Love Jokes escrita por Bojack


Capítulo 14
Capítulo XIII - Reunião e Gasolina


Notas iniciais do capítulo

O palhaço está de volta, e com ele o caos. Sua ambição percorre o caminho até aquele que usurpou seu trono. Quantos se curvarão ao antigo Rei?



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   Embaixo daquele luxuoso prédio, nas entranhas do famoso hotel, as pessoas mais importantes e poderosas de Gotham se reuniam; os grandes chefes de família. Cada membro daquele grupo único e seleto, eram como deuses dentro daquela cidade, os corações e as mentes por trás de cada aspecto. Ou ao menos, a maior parte dos aspectos. Sejam comerciantes honestos ou patifes, traficantes ou ladrões, ricos ou pobres, ninguém mexia um dedo para fora da linha que estes homens e mulheres traçavam.

   Era costumeiro uma reunião semanal em meio à madrugada, enquanto Gotham era banhada pelas trevas da noite, porém, desta vez fora diferente. Desta vez, não haviam combinado como de costume, não houvera prévio aviso ou votação, fora uma reunião convocada de maneira totalmente emergencial, às pressas.

  Agora, reunidos ao redor daquela enorme mesa de madeira circular, fechados em uma sala trancada e silenciosa, acompanhados apenas de seus mais fiéis e confiáveis funcionários ou seguidores, observavam a face um do outro enquanto aguardavam a anfitriã do chamado emergencial resolver dar as caras. Estava atrasada.

   Não era o costume e com certeza não era aceitável, ou respeitoso, que a anfitriã se atrasasse para o encontro semanal, deixando todos curiosos a respeito do motivo pelo qual haviam sido convocados tão repentinamente. Era estressante para a grande parte dos presentes ali, que sentiam que havia algo de errado. Antes do Máscara Negra, e principalmente na era do “Rei Coringa”, era comum golpes, emboscadas e guerras entre as famílias, e mesmo que todos estivessem em paz e “unidos” já há algum tempo, sempre haveria desconfiança perante uma situação incomum. Não havia uma confiança real entre eles.

— Estou cansando de esperar. – Disse a jovem mulher de cabelos negros compridos e um olhar tão frio quanto sensual e cítrico em um tom impaciente e direcionado. Aquela era Sofia Falcone, a filha de Carmine Falcone. Sofia havia herdado o poder sobre a família Falcone aos seus meros dezesseis anos, logo após o assassinato de seu pai. Era incrível o quanto ela se mostrava tão inteligente e capaz quanto seu falecido pai, e tão mais temerosa a sua sede por poder e sangue. Carmine era famoso pelas punições justas, porém nefastas; esta descrição não poderia ser aplicada à Sofia, que tinha um senso de moralidade e justiça muito abaixo de seu pai, entretanto, uma necessidade de crueldade e perversidade muito acima.

— Peço que se acalme, Dona Sofia. Vossa anfitriã já está a caminho. – Dizia um homem bastante jovem até, com um belo queixo avantajado e olhos azuis claros, portando um terno negro que reluzia suas fibras avermelhadas enquanto se movia.

— Não interessa se ela está vindo, ou deixará de vir; temos noções e regras a serem respeitadas! Estas às quais seguimos há mais de cem anos! Se esta incompetente não seria capaz de respeitar estas regras após nos convocar, que não o fizesse! – O homem que reclamava furioso era Carl Grisson, um dos poucos naquele lugar que não eram chefes de família, porém, tão importante e poderoso quanto. Carl era um bilionário dono de uma série de fábricas dentro e fora da cidade de Gotham. Uma destas fábricas é a antiga fábrica de baralhos ainda ativa, embora modernizada.

— Acalmem-se peixinhos, a mamãe chegou. – Dizia uma bem conservada senhora de pouco mais de cinquenta anos, com aparência conservada o suficiente para dar-lhe dez anos a menos. Sua pele morena, cabelos multicoloridos, vermelho e negro, olhos heterocromáticos e estilo de roupa extravagante com casaco de pele e plumas vermelhas, colares e anéis brilhantes, cujo a quantidade de zeros em seu valor não os permitiria serem expostos em uma loja do mais alto grife, eram como uma marca registrada daquela perigosa mulher, Fish Mooney. Fish não era inicialmente uma chefe de família, e sim, dentre muitas atribuições e feitos, uma grande empresária no ramo do entretenimento, possuindo diversos bares e casas noturnas, a mais fiel seguidora e “filha” de Don Falcone. Isso até a última guerra, aonde após se desvencilhar de Carmine Falcone, decidira que deveria proteger os seus próprios seguidores, se intitulando Dona Mooney, e dando início à sua própria família. Isso fora há mais de dez anos.

— Podemos saber o porquê de seu atraso, Dona Mooney? Ou será que ficará por isso mesmo? – Questionou ainda irritadiço, Carl Grisson.

