Scream - Survival escrita por The Horror Guy


Capítulo 19
Almost There...


Notas iniciais do capítulo

Mentiras tem pernas curtas. Uma nova reviravolta propõe uma nova confusão.



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Foram três dias de choque e silêncio. As notícias sobre o Xerife assassino correram rápido. O FBI, que já suspeitava de Nicholas agora tinha certeza. O Acusaram de todos os assassinatos, inclusive o de sua amiga, Evelyn. Ainda que alguns guardas da delegacia jurassem que ele estava presente no trabalho enquanto alguns dos crimes ocorreram, isso não os convencia. Alguns guardas que defenderam a inocência de Nicholas foram levados para interrogatório. Era um comportamento neurótico de desconfiança que os federais tinham para com os policiais de Ashville. Achavam sim, que havia um segundo assassino e que era um dos membros do departamento. Foram três dias confusão. O Toque de recolher fora tirado, numa demonstração do FBI que garantia que o fantasma de fato, estava morto. O Fato de não ter ocorrido nenhum ataque nesses três dias reforçava a teoria. Ashville estava em estado de Pânico, os comentários maldosos não cessavam nem por um segundo. Amelie inclusive fora dada como suspeita, passando 24 horas ontem dentro da delegacia respondendo a perguntas horríveis de fatos do qual nem tinha conhecimento. Sendo ameaçada, intimidada pelo FBI, tudo isso tentando processar o luto por Bianca e seu pai. A garota estava à beira da loucura. Seus tios a buscariam assim que o caso fosse completamente encerrado e as investigações fossem suspensas e a entrada e saída de pessoas da cidade fosse liberada. O FBI de fato não estava mais no caso, e tão pouco se importava de olhar mais a fundo. O Testemunho falso de Claire que afirmava que o Xerife era realmente o assassino foi o que bastou para que os homens de distintivo dessem às costas a situação. Os 10 restantes não seriam mais protegidos nem vigiados. Uma falsa alegoria de paz fora colocada sobre a cidade, que mesmo ainda indignada, gostava de pensar que o pesadelo tinha acabado.

Amelie não podia mais ficar em sua casa, e também não suportaria ficar sozinha na residência onde Bianca morreu. Claire a recebeu em sua casa, dando-a todo apoio até que os tios da garota pudessem vir levá-la para longe. A Loira se sentia terrível por dentro. Tendo que mentir acusando o pai da menina de ser um estripador, e ainda tentando se compensar dando abrigo a ela. A Diaba passava por uma situação não só traumática, mas uma em que seu caráter era abalado por sentimentos de culpa. Toda vez que olhava para Amelie, queria contar a verdade. Sua língua ameaçava saltar da boca para tal, mas o medo de causar mais mortes era maior. Claire estava tentando colocar em sua cabeça que esse era o fim, que o assassino desistira da matança, que colocou o cadáver do Xerife Nicholas embaixo da fantasia, o empurrou em cima dela e fim da linha. O Homem levou a culpa e os assassinatos finalmente chegariam ao fim, claro, com a ajuda da mentira que fora obrigada a contar. Não tendo escolha a não ser ajudar o assassino se safar pela "segurança" de seus amigos. Sua morte, ela poderia aceitar. Mas a deles... ter o sangue deles em suas mãos era inaceitável. A Diaba sabia que para eles, o pesadelo poderia ter acabado, mas logo, a Morte viria visitá-la. Claire sabia que o assassino viria para ela, apenas. Com sede de sangue esperando que ela se deixasse levar por sua lâmina, abraçando sua morte em nome da segurança de Juliett, Alissa, Ed, Dylan, Amelie, Violet, Steve, Marty e Keaton. Ela tinha inveja de todos, que durante esses três dias, pousavam suas cabeças nos travesseiros com sorrisos nos rostos, aliviados, acreditando que a máscara havia caído. Enquanto ela, obrigada a culpar o homem errado, esperava pela demorada visita do fantasma, que cravaria a faca em sua carne, pondo um fim no massacre de Ashville.

Mas Amelie, ainda disposta a dizer adeus para Ashville com um sorriso, aceitara o convite de Steve para sair. "Por que coisas boas demoram para acontecer?" - pensava ela sentada no banco do carro, cabisbaixa e com vergonha. A irmã morta, o pai dado como assassino, a menina chegava ao seu limite tentando tirar alguma coisa boa desse caos.

