Jack sempre é um sujeito brincalhão, gostava de passatempos e dispensa trabalho.

Também era um daqueles marmanjos que adoram flertes e namoro de curta duração, mas esse pensamento mudou por inteiro, desde o dia que viu uma jovem donzela passeando pela floresta em busca de caça.

Ela era linda. Seus cabelos ruivos e bagunçados demonstravam toda a sua rebeldia e inquietação. 

Mas era impossível odiar alguém com aquele par de olhos. Seus olhos, encantadores e profundos como o mar. 

A princípio, Merida o odiava. Mas com um tempo fora da redoma, Merida passou a enxergar Jack com outros olhos, evoluindo de idiota infantil para “algo melhor”.

Antes sentia um desprezo absoluto, detestava tê-lo como visita. Escondia-se sempre no quarto, afim de não ter o seu caminho cruzado pelo loiro azedo.

Apesar da convivência insuportável, a falta de preocupação de Jack e o seu amor pela natureza aos poucos fez com que ela conseguisse sair da redoma no aquário. Sentia-se um peixinho fora d’agua.

— Seja como for. – resmungou a ruiva, aborrecida. – Não se esqueça de uma coisa, garoto; acabo com a sua raça num piscar de olhos!

— Também te adoro ruiva! – e a tocou nos lábios com um beijo ligeiro.

Enquanto Merida ficava completamente sem reação, aproveitou para fugir correndo.

— Te mato dá próxima vez. – gritou à garota, imaginando se teria uma próxima vez.

E em cerca de um ano e meio os dois se tornaram namorados. Talvez mais que isso.

Nos fins de tarde, Merida costumava passear com seu cavalo e descansar sob a refrescante sombra de uma árvore. Jack sempre chegava lá na hora certa, quase seis horas da tarde.

— Olá, minha donzela em perigo! – cumprimentou com sarcasmo eminente. Sabia que Merida odiava quando a tratavam como uma princesinha em constante ameaça.

— Donzela em perigo? – rezingou a ruiva, mal-humorada. – Faça-me o favor, cabeça de gelo! Se um urso gigante nos atacasse nesse momento, você seria o primeiro a correr.

— Tem absoluta certeza no que diz? – perguntou Jack, ironicamente.

— Vacilei? – retrucou a princesa, franzindo levemente a sobrancelhas.

Com movimentos ágeis, Jack a beijou, acariciando levemente a face embranquecida da ruiva.

Facilmente o corpo de Merida amoleceu contra o seu.

— Vacilei. – respondeu a si mesma, depois de beijá-lo.

Enquanto voltavam juntos, abraçados para casa, Merida se lembrou de algo que a deixara preocupada.

— Jack, você sabe que Arendelle e DunBrouch estão em guerra, não sabe?

O loiro coçou levemente a cabeça. Arendelle é o seu país natal.

— Sim, foi o que a rainha Elsa declarou por se sentir ameaçada. Por isso que mulheres no comendo não é coisa boa. – resmungou Jack. – São confusas demais.

Merida fez careta, mas o ignorou.

— Papai me disse que todos os filhos de Arendelle estão sendo chamados para lutar na guerra. – engoliu em seco. – até mesmo os velhos... Isso inclui que você também será obrigado Jack.

O loiro ficou calado, sabia o que aquilo significava. Se abandonasse Arendelle seria um traidor para todo o seu país, se abandonasse Merida estaria deixando toda a sua história para trás.

— Nosso amor é mais forte que a guerra. – ele disse, desejando que aquilo fosse verdade.

Um mês depois, recebeu uma mensagem sendo convocado para à guerra. Ele a deixaria para não ser o traidor?