O Jogo Assassino escrita por Nabea


Capítulo 11
Capítulo X




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“A procura de pistas e soluções, fazemos de tudo: de analise superficial a emocional; de relatórios a fotos, e assim em diante. Dissecamos o que temos, dissecamos as vítimas, as histórias, a vida, a mente e o assassino, até achar, muitas vezes, coisas impossíveis”.

— Lenon Black, Agente secreto.

 

Wonder lia os relatórios que eram convincentes a cada detalhe, e com o interrogatório dos vizinhos, a dúvida sobre, apenas intensificava. Estava devidamente organizada e perfeitamente planejada, tanto que, terceiros que lessem, tirariam a óbvia conclusão: o marido ser o culpado. Mas Michael sabia que tinha algo de errado, aquilo era uma manipulação digna de atenção... E parabenização.

Enquanto lia o interrogatório, pintava as frases de suma importância com o marca-texto amarelo:

Senhora Fletcher: “Eles sempre brigavam. Teve um dia que quase ocorreu agressão!” A vizinha da frente, uma idosa de 60 e tantos anos, respondeu sobre a relação do casal. Era a típica fofoqueira, qual nada lhe passava despercebido. “Ouvi dizer que estavam em processo de divórcio.” Acrescentara o que Michael não deixou de lado.

Divórcio era um dos tópicos — e motivos — mais sensível em um caso, pois, levado junto à pressão, tudo poderia acontecer. Continuou a passar os olhos pelas linhas, atento, enquanto rodava a caneta entre os dedos indicador e anelar.

Senhora Fletcher: “Nada aconteceu nesse dia" respondera se havia visto algo de diferente no dia da morte: "E no dia anterior foi à mesma coisa. Posso até dizer que estavam felizes..." Completou, mas não fora a única coisa a ser marcada, abaixo vinha uma observação do policial que havia lhe interrogado.

 

Observação: diante a resposta, percebi seu nervosismo e fiz questão de lhe perguntar o motivo. A resposta foi:

Senhora Fletcher: "Nunca os tinha visto assim antes. Era como se fossem recém-casados felizes pelo matrimônio bem sucedido...".

 

Era curioso, até mesmo questionável, pois, em meio a um divórcio e brigas, porque uma felicidade repentina? Aquilo o deixou com vontade de saber mais, mas nada tinha a não ser um ponto final.

Mesmo assim, prosseguiu:

Senhora Fletcher: "Não, eles quase não ficavam em casa, e nunca recebiam visitas. Eram reservados." Resposta diante a vida pessoal dos vizinhos. "Nunca vi familiares ou amigos". 

Ao fim da página, pegou-a e analisou: de branco e preto, estava quase toda pintada de amarelo florescente...

"Dessa vez ele se preocupou demais." Pensou, colocando a folha na mesa, pegando outra para continuar.

Enquanto Wonder ficava concentrado nas folhas, Mikaella se esforçava com as fotos, analisando-as minuciosamente:

"Faca cega utilizada para matar a mulher e o marido" analisou, olhando para a imagem que focava o utensílio. Era uma peixera de haste branca que um dia já fora afiada. "Com digitais do Jimmy Foster" olhou a segunda imagem, cuja mostrava o corpo do homem e a faca alguns centímetros de distância de sua mão, em seguida, olhou o documento que confirmava a existência das digitais. Colocou-as lado a lado, e analisou: "O que há?" Questionou, embrenhando os dedos no cabelo castanho, logo começando a puxar seus fios, irritada.

Mesmo que analisasse de ponta cabeça, nada mudava e nada achava. Aquilo estava lhe fazendo arrancar o cabelo, literalmente!

— Quer ajuda? — Lenon manifestou-se.

A portadora de cabelo castanho endireitou-se rapidamente. Não podia mostrar o que realmente sentia: confusão, cansaço, irritação...

— Terminou? — o olhou por cima do ombro.

— Sexta quase pronta.

— Então sim, adoraria uma ajuda.

Black, sem mais, colocou o notebook no sofá e levantou-se, sentando ao lado de Mikaella, no chão. Pegou uma das fotos espalhadas sobre a mesa de centro, levantou diante os olhos e começou a analisa-la.

— O que temos que procurar? — questionou sem tirar o olhar da foto.

— Algo diferente — pegou as fotos e olhou novamente —, qualquer coisa estranha — acrescentou e inclinou a cabeça, mas como havia deduzido: nada tinha —, qualquer coisa se torna uma pista. — Colocou-as na mesa, pegando outras.