Era noite, o carro estava estacionado na ponte que dava acesso à mansão dos Stone. Fazia calor novamente na noite de lua cheia que refletia no lago, sob os pios de corujas e grilos, ela olhava pela janela tentando não olhar Steve diretamente nos olhos. O Garoto paciente, estava disposto a confortá-la e ouvi-la, ainda que um romance entre os dois seria de natureza curta, ou quase impossível devido a partida iminente de Amelie.

—Sabe.. -Dizia ela observando a lua através de sua janela do carro. -Eu sempre imaginei um encontro romântico com você. Sempre quis que você me levasse para tomar um Milkshake no Fliperama. Ou que faltássemos a aula pra ficar o dia todo ali na mansão. Eu imaginava nós quatro saindo juntos. Eu, você, Bianca e Chris. Sempre dizem que tudo acontece por uma razão.
—Estamos aqui agora, Amelie. -Steve esticava seu braço colocando-o em volta do banco fitando a menina com olhos de pena.
—É.. estamos. E olha pra mim... acabada. Criando coragem na hora errada.
—As coisas ainda podem mudar.
—Não... eu não quero que você me dê apoio por ter pena de mim.
—Eu não.. não estou aqui com você por pena. Pode acreditar.
—Ahm.. mas também quem não teria pena?
—Amelie...
—Acha que meu pai era um assassino?
—Não... - Steve abaixou a cabeça.
—Eu também não. Quando Chris foi atacado na minha frente, meu pai e a Evelyn me socorreram. A Menos que ele tivesse poderes mágicos de estar em dois lugares ao mesmo tempo... eu não sei o que aconteceu. Mas meu pai não matou a minha irmã. Ele não atacou a Claire... e nenhum dos outros... nem mesmo a Jill.


Steve coçou a cabeça fazendo sinal de negação:

—Sabe. Eu esperei esse tempo todo... para descobrir quem matou a Jill. E falo de coração. Não acredito que tenha sido o seu pai.

Ela se virou tentando esboçar um sorriso com seus olhos tristes, olhando diretamente nos olhos de Steve. Ele fez o mesmo.

—Steve.
—Fala...
—Eu sei que você amava muito a Jill. E ela amava muito você. Apesar de tudo, vocês sempre voltavam nos trilhos.
—Amelie, não... por favor, não vamos falar disso.
—Não.. você não entendeu. Estou dizendo que... ela tinha sorte.
—Jill não tinha sorte alguma, Amelie. Ela estava... depressiva... com muita raiva. Dispensando tudo e tudo da vida dela. Eu falei com ela, naquela noite... tentei fazer com que ela me ouvisse, que tudo entre nós voltasse a ser como antes mas... ela não quis ouvir. E No dia seguinte quando você me contou o que aconteceu... eu.. eu mal podia me segurar. Fiquei com um sentimento de culpa. Eu deveria estar lá, eu devia ter feito alguma coisa. É aquela coisa... a gente só consegue agir quando tudo já foi pra merda...
—Eu sei como é. Tive uma briga feia com a Bianca no dia em que... -Ela hesitou, segurando as lágrimas. -Eu também me senti culpada. Ah meu Deus... -Amelie não segurou o choro. -Eu... não sei o que está acontecendo... mas... ela não merecia isso, eu não merecia isso! Por quê?!
—Amelie, calma... -Steve a puxou para si, abraçando-a.
—Um dia.. você acorda e de repente... alguém coloca uma máscara e sai tirando tudo o que você ama...
—Calma....

Os dois se abraçavam, Steve fazia de tudo para dar conforto e segurar os prantos da menina que o amou desde o início. Ainda que, ele não tivesse sentimentos o suficiente para oferecer em troca, lhe proporcionava carinho.

—Obrigada, Steve...
—Por nada. Sinto muito...
—Tudo bem... -Ela enxugava as lágrimas. -Ah... eu preciso tomar um ar.

Ela se desencostou de Steve, retirando dele seus braços que o envolviam com força, ficando ereta novamente abrindo a porta do carro.

—Só vou... respirar um pouco.
—Claro, claro.. fique à vontade.

