Vivendo nas Trevas

Todo aquele que se converte genuinamente a Cristo, tendo nascido do Espírito Santo, já passou das trevas para a luz, mas, pode viver como se estivesse nas trevas, quando o seu comportamento não é condizente com a prática da Palavra de Deus.

O que crê é como lâmpada que foi acesa para iluminar com o testemunho do evangelho, e então, quando procede contra a Palavra, peca contra o testemunho, e a luz que deveria brilhar com a verdade permanece como que escondida e enclausurada sob um cesto.

O alvo da luz de Cristo que deve brilhar no cristão é o de dar testemunho da verdade ao mundo, e isto é feito não apenas em palavras mas pela prática dos mandamentos de Jesus.

Quando isto não acontece pode ser comparado a quem foi ressuscitado e todavia ainda vive como se estivesse morto; como alguém que foi limpo e que procura a sujeira.

Por isso é tão importante o processo da santificação que deve se seguir à conversão. É pela santificação progressiva que o testemunho é confirmado na vida, e a fé refinada e aumentada.

É a obra de transformação realizada por Jesus em nossas vidas que deve dar o testemunho do seu amor e poder em relação aos pecadores.

A falta deste testemunho na própria vida é o principal problema da Igreja de Laodiceia, e isto é decorrente sobretudo da cegueira espiritual a que retornaram depois de terem os olhos abertos por Jesus. Não são mais cegos em sua natureza pois foram curados pelo Senhor, mas têm os olhos embotados pelo afastamento dos caminhos de Deus. Por isso são exortados a adquirirem o colírio que somente Jesus pode fornecer para que seus olhos sejam desobstruídos, caso atendam à Sua chamada ao arrependimento.

Uma vez tendo retornado a enxergarem poderão entender a sua real necessidade de vestes limpas para cobrirem a sua nudez e de renovarem a sua fé, adquirindo das mãos de Jesus o ouro refinado que nos enriquece espiritualmente.

O Alvo da Luz é Também Vida

Uma das principais funções da luz, tanto no mundo natural, quanto no espiritual, é o de iluminar e gerar vida.

Sem a luz do sol não haveria vida natural na Terra.

Considere-se também que muito do conhecimento que é alcançado no mundo natural é alcançado pelo sentido da visão que é possibilitado pela disponibilidade de luz.

No mundo espiritual, a luz de Jesus tem por alvo não apenas iluminar o nosso entendimento para as coisas celestiais e divinas, como também para gerar, incrementar e aumentar a vida e caráter do próprio Cristo em nós.

É sobretudo pelo conhecimento pessoal de Cristo que nos vem da iluminação do nosso entendimento espiritual, que podemos crescer na graça e na santificação.

Daí se dizer que Jesus é tanto a nossa justiça, sabedoria, redenção e santificação (I Cor 1.30).

É, portanto, permanecendo nele e na Sua Palavra que podemos receber o crescimento espiritual que procede de Deus.

Assim como a planta não pode crescer e se manter sem estar submetida à luz do sol, de igual modo o cristão não pode crescer e se manter em santificação sem que esteja em comunhão com Cristo, em espírito.

Por isso é convocado à oração, à meditação e prática da Palavra de Deus – o alimento do espírito – e à comunhão em amor com seus demais irmãos na fé.

É nisto que consiste andar na luz, conforme o dizer do apóstolo. Tem a ver com prática e comportamento e não simplesmente com meditação e obtenção de informação bíblica.

A luz tem mais a ver com formação do que com informação. A formação do homem interior que é segundo a justiça de Deus. A formação do caráter genuinamente cristão, refletido em todo o seu comportamento.

É interessante observar que Deus nos deixou um ensino tipológico relativo a isto no mundo natural, quanto à fotossíntese realizada pelos organismos vegetais, que produzem glicose a partir da luz solar.

