— Emília, precisamos conversar! - Disse, Enrico, impaciente ao entrar na sala de sua esposa.

— Diga, Enrico! - Emília está assinando alguns documentos da Casa Beraldini, entretida, nem o olha, irritando com a falta de atenção de sua esposa.

— Emília! - Insiste mais uma vez.

— O quê? Oi! Sim! Fale, Enrico, estou ouvindo. O que dizia? - Diz, tirando os óculos de grau para dar-lhe mais atenção.

— Vou viajar!  - Disse-lhe sem rodeios.

— Assim, de repente, sem dar explicações? - Emília se levanta de sua mesa, e chega o mais perto de seu esposo.

— Emília, é preciso! Estou pensando em abrir uma nova agência da Beraldini, será um ótimo negócio para a nossa empresa. - Enrico não ver a hora de expandir o negócio da família, mas sabe que qualquer decisão é necessário o aval de Emília.

— Então, vamos ir juntos e aproveitamos e levamos a nossa filha, Lívia, será bom para ela sair um pouco. - Fala já impondo a, Enrico, planos para a viagem.

— Não! Não vou sair de férias, Emília, vou viajar a negócios, a Lívia só iria atrapalhar. - Diz, obtuso.

— Tudo bem, vamos juntos, então? - Emília se sentiu golpeada pela forma fria que Enrico se referiu a Lívia, "que só serviria para atrapalhar", mas sabiamente "engoliu o sapo" e o questionou.

— Emília, por enquanto, quero decidir isso sozinho, depois conversamos. - Fala dando um beijo em sua testa.

— Enrico, eu sou a principal acionista desta empresa, preciso ficar a par de todas as decisões que acontecem aqui! - Diz com um tom de reprovação.

— Emília, meu amor, sei o que estou fazendo. Preciso ser apoiado e não criticado! - Enrico, tenta amenizar o clima na empresa, colocando Emília no lugar dela de esposa, sua mulher.

— Enrico, como posso apoiá-lo se sempre me deixa de fora dos negócios da nossa Empresa?! Me diga! Sou a principal acionista e quero estar a par de tudo! Quando será a viagem? E o lugar? Preciso pedir a Raimunda que arrume minhas coisas. - Diz com toda certeza que não vai abrir mão dos negócios da família só porque, Enrico, não quer que ela vá.

— Emília! Aqui não! - Mais impaciente.

— Como assim, Enrico? - Olha para ele sem acreditar. Afinal, como ele pôde tratá-la assim?! Como a principal acionista não pode estar a par de tudo?

— Já disse! Dessa vez irei sozinho! E você fica na direção da empresa no meu lugar. - Enrico, diz a Emília com autoridade sobre ela e os negócios, mesmo sabendo que ela não é dada a esse tipo de tratamento.

— Enrico, por que não quer que eu vá? Não faz sentido... - Emília não entende o mistério que Enrico faz em relação a empresa.

— Quando chegar em casa conversamos! - Fala descontente ao sair da sala da esposa e bate na porta fazendo Emília fechar os olhos em repulsa.

— Enrico... Meu Deus, que homem difícil! - Emília "olha aos céus", põe a mão na testa vítima do estresse e senta na sua poltrona e volta a assinar os documentos da empresa.

E assim foi a manhã na Casa Beraldini. Depois de uma manhã cansativa de trabalho e a discussão com Enrico, resolve ir para a casa almoçar com sua filha, Lívia, e descansar um pouco. Mas antes de ir, vai até a sala do seu esposo.

— Enrico! - Entra sem bater na porta.

— Emília, por que não bate na porta? Eu já disse a você tantas vezes! - Como sempre irritado. Enrico, não perde a oportunidade de descontar de alguma forma o estresse em sua esposa.

— Por que? Esconde alguma coisa? - Disse com um sorriso de canto para provocá-lo.

— Não! Claro que não! - Fala engasgado.

— Enrico, você não vem comigo? - Diz o chamando para almoçar.

— Para onde? - Enrico, está ouvindo algumas notificações da secretária.

— Almoçar, Enrico, você não vem? Já passou da hora... - Emília, está tentando pelo menos nessas horas passar um momento com seu esposo e filha.

— Hoje não amor, vou almoçar com uns amigos representantes, vai você e dá um beijo na Lívia por mim. - Diz tentando despachar Emília da sua tarde de almoço com os amigos.

— Então eu vou e você me apresenta-os. - Emília se aproxima de sua mesa.

— Não Emília, são amigos velhos, você não irá gostar. - Disse, Enrico.

— Quem sabe se irei gostar ou não, Enrico, sou eu! Por que insiste em me privar das coisas? Emília, diz desapontada.

