O jantar foi extremamente agradável. Conversaram sobre trabalho. Gil contou sobre alguns casos que ele nunca iria esquecer, e Sara fez o mesmo. Ele lhe disse que adorava usar bonecos de simulação, gelatinas e seu porco irradiado para experiências. Ela concordou e achou fascinante ele ter um porco irradiado, mesmo sendo muito estranho.

Mesmo sentindo uma certa atração, eles decidiram manter apenas a amizade. Afinal, eles não podiam ficar juntos. Ela morava em São Francisco e ele em Las Vegas, sem contar na diferença de idade. Se ele achava errado, quem era ela pra discordar? Era assim que pensavam.

...

— Saritaaa!!!- Rayle entrou correndo no quarto.

— O que foi, sua doida? - Sara até se assustou. Achou que ela chegaria mais tarde, parece que tinha sido dispensada mais cedo.

Rayle trabalhava como garçom num restaurante finíssimo perto do centro. Entrava às 15h e saía às 23h.

— Sabe aquele gato do Renê?

— O chef de cozinha? - perguntou enquanto colocava o saco de salgadinho que comia na mesinha de centro.

— É.

— O que tem ele?

— Me convidou pra jantar.

— Ahhhh! – gritaram juntas.

— Viu só? Eu também tenho sorte de jantar com um cara que sou apaixonada. - fez cara de maliciosa em relação ao jantar que Sara teve com Grissom nessa mesma noite. _ Aliás, você tem que me contar como foi.

— Não sou apaixonada por ele, Rayle. - não admitia de jeito nenhum.

— E como você explica o jeito que você chegou em casa no dia que o viu pela primeira vez, hein?

Sara não soube como responder.

— Sei lá. Mas não estou.

— Teimosa! Espera só ele ir embora que você vai admitir rapidinho. Mas voltando ao assunto... Ele me convidou, mas preciso urgentemente de um vestido novo. Vamos em Fishermans Wharf comigo amanhã?

— Combinei com o Grissom de ir no Exploratorium amanhã. Mas seria legal se fossemos em Fishermans Wharf também.

— Viu só? Até combinaram de sair de novo. Vamos os três juntos? Depois que você me ajudar eu deixo vocês sozinhos. - fez cara de maliciosa.

Rayle já torcia para que eles ficassem juntos.

Sara riu. Sua amiga não tinha jeito mesmo.

— Fechado.

...

No dia seguinte...

— Hey Grissom!

Sara se aproximou com Rayle ao seu lado.

— Sara! Oi.

— Oi. Esta é minha amiga Rayle.

Rayle estendeu a mão pra ele. Grissom era realmente como sua amiga lhe descreveu... Simplesmente lindo!

— Rayle Parker. - se apresentou.

— É um prazer conhecê-la, Srta. Parker.

— Apenas Rayle. - ela sorriu gentilmente e ele fez o mesmo.

Depois das apresentações, Sara disse que ela iria em Fishermans Wharf com Rayle.

— Não quer ir com a gente? De lá vamos no Exploratorium.

— Se não for atrapalhar.

— Imagina, Grissom. Não vai atrapalhar não.

Sara sorriu.

Fishermans Wharf é um dos principais pontos turísticos de São Francisco, diferente de qualquer lugar que você já viu na vida. Trata-se de uma área às margens da baía de São Francisco repleta de restaurantes, lojas, lanchonetes e áreas de lazer, todos em prédios de madeira, que têm um charme de uma vila de pescadores. O lugar é perfeito para um passeio com crianças, ou uma tarde de lazer a dois, aproveitando um bom restaurante e as inúmeras lojas.

Rayle, Sara e Grissom foram em várias lojas e Rayle não gostou de nenhum vestido. O único que ela gostou era caro demais.

— Ray, acho que está muito nervosa. - Sara dizia enquanto eles andavam até a última loja. _ Você ficou bem em quase todos que provou, mas não comprou nenhum.

— Me permite? - Grissom pediu permissão pra dar sua opinião.

— Claro. - disse Rayle.

— Obviamente, logo de início, ele prestará atenção no vestido, mas dará atenção a você e não a ele no jantar.

— Isso mesmo. Ele está mais interessado em saber como você é e não como você se veste.

— E Sara tem razão, você ficou bem na maioria dos vestidos que provou.