A luz é o elemento catalisador do processo que produz o alimento que sustentará a vida do vegetal, e de igual modo a luz de Jesus é quem permite a formação de todo o alimento espiritual necessário à nova vida celestial que recebemos da parte de Deus na conversão, Daí ser tão imperioso que andemos na luz que é o próprio Deus.

O Ensino da Luz Espiritual na Cura do Cego de Nascença em João 9

“1 E, passando Jesus, viu um homem cego de nascença.

2 E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?

3 Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus.

4 Convém que eu faça as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar.

5 Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo.

6 Tendo dito isto, cuspiu na terra, e com a saliva fez lodo, e untou com o lodo os olhos do cego.

7 E disse-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé (que significa o Enviado). Foi, pois, e lavou-se, e voltou vendo.” (João 9.1-7)

Este homem não era cego de nascença por motivo de algum juízo de Deus contra algum pecado específico dos seus pais, e muito menos dele próprio, uma vez que era cego desde o seu nascimento.

A soberania e autoridade de Deus havia trazido aquele homem naquelas condições a este mundo, para o propósito de ser curado por Jesus durante Seu ministério terreno.

Jesus veio dar vista aos cegos.

Assim, a resposta dada por nosso Senhor aos seus discípulos: “Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus” traz embutida em si a ilustração da condição a que estão sujeitas todas as pessoas quanto à sua cegueira espiritual de nascença.

Esta não foi provocada por qualquer ato pessoal que lhes tivesse conduzido à citada condição, por causa de um juízo específico e determinado por Deus, dirigido contra determinadas pessoas, senão uma condição latente, da qual somente ele pode nos curar por meio da fé em Jesus.

Estas trevas espirituais são decorrentes do pecado original de Adão, que sujeitou toda a raça humana à morte espiritual, que é a separação de Deus.

Foi principalmente para destruir o poder desta morte espiritual, e consequentemente da morte eterna que se segue à mesma, e que é a separação definitiva e irremediável de Deus, que Jesus veio a este mundo.

Para demonstrar este Seu poder sobre a cegueira espiritual que é resultante da morte espiritual, Jesus curou aquele cego de nascença, porque este mal das trevas espirituais, todo homem traz consigo desde o seu nascimento.

A cegueira física daquele homem seria curada quando fosse removido o lodo que Jesus colocou nos seus olhos, que foi feito com a saliva da Sua própria boca e com o pó da terra.

De igual modo, a cegueira espiritual é curada quando o pecador é lavado dos seus pecados, e quando é removida a maldição que foi proferida contra Adão e Sua descendência pela boca do próprio Deus.

Somente Deus pode remover a maldição que Ele pronunciou contra toda a humanidade, por causa do pecado original.

Isto acontece, quando o homem é lavado pelo lavar renovador e regenerador do Espírito Santo.

Jesus poderia ter curado aquele cego diretamente sem usar qualquer recurso para ser aplicado aos seus olhos.

Mas, certamente queria nos deixar algum ensinamento espiritual através daquilo que fizera para curá-lo.

Ninguém pode ver o mundo natural se não tiver uma visão física saudável e sem a luz natural.

Ninguém pode ver o mundo espiritual invisível sem uma visão de fé saudável e sem a luz espiritual de Cristo.

Este é o grande ensinamento desta passagem porque aquele homem não foi somente curado da cegueira física, como também da espiritual, porque ele se converteu a Jesus conforme podemos concluir da sua adoração ao Senhor e do testemunho vigoroso que deu acerca dEle na presença dos líderes religiosos de Israel.

Enquanto os escribas e fariseus estavam debatendo violentamente com Jesus para tentarem desqualificá-lo como tendo sido enviado de fato por Deus a este mundo, o que  era cego de nascença se submeteu ao Senhor e Lhe obedeceu sem nada contestar naquilo que Lhe foi ordenado, e por Sua obediência a Ele obteve não somente a cura da sua cegueira como também a salvação da sua alma.