Black assentiu com a cabeça, e então, mergulharam de volta ao silêncio.

 

Algum tempo se passou da mesma forma que começaram: atentos aos detalhes. Park analisava outra imagem, e soltando um suspiro, colocou-a sobre a mesa.

— Achou algo? — questionou, deixando claro o desanimo em voz.

Já bastavam os bilhetes que não conseguia decifrar, agora tinha as fotos...

— Não sei... — Lenon murmurou —... acho que sim. — Completou como sussurro.

Ao ouvir, a colega aproximou-se rapidamente e, inclinada sobre seus ombros, olhou a foto que esse tinha nas mãos: era a do braço do marido, qual tinha o profundo corte.

— O que achou? — questionou arqueando a sobrancelha, surpresa e duvidosa, pois já havia analisado aquela, então, o que havia deixado passar?

— Olha o corte — respondeu calmo, passando o indicador, como se o desenhasse.

Mikaella fez o que fora pedido: estreitou os olhos e analisou de todos os ângulos e modo possíveis, mas, independentemente do que fazia, continuava sendo um corte.

— O que tem ele? — enfim questionou, após desistir de tentar decifrar seu enigma, qual só o colega via.

A resposta não imediata fizera Mika ficar mais eufórica, todavia, Lenon permaneceu calado, “desenhando” o corte, questionando-se em silêncio:

“Será realmente isso? Ou é apenas coisa da minha cabeça?”

— Não parece uma seta? — enfim respondeu, mas soara baixo, deixando clara a incerteza.

Seu dedo parou no pulso e desenhou o corte. Mika analisou mais uma vez: era profundo, deformado e totalmente torto, mal feito, como se quem o tivesse feito, estivesse tremendo no ato — o que levava a confirmar que o assassino tinha manipulado tudo da melhor forma possível.

— Lenon... — começou, após tanto tempo, com tom baixo —... não estou conseguindo enxergar — admitiu, decepcionada, derrotada.

Esse nada disse, até porque, também demorara em enxergar aquilo; por sua vez, com a mão livre, tateou o sofá, pegando uma caneta e uma folha — se tinha algo importante, não ligou —, na qual, já sobre a mesinha, colocou-se a rabiscar seu verso.

Na visão da colega, aquilo não fazia sentido: eram apenas linhas, mas depois entendera que, na verdade, era o desenho do corte, apenas a direção, sem espessura, sem carne e pele. Não era uma obra prima, tinha que concordar, todavia Lenon não estava a se preocupar se essa não ficasse igual os desenhos de Leonardo da Vinci, pois seu objetivo era outro.

Assim terminado, entregou a imagem original para Mika segurar.

— Olhe o desenho — indicou, empurrando-o para ela, qual olhou —, vê a pequena bifurcação? — questionou enquanto passava mais uma camada de tinta sobre a linha.

Park concordou, pelo desenho, estava mais claro: no fim do corte uma bifurcação se abria, minimamente, mas o suficiente para separarem-nas, e então, levemente inclinadas para baixo, recomeçavam o caminho, ambas para lados opostos, mas mesmo destino, o começo do corte.

Sim, realmente era uma seta.

— Agora olhe a imagem.

Assim ela o fez: e como em um quebra-cabeça, tudo se esclareceu e se encaixou, sendo, agora, possível entender o porquê de não ter o visto. Superficialmente olhando — como havia feito tantas vezes com eles — não acharia nada de estranho, mas as tais linhas estavam tão próximas da feria, que passava despercebida, parecendo apenas uma consequência da brutalidade e falta de carne.

E que erro o seu!

— Percebeu?

Mika lentamente ergue a cabeça, os olhos castanhos brilhavam satisfeitos, não por, agora, conseguir ver, mas sim, por ter algo que talvez esclarecesse duvidas — esperava isso.

— Agora eu vi. — Concordou, com um singelo sorriso nos lábios. — E de certa forma se encaixa com o relatório do doutor Charles — expôs, pegando o relatório da autópsia e entregando ao colega.

“[...] analisando o corte, é correto afirmar que esse foi feito de cima para baixo — abaixo do cotovelo até o pulso [...]” essa informação estava destacada com a tinta do marcador.

— Isso só da a entender as intenções do assassino — Lenon comentou após a leitura.