— É claro. Peço perdão, senhor Grisson. – Mooney retirava seu pesado casaco enquanto entregava para o jovem de terno negro reluzente que tentava acalmar o senhor Grisson e a Dona Sofia anteriormente. – Obrigada, filho. – Ela agradecera não só pelo casaco, mas, por ter segurado aqueles que de tanta ansiedade, se tornavam furiosos. – Como sabem, meus companheiros, sou responsável e “dona” da DPGC desde que fora acordado com Carmine Falcone, seu pai, Dona Sofia, e agora com o Máscara Negra; com esta autoridade e responsabilidade, como de costume, recebo informações, relatórios mensais do departamento, os quais, após um filtro, uma análise, trago o interessante para vós, aqui em nossas reuniões.

— E? – Perguntou Thomas Elliot, sentindo a necessidade de acelerar a resposta de Fish Mooney. Elliot tinha um passado interessante e amargo, envolto em inveja, vingança e assassinato de seus próprios pais, além de uma enorme lista de tentativas de homicídio à Bruce Wayne e batalhas mortais contra o Batman e sua família. Era completamente desconfortável para os outros membros estarem na presenta de Thomas, e isto por sua aparência ser idêntica à do próprio Bruce Wayne. Alguns anos atrás Thomas Elliot em uma estratégia para destruir tanto Bruce Wayne, quanto Batman, havia feito em si uma complexa cirurgia para obter uma aparência igual ao do playboy órfão e filantropo da família Wayne.

— E desta vez, algo grande aconteceu, idiota. Incêndio do Le Pratza, massacre no Gun’s in Drink... – O Pinguim parecia impaciente, porém, apenas naquele momento, enquanto citava as informações que já havia recebido previamente, percebera que o décimo membro da “ordem negra de Gotham” como chamava, não estava presente. - ... Morte de Guzz Ditanos. – Concluiu.

— O Coringa, para ser mais exata. – Finalmente Mooney jogara a bomba. Naquele momento, fez-se um assombroso silêncio. Todos engoliram em seco enquanto arregalavam seus olhos e transferiam sua atenção um para o outro, para ter certeza de que o problema era tão grande quanto acreditavam. – O Coringa, aconteceu. De novo. – Mooney em pé, perante a todos naquela mesa, apoiando-se em sua bengala negra com peixes vermelhos talhados, e um apoio de mão prateado esculpido também como um peixe, os fitava pressionando a mandíbula, aguardando que todos recebessem o peso daquela informação.

— O filho da puta não estava preso? – Questionou Pino Salvatore, sem ser capaz de entender realmente o como ele havia escapado.

— Em Arkham! Ele estava em Arkham, certo? – Perguntou Umberto Salvatore, rindo nervosamente.

    Pino e Umberto eram irmãos gêmeos, filhos legítimos de Salvatore Maroni, e os novos chefes da família Maroni. Ambos governavam a família, unidos como um só. Tão boca suja e violentos quanto o pai, porém, menos inteligentes; os Salvatore se tornaram meras marionetes do Máscara Negra.

— O que faremos? Alice não pode viver em uma cidade caótica! E Coringa ama o caos! – O Chapeleiro Louco tremia.

— Matemos o desgraçado! – Disse Jack Napier, com um enorme sorriso em sua face e fazendo o símbolo de uma arma com a mão. Jack Napier era um poderoso traficante de Gotham, um dos três mais bem reconhecidos da cidade. Antes de alcançar tamanho reconhecimento, Napier era um simples ladrão nas ruas frias da cidade. Jack Napier foi primeiro reconhecido por uma série de assassinatos que ocorreram há quase trinta anos. Por algum tempo, a DPGC acreditou que Jack Napier fosse a verdadeira identidade do Coringa, e isso devido à algumas semelhanças físicas e sua estranha mania de estar sempre rindo. Algo a qual na realidade era uma trágica doença. Esta confusão de muito serviu para a fama de Jack, tanto que quando passou a vender drogas para Salvatore Maroni, usava desta ideia enganosa sobre sua identidade secreta e vilanesca para atrair e vender para novos clientes. Em algum momento, Maroni passou a fornecer cargos maiores dentro de seus cartéis. Porém, Jack resolveu montar seus próprios esquemas de fabricação e distribuição. Quando Maroni morreu, Jack se tornou um dos três maiores distribuidores de drogas dentro de Gotham. Jack apenas parou de usar o pseudônimo “Coringa” quando o próprio e verdadeiro Coringa fora atrás dele. Naquele dia, Jack fora internado em coma após ser torturado e humilhado publicamente pelo verdadeiro Coringa, que desmentira a falsa identidade de Jack como o palhaço do crime. Tudo aquilo o fizera nutrir um ódio incomensurável pelo palhaço. – Simples!

  De repente uma risada cortou qualquer tentativa de fala. Mesmo com todas as portas fechadas, podiam ouvir aquela infame risada vindo de fora da sala aonde estavam, perdida em algum lugar nos corredores do outro lado da porta. Era como saber que um demônio bíblico se aproximava, trazendo a perdição e a agonia para os corpos e corações indecorosos. A risada foi se tornando mais audível, porém, menos linear e natural, sendo agora segmentada, controlada e artificial. Finalmente a maçaneta da porta mais distante, porém, de frente à mesa, foi girada vagarosamente. O Coração de todos naquela sala acelerava já aguardando com certa obviedade quem entraria a seguir, e por sua vez, todos os seguranças, funcionários e seguidores que acompanhavam os membros daquela reunião, se armaram e apontaram para a porta imediatamente.