— Poxa, é verdade, eu nem pensei nisso. Valeu. Vamos entrar nessa última?

— Vamos. - responderam.

— Está achando chato demais esse passeio, né? - Sara perguntou a ele enquanto entravam e Rayle andava na frente. Ele devia estar num tédio total andando com duas mulheres em lojas de vestidos. _ Seja sincero.

— Não. De maneira nenhuma. Sua amiga é legal, e você também. Está tudo certo, não se preocupe.

A verdade é que não importava onde estivessem, podia ser o lugar mais tedioso e chato do mundo, se ele estivesse na companhia de Sara... Esse lugar se tornaria do melhor do universo.

Sara sorriu.

Rayle provou dois vestidos, mas eles não evidenciavam suas curvas então ela nem saiu do provador pra mostrar. Enquanto ela escolhia outro, o celular de Sara tocou. Ela pediu licença e foi atender lá fora.

Era da clínica. Disse que ia pra lá à noite para ver sua mãe que estava pedindo sua presença.

Quando ia voltar pra dentro alguém a chamou.

— Hey Sara!

— Doug!

Doug Wilson era investigador da NTSB. Ele e Sara trabalharam juntos num acidente que teve na NTSB. Eles passaram muito tempo juntos, pois a investigação foi longa. Viraram bons amigos. Mas a verdade era que Doug ficou caidinho por ela, mas só as vezes demonstrava.

Trocaram um abraço.

— Que surpresa! Como você está?

— Estou bem. É meu dia de folga, resolvi dar uma volta por aqui. E você, como está?

— Estou ótima.

— Está linda! O tempo não passa pra você, né?

— Estou nova ainda, deve ser por isso. - sorriu sem jeito. _ E obrigada.

— Comprando vestidos?

— Não. Rayle que está. Ela pediu minha ajuda.

— Logo vi. Você não é muito chegada em vestidos. Manda um beijo pra ela.

— Verdade. Tabom, mando sim. Até mais.

— Até. - ele lhe deu um beijo na bochecha e Sara voltou pra dentro.

— Olha só! - Sara viu Rayle sair do provador. _ Que chiqueza!

— Achou mesmo?

— É lindo. Eu amei.

— E você, Grissom? O que achou?

— Também gostei.

— Parece que foi feito pra mim, né? - ela também amou.

Rayle foi até o caixa e saiu com a sacola.

— Obrigada pela ajuda, gente.

— Imagina, Ray. - a abraçou pelo ombro. _ Vamos comer alguma coisa?

Não deu tempo de eles responderem, pois uma voz chamou por Sara de longe.

— Ah não! De novo não! - Rayle revirou os olhos.

— Que saco! - Sara bufou. _ Ele não desiste.

— Quem é ele?

Grissom percebeu que ambas não gostavam do cara pelas expressões e falas delas.

— Um cara insuportável que é apaixonado por ela. - Rayle respondeu.

— Ele não me deixa em paz, não importa o que eu diga. - Sara completou.

— Se isso não é perseguição, eu que não sei o que é.

“Isso é um problema.” - ele pensou. Queria poder fazer alguma coisa pra ajudar.

Stwart chegou onde eles estavam.

— Oi.

— Oi. - elas responderam nada contentes.

— Quer almoçar comigo, Sara?

— Agradeço o convite, mas não, obrigada.

— Vai ser legal. Vamos?

— Stwart, eu disse: não, obrigada. Você ouviu?

— Por que está ficando grossa comigo?

Grissom e Rayle observavam a cena, calados. Mas Rayle já queria meter um soco na cara de Stwart. Ambos se olharam tentando pensar em alguma coisa pra tentar fazer aquele cara ficar longe de Sara.

— Porque eu cansei de ser educada com você. Por favor, eu já te pedi pra me deixar em paz.

— Mas eu gosto de você.

— Eu sinto muito, mas EU não gosto de você. Deu pra entender?

— Não vou desistir de você, Sara! Você vai ser minha.

— Espera aí! Isso foi uma ameaça?

— Talvez.

Foi demais para Grissom e Rayle.

— Escuta aqui, mauricinho! Eu acho melhor ficar bem longe da minha amiga!

— Quem vai me impedir, loira? Você?

