O Jogo Assassino escrita por Nabea


Capítulo 10
Capítulo IX




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“Calma e paciência são coisas que temos que prezar e que aprendemos a ter, pois influenciam em tudo: decisão, trabalho, vida, e outros.”

— Mye Nomura, Detetive da 12° Departamento Policial de New York*.

 

Michael estava no quintal, encostado em um dos carros, segurando o celular no qual a espera soava alto pelo viva voz, pelo motivo de estar cansado de ficar com esse na orelha, para, no fim, receber a mesma mensagem — que não fora diferente:

— Oi, aqui é a Mye. Desculpe por não atender, mas deixe seu nome e número que assim que escutar, eu retorno — dizia a gravação, com voz simpática, e ao mesmo tempo triste, talvez por não ter atendido. Era uma perfeita gravação.

Logo após, o bipé fez presença, e como as outras vezes, encerrou a chamada.

Soltou um suspiro e ergueu o olhar ao céu com nuvens espalhadas, quais pareciam diluir-se na cor azul, tornando-a clara, mas ainda assim, confusa e distorcida.

Aquilo era a representação exata de seu ser!

Tudo ainda passava-lhe pela cabeça: as perguntas; o caso; o assassino cuidado; a entrevista, e outros, quais se misturavam de forma incompreensível, trazendo mais duvidas, tanto que não conseguia se concentrar em outra coisa.

Mas, ainda querendo se livrar desse tormento, fechou os olhos, e concentrou-se em sentir as coisas: a batida de seu coração; o ritmo de sua respiração e a brisa que lhe envolveu por inteiro, arrepiando seus pelos. Estava frio, mas não iria entrar, ao menos queria, por simplesmente não querer começar a trabalhar com o que faltava, e por ainda não ter totalmente digerido tudo...

“Droga!” praguejou, falhando em sua missão. E, desistindo, abriu os olhos.

Ergueu o smartphone a altura de seus olhos e observou, decidindo tentar novamente: desbloqueou a tela, entrou nas chamadas e rediscou. Ficou escutando a espera soar pelo alto-falante, prevendo seu fim, todavia, essa não viera, e o silencio quase não prevaleceu.

Alô? — o timbre soou sonolento.

Michael foi invadido por emoções: o alivio, por ter sido atendido; a culpa por tê-la acordado e stress, por, agora, poder falar o que ansiava.

— Mye, é o Michael.

Michael...? — duvida transbordou no timbre abafado por um bocejo. Parecia não o reconhecer, até que: — Ah! Oi.

— Desculpe te incomodar... — iria completar, mas a moça interveio:

Que nada — riu —, eu teria que acordar de qualquer jeito, você apenas me ajudou — falou simpática, e Michael sabia que essa sorria ao dizer. — Então, qual a honra de sua ligação?

Por um milésimo de segundo Wonder sorriu, mas logo voltou a ficar sério, e em silêncio, formulou a frase a se usar para começar o assunto:

— Mye... — pronunciou calmamente, esperando que permanecesse assim até o fim da chamada —... Você sabia que o Ramires iria fazer uma entrevista?

Que horas? — rebateu de imediato, aturdida.

— As onze — informou. — Disse tudo que a população... — a reportagem viera em sua mente: —... e eu — fez ênfase, um pouco exaltado — não sabíamos.

Eu não sabia — anunciou Mye —, desculpe.

Wonder queria dizer que não era sua culpa — ou de alguém —, que não precisava se preocupar, mas limitou-se ao silêncio.

Talvez... — começou Mye, após um tempo pensando —... Ele tenha feito isso por causa de ontem.

O homem nada perguntou, mas ainda assim ela prosseguiu:

Até a hora que eu estava lá, a delegacia começou a ser cercada por vários moradores... — deixou o prosseguimento no ar.

Era óbvio o que havia acontecido: invasão. A população realmente estava revoltada, dando uma razão de Ramires ter feito o que fez: os acalmar, o que realmente funcionaria, não por muito tempo e, ainda por cima, trazendo complicações a outros.

Queira quer não, aquilo era como uma fila de peças de dominó: todos totalmente em pé, estáveis, mas uma única peça caindo, derruba o resto, destrói o progresso. E no caso deles, não era um progresso fácil...

Michael apenas suspirou, não tendo argumentos contra. E muito menos se esforçou a criar, porque, em algum momento ele teria que conversar com Ramires, e nada melhor que ouvir do próprio.

Vamos resolver isso — anunciou Mye, otimista, para entusiasmá-lo, algo que ele realmente queria, mas não conseguia.