  Quando a porta abrira finalmente, o Coringa entrara ignorando completamente a vasta quantidade de armas apontadas em sua direção, sem tirar os olhos dos presentes naquela sala. Atrás do palhaço vinham outros homens, alguns gordos, outros corpulentos, que carregavam um único barril velho e até mesmo enferrujado.

   O Coringa parou ao lado de Fish Mooney que tentava sorrir educadamente para ele, fingindo não ser uma ameaça. O palhaço encarava com certa seriedade cada um dos membros presentes e após lamber seus próprios lábios e uma de suas cicatrizes, inclinando levemente a cabeça, finalmente em meio à um sorriso repentino cumprimentou a todos.

— Oi. – Disse ele simplesmente.

— Mas, que porra... – Gumball, não podia acreditar ou entender o como aquele homem havia entrado tanto no hotel, quanto no local exato da reunião. Gumball era o terceiro mais bem-sucedido traficante de Gotham. Assim como Jack Napier e Guzz Ditanos, Gumball, cujo era o único nome que todos conheciam, fez seu lugar naquela mesa dentre os chefes de Gotham, por merecer. Embora não fosse tão incrível quanto Jack ou Guzz, Gumball crescera no mundo das drogas, e apesar de ser um homem grande e que gastava muito do seu tempo em academias para aumentar o físico, também possuía uma mente bastante brilhante. Poderia dizer até mesmo que se Gumball não fosse um traficante, poderia ter se formado na universidade Gotham, cursando matemática. Este dom para as ciências contábeis e administração foi o que lhe proporcionou seu lugar na mesa, seu lugar no império, e seu próprio cartel.

— Como você... – Sofia o olhava com uma expressão séria e de completa incompreensão, porém, sua pergunta fora interrompida subitamente por Fish Mooney.

— Senhor Coringa! Que bom que se juntou a nós. – Ela tentava disfarçar o assunto e fingir recepção. Sabia, claro, o quão perigoso ele podia ser, e não estava disposta a morrer naquela noite.

— Tá, tá, tá. – O Coringa estendeu uma de suas palmas na direção de Fish, fazendo-a parar de falar. Seu olhar permaneceu circulando cada membro sentado à mesa.

 - O que você está fazendo aqui? – Pergunta Carl Grisson com um olhar petulante e cheio de desprezo. – O seu tempo como um de nós já acabou, palhaço.

— E quando o gato sai, os ratos fazem a festa. – Quase imediatamente após a frase, uma série de tiros foram disparados de uma arma que o Coringa havia sacado repentina e rapidamente, perfurando o peito do grande empresário Carl Grisson, fazendo-o morrer quase que no mesmo instante após o primeiro tiro, enquanto que os demais serviram apenas para fazer buraco e espirrar sangue do cadáver do velho bilionário. Após descarregar o tambor da pequena pistola, o Coringa arremessou a mesma contra a cabeça do falecido. E mesmo após tudo isso, nenhum dos outros ali presentes, tanto membros, quanto seguranças, tomaram qualquer atitude. Apenas arregalavam seus olhos e tremiam. Este era o tamanho da influência do palhaço sobre eles.

— Que merda! – Gritou Gumball batendo com ambas as palmas das mãos na mesa a sua frente.

— Parece que estamos em falta, rapazes. – Brincou o Coringa, porém, somente naquele momento, ele notou a falta de dois outros importantes membros. – E por falar em falta, o que houve com o Charada e o Duas-Caras? Deixe-me adivinhar... Vocês os traíram também?

— Não, senhor, eles... – Fish estava prestes a explicar a falta de ambos, porém, novamente, fora interrompida pelo Coringa.

— Eles não concordaram com o Máscara Negra, não é? Bem, tanto faz. – O Coringa deu-lhes de ombro.

— O que você quer, palhaço? – Jack tinha um olhar assassino, com sede de sangue pela cabeça do homem a sua frente.

— O que eu quero, Jackiezinho? – O Coringa o olhava como se não compreendesse o como ele ainda não havia entendido.

— Você não fez o que fez, e não está aqui por nada, certo? – O Pinguim o olhava através do monóculo enquanto aguardava o desfecho da situação. – Se bem, que isso também é bastante possível.

— O que eu quero é simples, meu amigo narigudo. – Um sorriso macabro voltou a surgir na face do Coringa. – Eu só quero um pedido de desculpas. Só isso. Vocês me dizendo: “Nos desculpe, senhor Coringa, nós erramos ao nos vendermos para o Máscara Negra igual uma cadela. Por favor, nos aceite de volta!”. – Ele encenava como se imitasse um pedido de perdão.

— E por que simplesmente não te matamos, aqui e agora? – Jack Napier estava prestes a sacar sua própria pistola, já sentindo a empunhadura da arma na ponta dos dedos, ao mesmo tempo em que com a outra mão, tentava tocar a perna do segurança atrás dele, quando recebera a resposta do Coringa.

— Talvez porque não atiraram em mim nem quando matei o velhote do Grisson na frente de vocês. – Não puderam deixar de se sentir frustrados e envergonhados ao ouvirem aquela fatídica acusação.