— Ela não. Eu vou! - Grissom fez pose de durão, – o que não tinha nada a ver com ele – entrou na conversa e ficou frente a frente com Stwart.

Sara fez cara de surpresa e olhou para Rayle que piscou pra ela. Graças ao poderoso Deus, ela e Grissom tiveram a mesma ideia.

— E você quem é? Posso saber?

— Tudo o que você precisa saber de mim é que sou o namorado dela! E ela não será sua como diz!

Sara se surpreendeu mais ainda. Queria ela que aquilo não fosse encenação.

— É verdade, Sara? - Stwart até ficou com medo de Grissom.

Rayle e Gil trocaram um sorriso cúmplice.

Realmente a expressão de Grissom era de assustar. Parecia que estava mesmo falando sério.

Sara tentou se recuperar do impacto das palavras de Grissom.

— Ele por acaso falou grego? - manteve sua expressão séria de momentos atrás.

— Se chegar perto de Sara novamente vai se entender comigo e não com a Rayle! Fui claro?

Stwart até gaguejou.

— Fo-Foi.

— Ótimo. Agora some daqui! - disse Rayle. Ela queria muito rir daquela situação assim como Sara.

Ele olhou pra ela com uma cara brava.

— Não a ouviu? - Grissom novamente chamou a atenção dele. _ Some daqui! - o assustou fingindo que ia bater nele caso não fizesse o que mandou.

Stwart correu na hora.

Os três se olharam e caíram na risada.

— Isso foi incrível! - Rayle adorou. Se pudesse iria viver dando replay.

— Espero que funcione. - Grissom disse morrendo de vergonha pelo que tinha acabado de fazer.

— Vocês são incríveis, sabiam? – ela os abraçou.

Grissom corou, mas elas não perceberam.

Foram até uma lanchonete e conversaram animadamente.

— Fiquei aliviada que Grissom tenha pensado o mesmo que eu.

— Eu também. - Gil admitiu. Ia se passar de ridículo se não tivessem pensado o mesmo.

— Eu espero que ele não me procure mais.

“Também espero.” - Gil não sabia o porquê de ter pensado isso, mas pensou.

— O que vão querer? - perguntou a garçonete.

— Um cheddar duplo. - Sara pediu primeiro. _ E vocês?

— Quero uma pequena porção de batatas fritas e um refrigerante. - Rayle foi a seguinte. _ E você, Grissom?

— Uma empadinha e um suco de limão, por favor.

A garçonete anotou tudo e saiu.

— Não quer ir no Exploratorium com a gente, Ray?

— Obrigada Sarita, mas não. Deixa pra próxima. Eu não quero atrapalhar. - sorriu para Sara que entendeu o sorriso da amiga. _ Divirtam-se.

— Queria ir no Palácio das Belas Artes amanhã. - Gil comentou. _ Sempre quis conhecer e nunca consegui ir. Querem ir comigo?

— Seria legal! Vamos Sara?

— Claro! Convida o Renê, Rayle. - Sara piscou pra amiga.

Mas é claro que Rayle pensou em convidar Renê. Não queria segurar vela. Por mais que Sara e Gil não namorassem, ela sabia que eles sentiam algo um pelo outro, tanto que se beijaram no dia anterior.

— Amanhã vai ser massa!

— Massa? - eles não entenderam.

— Ai gente! Vai ser demais. - disse de outra forma.

— Ahh! - sorriram.

Comeram e Rayle foi pra casa. Gil e Sara seguiram caminho para o Exploratorium que ficava anexo ao Palácio que Gil gostaria de ir.

— Quer ir no Palácio primeiro? - Sara perguntou assim que chegaram lá.

— Infelizmente, não vai dar tempo. Deixa pra amanhã mesmo.

— Ok.

Entraram no Exploratorium. Adultos tem que pagar 25 dólares para entrar e isso não foi um problema.

Na exibição existem diversos experimentos científicos interativos, que divertem gente de todas as idades.

E como Rayle havia dito, divertiram-se bastaste. Até esqueceram o horário. Chegaram atrasados no salão de palestras e Gil quase perdeu sua vez de “dar aula”. Foi por muito pouco.

À noite Sara fez o que planejara, foi até a clínica depois de passar no trabalho pra preencher alguns papeis. E voltou como sempre voltava... Triste.