Quem nasceu pra ser Italo, nunca vai ser Abner! escrita por Lunazn


Capítulo 2
Don't cry no more




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—Yesterday, I thought I saw You shadow running 'round It's funny how things never change In this old town. - Abner cantava baixinho a música que estava tocando em seus fones enquanto caminhava até a padaria perto da sua casa, hoje sua playlist estava simplesmente arrasando com seu coração, era um tiro atrás do outro, parecia até que o destino estava dizendo que não seria um dos melhores dias. Quando estava chegando perto da padaria a voz do irlandês deu lugar a sua antiga boy band com a música history, o rapaz teve que se segurar para não derramar lágrimas no meio da rua porque simplesmente aquilo era demais para ele  aguentar e a única coisa que vinha na sua cabeça era " Porque tinha que acabar?!".
A primeira coisa que ele fez ao atravessar a porta de casa foi arrancar os fones de ouvidos, ele não aguentava mais aquela torrente de emoções que o estava inundando, para muitos parecia besteira ele estar praticamente chorando por causa do termino de uma banda, mas para o cacheado eles eram como se fossem da sua família, acompanhando todos os altos e baixos, todas as músicas ou vídeos novos, ou apenas lendo fanfics para se sentir mais próximo deles, e mesmo depois de assistir o clipe de history e saber que o fim estava próximo ele não conseguia lidar com tal fato e aquilo ainda doía em seu peito toda vez que escutava aquela música.
— Bolinho 'tá tudo bem? Aconteceu algo na rua? - Dona Mel se aproximava do rapaz com um semblante preocupado, pensando em o que poderia ter acontecido para o seu menino chegar daquele jeito em casa. - Abner, eu estou ficando preocupada, o que aconteceu?
— Nada, mamãe. - O rapaz falava enquanto fungava baixinho tentando não preocupar sua mãe. - Eu que sou um bebê chorão e que chora por qualquer coisa, se lembra?
— Ai filho, mas me parte o coração toda vez que te vejo com essa carinha! - A senhora respondia enquanto fazia um carinho nas costas do seu filho. - Foi aquele menino de novo?
O rapaz solta uma pequena risada depois de responder que não foi o Italo, antes fosse.
— Cada dia eu entendo menos essa juventude! - Fala a mulher enquanto se afastava vendo que o outro já estava melhor.
— Ai, mãe vamos logo pra cozinha que esse choro todo me deu fome!
 
—x-

Pov Abner

Mais um suspiro sai da minha boca, já perdi as contas de quantas vezes fiz isso essa manhã, pelo menos eu acho que é de manhã, meus olhos estão ardendo de tanto tempo que estou acordando e não conseguido ir dormir, tudo porque minha cabeça não me deixa descansar insistindo em passar seguidas vezes, num eterno looping, cada momento ruim que passei na vida, cada comentário e xingamentos direcionados a mim, e eu tento lutar contra mas eles não param, ficam cada vez mais fortes, me levando assim a  exaustão, fazendo com que finalmente eu consiga dormir com pesadelos durante a poucas horas que me restam antes de levantar e ter que encarar minha vida como se nada tivesse acontecendo.

—x-

Quando o despertador tocou às dez horas da manhã parecia que o meu corpo tinha sido atropelado por um caminhão e que ele ainda tivesse dado ré, só pra confirmar se realmente tinha conseguido me acertar. Fico alguns minutos olhando para o teto antes de levantar e seguir direito para o banheiro, limpo o rastro de choro que se formou durante a noite e olho para o espelho tentando abrir um sorriso falhando miseravelmente nessa missão, o centésimo suspiro escapa pelo meus lábios pelo qual sai a promessa de ser o  último antes de sair por aquela porta e fingir ser uma pessoa forte perante a minha mãe.
" Não chore!" , " Não grite!" , " Não desabe!" eram as frases que rodavam em minha cabeça enquanto passava os braço em torno dos ombros da minha mãe e lhe desejava um bom dia com o maior sorriso que consegui abrir.
— Oi filho, dormiu bem? - Perguntou a mulher da minha vida, sempre com aquele tom amoroso do qual fazia o meu dia um pouquinho mais feliz.
— Dormi feito um bebê! - Menti, acho que minha maior qualidade era mentir já que o fazia desde pequeno. - O cheiro 'tá muito bom dona Mel, o que tu fez de bom hoje?
— Eu fiz aquele bolo de cenoura que tu tanto gosta. - Mamãe corta um pedaço grande do bolo e o coloca junto com um suco na minha frente.
Bom, pelo menos eu vou bem alimentado pro colégio.

—x-

Eu não aguentava mais ouvir a voz arrastada da professora de sociologia, tinha dormido pouco e ainda teria que aguentar as aulas tediantes daquele dia. E pra piorar ainda tinha que aguentar o Italo a tarde toda porque ele decidiu ir se sentar na cadeira de trás.
" Será que a professora não vê que ninguém 'tá prestando atenção nela?" Era tudo que conseguia pensar ao mesmo tempo em que lutava contra o sono que me atingia.
— Agora eu quero que vocês façam um pequeno resumo sobre o que eu acabei de explicar, pode ser em dupla. - E foi aquele alvoroço das pessoas em tentar achar alguém que tivesse prestado alguma atenção nela.
Eu as vezes acho que os professores fazem isso só pra ver nosso olhar de desespero, enquanto se divertem a nossas custas.
Olho bem para os olhos da mulher em minha frente pensando em mil maneiras de cometer um assassinato sem deixar pistas, afinal a maratona que fiz de Dexter nesse fim de semana deve ter servido pra algo. Quando eu estava preste a soltar uma risada maléfica alguém me cutuca.
— Quem ousa atrapalhar os meus planos? - Me viro olhando com raiva para aquele reles mortal.
— Ah, desculpa atrapalhar, eu só queria saber se tu escutou a página que a professora falou?
— Escutei. - Franzo o cenho tentando lembrar o nome daquela guria " Marcela?", " Marisa?". - E era pra ti ter feito o mesmo!
Jesus, nem eu estou me aguentando hoje.
— Quer dizer... - Pigarreio tentando me controlar. - Página 248.
A guria agradece e volta pra mesa dela. Quando me viro pra frente solto um suspiro e logo depois arregalo os olhos, havia acabado de quebrar a promessa.

 


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Notas finais do capítulo

Eu fiz esse cap pra mostrar o outro lado do Abner, que mesmo uma pessoa demonstrando felicidade ela pode estar quebrada por dentro.
xoxo



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