— Ele era um maldito pé no saco. – Jack agora segurava a arma em sua cintura com todos os dedos, ao mesmo tempo em que sua outra mão tocava o joelho do homem atrás dele. Estava pronto para dar fim ao maldito palhaço.

— Então, que tal essa... – O palhaço lambeu uma de suas cicatrizes e olhou para cima enquanto inclinava a cabeça sutilmente, como se tentasse lembrar de algo. - ...Talvez, por eu ter pego algo muito importante para vocês. E bem, se eu morrer, esse algo muito importante, também morre.

— Que? Filho da puta! – Gritou Umberto Maroni em meio a um misto de medo e fúria.

— Anida? – Gritou Pino Maroni, logo imaginando ser a mulher que amava e dividia com seu irmão.

— Ah, não! – O Chapeleiro Louco abaixava sua cabeça enquanto segurava a parte de trás da cartola, ao mesmo que repetia uma única palavra. – Não! Não! Não! Não!

— Algo importante? – O Pinguim não conseguia pensar em nada que pudesse lhe causar algum temor. – Infelizmente, eu não lembro de nada assim, meu amigo.

— Alguns de nós, Coringa, não têm ninguém a perder. – Explicou Eliot.

— Bela tentativa, palhaço. Agora, morre. – Quando Jack puxaria o gatilho, imediatamente alguém segurara o seu pulso, jogando sua mão para baixo, fazendo-o acertar o tiro na mesa a sua frente.

  Quando Jack retomou-se do susto que havia tomado pelo disparo desviado de sua arma, percebera que havia sido o Chapeleiro Louco quem o havia impedido.

— Você não pode matá-lo! Alice pode morrer por isso! – O Chapeleiro havia se convencido de que era a Alice quem tinha sido sequestrada.

  No mesmo instante o segurança atrás de Jack apontara sua arma para a cabeça do chapeleiro, o que fora o estopim para uma grande quantidade de armas direcionadas uns para os outros. Começara com o segurança de Jack apontando para o Chapeleiro, logo o seguidor do mesmo, um homem com máscara de coelho, apontara sua Micro Uzi na direção de Jack, em seguida, o segurança do falecido Grisson apontara sua arma para Sofia, o que fez com que Umberto sacasse sua pistola na direção do segurança de Jack Napier, e assim se desenrolou, até que todos, com exceção de Fish Mooney e o Pinguim, estivessem com suas respectivas armas apontadas uns para os outros, embora houvessem armas apontadas para eles.

— Calma, calma, pessoal, não vamos perder a cabeça, certo? – O Coringa se divertia com toda aquela cena. Ele sabia que haveria comoção quando o Chapeleiro suspeitasse que Alice havia sido sequestrada, mas, não pensou que isso faria com que quase todos ali presentes sacassem suas armas. – Sabe, a ideia inicial, era que eu banhasse todos vocês com esse barril de gasolina. E era uma ótima ideia, sabe? Fazer vocês disputarem pela sobrevivência... Uma pitada de fósforo, bastante fogo... Mas, que tal isso: vocês vão colocar o pequeno Jack aqui dentro. – O Coringa batia na tampa do barril. – E então, um de vocês, irá... Bum! Pôr fogo no barril. Tudo estará perdoado! O que acham?

— Tá de sacanagem? – Jack Napier o olhava furioso enquanto ainda tinha uma arma apontada para sua cabeça.

— Como eu disse, Coringa: alguns de nós não têm ninguém a perder, logo, não há motivação para pôr fogo em um de nossos próprios membros. – Explicou Pinguim, negando-se a participar daquela proposta perturbadora e sem sentido.

— Desculpe, senhor Coringa, mas, eu também não vejo propósito e nem mesmo vantagem em perdermos um de nossos membros. – Fish Mooney concordava.

— Estão brincando, né? Gente, ele pegou minha Alice! – O Chapeleiro estava claramente fora de si perante seu próprio desespero.

— Ele não disse nada de Alice, Chapeleiro. – Umberto franzia os cenhos enquanto olhava fixamente para o Coringa sem baixar sua arma direcionada ao segurança.

— Pode muito bem ser a nossa amada Anida. – Completou Pino enquanto apertava a mandíbula devido ao estresse.

— Vocês são burros para caralho! – Gritava Jack, furioso. – Ele está nos jogando uns contra os outros! Aposto que não têm ninguém com ele. – Agora Jack encarava o Coringa, e enchia seus pulmões para uma arriscada acusação. – Você só está brincando conosco, não é, palhaço? Não sequestrou ninguém. – Naquele momento, algo que ocorria com cada vez menos frequência, voltou a ocorrer. Jack começara a rir. Não podia controlar e não era agradável, além do mais, tornava toda aquela situação ainda mais confusa.

— Será? Talvez você esteja certo, Jackie. – O Coringa parecia sério naquele momento, algo que durara apenas alguns segundos até continuar sua frase. – Talvez não haja ninguém. Mas, vocês não acham muita prepotência pensar que eu estava falando de vocês?

  Naquele momento, um comportamento fora único e sincronizado dentre todos os chefes da sombria Gotham. Somente então, eles entenderam o que estava acontecendo e a quem o Coringa ameaçava. Não era a Alice do Chapeleiro Louco ou a Anida dos irmãos Maroni, era pessoas queridas por seus seguranças e seguidores que haviam sido levadas pelo Coringa.

