E essa foi a ultima vez em que eu a vi viva. Sempre que eu ouvia este lindo nome um sorriso magnífico surgia em meu rosto, mas a partir deste momento tudo o que me recordaria ao soar deste nome era da lamina cortante da faca de cozinha rasgando a carne de seu abdômen brutalmente, enquanto minhas mãos ficavam encharcadas de sangue daquela menina ingrata!

— Ah é! Quem sou eu... Bem, sempre esqueço de me apresentar e já começo desabafando... Acho que agora tenho tempo suficiente para contar.

Me chame de Jack, só isso, nada de apelidos estúpidos e insignificantes! Já fui aquele que queria dizer algo a todos, mas nunca teve coragem de dizer uma palavra em público se quer. Já fui aquele que todos zoavam e que na sala de aula se isolava de todos. Sou aquele que percebeu que o problema não estava em mim, mas sim neles... Então pra que tirar minha própria vida se é bem mais divertido tirar a dos outros? Afinal eles é que estão incomodados comigo.

Nem sempre meu coração foi de pedra, assim como muitas outras pessoas, eu e tive uma infância conturbada, entretanto, os verdadeiros problemas começaram a surgir no inicio da minha adolescência quando eu tinha 15 anos.

lembro-me perfeitamente daquela tarde ensolarada no colégio, eu já estava atrasado para a primeira aula então larguei minha bicicleta num canto qualquer e entrei correndo pela porta da frente. Obviamente, como o mundo me odeia,  eu não vi aquela bela placa de aviso "Cuidado, piso molhado", e mal dei uns três passos rápidos quando fui de encontro com o chão. Aqueles imbecis de sempre estavam todos lá esperando a primeira desgraça do dia para saciar seu espírito de porco.

— Hahaha boa idiota! Não aprendeu a ler ainda? (Disse Adam o líder dos lixos)

—  O que foi? Vai chorar marica? (Completou a anta chamada Kyle, melhor amigo do líder dos idiotas)

Situações como essa já nem me incomodava mais, todos os dias, qualquer coisinha que eu fizesse eles já zombavam de mim. Na verdade incomodava, mas como matar eles ainda não era uma opção então eu apenas ignorava. Levantei, peguei meus cadernos que tinham caído no chão e fui para minha primeira aula. Mal sentei no meu lugar quando a Srta. Anna avisou com aquele sorriso sínico no rosto que teríamos uma prova surpresa em duplas. Adivinhem quem era o diferentão que não falava com ninguém e sempre ia sozinho? Isso mesmo a palhaço aqui!

— Muito bem pessoal, escolham seus parceiros. Ah e antes que eu me esqueça, Samanta por você ter esquecido de fazer sua tarefa de casa eu vou escolher sua dupla hoje. Você vai com o Jack e não quero ouvir reclamação de nenhum dos dois.

Reclamação? Samanta Miller era simplesmente a garota mais bonita da escola, aqueles belos olhos azuis, cabelo castanho claro levemente ondulado, um corpo maravilhoso e claro um sorriso que fazia meu coração disparar toda vez que eu via. Se fosse para ter reclamações só se fossem por parte dela.

— Tudo bem professora (Respondeu Samanta num tom não muito contente)

— Oi Samanta, então você sabe meu nome... Quer dizer sabe o conteúdo...? (Tentei puxar assunto com a dona do meu coração)

— Seu nome é Jack e eu não preciso da sua ajuda

Simplesmente abaixei minha cabeça e fiz minha prova, ali quieto no meu canto e ela quieta no canto dela. Logo que bateu o sinal, entregamos a prova e ela já foi para o fundo da sala se unir ao "Clube as bestas", já que aquele babaca do Adam vivia dando encima dela.

— E ai Sam o Jack te ajudou ou ele não te viu que nem a placa de piso molhado agora pouco hahaha (Ele disse e todos os bestas riram como se não houvesse amanhã)

— Deixa ele Adam, o garoto já é excluído pra que pisar mais encima dele?

— Que meiga, se importando com a classe inferior hahaha

Enquanto eles falavam de mim, eu apenas coloquei minha toca, abaixei a cabeça e fiquei ali pensando como seria bom por um fim em tudo isso, mostrar para a Samanta que eu quero o bem dela e não eles. Na verdade só me livrar deles já seria um grande alívio. Mais um dia entediante de aula se passou e quando vi já estava na hora de ir embora, joguei tudo dentro da mochila e sai correndo antes que a trupe de estrumes viesse me encher o saco. Peguei minha bicicleta e quando estava virando a esquina do colégio fui cercado pelos 4 jumentos.

— Desce da bicicleta viadinho, vamos ter um papo reto (Disse Adam se achando O ALFA)

— O que vocês querem de mim?

— Não entendeu ainda? É pra você descer, VIADINHO! (Completou o pau mandado dele)

Desci da minha bicicleta e logo em seguida fui empurrado no chão, seguido de vários chutes e socos, até que um deles pegou minha mochila.

— O Adam que tal dar uma olhada na mala dele? (Disse um dos idiotas)

— Me dá aqui essa merda! (Falou enquanto tomava minha mochila das mãos do outro garoto). Não acredito, um diário! Hahaha (Todos riram). Tem certeza de que você não gosta de dar a bunda?

— Mesmo se que eu gostasse, a bunda é minha e eu dou para quem eu quiser! (Respondi na lata mesmo)

—Repita se tiver coragem! (Me agarrando pelo colarinho)

Eu não respondi outra vez, apenas abaixei minha cabeça, já que além de estar em desvantagem, dois "capangas" dele estavam me segurando pelos braços e eu já tinha apanhado bastante. Deparando-se com minha reação ele deu um soco de direita em meu olho esquerdo, seguido por um chute no meu estômago. Me jogaram no chão, como o devido lixo que eu significava para eles.

— Vou ficar com seu diário senhorita, quero ver se você é mais problemático do que eu imagino! (Terminou sua frase e todos saíram com suas devidas bicicletas).

Peguei minha bike, fechei minha mochila e fui correndo para casa. Larguei ela na garagem, abri a porta e dei de cara com meu pai já bêbado com uma lata de cerveja na mão e um cigarro na outra. Claro que chegar em prantos e todo machucado não é uma coisa comum, mas no meu caso era só "mais uma vez", e pro meu pai eu é que fui inútil de novo.

— Ah, meu pai, sejam bem vindos a segunda parte infernal da minha vida!