Scream - Survival escrita por The Horror Guy


Capítulo 18
Going Down


Notas iniciais do capítulo

Um flashback revelador, e uma jogada sinistra.



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FLASHBACK - TRÊS SEMANAS ATRÁS.

A Porta do quarto se abria violentamente durante a caminhada nervosa e impaciente de Jill, que só queria estar em seu cantinho. Adentrando o cômodo com pressa fazendo de tudo para que seus pais não a vissem, ou que pelo menos não vissem a sacola que ela carregava. Jogou a sacola em cima da cama, já se virando às pressas fechando a porta. Encostou na porta como se estivesse se deitando sobre ela, fechando os olhos dando uma expressão de "Até que enfim". Seus olhos percorreram o cômodo, indo em direção à sua compra agora jogada em cima da cama. Soltou um suspiro e uma expressão determinada se desgrudando da porta, caminhando em frente pronta para encarar sua compra. Sua mão mergulhou dentro da sacola, trazendo consigo um tecido grosso e preto como a noite. Levantou o braço segurando aquilo na ponta dos dedos, o ergueu ainda mais vendo o comprimento. Era grande, enorme, tinha até um pouco mais que seu tamanho. Mas não era um vestido, não era um cobertor, nem uma echarpe gigante. Pousou o tecido sobre seu peito, dando uns dois passos para trás, comparando o seu tamanho com o dele, tentando se imaginar vestindo aquilo. Se virou ficando de frente ao espelho, pegando a ponta da manga também longa da coisa, colocando-a sobre seu ombro. É, o tamanho não era perfeito. Era grande demais, ia até seus pés e talvez até um pouco mais. Poderia tropeçar se andasse muito rápido ou corresse. Ainda que o tecido, fabricado de modo especial para que se pudesse esticar as pernas dentro dele sem que alguém tropeçasse, não seria bom o bastante para Jill. Precisava que alguém um pouco maior o vestisse com perfeição. Deslizou seus dedos sentindo o tecido, notando que haviam pequenos pontos brilhantes por toda parte, como se ele fosse coberto por Glitter ou algo assim. Mas não eram muito visíveis, você teria que ficar bem perto para notar. Esses pontos pequenos, do tamanho de grãos de areias serviam para a escuridão. Mesmo numa noite escura, era possível ver a silhueta daquela capa preta espessa. A Figura assombraria até mesmo os que estivessem perdidos no breu total. Com as duas mãos, ela esticou o manto negro como se abrisse os braços da roupa feito Jack em "Titanic", girando de um lado para o outro, como uma princesa de conto de fadas que está provando um belo vestido pela primeira vez em sua vida medíocre. Seu olhar agora era de contentamento, e seu sorriso ainda que brilhante, não era de felicidade.

Lançou o tecido preto no ar, vendo-o se ondular, pousando na cama como uma leve folha de papel. Os detalhes embaixo dos braços, grandes filetes de tecido preto, se balançavam. Observando aquela capa preta pousar na cama, percebia que realmente parecia uma assombração que flutuara por alguns segundos. Todo o tecido era projetado especialmente para isso, para que dançasse ao vento tornando os movimentos do corpo mais abertos e cartunistas. Um verdadeiro fantasma em forma de vestes. Não havia uma cor preta mais negra que aquela. Ou pelo menos, Jill ainda não conhecera um preto tão escuro como aquele. Agora, há uns três passos de distância da cama, os pequenos pontos brilhantes estavam invisíveis. Era difícil de explicar como aquele preto era tão visível. Era como olhar para um universo sem estrelas, um breu, um vazio. E ainda sim, aquilo se destacava como um neon.