Ela sorriu ainda com os olhos vermelhos, empurrando a porta saindo de dentro do carro. Era muita coisa para processar de uma vez só. Dava passos à frente se aproximando da beira da ponte. Sua cabeça erguida guiava seus olhos para o luar.
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Edward e Dylan estavam sentados um ao lado do outro na frente do computador. Do outro lado, mantinham uma conversa com Alissa e Violet pela Webcam. Edward é quem embarcava no ponto mais polêmico:

—Galera, vamos nos ver amanhã?
—Eu topo. -Violet levantou a mão mostrando concordância.
—Legal, onde? -Questionou Alissa.
—Ah, na praça mesmo. Eu queria botar umas coisas em dia. A Claire nunca tá online, quero falar com ela e acho que seria melhor ter essa conversa em grupo.
—Hum.. mas no que você tá pensando? -Alissa parecia ler a mente dele.
—Que ela está mentindo.
—Eu também tava pensando nisso. -A ruiva arregalou os olhos. Violet balançava a cabeça em sinal positivo proferindo:
—Sei lá. Tá muito mal contada essa história. Ela disse que que foi o Xerife. Eu não engulo isso nem por um minuto.
—Então, -Alissa se pronunciou. -Mas ela ainda vai fazer aquela reunião? Porque aí pelo menos vai estar todo mundo lá.
—Eu não sei, acho que não hein. Ela nem comentou mais nada.
—Mas eu concordo. -Violet estalou os dedos. -Não tinha como o Xerife ter atacado a gente com o carro, e depois aparecer lá no hospital antes da gente. Lembra Alissa? Quando a gente chegou no hospital pra ver o Ed, o Xerife já tava lá. Não tinha como ele chegar antes de nós.
—Verdade.
—Mas, e se não era só o Xerife? Podia ter outra pessoa. -Dylan comentou.
—É Mesmo. -Alissa levou a mão à boca. -Mas tipo, se fosse isso, os ataques teriam continuado, certo? Já faz três dias e nada aconteceu.
—Tem muia coisa errada nessa história, e a gente tem que fazer a Claire abrir a matraca. -Edward falava sério, o que era raro.

Alissa fez bico levantando as sobrancelhas:

—Meu filho, você não sabe nem da metade.
—O quê? -Ed questionou.
—Esses dias eu tava com a Juliett, e eu lembrei que vi a Jill na loja de fantasias. Não me aproximei pra falar com ela com medo de que ela fizesse um escândalo e arranjasse treta... mas, Jill na loja de fantasias.. preciso falar mais alguma coisa?
—Tá, mas isso não quer dizer que ela voltou dos mortos. -Dylan brincou.
—Eu sei besta! Mas é estranho. Lembra daquela conversa lá na mansão? O Keaton comentou que ela queria o aplicativo de voz. Ele deixou a entender que talvez ela conhecesse o assassino. E podia até estar agindo com ele.
—É, mas ela morreu. É esse fato que confunde minha cabeça. -Edward retrucou.
—Nem me fale. -Violet acendia um cigarro. -E Juliett?
—O que tem ela? -Alissa olhava fixamente para a tela de Violet.
—Não sei. De vocês 5, quem falava mais com a Jill antes de toda aquela confusão na festa acontecer?
—A Anna.
—Tá, mas a Anna não estava naquela festa pelo que vocês comentaram.
—Ah sim, então quem falava mais com a Jill era a Claire e a Stacy. A Juliett sempre foi muito avoada, não participava muito. Ficava lá de enfeite.
—Entendi. E Amelie, vai sair mesmo da cidade?
—Vai. -Dylan respondeu. -Ela tá um caco.
—Também pudera! -Violet tragou o cigarro, soltando a fumaça que se espalhava na tela. -Eu também estaria. Onde ela está?
—Ela tá ficando na casa da Claire. -Dylan tornou a responder.
—Sim, mas agora, onde ela está? Dá pra chamar ela na conversa?
—Não. -Alissa respondeu. -Melhor deixar ela quieta, coitada. Enfiar ela num assunto desses só vai deixar a coitadinha mais nervosa. E detalhe, ela tá com o Steve agora.
—Não acredito! -Edward exclamou.
—Pode acreditar. Nossa, nunca pensei que eu ficaria tão próxima de vocês, de verdade.

Violet sorriu.