O Testemunho do Cego de Nascença

“8 Então os vizinhos, e aqueles que dantes tinham visto que era cego, diziam: Não é este aquele que estava assentado e mendigava?

9 Uns diziam: É este. E outros: Parece-se com ele. Ele dizia: Sou eu.

10 Diziam-lhe, pois: Como se te abriram os olhos?

11 Ele respondeu, e disse: O homem, chamado Jesus, fez lodo, e untou-me os olhos, e disse-me: Vai ao tanque de Siloé, e lava-te. Então fui, e lavei-me, e vi.

12 Disseram-lhe, pois: Onde está ele? Respondeu: Não sei.

13 Levaram, pois, aos fariseus o que dantes era cego.

14 E era sábado quando Jesus fez o lodo e lhe abriu os olhos.

15 Tornaram, pois, também os fariseus a perguntar-lhe como vira, e ele lhes disse: Pôs-me lodo sobre os olhos, lavei-me, e vejo.

16 Então alguns dos fariseus diziam: Este homem não é de Deus, pois não guarda o sábado. Diziam outros: Como pode um homem pecador fazer tais sinais? E havia dissensão entre eles.

17 Tornaram, pois, a dizer ao cego: Tu, que dizes daquele que te abriu os olhos? E ele respondeu: Que é profeta.

18 Os judeus, porém, não creram que ele tivesse sido cego, e que agora visse, enquanto não chamaram os pais do que agora via.

19 E perguntaram-lhes, dizendo: É este o vosso filho, que vós dizeis ter nascido cego? Como, pois, vê agora?

20 Seus pais lhes responderam, e disseram: Sabemos que este é o nosso filho, e que nasceu cego;

21 Mas como agora vê, não sabemos; ou quem lhe tenha aberto os olhos, não sabemos. Tem idade, perguntai-lho a ele mesmo; e ele falará por si mesmo.

22 Seus pais disseram isto, porque temiam os judeus. Porquanto já os judeus tinham resolvido que, se alguém confessasse ser ele o Cristo, fosse expulso da sinagoga.

23 Por isso é que seus pais disseram: Tem idade, perguntai a ele mesmo.

24 Chamaram, pois, pela segunda vez o homem que tinha sido cego, e disseram-lhe: Dá glória a Deus; nós sabemos que esse homem é pecador.

25 Respondeu ele pois, e disse: Se é pecador, não sei; uma coisa sei, é que, havendo eu sido cego, agora vejo.

26 E tornaram a dizer-lhe: Que te fez ele? Como te abriu os olhos?

27 Respondeu-lhes: Já vo-lo disse, e não ouvistes; para que o quereis tornar a ouvir? Quereis vós porventura fazer-vos também seus discípulos?

28 Então o injuriaram, e disseram: Discípulo dele sejas tu; nós, porém, somos discípulos de Moisés.

29 Nós bem sabemos que Deus falou a Moisés, mas este não sabemos de onde é.

30 O homem respondeu, e disse-lhes: Nisto, pois, está a maravilha, que vós não saibais de onde ele é, e contudo me abrisse os olhos.

31 Ora, nós sabemos que Deus não ouve a pecadores; mas, se alguém é temente a Deus, e faz a sua vontade, a esse ouve.

32 Desde o princípio do mundo nunca se ouviu que alguém abrisse os olhos a um cego de nascença.

33 Se este não fosse de Deus, nada poderia fazer.

34 Responderam eles, e disseram-lhe: Tu és nascido todo em pecados, e nos ensinas a nós? E expulsaram-no.

35 Jesus ouviu que o tinham expulsado e, encontrando-o, disse-lhe: Crês tu no Filho de Deus?

36 Ele respondeu, e disse: Quem é ele, Senhor, para que nele creia?

37 E Jesus lhe disse: Tu já o tens visto, e é aquele que fala contigo.

38 Ele disse: Creio, Senhor. E o adorou.” (João 9.8-38)

O problema básico com os escribas e fariseus foi e sempre será o mesmo que há com todos aqueles que são dirigidos pela carne e não pelo Espírito.

