Furacão Loiro escrita por Abelhinha


Capítulo 2
O furacão loiro ataca novamente.


Notas iniciais do capítulo

Bem, eu voltei, melzinhos! Obrigada a Karina Oliveira por me fazer voltar história. Obrigada também a Cinthya Belikov, Mili Olicity, Vida Brilhante, Danubiazul.
Lembro a vocês que veremos mais da mudança do Oliver no capítulo seguinte.



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Andei um pouco mais e observei aquela imensidão do mar, logo depois ergui mais os olhos e observei o céu. Estavam muito azuis e límpidos fazendo eu imediatamente lembrar dos olhos de Felicity.

Lembrei-me de como a conheci. Aqueles mesmos olhos me olhando com um brilho estranho que eu não sabia reconhecer o que era. Durante todos os meus 32 anos as pessoas me olhavam com orgulho, desejo, como a oportunidade de se dar bem na vida, enxergavam planos em mim. Mas não ela. O meu sobrenome não significava nada para ela, nunca significou. Era isso que mais me atraía. Antes dela, eu vivia como o patético CEO de uma empresa, ou pelo menos era o que as pessoas achavam. Sara, a minha secretária, era quem fazia o trabalho pesado. E a noite, era só festa e baladas. Parece uma vida boa para quem é de fora, mas eu me sentia vazio. Fora doações para caridade que minha família fazia mais para aparecer na mídia, eu não tinha nenhuma realização pessoal. Nenhum plano, ninguém por mim. Ok, era injusto. Eu tinha Tommy e Thea, mas eles eram irmãos para mim. Ninguém lá fora estava por mim, ninguém me conhecia.

Mas o que havia para conhecer?

Eu costumo descrever Felicity como furacão porque é exatamente a palavra certa para ela, é o que ela significa para mim, o que a descreve. Sua chegada bagunçou toda a minha vida. Minha rotina, meus gostos, minhas festas. Mas principalmente, o que eu era. De repente, era insustentável para mim eu continuar a ser um babaca, um moleque. Eu tinha que crescer. Recordo de tudo o que ocorreu, como Sara se demitiu porque não aguentava mais, a vaga para nova secretária e como Felicity a preencheu. "Você não passa de um garoto mimado e hipócrita. Existem pessoas que dependem do seu trabalho para alimentar os filhos, seu merda. Então trate de fazê-lo." Ela disse isso para mim. Nu e cru. 1 semana de trabalho. Na hora, eu quis demiti-la, meu Deus, como eu quis fazer isso. Mas minha doce mãe não deixou. "Você precisa de alguém como Felicity em sua vida" ela dissera. Sempre tive desavenças com minha mãe, mas naquele momento ela nunca esteve tão certa em toda sua vida.

E então eu cresci. Claro que eu cresci. Eu comecei a fazer o trabalho pesado e descobri que Sara me mimava demais. Eu não sabia o que deveria fazer, como fazer; estava perdido. Então ela me ajudou. Não por gosto, claro. Mas eu a lembrei dos trabalhadores com filhos a alimentar, então ela foi menos casca dura. Eu me esforcei durante 2 meses e consegui fazer algo bom. Contratei mais gente, consegui mais lucro. 

Mas Felicity não sentiu o coração amolecido.

"É mais do que sua obrigação. E se está fazendo para impressionar os outros, é pior. Se faz o bem pelo bem, idiota. Não para algo a mais" Ela disse. Doeu. E eu não entendi o porquê dessa dor. Eu gostava da loira, não sabia explicar. Os seus vestidos coloridos, sua sinceridade, sua beleza; seus olhos azuis. Eu a ouvia conversar no celular com algumas pessoas às vezes. Nesses momentos suas barreiras erguidas contra mim caíam e eu a podia ver por inteiro. Ela se atrapalhava com as palavras quando que 100% das vezes em que abria a boca, ria, corava e conversava que era uma beleza. Era tão diferente daquela mulher fria com a qual eu estava acostumado. Eu achava que ela separava o pessoal do profissional ao pé da letra. Só podia ser isso.

Mas criamos uns momentos em que ela permitiu baixar as barreiras contra mim.

Eu fui correr num parque perto do meu apartamento e a vi. Ela estava sentada encostada numa árvore e ouvia alguma música em seu fone. Usava um vestido leve e florido. Linda. Ela parecia um anjo. Me aproximei mais dela e percebi que assim que me notou ali, todo aquela leveza fora embora. Seus olhos tornaram-se frios e raivosos. Ela me odiava, eu tive certeza naquele momento.

Hoje eu não tenho tanta convicção como naquele momento.