— Sim. — Disse. Uma única palavra, mas cheia de verdade, que realmente esperava isso. — Mas, por enquanto, a única coisa a fazer é trabalhar... — sussurrou, mas ainda assim fora ouvido pela moça. — Então você poderia me fazer um favor? — questionou e um “sim” soou calmo. — Quando for à delegacia, me envie tudo que tiver do caso atual, por favor?

Sim. — Concordou sem rodeios.

— Obrigado Mye. — Desligou o viva voz e aproximou o aparelho a orelha; a chamada estava chegando ao fim. — E desculpe pelo estresse. — Eram palavras sinceras, pois, além de acorda-la, deixara o turbilhão de pensamentos lhe falarem mais alto.

No outro lado da linha o silêncio prolongou, qual fizera Michael cogitar que a ligação tinha sido encerrada, sem ao menos perceber, ou ao menos caído, e assim que iria apertar o botão de encerramento:

Não se preocupe. Tá tudo bem — a mulher disse em sopro, antes de desligar mais rápido que ele.

E, com o smartphone mudo na mão, permaneceu por um tempo no quintal, até que adentrou a casa, sem nada a dizer, e nenhum de seus companheiros ousou o fazer.

A louça que havia deixado pela metade, tinha sido lavada, mas não se interessou em saber quem o havia feito, apenas voltou, em silêncio, a sentar-se na cadeira da mesa de jantar. Sobre o tampo de vidro estava o papel rabiscado, e no mesmo tinha uma palavra sublinhada, uma que lhe chamou a atenção:

Suicídio.

 

15:45PM

Como nos outros dias, estavam em silêncio, concentrados no trabalho.

Michael havia deixado a folha de lado, e decidira dedicar-se a ler os noticiários, nos quais pegava cada dizer e informação deixada por Ramires, enquanto não recebia o e-mail de Mye. Todavia, ao entrar no decimo jornal online, no campo inferior esquerdo de sua tela surgiu à notificação de uma nova mensagem, que não tardou a abrir:

“Boa tarde Michael,

Desculpe a demora, tive que ajuntar tudo que possuíamos. E dessa vez não foi muita coisa, mas espero que ajude.

Bom trabalho,

Mye.”

E junto vinha os anexos, quais rapidamente a impressora fez cópias.

— Isso é tudo que temos? — questionou Lenon, pegando uma das folhas que fora cuspida, lendo-a. Era igual às outras: detalhada e explicada, mas sem solução.

— Sim — anunciou, pegando uma das fotos.

Mikaella aproximou-se também, pegando outra imagem, essa tirada de outro ângulo, qual enquadrava as vítimas e a escada. A mulher de olhos abertos, olhando o teto, estava jogada em frente à escada — como se tivesse caído de seu topo —, em meio a uma poça de sangue que lhe sujava a roupa e o corpo; e apesar do corte brutal e grande que lhe enfeitava o pescoço, esse não era o causador de sua sujeira, e muito menos a qual jorrara de sua cabeça.

Seu marido de porte mediano, com os olhos fechados, como se estivesse refletindo sobre suas escolhas, estava aos pés da esposa, sentado no chão, encostado no corrimão, qual lhe fazia apoio para não cair para os lados. No seu antebraço esquerdo, que estava jogado sobre o degrau da escada, tinha o corte profundo: esse sim fora o qual fizera a sujeira no chão.

E a faca que fora usada para lhes ferir estava ao lado, a centímetros de distância de sua mão direita.

Park olhou a imagem na mão de Michael, uma superior da mulher.

— O que vocês acham? — questionou Lenon após ler a primeira página do relatório.

— Odeio concordar — a voz de Michael saiu em sussurro. Já havia criado aquela hipótese, tanto de madrugada quanto na autopsia, mas agora, com as imagens, só criava mais certeza —, mas realmente parece suicídio.

— Eles foram torturados. — Lembrou Lenon.

— Ou não. — Objetou Mika. — Não sabemos se realmente foi tortura; o marido pode ter feito isso — supôs.

Michael não se opôs, porque realmente era uma possibilidade...

Arg! Como aquilo estava confuso!

Mas, sem permanecer nos pensamentos pessimistas, pegou as outras folhas que estavam esperando para serem lidas.

— Deixe isso de lado — anunciou, separando os relatórios das imagens. — Vamos apenas nos concentrar em achar o assassino — olhou determinado aos colegas que concordaram. E assim entregue as imagens à Mikaella, voltou à mesa.


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Notas finais do capítulo

Olha eu aqui de novo!
Espero que tenham gostado. As próximas que virão serão mais interessantes (assim espero kkk). Obrigada por terem vindo até aqui, lerem e comentarem :3 ♥
Até a próxima!!



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