Acima dos ombros da coisa, havia um capuz. Grande e bem aberto. Caberiam umas duas ou três cabeças ali. Por que tinha de ser um capuz tão grande? Jill estava ainda encantada com o design tão perfeito da fantasia. Inclinou o rosto, fitando a sacola e o que mais ela escondia. Logo, seu braço já estava chegando ao fundo, puxando de lá a única peça que faltava, a máscara. A segurou de frente ao rosto, como se encarasse uma luz no fim do túnel. Virou o pulso, deixando que a figura do fantasma olhasse direto para si. Acima do que seria a testa da máscara, percebeu que havia uma área áspera, era o velcro. Olhando de novo para o capuz, ficou claro. Por dentro, ele continha em suas bordas uma superfície também áspera. Havia de fato um velcro, que, ao colocar o capuz por cima, não o deixava sair da cabeça ao correr ou pular. O Disfarce era perfeito em todos os sentidos.

Jill agora se encarava no espelho. Coberta pelo manto negro, usando a máscara. Abria os braços dando meia volta, admirando a figura do fantasma. Se olhava no espelho como se provasse uma roupa nova numa loja. Se inclinou, pegando na cama a faca de caça. Agora sim, estava completo. Deu um passo à frente no espelho, posicionando a faca próximo a máscara:

—Vocês... já eram vadias....
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DIAS ATUAIS

Dois dias se passaram. Não houve nenhuma ligação, nenhum ataque ou ameaça. Isso poderia significar duas coisas: Motivos para se acalmar, ou para ficar ainda mais preocupado. Desde que tudo começara, não houve um dia sequer sem que um deles tivesse sido atingido por uma onda de horror. Essa calmaria era reconfortante, ao mesmo tempo que preocupante. Claire podia sentir no ar de Ashville a Morte que estava à espreita. Fingindo estar dormente até atacar de novo. Insegura, e com medo de que em poucos dias não restaria nenhum deles..

Não houve tempo para respirar, não houve tempo o suficiente para olhar a situação com cuidado e analisar. Tudo aconteceu tão depressa e em tão poucos dias. Todos haviam tomado atitudes diante do perigo do qual jamais imaginavam que seriam capazes. Isso pode considerá-los mais fortes, ou talvez mais fracos. Fortes por descobrirem dentro de si, o instinto de sobrevivência e o auto-sacrifício que seriam capazes de performar por um ente querido. E Mais fracos, por descobrirem dentro de si, que a situação os forçara a serem animais ferozes, capazes de decidir entre a vida e a morte em segundos, levados pelo egoísmo ou pela solidariedade. Isso já era assustador o suficiente. Além da boa vontade da união, da amizade e da cumplicidade, havia também a desconfiança. Queriam poder contar uns com os outros, mas volta e meia imaginavam nas faces um do outro, a infame máscara usada pelo assassino. Seriam eles todos vítimas, ou estariam sendo enganados por eles mesmos? O Assassino até então era uma figura sombria, distante, furtiva e desconhecida. Mas os 10 restantes agora encaram em suas mentes uma possibilidade perigosa. A Pessoa embaixo da máscara, pode ser qualquer um... até mesmo um deles.