Mesmo líderes que tenham sido constituídos por Deus para dirigir o Seu povo, como era o caso dos sacerdotes e governantes de Israel, serão achados em forte oposição a Ele e à Sua vontade caso andem segundo os seus próprios interesses, sem se sujeitarem ao Senhor, para governar os seus corações, estando purificados pelo Seu poder e Palavra.

Assim, em vez de darem a destra de comunhão àqueles que se converterem a Deus, estes líderes carnais, que são dirigidos pela própria vontade, e não pelo Espírito do Senhor, os perseguirão e os odiarão como os fariseus fizeram com o cego de nascença que Jesus havia curado.  

Deste modo, confessar publicamente que Jesus era o Messias estava custando o preço da expulsão da sinagoga pelos judeus.

Isto equivalia ao ato de ser excomungado da igreja antiga.

O cego de nascença que foi curado por Jesus pagou este preço não para ser curado, porque já havia sido, mas para consagrar sua vida a Deus, porque estava decidido em praticar e defender a verdade e a justiça do evangelho.

Sabendo que ele havia sido expulso da sinagoga Jesus foi ao seu encontro e lhe perguntou se ele cria no Filho de Deus, e o cego pediu ao Senhor que lhe mostrasse quem era Ele para que nEle cresse.

Naquele momento Jesus se revelou ao cego dizendo que era Ele próprio, e certamente também operou nele de tal maneira que ele chegou a ter o reconhecimento espiritual desta verdade, e se converteu naquela mesma hora, tendo adorado ao Senhor confessando a sua fé nEle.

É importante observar que este homem havia defendido a verdade ainda mesmo antes da sua conversão.

Ele havia se posicionado em favor de Jesus, e toda vez que alguém faz isto com sinceridade de coração, o Senhor virá ao encontro desta pessoa; e, no momento oportuno se revelará a ela, de maneira que venha a ser salva por Ele, como fizera com o cego, depois de tê-lo curado de sua cegueira física.

Os pais do cego temeram ser expulsos da sinagoga e perderam a oportunidade de darem um testemunho de gratidão a Deus diante dos fariseus pelo que Jesus havia feito ao seu filho.

Temeram confessar Jesus diante dos homens para não serem banidos da religião de Israel.

O temor de perder a religião fez com que eles perdessem o céu.

Aqueles vizinhos, em vez de se alegrarem com o fato de verem perfeitamente são o que fora cego desde o seu nascimento, e darem graças e glórias a Deus, ao contrário, levaram-no à presença dos fariseus, por motivo de um falso zelo religioso e para protestarem fidelidade aos homens para agradarem-nos, porque a cura foi realizada num dia de sábado, e eles sabiam quanto os fariseus estavam odiando e intentando matar Jesus, porque havia declarado ser o Messias.

Além disso, estariam dando a eles mais um reforço no argumento deles de que Jesus estava quebrando a Lei de Moisés por realizar curas no dia de descanso.

Se aqueles homens fossem de Deus e estivessem no Espírito, teriam repudiado àqueles que tomassem a atitude que eles estavam tomando, por causa da grande falsidade, hipocrisia, e bajulação interesseira que havia naquilo tudo, debaixo do nome de se estar sendo zeloso das coisas de Deus.

O grande fato é que diante da evidência daquele grande milagre houve uma divisão de opiniões entre os próprios fariseus, porque enquanto um grupo sustentava que Jesus era pecador, porque quebrou o sábado, outros questionavam esta afirmação, porque segundo eles, como poderia um pecador fazer um milagre como aquele e todos os demais que Jesus vinha fazendo? (v. 16).

Eles teriam que expulsar o cego da sinagoga caso desse um parecer favorável a Jesus, e por isso lhe perguntaram o que ele julgava ser aquele que lhe havia curado, e o cego afirmou que era Profeta.

