Fiquei sem reação, como assim não veria o parto da minha filha, tentei argumentar mas se a paciente não queria não teria como, sentei na sala de espera com o vestidinho na mão, pareceu uma eternidade quando o médico apareceu.

— Está tudo bem, Maria esta descansando e a Alice já esta na incubadora, Estevão, ela disse que se quiser ver sua filha para ir no berçário, pois... não quer você no quarto.

Não consigo responder, apenas senti a mão de João no meu ombro me dando apoio, apenas balancei a cabeça e segui o medico, parei na frente do vidro, o medico entrou e conversou com a enfermeira, ela se aproximou da pequena e a carregou nos braços, vindo ate perto do espelho, era perfeita, pequena como a mãe, o medico saiu.

— Estevão ainda não pode pega-la. – Ele foi embora e fiquei mais um tempo a olhando, ate a enfermeira levar de volta para a incubadora, ainda fiquei mais um tempo ali, era um amor tão grande, era um fruto do nosso amor, que eu machuquei, a enfermeira saiu.

— Moça, sera que pode por essa roupinha nela? – Estendi o vestidinho.

— Sinto muito senhor mas ela já tem uma roupinha escolhida pela mãe, com licença.

Ela saiu, eu voltei a olhar minha filha, olhei o vestido dei uma ultima olhada e fui embora, precisava ficar sozinho, passei pela sala de espera, ouvi João me chamar mas não parei, entrei no carro e dirigi sem rumo. Parei em uma praça fora da cidade, sai do carro e me sentei no banco, lagrimas já saiam dos meus olhos, eu tinha perdido tudo, e por minha culpa, a falta que ela me faz me deixa sem ar.

Tengo tantas ganas de mirarte
Que no sé ni dónde empiezan
Menos donde se terminan

Não por quanto tempo fiquei naquela praça, voltei p carro e fui pra casa, entrei tudo escuro e vazia, como meu coração, sentei no sofá e a minha frente estava um quadro com a foto dela e os meninos, a peguei, abracei e deitei, precisava sentir ela perto de mim, acabei adormecendo, acordei com alguém batendo na porta, me levantei ainda com a foto, abri era João, deixei ele entrar.

— Como esta?

O olhei, fui ate a cozinha e ele me seguiu, peguei uma bebida e me servi. – Como acha João, destruído. – Bebi de uma vez so e me servi de novo. – Mas eu sei meu erro. – Bebi novamente de uma vez, quando fui me servi de outra João tomou da minha mão.

— Se embebedar não vai ajudar.

— Não tem o que ajude, ela me odeia e com razão, eu não pude ve minha filhinha nascer. – Nessa hora já não consegui segurar meu choro. – A mulher que amo não a tenho mais, eu não sei o que fazer.

— Primeiro levantar a cabeça, o que você fez foi horrível sim, mas todos erramos, acho que ela errou em não deixando você ver o parto, mas já foi, você tem dois filhos que estão perguntando cadê o pai deles, e porque não os ama mais, creio que esta deixando eles e se preocupando apenas com a sua dor e assim não vai resolver nada, lute, vai ser muito difícil, vai mas não impossível, mas vai depender de você, eu a vi.

— Como ela esta?

— Bem, disse pra te avisar que pode ir ver sua filha quando ela for pra casa, eu te aviso, as crianças vão ficar comigo hoje a noite, quer se embebedar hoje pra acabar com essa alto piedade muito bem, mas que seja pra levantar amanha forte como sempre foi.

Segui o conselho dele, bebi a garrafa toda, dormi no sofá e acordei com uma dor de cabeça infernal, tomei um banho, um café bem forte e fui buscar meus filhos.

— Papai. – Pedro veio correndo e me abraçou, Arthur veio atrás dele, o peguei no colo.

— E ai campeões, tudo bem?

— Sim, pai minha irmãzinha nasceu? A mamãe esta bem ?

— Sim nasceu e a mamãe esta bem.

— Quero ver as duas.

João se aproximou, olhei pra ele.

— Ela estará em casa a partir de amanha.

— Então amanha vamos vê-las, hoje vamos passear nós três, passeio de homens.