"O que você quer?" Eu não sei o que me deu na hora, mas eu lhe fiz uma proposta "Podemos fazer um jogo? Vamos fingir que acabamos de nos conhecer? Eu me chamo...Edward. Prazer em conhecê-la." Eu pude senti-la pensar. "Sou Jane" Não pude deixar de notar que havia um tom de zombaria ali. E que Jane era uma loira que odiava Edward na saga Crepúsculo. Engoli em seco. Mas isso logo passou. Felicity...ou Jane, no caso, se abriu comigo. Ela falou que era data de morte de uma amiga sua e me compadeci dela. Parece que a menina morreu no parto por causa do pai da criança. Não pude deixar de notar que o tom usado para se referir ao cara era o mesmo que ela usava para mim. Parece que são 2 na lista negra dela, com a diferença que o cara merecia isso. Eu não.

Felicity era uma mulher doce e divertida. Ela corou e se atrapalhou com suas falas como a vira fazer antes. Era solteira porque achava que os homens não passavam de uns babacas com algo legal no meio das pernas. Fora abandonada pelo pai na infância e cresceu com uma mãe meio louca, mas pelo tom percebi o quanto a amava.

E tornamos aquilo um hábito. Eu era Edward e ela Jane por algumas horas. Desabafamos e conversamos por horas e horas. Indiretamente, ela se tornou a minha melhor amiga. O problema é que não importava o quanto conversássemos. No outro dia, a personalidade de Felicity voltava juntamente com seu ódio. Era uma loucura pro meu cérebro. Eu não sabia como lidar.

Foi Jane quem me indicou a viagem que me levou aonde estava agora.

Felicity odiou.

BUG infinito no cérebro.

— Pensando na morte da bezerra?

Eu dei um pulo. Laurel surgiu do nada. Seu ainda estava com a faixa improvisada e ela mancava.

— Quase isso - Ri - O que faz aqui?

— Felicity dormiu. Estava cansada, mas eu não. Ela já te deixou com a sensação de que é inútil? Porque ela faz isso comigo o tempo todo. E eu gosto dela, não sei por quê.

Eu sorri.

— Sei exatamente o que quer dizer.

— Você é patético, sabia? Eu acho que dá pra ver que você gosta dela do outro lado dessa ilha.

Franzi o cenho.

— Ela não vê.

Laurel revira os olhos.

— Porque ela passa o tempo todo tentando te odiar, idiota.

Viro-me imediatamente para ela.

— O que quis dizer com "tentando"?

— Ela não te odeio. Ela quer desesperadamente odiar, mas não consegue.

Não entendo bem o porquê dela querer isso, mas acho que é sério. Talvez você tenha feito alguma merda a ela no passado.

— Você acha? Mas eu tenho certeza de que não a conhecia antes.
Ela dá de ombros. Permito-me observá-la um pouco.

— Você está diferente - Constato.

— Ser sequestrada e jogada numa ilha deserta muda um pouco a concepção das coisas.

— É, tem razão. Você ainda...? - Não consigo completar sem ficar envergonhado.

— Se ainda sou apaixonada por você? - Assinto, mesmo que minha intenção não fosse exatamente aquelas palavras. - Sim, eu sou. Mas não importa mais. Não é de mim que você precisa, Olie. Eu nunca vou ser o amor da sua vida porque esse lugar já está preenchido, nós dois sabemos disso.

— Você amadureceu.

— Felicity me tratou como sua melhor amiga sem nem ao menos me conhecer. Ela me confortou quando cheguei aqui, e eu já tinha visto ela antes e lhe tratei mal porque fiquei com ciúmes dos dois. Mesmo assim, ela ignorou isso. Perguntei a ela o porquê disso esses dias e ela deu de ombros. "O que mais eu faria? Passado é passado. Não dá pra ser infantil. Olho por olho deixa o mundo caolho." Ela é boa, Oliver. E eu quero ser boa também.

Aquilo me surpreendeu.

Era algum dom de Felicity? Ela impulsionava as pessoas a serem alguém melhor? Só podia ser isso. Foi exatamente assim comigo, o mesmo sentimento de querer ser melhor. Acho que foi isso que fez eu me apaixonar por ela. Antes mesmo de sentir aquilo por Jane, eu já sentia por Felicity. Acho que conhecê-la melhor só expandiu ao extremo algo que já existia. É estranho porque Thea se apaixonou por Roy porque ele a encantou, Tommy se apaixonou por Laurel porque eram bons amigos. Eu me apaixonei por Felicity porque ela me salvou de ser um idiota com uma vida mesquinha. Ela me transformou numa melhor versão de mim mesmo. E agora, ela mudava Laurel.

O furacão loiro ataca novamente.


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Notas finais do capítulo

Oii, eu acho que vou fazer um POV da Fel. Oliver não é esse bom moço todo.
Espero que tenham gostado, beijocas cheias de mel. :)



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