—Idem.
—Violet. -Alissa a chamou a atenção.
—Oi.
—Eu.. quero pedir desculpas.
—Pelo quê?
—Por ter te xingado naquele dia no carro. Eu tava muito nervosa, desculpa mesmo. E obrigada por ter salvo o Dylan.
—Que nada linda, relaxa. Eu que agradeço. Se você não tivesse atendido a minha ligação, eu e o Dylan...
—Eu sei.
—Então... -Dylan pigarreou. -Amanhã na praça?
—Fechou. -Violet sorriu.
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Amelie olhava para baixo, vendo o lago. Era hora de parar com o melodrama, e aproveitar que Steve estava ali por ela. Enxugando as lágrimas, limpando rosto tentando manter uma aparência agradável, ela decidira que assim que entrasse no carro, o atacaria com um beijo. Não aceitaria ir embora sem isso pelo menos. De costas para o carro, ainda que tomando confiança, se sentia um pouco envergonhada. O Coração acelerado, e os pensamentos que gritavam "Anda logo sua tonta!". Passava a mão no rosto querendo se recuperar. Respirava fundo por um momento tão aguardado. "Calma, calma".

—É isso. -Disse a si mesma. -É Agora ou nunca.

Se virou ficando de frente ao carro. Não dava para ver muito por dentro, estava um pouco escuro. "Melhor assim". Assoprou o ar que inspirou tomando coragem. Sem perceber, seus passos já guiavam para frente. Não estava acreditando no que estava prestes a fazer. Se aproximando da porta, chegava perto também do grande momento. Ainda que tivesse um certo receio de sofrer uma rejeição, dele negar o beijo, Amelie sabia que ao menos tinha de tentar. Deslizou a mão na porta se abaixando. Entrou no carro se sentando rapidamente, puxou a porta com a mão batendo-a. Um sorriso tímido ameaçava aparecer. De cabeça abaixada, coração acelerado, ela esperava que Steve visse sua reação e já entendesse o sinal. Permaneceu em silêncio, não disse nada achando que estava sendo totalmente direta, como se uma placa "Me beija" estivesse estampada em sua testa. Mexeu nos cabelos, tentando aliviar a tensão quando o sorriso enfim apareceu, ainda que tentasse esconder. Sua mão direita pousou na coxa de Steve. Assim, ela se virou lançando a ele o que ela achava ser um olhar sexy. Seria sexy se não fosse hilário.

—Steve...

Ele não respondeu. O Garoto estava inclinado para o lado com a cabeça encostada no vidro. Parecia estar dormindo. "Não acredito que ele está fingindo estar dormindo". Sua mão apertava levemente aquela coxa grossa, Amelie até sentia uns arrepios. Ele não se movia, parecia estar deixando. Steve permanecia de olhos fechados sem se mover nem dar um pio. Aquele lábios que ela queria a tanto tempo, estavam ali fáceis para ela. Era só ir... e beijar.. se ele estivesse mesmo dormindo, não saberia, ou acordaria com o ato. Mas se isso era um brincadeira, e ele estivesse fingindo o sono, significa que ele estaria apenas esperando o ataque da menina. "Vai, sua tonta, está tão fácil! Vai, beija!" Ela se aproximou, se arrastando no banco. Suas mãos até meio taradas subiam pela coxa de Steve indo até seu peito. Amelie inclinou a cabeça, quando deu por si, seus lábios já estavam tocando o pescoço do atleta.

—Steve... -Cochichou ela.

Ele não dava nenhum sinal. Com a cabeça dele inclinada deitada no vidro, ficaria difícil alcançar a boca. Com sua mão ela segurou o atleta pelo queixo, virando o rosto dele diante do dela.

—Steve... fala alguma coisa...

Nada. A Cabeça de Steve parecia mole. Seus olhos não se abriam.

—Bobo. Pára... -Amelie sorria dando um rápido beijinho em seus lábios, esperando que ele "Acordasse". Mas nada aconteceu. O Sorriso dela foi aos poucos se desfazendo. -Steve?..

O olhar de tristeza e preocupação lhe tomou a face. Retirou seus dedos do queixo do garoto, assim, sua cabeça se inclinou novamente, mole, batendo de leve contra o vidro. Ele voltara involuntariamente a sua posição anterior, completamente apagado. Amelie, completamente preocupada a ponto do desespero o sacudia pelos ombros.