— Mas, se não nós... – Fish começara sua frase, porém, fora interrompida quando o cano frio de uma arma fora encostado em sua cabeça.

— Desculpe, Dona Mooney. – Se desculpava o jovem de terno negro reluzente que antes segurava seu casaco. – Me ligaram mais cedo. Ele está com a minha esposa.

— Ah. Entendo. – Ela lamentou pelo desfecho.

— Que porra! – Gumball gritara furioso.

  Logo todos os seguranças e seguidores que apontavam suas armas uns para os outros, voltaram seus canos frios e metálicos para a cabeça de seus empregadores. Era um ato desesperado de traição.

— Parece que eles sim têm algo a perder, velho amigo. – Disse o Coringa ao se aproximar do Pinguim.

— E agora? Você nos mata? – Sofia tentava não parecer amedrontada, e até mesmo expressava certa indignação, porém, seu coração batia acelerado de adrenalina e medo.

— Matar vocês? Não... Gotham precisa de vocês. Ora, essa, até eu preciso de vocês! – O Coringa abria os braços enquanto sorria.

  Ao fundo a risada incessante e descontrolada de Jack Napier começara a atrapalhar o peso das palavras que o palhaço do crime expunha. Aquilo já o estava irritando.

— Sempre têm um engraçadinho... – O Coringa começou a andar na direção do risonho, porém, desesperado, Jack Napier.

— Não... Não... Eu só... – Jack não conseguia terminar sua frase.

— Você só o que Jack? Só acha tudo isso engraçado? – O Coringa aproximou seu rosto do de Jack, de forma a olhá-lo nos olhos. – Brincadeirinha! – O Coringa começara a rir, criando um misto de sons de risadas na sala, o que era ao mesmo que perturbador, abominoso.

— E agora, Coringa? Pedimos desculpas, e estamos livres? Deixe-me adivinhar... Você quer matar o Máscara Negra. – Eliot o encarava com seriedade, e se quer, parecia tremer com todo aquele show.

— Não... Já está tarde para um simples pedido de desculpas. Vocês devem ser punidos, meus amigos. E vejam só, eu venho aqui para conversar e aquecer seus corpos com um pouco de gasolina, entender o que aconteceu, e tenho o pequeno Jackie apontando sua arma para mim. Que falta de educação! – O Coringa apontava para Jack com a palma da mão aberta, aparentando uma completa indignação.

— E o que o senhor propõe, senhor Coringa? – Fish o fitava ainda de pé, sem jamais perder o falso sorriso de simpaticidade.

— Vocês não estão me escutando? – O Coringa apertava os olhos com os dedos enquanto colocava sua outra mão no quadril.

  Antes que pudesse dizer qualquer coisa, Gumball levantou-se de sua cadeira e com uma expressão de seriedade e fúria, agarrou Jack Napier pelas costas do paletó, e afastando seu segurança que abaixara sua arma sem compreender o que ocorria, Gumball arrastou Jack para fora da mesa enquanto o mesmo se debatia e tentava acertar o brutamonte que mais parecia um touro negro coberto de músculos dentro de seu terno caro.

  Jack Napier ria de forma claramente desesperada enquanto era levado contra sua vontade até o barril de gasolina. Com sua outra mão, Gumball retirara a tampa do barril para que pudesse jogar o corpo, impressionantemente, não tão pesado de Jack ali dentro.

  Por alguns segundos, Jack tentou forçar-se para fora do galão, porém, Gumball acertou-lhe um soco que não só o fizera parar de rir, como parar de reagir; não desmaiara, mas, dizer que estava consciente seria uma afirmação fora da realidade.

— Fósforo. – Gumball estendera sua mão na direção do Coringa.

— Nunca duvidei de você, Gumballzinho. – O Coringa pôs uma de suas mãos dentro do bolso interno de seu paletó lilás e de lá retirou uma pequena caixa de fósforos. – Aqui está, querido. Divirta-se.

   Com uma expressão séria e mal-humorada, Gumball agarrou com certa grosseria a pequena caixa da mão do palhaço, decidido a fazer o sacrifício proposto. Um único risco do pequeno pedaço de madeira e enxofre na listra escura de fósforo da caixa, fez com o que o palito logo pegasse fogo, algo que se tornaria muito maior, quando arremessado dentro do galão.

    Alguns dentro daquela sala esperavam que assim que o fogo fosse captado pelo sistema anti-incêndio do prédio, logo os pequenos jatos de água fossem liberados pelas tubulações e equipamentos sprinklers, entretanto, não foi isso o que aconteceu. O sistema de incêndio parecia desligado, o que ocasionou em uma morte lenta e dolorosa para Jack Napier, aonde seus gritos desesperados, mesmo após Gumball fechar o barril com a tampa de metal pesado, podiam ser ouvidos com clareza e dor.

— Filho da puta... – Gumball olhava enojado para o barril quente, cujo fechado, escondia o inferno a qual Jack havia sido sentenciado.

  O cheiro de pele, carne e músculo humano sendo queimado era extremamente enjoativo, mesmo para os membros daquela reunião que já estavam acostumados, ou ao menos tiveram experiencias com situações semelhantes anteriormente.