Mas seria ainda melhor, segundo eles, caso conseguissem comprovar que ele estava mentindo ao dizer que era cego e que foi curado, e assim mandaram chamar os seus pais, mas estes confirmaram apenas que era de fato cego de nascença, mas que nada sabiam quanto ao modo como havia sido curado, porque temiam serem expulsos da sinagoga, caso dissessem que havia sido Jesus.

A grande verdade sobre a qual aquele que fora cego de nascença queria dar agora testemunho era o próprio Jesus e ele havia determinado ser Seu discípulo, e sustentou este testemunho quando foi duramente confrontado e ameaçado pelos fariseus; chegando mesmo a ironizá-los quando lhes perguntou se pretendiam também se fazer discípulos de Cristo, em face da insistência das perguntas deles quanto ao modo como o Senhor lhe havia curado.  

Quando os fariseus declararam serem apenas discípulos de Moisés e não de Cristo porque não sabiam de onde Ele era, o que fora cego deu o seguinte testemunho:

“30 O homem respondeu, e disse-lhes: Nisto, pois, está a maravilha, que vós não saibais de onde ele é, e contudo me abrisse os olhos.

31 Ora, nós sabemos que Deus não ouve a pecadores; mas, se alguém é temente a Deus, e faz a sua vontade, a esse ouve.

32 Desde o princípio do mundo nunca se ouviu que alguém abrisse os olhos a um cego de nascença.

33 Se este não fosse de Deus, nada poderia fazer.”.

É principalmente diante da oposição e perseguição que se deve dar testemunho corajoso da verdade, porque isto traz muita glória para Deus, e envergonhamos Satanás, que insiste fazer prevalecer a causa da mentira e do engano.

Cristo deve ser confessado em todas as circunstâncias, com amor, mansidão, paz e longanimidade em nossos corações.

Seu nome nunca deve ser negado, para a glória de Deus Pai.

É assim que testemunhamos que Deus é fiel e verdadeiro e que realmente enviou Seu Filho a este mundo para ser a luz dos homens.  

Se temos a comprovação diante dos nossos olhos da maravilha que Deus está operando em nosso meio, é nosso dever render-Lhe glórias de todo o nosso coração, e não nos deixarmos dominar por um coração endurecido, desconfiado, preconceituoso, tal como o dos fariseus, de maneira que cheguemos até ao ponto extremo mesmo de considerar uma obra verdadeira de Deus como sendo de procedência do Maligno.

Os fariseus se julgavam santos a um ponto tão elevado que se achavam no direito de julgar os próprios atos de Deus.

Tudo deveria estar conformado à visão estreita e preconceituosa deles.

Deus não poderia agir com liberdade e poder, porque deveria continuar sendo, ao modo de ver deles, apenas o Deus legal, que havia dado preceitos a Moisés para serem cumpridos pelos homens.

Quando não deixamos que Deus seja Deus, nós fazemos o papel de deus, e isto é algo extremamente perigoso.

Jesus curou e ainda cura.

Somente Ele pode salvar pessoas da condenação eterna e torná-los filhos de Deus.

Jesus É Senhor e somente Ele deve ser adorado.

Somente ele é o dono das nossas almas.

Ninguém tem direito de domínio sobre a nossa fé senão somente Ele.

Jesus Repreende a Cegueira dos Fariseus - João 9

“39 E disse-lhe Jesus: Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não veem vejam, e os que veem sejam cegos.

40 E aqueles dos fariseus, que estavam com ele, ouvindo isto, disseram-lhe: Também nós somos cegos?

41 Disse-lhes Jesus: Se fôsseis cegos, não teríeis pecado; mas como agora dizeis: Vemos; por isso o vosso pecado permanece.”

Com estas palavras Jesus confirmou qual havia sido o grande propósito de Deus com a cura do cego de nascença, pois todos os homens são cegos espirituais de nascença por causa do pecado, e é somente pela luz de Cristo que eles podem ver o reino de Deus.