— Sim. — Concordou. — Você descobriu a existência da seta, mas para onde ela aponta? — questionou olhando a imagem cuja, automaticamente, fazia o desenho da seta: nítida e imperfeita.

Lenon fizera o mesmo.

— A palma da mão...? — sugeriu duvidoso, pois, de certa forma, aquilo não fazia sentido.

Mas desde que estavam trabalhando naquele caso, nada tinha sentido.

— Questionável — a voz de Mika soou baixa, dando a perceber que optava por tal, todavia, continuou a pensar. — E se estivesse indicando a mão em si?

Black olhou a seta e imaginou o momento dessa sendo feita: a dor, a intensão.

— Mas o que a mão pode passar de informação? — deixou o pensamento sair pela boca.

Mika observou a imagem, especificamente a mão da vítima, logo depois para a sua de pele parda e longos dedos. O que essas possuíam de diferente entre si? Literalmente, nada! Possuíam dedos, unhas, linhas e detalhes. Tinha palma e costas...

— Acho que entendi — as palavras saíram baixas, sem ao menos conseguir conter.

— O quê? — Lenon a olhou, curioso.

Ela umedeceu os lábios, sentindo um gosto doce, um doce que adoraria sentir enquanto olhava os bilhetes: gosto de esperança.

Sim, poderia estar errada e louca por ter pensado tal coisa, mas, por que não?

— E se ele estiver indicando uma parte do corpo, mas dando a mão como pista? — sugeriu.

Black permaneceu pensativo, o que a deixou apreensiva, fazendo-a quase desistir da hipótese:

“Não deve ser isso! Por que cogitei? Loucura!” pensou enquanto o encarava. Esse estava com olhar perdido e expressão inexpressiva, sem dar algum sinal ou hipótese do que achava.

Mais alguns minutos foram necessários:

— É uma boa hipótese — anunciou, fazendo-a se acalmar um pouco. — Mas que parte do corpo?

— As costas — expôs, sem titubear, não com total convicção, mas com o necessário para sustentar a ideia.

O colega anuiu à cabeça e isso a fez sorrir novamente, talvez satisfeita, talvez aliviada ou esperançosa. Mas não durara muito:

— Mas... — interveio, algo que não há surpreendeu, por estar acostumada. No seu trabalho, nenhuma hipótese ou ato deveria ser pensado sem soluções para as intervenções prováveis a existir. Sempre tinha que estar um passo a frente, prontos para soluções —... Se estivesse nas costas, não acha que o doutor Charles acharia?

Mikaella pressionou os lábios, como não havia cogitado isso? Mais um descuido! E olhou a foto a procura de respostas, do segredo, e então a folha do relatório da autópsia, qual leu mais uma vez:

“Ambas as vítimas apresentam perfurações nas costas feitas com auxílio da arma do crime. Poucas perfurações são profundas, sendo causadora de sangramento, e outras superficiais [...]”.

Rapidamente parou a leitura e repassou as informações na cabeça: “Perfurações nas costas...”.

— Lenon... — chamou calma. Não conseguira pensar, as palavras apenas saíram de sua boca: — Aqui diz que as vítimas possuem perfurações nas costas. — Entregou o papel, indicando o parágrafo com a informação. — E se essas tiverem algum sentido?

— Como?

A frase passou-lhe pela cabeça; queria repensar sobre, analisar tudo novamente, assim, talvez, encontrassem outra hipótese, mas sabia que não existia. A qual estava pensando era louca — até mais que a primeira —, mas não tinha mais opções.

— Um recado — retorquiu decidida a levar a ideia adiante, afinal, o assassino era imprevisível, então tudo podia ser possível.

Ou não?

Seus olhos castanhos estavam focados nos do colega, cujos lentamente arregalaram-se, não sabia se era de surpresa, clareza ou outro, mas mesmo assim a fez prender a respiração.


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Notas finais do capítulo

Lembram que eu disse que ficaria interessante? Então, aí está! Quer dizer: espero que tenha ficado interessante kkkk
Faltou algo? Ficou confuso? Não foi possível imaginar tal coisa? Se sim, me avisem e já peço desculpas, e juro que tentarei arrumar mais tarde. E, talvez, faço até um desenho para facilitar, porque admito que fiquei com dificuldades de escrever isso “claramente”...
Sinto muito pelos erros, a confusão e tudo mais, mas espero que tenham gostado :) ♥
Até a próxima ♥



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