—Steve! Acorda!! Steve!!

Nada adiantava.

—Ah meu deus...

Ela se voltou para o banco do passageiro, temendo que ele tivesse passado mal ou algo do tipo. Ficou estática sentada no banco desolada. Não sabia que se isso era um forma de rejeição ou um desmaio. Se sentindo uma idiota, um verdadeiro lixo. Não sabia se iria se manter aflita pelo bem estar dele ou se recebeu um fora ridículo. Atrás de si, no banco de trás uma silhueta negra se posicionava ficando sentada. A Coisa estava abaixada atrás do banco do passageiro, bem atrás de Amelie, que ouvindo o movimento demonstrou sua respiração pesada. Não conseguia se mover de medo, paralisada. O que fazer??? Seu corpo não respondia os comandos para correr. A Máscara do fantasma emergiu ficando lado a lado ao seu rosto. Em desespero, Amelie derramava lágrimas:

—Por favor...

Não adiantou. Naquele segundo, uma mão surgiu por de trás do banco, puxando sua cabeça para trás, tampando lhe a boca e o nariz. Um pano branco lotado de clorofórmio a segurava com força. Finalmente os braços de pernas da menina de sacudiam tentando escapar, ainda que não conseguisse sair da posição forçada sentada agora à força no banco, que também chacoalhava com seus movimentos indo para frente e para trás. Seus gritos eram abafados pela mão e seu pano. Temia não conseguir mais respirar. Seus olhos foram revirando, a vista foi escurecendo. Todo esforço que fazia era fútil. Se sacudir, só fazia com que fosse apertada com mais força. Logo, seus braços moles despencavam sobre o banco, suas pernas paravam de sacudir. Ela perdeu a consciência num estalar de dedos. O Desespero acabara na escuridão.
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Seus olhos se abriam. A Vista ainda um pouco embaçada, revelava aos poucos onde estava. O Chão de madeira, sujo. A Quantidade enorme de pó. Amelie percebia que acordara em lugar desconhecido. Seus braços estavam para trás, e sentia algo prendendo seus pulsos. Suas costas, sentiam a pilastra grande de madeira a qual estava amarrada. Sentada numa cadeira, ela acordou no susto:

—Ai... Ai meu deus...

Olhava em volta sem saber onde estava. O Desespero tomou conta. Sacudia os ombros na tentativa de puxar os braços, sentindo a corda apertar-lhe os pulsos.

—Ai cacete... Socorro!!!

Presa, desesperada e confusa, a garota expressava terror. Se virou para todos os lados tentando ver o lugar, o que tinha ali, se reconhecia alguma coisa, quando notou à sua esquerda, uma voz sonolenta:

—Ai....

A menina se virou para sua esquerda vendo Steve na mesma situação, amarrado a uma outra pilastra.

—Steve!

O Menino reagiu ao som de sua voz abrindo os olhos rapidamente, assustado sem noção do que acontecera.

—Steve, fomos pegos!!
—Onde a gente tá? -O Garoto se estremeceu aparentemente confuso.
—Eu não sei!!
—Ai caralho... -Ele se sacudia, tentava ao máximo se soltar, mas não adiantava. Pela expressão de seu rosto que se contorcia fazendo força, era possível presumir que seus pulsos estavam bem presos. Parou de fazer esforço recobrando o fôlego. -Amelie... Tenta se soltar...
—Tá bem!

Ela tentava separar os pulsos, afastá-los a todos custo.

—Arrrghh!!! -Fazia uma força tremenda.
—Vai!! Você consegue!!
—Estou tentando!!

A corda ficou mais frouxa, assim, a menina passava os dedos tentando encontrar o nó.

—Tá conseguindo?!!
—Acho que sim!

Seus dedos sentiram o enrolar, puxando apenas um tirinha que saiu até fácil, desatando o nó.

—Ah!!!! -Soltou um grito de esforço jogando os braços para frente, abrindo e fechando a mãos agora livres.
—Ok! Bom trabalho, agora me solta!

Amelie respirava pesadamente aliviada, mesmo assim o medo não saía de suas veias. O Lugar era relativamente pequeno, completamente sujo e abandonado. Ao canto, uma escada que leva até uma porta. Provavelmente era algum tipo de porão. Nem se preocupou em olhar muito, correu para Steve se abaixando logo atrás dele, metendo a mão na corda que amarrava seus pulsos.