No centro da cidade, mesmo embaixo da chuva, durante o dia todo muitos cidadãos se aglomeraram em frente à prefeitura com placas e cartazes. A Tempestade no céu não foi capaz de impedir uma passeata da paz. A Revolta entre os moradores da cidade das montanhas era enorme. Protestavam por justiça, por filhos perdidos. Por autoridades que estavam à deriva perseguindo um fantasma que além de não deixar rastros, os driblava fazendo-os de bobos. Era revoltante que uma garota pudesse ter sido morta ao vivo na internet, e pior, dentro da casa do próprio Xerife, sendo esta sua filha. Se nem mesmo eles estão imunes a ira do mascarado, o que faria os cidadãos de Ashville acreditarem que seus filhos e eles mesmos estariam seguros? O FBI acabara chamando atenção demais para o caso. Repórteres e âncoras de telejornal reportavam os acontecimentos em Ashville em escala nacional. Após um estudante anônimo ter divulgado em completa raiva pelo absurdo o vídeo do assassinato de Bianca, todo o estado de Ohio fora aterrorizado pela visão da máscara e o manto negro do fantasma. Era até irônico, que a própria CNN estivesse reportando os acontecimentos. E ainda mais absurdo, o massacre de Ashville estava sendo comparado à infame onda de assassinatos em série que aconteceu na califórnia, na cidade de Woodsboro em 1996, com um maníaco que possuía os mesmos trejeitos e usava a mesma máscara do agora apelidado "Fantasma de Ashville". O Caso de Sidney Prescott veio à tona na mídia novamente. Mas pelo menos, os nomes dos jovens com um alvo nas costas não foram divulgados por ordem dos familiares. Apenas os nomes das vítimas. Haviam cartazes espalhados por toda a cidade com as fotos das vítimas com os dizeres "Até quando?". Memes, tirinhas rondavam as redes sociais do país todo e o assunto até virou onda de chacota por adolescentes. Haviam tirinhas de humor negro no Twitter mostrando duas ruas, uma apontada para direita da tela com uma placa onde tinha os dizeres "Silent Hill", e a rua da esquerda continha uma placa quase idêntica com uma seta apontada e os dizeres "Ashville". Já outra, em forma de Cartoon, mostrava um monte adolescentes em fila indiana, mas ao invés de cabeças humanas, acima dos ombros possuíam cabeças de porcos. No fim da fila havia uma placa com o nome "Ashville" riscado, e abaixo os dizeres "Abatedouro".

Agora a noite, Claire espiava a rua se mantendo atrás da cortina. Seus pais foram a igreja. O Relógio marcava 20:00, daqui a pouco eles retornariam. Era até de se esperar que numa hora dessas as pessoas ficassem desesperadas recorrendo a religião, a fé e qualquer coisa que pudesse lhes oferecer conforto. Queria ver seus amigos, queria não estar sozinha. Exigia dentro de si, ter alguém para conversar. Seu pedido seria atendido da maneira mais macabra o possível. O telefone, sobre uma mesinha ao lado do sofá começou a tocar. Claire tirou o rosto da janela, fitando ao longe o aparelho temendo seu toque. Pensativa, ficou parada ao lado da cortina. Não queria atender. Mas o toque não parava, a cada segundo o telefone não desistia.

—Quer saber... vamos logo com isso.

Ela dava passos confiantes cruzando a sala, mirando seus olhos no telefone sem fio. Catou o aparelho tirando-o da base atendendo:

—Alô?
—Hello, Claire...
—Nossa, ou sou vidente ou sei lá... mas sabia que era você. -Ela dizia em tom de deboche.
—Hum.. então estou ficando previsível?
—Muito.
—Acho que vou ter que me esforçar um pouco então.
—Não precisa. Quanto mais parado você ficar, melhor pra eu te arrebentar.
—Digo o mesmo para você.
—Então.. o que você quer palhaço?
—Me diz você. Mais do que ninguém, achei que você saberia.
—Ah... me matar? Muda o disco por um minuto. Não sabe prometer outra coisa? Porque até agora... você ainda não veio pra cima de mim.
—Estou apreciando seu sofrimento.
—"Apreciando seu sofrimento"... Jesus... tá achando que é quem? Pinhead?
—Haha... vejo que tem visto filmes de terror ultimamente...
—É... Nesses dois dias..
—Hum... e viu algum bom?
—Sim. Doce Vingança. Me deu ótimas ideias sobre o que fazer com você.
—Não seja tão doce. O Filme pode ser seu. Mas as regras são minhas.
—Achei que você estava seguindo o padrão, "Cereal Killer". -Ela ria afrontando o psicopata.
—Você está audaciosa, Claire... na verdade, até me faz rir.
—Rir? Achei que estávamos num filme de terror.
—Estamos.
—Mas você não me assusta.
—Tirando conclusões precipitadas. É Assim que se acaba morto.
—Ah pelo amor de Deus. Vai dizer logo o que você quer ou vou ter que desligar na sua cara?
—Desligue o telefone e segurará suas tripas nas mãos.
—Ui que meda. Vai vir pra cima? Porque já passou da hora já.
—Como você gostaria de morrer, Claire?
—Eu que pergunto... Você pode me ver?
—Eu podia.
—Ah... se escondeu?
—Por quê? Quer brincar?
—Claro. Se você não fugir feito uma garotinha, quem sabe. Cão que late não morde. Se você quisesse, já teria me matado.
—Não antes de você confessar.
—Confessar o quê, seu louco?
—Você sabe.
—Hey, quando eu disse que era vidente era só uma brincadeira, tá? Não faço ideia do que você está falando.
—Não acho que as regras do terror estão ao seu favor, Claire.
—E por que não?
—Você não é o tipo de garota que chega viva no final do filme.
—Mas você com certeza é o tipo de vilão que morre no final do filme.
—Está me testando?
—Vamos ver, quer mesmo encarar?
—Você me convenceu. Mas não acho que você está totalmente preparada.
—Como não?
—Você nem percebeu quando eu entrei...
—Entrou por onde? -Seus olhos percorriam a sala.
—Não vamos arruinar a surpresa....
—Oh... então qual o jogo? "Quando um estranho chama"?... "A Chamada está vindo de dentro da casa", é isso?
—Garota esperta.
—Okey... então continua falando... até eu ouvir sua voz bem nítida para saber onde você está e quebrar a sua cara.
—Oh... mas não é assim que acontece. O Assassino tem que aparecer do nada. Ele deve causar um susto na audiência.
—Já vejo que você está amarelando... e pior... no próprio jogo.
—E eu vejo que você está sozinha. Assim como Stacy... Anna...
—Tá bem. Agora você brincou com fogo.
—Não. Já brinquei com fogo. A Detetive não aguentou o calor.
—Que calor? O Do fogo do seu rabo?
—"O inferno não conhece fúria maior que a de uma mulher".
—Primeira frase inteligente que você disse. E está coberto de razão.
—Já trancou as portas, Claire?...
—Já sim.
—As janelas?
—Uhum... positivo.
—Não acho que trancou todas.
—Onde você está? -Ela olhava em volta na sala.
—Sou um fantasma...
—E eu sou fã de Supernatural... fantasmas que se cuidem.
—Seu deboche só vai valer para ficar como uma frase de efeito na sua lápide quando eu terminar.
—Idem. Continua falando aberração. -Dizia ela andando pela sala se afastando do sofá.
—O que quer que eu diga?
—Qualquer coisa... eu quero te achar.
—Tenho pena de quem procura coisas que estavam bem em sua frente o tempo todo.
—Quem é você? -Ela dizia caminhando pela sala, deixando-a para trás.
—Não sei se você viverá para descobrir.

Claire entrava na cozinha, passando a mão na parede procurando o botão para acender a luz. Num clique, tudo ficou claro. A Cozinha estava completamente vazia.

—Bem... na cozinha você não está. -Dizia ela levantando a cabeça e olhando para todos os cantos.
—Não...
—Ótimo.

Ela se dirigiu ao balcão, levantando o ombro apoiando o telefone nele enquanto abria uma gaveta, cujos talheres deram uma pequena sacudida devido a sua brutalidade em abrir a gaveta.

—Esse som metálico que estou ouvindo, Claire... o que é?
—É a faca que vai estar enterrada na sua cara. Cadê você?
—Estou aqui...
—Aqui onde?
—Hahaha...
—Saco.

A Loira não estava com medo. Demonstrava confiança segurando aquela faca enorme de cozinha, decidindo qual seria seu próximo passo.

—Fiquei sabendo, Claire... que você dará uma festinha...
—Não é uma festa. É uma reunião.
—Será que o evento irá parar nos noticiários?
—Vai sim, já sei até qual a manchete.
—É mesmo?
—É, seguinte: "Garota Mata Serial Killer". Ficou bom?