— Emília, só não quero que você se decepcione meu amor. Vamos! Vou chamar o Ariel para levar você para a casa. - Enrico, ao dizer a Emília, se levanta da mesa do seu escritório e se aproxima dela para beijá-la, mas ela se esquiva.

— Quer saber, Enrico!? Depois não reclame! - Fala o deixando sozinho e bate a porta mais forte ainda.

A decepção com Enrico está tornando-se cada vez mais incômoda para Emília. Ele não tem tempo para ela e nem a procura mais, sua filha não a ouve mais - não como antes - e tudo isso por culpa do seu marido, que é obcecado pelos negócios na empresa, e na vontade descontrolada de crescer mais e mais. E agora? O que Emília irá fazer? Desistir do seu casamento que está por um fio? Esquecer, Enrico, e seguir em frente sua vida com sua filha, Lívia? Ou deixar que sua vida se torne mais desgastante ainda?
Não há mais o que dizer. Ariel, motorista de Emília, leva-a para a casa depois de uma manhã cansativa no trabalho. Emília em seu quarto toma um banho para refrescar, se arruma, e desce para almoçar com os pais e a filha.

— Lívia, como foi seu dia na escola, meu amor? - Diz Emília a filha, levando um suco de laranja a boca.

— Foi como todos os dias! - Disse Lívia sem dar muita atenção a mãe.

— Lívia! Não é assim que se fala com sua mãe! - Vitória, a repreende pela forma grosseira que Lívia trata a mãe.

— Deixa mãe! Depois conversamos, Lívia! - Fala olhando para Lívia.

Emília depois de almoçar, faz uma ligação para Carola.
Na conversa pede a ela que a notifique de tudo que acontece na empresa durante sua ausência. Após descobrir que Enrico, irá para Veneza. Sendo assim, Emília, cansada da sua vida cotidiana, decide sair um pouco, quem sabe viajar, desanuviar à cabeça, nada faz mal se livrar um pouco do estresse rotineiro descomunal, para enfim, descansar. Sem dar muitas explicações sobre sua viagem, deixa sua assistente pessoal, Carola, a par pelo menos de tudo que acontecerá durante sua ausência. Reuniões, assinaturas, revisões das novas empresas fora do país, acordos, viagens desmarcadas. A empresa também ficará por conta dos assessores, e do seu pai que prometeu cuidar de tudo até a mesma voltar. Com uma boa conversa íntima com Lívia, de maneira insistente decide levá-la mesmo com sua hesitação - Mas de qualquer forma, Lívia, não teria escolhas - As duas irão para uma cidade linda no Sul do País, Bellarrosa. Cidade esta composta por maravilhas e fenômenos turísticos. Conhecida popularmente pela terra fértil, e grande quantidade produtiva de bons vinhos, e por possuir excelentes vinícolas que poderão servir como um bom negócio para grandes empreendedores como, Emília. Esta viagem, deixará Emília menos estressada e mais atenta aos problemas psicológicos de sua filha, será uma bela oportunidade para conhecê-la inteiramente. E tirar, Lívia, do seu mundo virtual. Onde tenta demonstrar suas emoções de forma bem abusiva. Enrico chega em casa, e sem excesso de palavras diz a Emília que hoje mesmo irá viajar. Emília sem reação, o diz sobre sua viagem, mas ele não deu-lhe muita importância.

— Enrico, precisamos conversar? Eu e Lívia, vamos... - Emília tenta o falar mais ele reage sem se importar por ela e Lívia.

Simplesmente, lhe beija os lábios, fecha a porta do quarto e em seguida diz que não irá demorar retornar. E sai rumo ao seu destino, Veneza.

— Mas... - Sussurra, Emília.

De camisola, Emília, está na escuridão do seu quarto pensando como seu casamento está cada vez desgastante, e como esta viagem será boa não somente para ela, mas para todos a sua volta. Enrico, ficará no apartamento da família, então seria menos que necessário levar algumas coisas, afinal, tudo de que precisa tem na casa em Veneza. Pega apenas seus contatos, PC, pastas e documentos.
Emília, por telefone fala com Gema desesperada pelo ombro confortável de sua querida amiga de longa data. A intima ir junto para Bellarrosa. Gema, depois de muita insistência resolve aceitar ir com a amiga. As duas não vejam a hora de recordar as lembranças passadas. A viajem será pela manhã. Carola reservou o voo na primeira hora de embarque e de primeira classe sairão rumo a Bellarrosa. Ariel vai a viagem a pedido de Emília, e será seu motorista durante os dias que ficarão por lá.