— E agora? – O Pinguim, ainda sentado em sua cadeira levemente voltada para entre o Coringa e a mesa a sua frente, sentia-se enfurecidamente impotente. Foram poucas as vezes quais um dos mais ricos e poderosos criminosos de Gotham se sentira daquela maneira. O Coringa era algo que seu dinheiro, poder e influência, por repetidas vezes, parecera não ter quaisquer influências. - Você matou três dos nossos. É o suficiente? Estamos... – Aquela frase lhe dava nojo. - ... Desculpados?

— Desculpados? – O Coringa sorria e apertava os olhos, como se não compreendesse algo engraçado. – Não, meu velho amigo. Não. Isto não foi a punição de vocês, foi a deles.

— Então, diga logo! O que você quer, Coringa? – Sofia o encarava furiosa, porém, sabia que não havia o que fazer, afinal, havia armas apontadas para a cabeça de cada chefe naquela sala. O Coringa sempre surpreendia, sempre parecia ter tudo planejado, mesmo que seu antigo lema fosse algo como: “eu não faço planos”. Ele fazia planos, ou ao menos, pedaços de planos, era como Sofia o enxergava. Um louco hipócrita vestido de palhaço. Para ela, o Coringa era alguém que gostava de criar diversas situações somente para ver o que se desencadeava de tudo aquilo. Realizou dois massacres em duas boates, pondo fogo em uma delas e matou um dos membros da corte criminal de Gotham, deixando uma mensagem sobre seu retorno, para forçar um encontro dos grandes chefes, sequestrou e ameaçou os subordinados destes chefes para impedi-los de agir contra ele quando ele chegasse, trouxe consigo e seus homens um galão de gasolina e fósforos, para que lutassem uns contra os outros pelo fósforo e sua própria sobrevivência, porém, somente se não pedissem desculpas e o escutassem, resolveu matar dois integrantes da corte e alterou seu plano para queimar um destes integrantes, e agora, estava prestes a exigir algo mais. Ele claramente tendia a iniciar um plano, e então, ele mesmo iria desmanchando e alterando o mesmo conforme sua vontade.

— Calma, Sofia, minha linda Falcone. Seu pai não tinha tanta pressa. Era um homem respeitoso; bem, parece que a filhinha dele está muitos níveis abaixo, não é mesmo? – Coringa a provocava.

— Desgra... – Sofia estava prestes a ameaçar o Coringa, um terrível erro, quando fora interrompida por Eliot, que estava cansado de toda aquela enrolação.

— Nos diga logo seus termos, Coringa.

— Meus termos, Eliot? Meus termos são simples e justos: primeiro, me contem tudo o que sabem sobre esse “tal de Máscara Negra”; segundo, vocês irão me dar, a partir de hoje, mensalmente, metade de tudo o que vocês têm. Tudo o que possuem, tudo o que lucrarem, tudo o que agarrarem com essas suas mãos escorregadias e traiçoeiras; metade de tudo, será meu. – O Coringa encenava com os braços e mãos, os esticando, recolhendo e balançando, como se atuasse em uma peça de teatro.

  Logo após os termos ditos pelo Coringa, grande parte dos ali presentes apenas abaixaram a cabeça, ou permaneceram a olhá-lo sem dizer nada, para somente poucos segundos depois, anuírem com suas cabeças, porém, após este curto período, enquanto via os outros aceitarem sem problemas, Eliot sem acreditar no absurdo o qual o palhaço exigia como pedido de desculpas, levantou-se rápida e impetuosamente em um berro, esquecendo a arma que estava apontada para sua nuca. Como que impulsionados pela ousadia sem medo das consequências de Eliot, Pino e Umberto também se levantaram em protesto.

— Isso é simplesmente, ridículo! – Gritou Eliot, completamente colérico.

— Sim! Que absurdo! – Gritou Umberto.

— Vergonhoso! – Completou Pino.

— Vocês vão simplesmente aceitar? – Eliot olhava os outros membros na sala que contra nada se levantavam. Muitos apenas olhavam seus próprios pés, ou o vazio da sala, mas, poucos realmente olhavam para Eliot que revoltado tentava se impor e julgar.

— Filho, fomos vencidos. Apenas entenda. Há armas em nossas cabeças, não podemos confiar em nossos homens que acreditávamos serem os mais fiéis, três membros foram mortos de maneira ridícula, e você ainda está gritando como se pudéssemos fazer algo? – Fish Mooney o olhava com uma expressão séria, porém de puro escárnio. Era como olhar uma criança fazendo birra e então desprezá-la por sua atitude mimada. – O caos bateu a nossas portas. De novo.

— Não iremos nos ajoelhar a ninguém, exceto ao próprio Máscara Negra! – Disse Pino, coberto de convicção.

— Oitenta porcento. – Disse o Coringa já sentindo perder a paciência.

— O que? – Eliot não tinha certeza se havia compreendido. O Coringa estava aumentando a sua taxa ainda mais?

  De repente um tiro na parte de trás de seu joelho o fez se ajoelhar perante o Coringa. Seu próprio segurança o havia atirado. Uma dor absurda, que há muito já não sentia tomara a sua perna esquerda e logo invadira todo o seu corpo. Um grito de dor fora disparado, e um enorme e grosseiro xingamento fora arremessado contra o Coringa e o seu próprio segurança.