Um ruído veio do andar de cima, como uma pancada. Ou um objeto, ou alguém caíra sobre o piso. Claire rapidamente levantou a cabeça olhando para cima, imaginando o que pudesse ter acontecido lá em cima, como se pudesse olhar através do teto.

—Ahm.... você acabou de se entregar, senhor assassino.
—Oh, me desculpe.
—Que nada, isso facilita meu trabalho.

Ela deu passos longos e rápidos saindo da cozinha, nem mesmo apagou a luz. Seu coração acelerava, a adrenalina lhe abateu. Ela caminhava chegando à sala.

—Então, o que você vai fazer, seu estúpido?
—Eu?... vou tentar concertar a bagunça que vocês arranjaram.
—Que bagunça?
—Surpresa...
—Humm... continua falando...

A Garota cruzou a sala, ouvindo outro ruído vindo do andar de cima.

—Safado, entrou pela janela de um dos quartos, hein?
—Será?
—Não brinca comigo... -Ela parou ao pé da escada, olhando para cima, atenta.
—Não foi tarefa fácil. Mas faço tudo por você Claire. Qualquer coisa que te destrua.
—Awn.. que fofo.

Claire empunhou a faca, sem tirar os olhos do topo das escadas. Com um movimento quase que involuntário, seu pé se ergueu, fazendo-a subir o primeiro degrau.

—O que acontece se você me matar? Isso tudo acaba?
—Provavelmente.
—Não... eu quero uma resposta concreta.
—Eu não posso te dar essa resposta concreta, Claire.
—Por que não?
—Porque a mente planeja. O Corpo faz.
—Não sei se entendi.
—Achei que você era esperta.


3.. 4...5 degraus, Claire subia vagarosamente, se preparando para dar de cara com a figura caso estivesse abaixado ou as escondidas no corredor.

—Vai me jogar da escada?
—Achei que você quisesse uma boa luta. Isso seria muito fácil. Mas.. pode acontecer. A Maioria dos acidentes acontecem dentro de casa. Já viu "O Dia do terror"?
—Trouxa.

Ele desligou. A Linha ficou com um toque agudo, indicando que a ligação fora encerrada.

—Cacete! -Cochichou ela para si mesma. Colocou o telefone dentro do sutiã, continuando sua subida vagarosa pelos degraus cobertos por um carpete.

Aos poucos, ela via em sua frente o corredor se emergindo. Escuro, não havia nenhuma luz acesa. E acender alguma, seria entregar sua posição. Tinha de ficar atenta á barulhos, e sinal de movimento. Com o pulso levantado, pronto para furar o que quer que saísse da escuridão, Claire chegou ao topo das escadas.

Havia uma porta à sua esquerda, Fechada, era o quarto de seus pais. A Da direita, aberta, era a de seu quarto. Os dois cômodos ficavam de frente um para o outro, cada um ocupando uma extremidade da casa. Seu celular estava lá embaixo, não havia nada que ela pudesse usar para iluminar o ambiente. Ficou ali parada por alguns segundos, respirando pela boca temendo que sua respiração fosse ouvida caso a fizesse pelo nariz. Levantando a faca, ela devagar, se inclinou para frente espiando seu quarto. Não estava tão escuro lá dentro devido as janelas que recebiam luz da rua. Seus olhos percorriam cada centímetro do cômodo, ainda que se recusasse a entrar. Mesmo que Claire não temesse a morte naquele momento como deveria, seu medo maior era de que mesmo morta, seus amigos ainda continuassem sendo mutilados. Por isso, tomou uma decisão em sua mente. "É ele ou eu, um de nós vai ter que cair, e será esta noite!". O Vento entrou pela janela do quarto levantando a cortina. Isso criou um ar sinistro do qual a fez ter certeza de que não adentraria ao cômodo.