O modo de recuperar a visão é pelo reconhecimento de que se é cego, de maneira que se possa receber a iluminação do Espírito, e  ver as realidades celestiais, que são discernidas somente em espírito.

O primeiro passo para a conversão é o reconhecimento da condição de que se é pecador, conforme convencimento do Espírito ao nosso espírito.

Não é apenas um reconhecimento, mental, intelectual, mas uma contrição de coração, uma tristeza pelo pecado, que é  produzida em nós pelo Espírito Santo.

É a chamada tristeza segundo Deus que conduz ao arrependimento que dá vida.

Enquanto isto não acontecer ninguém pode estar seguro da sua salvação.

Enquanto Cristo não for visto com os olhos da fé como o sacrifício pelos nossos pecados, e não nos lançarmos completamente a Ele para sermos perdoados e aceitos por Deus, não podemos estar convictos de termos sido curados de nossa cegueira espiritual, porque a cura nos permitirá enxergar Cristo como Senhor, como Deus, como nosso Mediador, como nosso Salvador.

Os fariseus não haviam experimentado nada disto, mas ainda assim pensavam que conheciam perfeitamente a Deus.

Jesus disse que eles permaneciam condenados em seus pecados, porque não admitiam que eram cegos espirituais como todos os demais homens, e assim, eles não iam ao único médico que poderia lhes curar da sua cegueira, porque achavam que enxergavam e não necessitavam serem curados.

Jesus havia sido designado para ser luz para os homens de todas as nações, tanto para lhes curar da cegueira espiritual, quanto para livrar da prisão os presos e os que jaziam em trevas, como se vê no texto de Isaías 42.6,7:

“6 Eu o Senhor te chamei em justiça; tomei-te pela mão, e te guardei; e te dei por pacto ao povo, e para luz das nações;

7 para abrir os olhos dos cegos, para tirar da prisão os presos, e do cárcere os que jazem em trevas.”

É no poder e obra de Jesus em nosso favor que se cumpre a promessa de Isaías 35.3-8:

“3 Fortalecei as mãos fracas, e firmai os joelhos trementes.

4 Dizei aos turbados de coração: Sede fortes, não temais; eis o vosso Deus! com vingança virá, sim com a recompensa de Deus; ele virá, e vos salvará.

5 Então os olhos dos cegos serão abertos, e os ouvidos dos surdos se desimpedirão.

6 Então o coxo saltará como o cervo, e a língua do mudo cantará de alegria; porque águas arrebentarão no deserto e ribeiros no ermo.

7 E a miragem tornar-se-á em lago, e a terra sedenta em mananciais de águas; e nas habitações em que jaziam os chacais haverá erva com canas e juncos.

8 E ali haverá uma estrada, um caminho que se chamará o caminho santo; o imundo não passará por ele, mas será para os remidos. Os caminhantes, até mesmo os loucos, nele não errarão.”

É na luz de Jesus que vemos a luz da verdade das Escrituras e que chegamos a conhecer a nossa real condição diante de Deus.

Não podemos entender o testemunho da Bíblia como convém caso não tenhamos os nossos olhos espirituais abertos e iluminados pelo poder de Jesus.

Por isso nada adianta tentar explicar realidades espirituais no seu significado aplicado à vida enquanto não houver uma real conversão a Cristo.

Um cego físico não pode enxergar as coisas terrenas naturais e um cego espiritual não pode enxergar as celestiais e divinas.

Em Isaías 42.16 o Senhor tem prometido guiar e não desamparar no caminho da verdade (Cristo) aqueles que não o conheciam, uma vez removida a sua cegueira:

“16 E guiarei os cegos por um caminho que não conhecem; fá-los- ei caminhar por veredas que não têm conhecido; tornarei as trevas em luz perante eles, e aplanados os caminhos escabrosos. Estas coisas lhes farei; e não os desampararei.”


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