—Calma, calma, eu vou te tirar daí!!
—Amelie....
—Xiiiu... calma.

Ela tentava, usava as unhas, insistia em desatar o nó mas nada adiantava. O Desespero que fazia suas mãos tremerem não contribuíam em sua agilidade.

—Eu não tô conseguindo!!

A Ação fora interrompida quando o piso de madeira sobre suas cabeças rangeu com uma batida. Os dois levaram o olhar para cima, ficando em silêncio. Mais uma batida. Eram passos. A Cada passo, um pouco de poeira caía do assoalho. Infelizmente não dava para ver, não havia nenhuma fresta. Apenas os passos que ecoavam acima deles, anunciando o horror.

—Vai!! Vai sai daqui! -Steve cochichou desesperado.
—Não, não vou deixar você aqui!
—Amelie, dá o fora! Vai logo!!!
—Não!
—Se você não se mandar, e não for pedir ajuda, morremos os dois! Anda logo!
—Tá bem, Tá bem!

Ela se levantou. Seus olhos percorriam o cômodo em desespero. À Sua direita, havia uma janelinha. Um tanto alta, de onde luz vinha de fora. Pelo jeito já era de dia.

—Eu vou tentar sair por ali.
—Vai vai vai vai!

Os passos pareciam fica mais pesados. Indo em várias direções. Subir a escada não era uma boa opção. A Menina correu até o outro lado daquele porão ficando de frente a parede imunda com teias de aranha. A Janelinha ficava na altura de sua cabeça, ergueu os braços empurrando o vidro, que abria para cima. A Janela rangeu ficando levantada. Amelie retirou as mãos dela, apoiando as duas na borda tentando levantar o peso de seu corpo.

—Vai!! Você vai conseguir!!

Ela fazia força, a adrenalina e o medo a invadiam. Os músculos de seus braços se contraíam enquanto a garota se erguia, apoiando as pontas dos pés na parede para ter impulso. Passou os cotovelos para fora, tamanho era seu esforço que seu rosto começava a ficar vermelho. Steve torcia:

—Isso, só falta mais um pouco!

Seus braços já passados para fora, puxavam seu torso. Já sentia a luz do sol acima de sua cabeça. Suas pernas sacudiam tentando pegar impulso para passar o resto do corpo, estava passando a cintura. Dando chutes no ar, soltando urros e gemidos, Amelie se sentia como uma cobra esgueirando seu torso de um lado para o outro sacudindo a cabeça, conseguia assim se arrastar aos poucos.

—Isso! Isso!

Enfim para fora. Ela rolou se deitando de barriga para cima, recobrando o fôlego.

—Ai meu Deus... Ai meu Deus nem acredito...

Tampou o rosto devido a forte luminosidade do sol. Estava livre daquele porão.

—Amelie, corre!

Ela levantou o torso, ouvindo a voz de Steve que vinha de dentro. Ficou de joelhos, esticando o pescoço observando Steve através da janelinha:

—Eu..eu volto pra te buscar!!
—Ok!!
—Steve... eu...

Ele a lançou um olhar significativo:

—Eu sei.

Ela acenou positivamente com a cabeça se levantando para correr. Mas antes, olhou em volta. À sua frente, reconheceu a fonte. Aquilo já lhe fora necessário para saber onde estava. A Mansão dos Stone!

—Merda!

A menina não hesitou. Começou a correr com todas as suas forças dando leves olhadas para trás para ver se não estava sendo seguida. Passou pela fonte coberta de galhos secos. Ela corria deixando para trás a enorme mansão que parecia observá-la. Mantinha seus olhos nos portões. Tinha que sair dali, avisar os outros. Tinham que ir atrás de Steve antes que ele fosse morto. Suas pernas se esticavam, a corrida seria dura mas nada que Amelie não aguentasse. Mesmo com todo o desespero, se sentia aliviada. Tinha certeza agora de que seu pai não era um assassino, e as novas circunstâncias provariam isso.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Estamos nos aproximando da reta final, mais um capítulo e abriremos as portas para todos os horrores e revelações centrais da trama. Por favor comente o que achou! Obrigado por acompanhar!



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