Deu um passo para trás, ainda observando tudo com cautela, ficando parada no meio do corredor. Ao seu lado direito agora estavam as escadas. Poderia fugir, e deixar esse embate para outra hora. Mas seria o certo a fazer? Atrás de si, ela não percebia a porta do quarto de seus pais sendo aberta lenta silenciosamente sem nem mesmo ranger. A pequena abertura revelava a escuridão que emergia do cômodo junto com a máscara que se posicionou no vão. A Figura não estava totalmente em pé, parecia meio inclinada, curvada. A porta se abria um pouco mais, Claire apertava a faca, ainda não estando ciente do que acontecia bem atrás de si mesma. A Figura mascarada pareceu se aproximar, ainda curvado, o som de um passo dado denunciou seu movimento.

Claire se virou com toda agilidade que possuía soltando um grito agudo em desespero. A única coisa que viu fora a máscara vindo a toda velocidade de encontro ao seu rosto como um vulto. Um impulso foi dado, o assassino mascarado pareceu se lançar para cima da garota, que no susto deu uma passo brusco para trás batendo com as costas na parede com a boca aberta devido ao grito de susto misturado com raiva que saía de sua boca. Toda ação durara apenas dois ou três segundos com aquela figura se jogando sobre ela saindo da escuridão. Num golpe rápido, Claire desceu seu braço esfaqueando o mascarado no momento em que o corpo dele atingiu o dela, a lâmina entrou no peito da figura, que aparentemente não reagiu, ou não teve empo para reagir naquela ação tão rápida de reflexo ágil de Claire. Naquele mesmo momento da facada, os joelhos do mascarada se dobraram, atingido pela faca, seu corpo parecia mole caindo sobre a menina que fora ao chão devido ao peso da pessoa que caíra sobre si. Os dois deram um baque surdo atingindo o carpete, os gritos de Claire, altos e agudos não cessavam enquanto veloz como nunca, ela proferiu um chute bem dado na figura pesada que se debruçou involuntariamente sobre seu corpo, com o golpe, o mascarado fora lançado para frente saindo de cima da garota. Várias batidas foram ouvidas, era o fantasma rolando escada a baixo quicando nos degraus completamente mole e aparentemente sem controle algum de seus movimentos. A Figura dava cambalhotas, seus braços de dobravam estranhamente, era como se ele estivesse se deixando cair. Durante a queda, não havia indícios de que ele tentava frear ou para de rolar. Apenas se embolou nos degraus em alta velocidade em violência enquanto Claire se levantava se apoiando na parede ao berros, assustada vendo a figura chegar ao final da escada batendo contra o chão.


—Ah!!!.... Maldito!... filho de uma puta....

Ela, com a respiração pesada, ficou em pé no topo das escadas, vendo o mascarado estendido no chão de barriga para cima, um tanto contorcido, ainda com a faca cravada em seu peito.

—Toma, desgraçado. -Disse ela em espanto, suando frio com o rosto vermelho.

Sem hesitar, desceu os degraus correndo deslizando a mão no corrimão. Seus pés eram rápidos, ela pulava alguns degraus apressadíssima para ver se havia de fato matado o maníaco. Como num filme de terror, o medo dele se levantar a qualquer momento lhe dando um susto era grande, porém, estamos falando do mundo real. O que está morto, está morto. E quem leva uma facada dessas no peito, não levanta mais. Seus passos durante descida eram como metralhadoras no carpete, chegando ao final da escada, Claire se posicionou ao lado do corpo mole e retorcido da figura.

Não se ouvia a respiração embaixo da máscara. Tensa, e ao mesmo tempo contente com adrenalina explodindo em seu corpo, a loira cantava vitória dentro de si.

—Eu disse que a manchete seria essa... você não quis acreditar.

Expressando sua raiva, ela proferiu um chute no mascarado. O Corpo dele se estremeceu um pouco devido ao golpe, mas ainda sim não se movia. Claire se abaixou, ficando de joelhos, encarando aquela máscara esboçando um sorriso diabólico. Com sua mão direita, agarrou o cabo da faca enterrada no peito do fantasma, a puxando para cima. A Lâmina saiu banhada em sangue.

—Fim da linha.... -Disse ela aos suspiros.