Eles pularam, e saímos, fomos ao card, comemos fora, voltamos pra casa apenas a noite, os dois exaustos, os coloquei para dormir, fui tomar um banho, me troquei e me deitei, o sono demorou a vir, Maria não saia de meus pensamentos, peguei o travesseiro dela, ainda tinha seu cheiro, como sentia falta de seu corpo, de beija-la, toca-la, ama-la a noite toda.

Tengo un corazón que me reclama
Porque diablos te dejé
Que te escaparas de mi vida

Adormeci abraçado com o travesseiro, acordei com os meninos em cima de mim.

— Papai acorda, vamos ver a mamãe e nossa irma.

Os olhei, sorri. – Vamos mais tarde, depois do almoço, deixa a mãe de vocês se instalar bem.

Eles concordaram, ficamos juntos na parte da manha, depois do almoço fomos ate a casa de Maria, estava ansioso, nervoso, comprei um buque de tulipas e um urso para Alice, paramos na frente da casa dela, respirei fundo e toquei a campainha, a mãe dela atendeu, me cumprimentou.

— Estevão, ela esta no quarto da Alice podem ir.

Fiquei receoso. – Não é melhor avisar?

— Não se preocupe, ela sabe.

Os meninos subiram na frente, quando entraram no quarto foram correndo até ela, parei na porta,, com o urso e as flores, a admirei, mesmo depois de ter dado a luz ela estava perfeita.

Tengo un montón de sueños rotos
Y 10 mil atardeceres esperando que regreses
Tengo que decirte lo que siento
Pues no puedo darme el lujo de perderte para siempre

Quiero que vuelvas me hacen falta tus manos
Y tus caricias recorriendo mi piel
Tengo un montón de besos acumulados
Haciendo pausa hasta que te vuelva a ver

Ela os abraçou, beijou, disse o quanto estava com saudades, ate que me viu na porta, o sorriso desapareceu, meu coração apertou, eu era o motivo dos seus sorrisos e agora sou o motivo da falta dele, entrei noo quarto.

— Oi, como esta?

— Bem.

Os meninos se aproximaram do berço, eu cheguei perto dela e entregue o buque, ela o pegou.

— Obrigada. – Apenas o deixou de lado, eu balancei a cabeça e fui até o berço, ela estava lá, de rosa, linda dormindo, coloquei o urso na ponta do berço e a peguei no colo, meus olhos se encheram de lagrimas.

— OI princesa, sou eu seu papai, você é linda. – Me abaixei para os meninos ve-la, eles sorriam, brincaram dizendo que era muito pequena pra brincar com eles, sorri, depois os meninos desceram, ficou apenas Maria, eu e Alice. – Como ela esta?

— Muito bem, o medico disse que o peso esta ótimo, tudo bem.

Apenas assenti, continuei olhando ela, ate que Maria saiu do quarto. – É princesa, papai fez uma coisa ruim, se arrepende amargamente, perdi o amor da sua mae, você foi a única coisa que ela vai amar de mim, não sei como alguem como eu consegue criar um ser tão perfeito como você e seus irmãos, saiba que te amo muito e já que não fui um marido bom pra sua mamãe, serei o melhor pai do mundo pra você e os meninos, seu pai é turrão, persistente com o que quer. – Beijei sua testa e a coloquei de volta no berço, quando me viro Maria esta parada na porta.

Quiero que vuelvas porque no me acostumbro
A no verte pasear por mi habitación
Yo sé que tú también te mueres por verme
Porque esta historia nunca se terminó

— Porque não me deixou entrar pra ver o nascimento dela, eu sei que você não me quer por perto, que fui um monstro eu sei, mas ela é minha filha.

Ela entrou no quarto e sentou na poltrona. – Não queria você por perto, você vai ter todos os direitos dela, mas não te quero perto de mim, na verdade quero conversar uma coisa com você.

Mordi o lábio, eu já a perdi, ela não me queria perto dela. – Claro, que quer?

Ela se levantou se aproximou e com os olhos mais frios que já vi me respondeu.

— Quero o divórcio...

Tú y yo tenemos tantas cosas pendientes
Miles de besos esperando uno mas
A que dejemos por un lado este orgullo
Pa volver a empezar

Continua...