— Vocês querem mesmo brincar de soldadinhos do Máscara Negra, ou querem manter seus postos e suas vidas? – O Coringa olhava para Pino e Umberto em um misto de seriedade, fúria e nojo.

— Sim, senhor. – Umberto se ajoelhara perante o palhaço a sua frente.

— O que? Irmão? Como ousa? Eu não vou me ajoelhar para este patife ridículo! – Pino não imaginava que sua arrogância, orgulho e submissão ao Máscara Negra trariam seu fim.

  Repentinamente, Umberto retira uma faca até então escondida em um suporte preso a seu tornozelo direito e após cortar o tendão de Aquiles de seu irmão, fazendo com que o mesmo caísse ao chão em um berro de dor e sangue, o esfaqueia repetidas vezes no peito, trazendo a ele uma morte rápida, porém, dolorosa. Umberto havia enfim se tornado o único líder da família Maroni ao matar seu próprio irmão.

  O Coringa se divertia com tudo aquilo, que para ele, era hilário. Agora tudo parecia voltar para os trilhos, como deveria ser; o caos deveria ser temido, suas risadas deveriam ser temidas. A ideia de sua presença deveria ser o suficiente para qualquer um questionar em quem podia confiar.

— Agora, vamos falar sobre o falso-rei. – O Coringa fazia surgir, como mágica, uma carta do Rei de Espadas entre seus dedos, e então, a arremessava em um giro para cima da mesa aonde os chefes contornavam. Era hora de falar do Máscara Negra.

   Algumas horas depois, o palhaço saia pela porta da frente do enorme hotel Place G, já quase ao amanhecer. Era hora de recarregar suas energias. Mesmo um criminoso insano precisava descansar após uma longa noite de crimes e mortes.

   Em sua mão estava as chaves do carro de Gumball; algo que exigira antes de sair, afinal, cinquenta porcento de tudo o que ele tinha, agora pertencia ao ensandecido palhaço. Um carro de luxo da caríssima marca Bugatti, algo único e exclusivo, que Gumball havia comprado em um leilão não havia mais do que quatro meses, um La Voiture Noire, tido como o carro mais caro da história. O Coringa pensava em pintá-lo de lilás, rosa, ou talvez roxo. Era algo a se pensar.

    Após mandar que seus homens entrassem no carro, aconchegou-se em seu mais novo veículo de luxo, o Coringa acelerou com força, sentindo toda a potência daquele carro. O motor rugia, mas, o carro em si não esboçava barulho qualquer, embora mesmo que sutilmente, podia sentir o interior tremer. Era potência demais. Era assim que ele gostava. 

   Acelerou e aproveitou de toda a velocidade durante a curta viagem, até chegar ao ponto desejado, o Eternal Lux, um famoso e extremamente luxuoso hotel dentro da cidade. Aquele hotel era algo que diferenciava os ricos da cidade dentre eles próprios. Não era qualquer um que poderia se alojar naquele lugar. Isso jamais o impediria. Gotham era sua.

    Após cruzar a porta de entrada que abrira automaticamente ao identificar a aproximação de três corpos que subiam os pequenos degraus da entrada, o Coringa se deparara com a já comum cena do reconhecimento. Todos que ali estavam, haviam paralisado repentinamente com seus olhos vidrados nas presenças que inesperadamente adentravam o hotel.

   Como se seguido por seus seguranças pessoais, o Coringa se aproximara do balcão do recepcionista. O que o fez pensar em como aquela cena parecia com o que havia ocorrido no Le Pratza na noite anterior.

— Eu quero um quarto. – Impressionantemente ele parecia bastante simpático para alguém cujo a reputação tinha como o maior homicida que Gotham já havia tido o desprazer de conhecer.

    Sua voz parecia se quer ter sido ouvido pelo apavorado recepcionista que com seus olhos arregalados olhava trêmulo os dois homens enormes atrás do Coringa. Quando enfim percebera o que aquele homem temia, sentiu seu sangue ferver. Ele não era alguém que aceitava ficar em segundo plano.

— Sério? É deles que você está com medo? – O Coringa o fitava furioso e extremamente incomodado. – Está certo então.

   Olhando para o homem à sua direita, um de seus seguidores, e recebendo a atenção imediata do mesmo, fora como se houvessem se comunicado telepaticamente. Ninguém dera uma palavra se quer, mas, a mensagem, a ordem, havia sido entendida.

   O homem imediatamente sacou sua própria pistola e disparou contra a cabeça do parceiro à esquerda do Coringa. Sangue, pedaços de ossos do crânio e cérebro foram espalhados no hall de entrada do hotel, o que dera início à gritaria; algo que fora silenciado um segundo depois, quando o homem que havia matado a sangue frio seu parceiro, atirou em sua própria cabeça pondo a arma dentro de sua boca. Mais sangue. Desta vez, sem gritos, apenas choro. Todos que corriam ou gritavam, agora paralisavam perante aquela cena confusa.