Sua mão esquerda agarrou na bocarra da máscara, puxando a mesma, arrancando-a com violência, jogando o rosto do fantasma para longe. A Loira se debruçou, deixando a faca deslizar entre seus dedos atingindo o chão. Não podia acreditar no que via. Seu sorriso desapareceu enquanto olhava aquele rosto.. não podia ser... não tem como.. ele?... Xerife Nicholas?

O rosto pálido do Xerife, de olhos revirados expressava a morte. Claire segurou o queixo de Nicholas, balançando a cabeça dele para o lado enquanto exclamava:

—Por quê?!! Por quê você fez tudo isso seu filho da puta?!!

Ao sacudir seu queixo, notou o quanto sua cabeça estava mole, pendendo de uma lado para o outro como um se não houvesse osso no pescoço. Era evidente seu pescoço quebrado. A queda teria causado isso? Ela não acreditava no que via. Como e por que Xerife Nicholas ia querer matá-la? Uma batido fora ouvida, vinda do andar de cima. Era o som de uma das janelas se fechando num baque. Claire virou o rosto olhando para cima, ainda em choque. Não sabia o que fazer. Antes que tomasse uma atitude, o telefone tocou dentro de seu sutiã. Pegou com as mãos tremidas atendendo:

—... Que... Quem é?!
—Hello, Claire. -A voz do assassino se apresentou.
—Desgraçado!! O Que você fez?
—Eu? Ajudei vocês.
—Do que você está falando??!
—É muito simples simples. Eu e você agora temos um segredinho... Nós, ou melhor, você vai dizer que o Xerife aí matou todos, inclusive sua parceira. Acredite, as autoridades vão engolir, não haverá dúvida disso. A esse momento eles devem estar se perguntando: O Homem era incompetente porque não conseguia pegar o assassino? Ou ele era o assassino? Vamos deixar o FBI pensar assim. Vocês chamaram a atenção do FBI, contaram tudo à polícia, arruinando o jogo... O Mínimo que eu, generoso, podia fazer por vocês, é encerrar o caso. Assim, com as autoridades pensando que pegaram o fantasma de Ashville, nós podemos continuar nossa brincadeira sossegados.
—Eu vou matar você seu escroto!
—Hahaha... acho que não.
—Você não vai se safar dessa, eu vou contar! Eu vou contar tudo! O Xerife era inocente!
—Faça isso e mato sua família inteira. Não sobrará mamãe, nem papai... nem Alissa... Nem ninguém para ficar do seu lado.
—Quem é você??!!!
—Claire... devia estar me agradecendo.
—Pelo quê? -Ela já beirava o choro, lágrimas ameaçavam escorrer.
—Você não será presa. Você vai contar exatamente o que aconteceu. O Assassino te ligou, te atacou, você agiu em legítima defesa, ele caiu da escada e quebrou o pescoço. Caso encerrado. O FBI sai da cidade, e podemos acertar as contas devidamente. Caso contrário... se abrir a matraca... já começo a fazer uma visita a cada um dos seus amiguinhos esta noite, cortando suas gargantas enquanto dormem... então... vai fazer?
—Eu tenho escolha?.... -As lágrimas se mostravam.
—Não mesmo.
—Você está morto...
—Não. O Xerife está morto. Eu só estou montando o palco.
—Ele era pai... ele era inocente.. por que você fez isso com ele?!
—Sacrifícios são necessários para um bem maior. Não se preocupe, ele não sentiu nada. Já estava morto antes mesmo de você jogá-lo da escada abaixo. Eu só dei um empurrãozinho.
—Amelie... Não é justo o pai dela ser dado como assassino.
—E também não é justo o que você fez. Aprenda a assumir seus erros, garota. Siga o Script. O Filme está ficando bom.
—Vai à merda...
—Boa noite, Loirinha... te vejo em breve....

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Por favor, comente o que achou? Mais dois capítulos encerram o segundo ato. Como vão as suas teorias até o momento? Obrigado por acompanhar! ^^



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