— Satisfeito? Melhorou? – Coringa o encarava aguardando alguma resposta, porém, o recepcionista estava gelado, tonto, quase congelado perante todo aquele bizarro, completamente incomum e amedrontador acontecimento. – Quarto 502, cobertura. – Exigiu, o Coringa.

   Com um comportamento automatizado, o recepcionista virou-se lentamente, lutando contra seu estado de congelamento, para visualizar a prancheta de quartos, aonde encontraria a chave do quarto 502, o qual o Coringa cobiçava.

— O quarto 502 está em uso, senhor. – Respondeu o recepcionista sem pensar em possíveis consequências.

   Rapidamente o Coringa se agachou, tomou a arma da mão fria e morta do cadáver com o crânio parcialmente explodido e jogado ao chão atrás dele, e então como a mais brilhante das soluções, entregou-a para o recepcionista que sentia cada vez mais entrar em desespero.

— Não está mais. – Respondeu o Coringa, dando a entender de forma implícita o que deveria ser feito a respeito. Porém, vendo o homem a sua frente sem saber o que fazer, continuou. – 502. Não é piada, chapeuzinho. – Em referência ao chapéu vermelho ridículo que aquele homem utilizava como parte de seu uniforme.

  Alguns minutos depois, o Coringa adentra em seu quarto de número 502, sendo o silêncio ali presente, notório. Próximo a porta, em cima de uma poça de sangue, estavam os cadáveres do casal que antes havia alugado aquele quarto, e frente a eles, catatônico, paralisado ainda segurando a arma com as duas mãos trêmulas, o recepcionista que parecia olhar o mais puro vazio. A arma ainda estava quente e uma leve fumaça saia do cano.

— Nojento. Mande limpar. – Ordenou o Coringa enquanto se movia até a enorme janela de vidro que mais parecia uma parede transparente.   

  Vendo que o recepcionista permanecia parado no mesmo lugar, aquilo já estava se tornando cansativo para o Coringa, que logo tratou de acordá-lo, trazendo-o de volta a realidade.

— Olha, Jimmy... Isso já está ficando cansativo. – O Coringa retirava seu paletó enquanto falava. Jimmy que até então estava paralisado, virou seu tronco lentamente para o palhaço que o obrigara a cometer aquele terrível assassinato. Um assassinato sem qualquer razão aceitável; e não que haja uma razão aceitável para qualquer assassinato, porém, sabia que uma vaga de hotel, com certeza, não chegava perto. Questionava-se se seu lugar no inferno já havia sido guardado.

   Jimmy se surpreendera com o que vira, por baixo do paletó que agora o Coringa arremessara à cama, preso ao corpo do louco frente a janela, havia diversos suportes que seguravam armas das mais diversas: três granadas, duas pistolas, duas facas e um único canivete. Foi então que o Coringa retirou seu canivete gilete de um dos suportes e aos poucos se aproximou do recepcionista até então congelado.

— Você sabe o que acontece quando um servo não serve ao seu Rei como deveria? – Perguntou o Coringa com uma expressão assustadora.

— Rei? – Finalmente Jimmy começara a se mover, dando alguns passos para trás, passando por cima dos cadáveres como se fossem apenas obstáculos.

— Sim, Jimmy, eu sou seu Rei. Eu sou o Rei dos criminosos de Gotham. Ou seja, eu sou a porra do Rei de toda Gotham! – Aquela afirmação delirante e completamente arrogante, porém, amedrontadora, fez com que Jimmy engolisse em seco e sentisse um forte enjoo tomar sua garganta. – Então, sorria Jimmizinho. Sorria, aplauda e reverencie. Você irá sair e mandar que venham limpar esta bagunça, ou a bagunça será você. Entendeu, meu chapeuzinho?

  Imediatamente, Jimmy saíra correndo daquele quarto em busca de cumprir a ordem de limpeza dada pelo Coringa, deixando-o momentaneamente só naquele enorme quarto escuro.

   Caminhando de volta à enorme janela de vidro, o Coringa pôde enfim olhar todo o horizonte de prédios que montava a sombria Gotham. Era nostálgico poder olhar aquela cidade e sentir o poder de comandá-la, mesmo que não efetivamente, ainda. Seus olhos vagaram para aonde vivia, supostamente, o seu mais novo inimigo, o Máscara Negra. E em meio a tantos pensamentos e desejos de poder e sangue, algo surpreendentemente inesperado lhe veio à mente. Os lindos olhos de sua psiquiatra, cujo deixara para trás em Arkham, haviam invadido suas lembranças, sua mente. Então em um pesar por seu “brinquedinho” não estar ali com ele, aproveitando de toda aquela emocionante situação, e de todos os acontecimentos hilariantes destes último dois dias, Coringa se fez mudar o foco dos pensamentos.

 Olhou então para o colchão macio e claramente luxuoso que lhe aguardava e como último pensamento do dia, sentiu-se comicamente aliviado por não estar mais prestes a deitar-se no velho e duro colchão de sua cela em Arkham. Seria uma boa noite, antes da próxima piada.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado destes últimos capítulos agora que voltei a escrever! Início do ano têm mais, e voltaremos a ver o como está nossa querida Harleen! Como será que ela está lidando com a falta de seu amado "paciente"?
Obrigado a todos que acompanham e insistem com esta minha história! Grande abraço e ótimo fim de ano!



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