Depois dos Seis escrita por Lilás


Capítulo 3
Velhos amigos, velhos problemas


Notas iniciais do capítulo

Olá! Demorei para voltar porque ultimamente estou com muita coisa para fazer. Mas espero que gostem do capítulo de hoje.



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— Anda logo, Ishida! – Ichigo berrava a plenos pulmões no portão da casa do amigo – Eu não tenho o dia todo!

Ishida e Ichigo eram colegas de trabalho no Hospital de Karakura, cujo dono era o pai de Ishida. Ichigo havia tirado alguns dias de folga da clínica do pai e, por enquanto, estava só atendendo no hospital.

Segundo Ichigo, por uma infelicidade do destino, Ishida acabou virando o seu vizinho e eles fizeram um acordo na hora de sair para trabalhar todas as manhãs: como eles precisavam levar primeiro as crianças para a mesma escola, então era mais cômodo cada dia um dar carona para o outro. Naquele dia, era a vez de Ichigo, mas ele nunca aprendeu a ser paciente e em todas as vezes ficava berrando feito um louco para que o amigo parasse de demorar em escolher qual camisa deveria usar no dia.

— Já deveríamos estar lá – Ichigo olhava impaciente para o relógio.

— Sempre apressado, Kurosaki – Ishida apareceu na porta carregando uma pasta, uma mochila infantil e segurando a mão de um garotinho mais ou menos da mesma idade de Hisana.

— Finalmente – Ichigo suspirou de forma exagerada – Pensei que só te veria depois do aniversário de setenta anos de Hisana.

Ishida acomodou o pequeno Souken em uma cadeirinha, ao lado da de Hisana. Souken era apenas alguns meses mais velho que Hisana e os dois costumavam brincar juntos. Ou melhor, Ichigo frequentemente dizia que Souken era um dos cúmplices de Hisana e, quando todos os filhos de seus amigos se reuniam, não dava o que preste. Ichigo desconfiava que, na maioria das vezes, Hisana era uma das mentes criminosas por trás de todas as travessuras.

— Tio – Hisana chamou Ishida com os olhinhos brilhantes quando todos já estavam dentro do carro – comprou meu presente?

— Melhor que isso, Hisa-chan – Ishida deu um sorriso orgulhoso – Eu fiz seu presente. E tenho certeza que você vai gostar.

Na frente da escola, encontraram Sado com as gêmeas Francisca e Maria, de oito anos. Depois de terminar a escola, Sado passou uma temporada no México onde conheceu sua futura esposa. Mas, logo após o nascimento das gêmeas, decidiu voltar para o Japão.

Ichigo até gostava quando as gêmeas vinham brincar com Hisana. Apesar das duas meninas terem aqueles nomes estranhos, elas herdaram a personalidade pacífica do pai e eram muito educadas. Ichigo nunca tinha problemas com elas.

Mas ele não poderia dizer o mesmo de Yasuhiko Urahara.

O nome do menino queria dizer “Príncipe pacífico”, contudo de pacífico não tinha nada. Também, com a mãe doida e o pai preguiçoso que ele tinha...

Certa manhã, Yoruichi Shihouin acordou com a ideia fixa de que o seu maior desejo e principal missão na vida era ser mãe e avisou a Kisuke Urahara que ela havia escolhido ele para ser o pai. E ai dele se dissesse alguma coisa...

Ichigo tinha arrepios ao se lembrar de quando Yoruichi pediu para deixar o Yasuhiko brincando com Hisana no quintal dos Kurosaki enquanto ela iria a um lugar “rapidinho”, exatamente no dia do feriado do Equinócio da Primavera, no ano passado. Ichigo poderia ter começado a estranhar, porque os dois estavam silenciosos demais, até Hisana gritar do quintal.

— Pai – ela berrou – Eu e o Yasu-kun podemos brincar de bombeiro?

— Pode, ué – ele falou da sala.

Porém, depois de alguns minutos, Ichigo parou para pensar um pouco. Desde quando Hisana pedia autorização para brincar? Resolveu espiar o que os dois estavam fazendo no quintal. Para encurtar a história, Ichigo teve que ouvir, em silêncio, uma bronca gigantesca de Rukia, após eles receberem uma notificação do Corpo de Bombeiros da cidade por “permitir o manuseio de material inflamável por crianças”. Felizmente, ninguém se feriu e apenas um arbusto saiu meio chamuscado da história. Até hoje, Ichigo não sabia dizer quem foi o autor da ideia infeliz.

Depois de falarem rapidamente com Sado e deixarem as crianças na escola, Ichigo e Ishida dirigiram-se ao hospital. Hoje seria um dia cheio. Ichigo tinha vários pacientes marcados para o dia. Já Ishida, muitos relatórios para verificar. Só voltaram a se reencontrar no horário do almoço e Ishida sugeriu tomarem um café no terraço do hospital.

— É o melhor lugar para a mente espairecer – ele comentou, depois de alguns minutos no silêncio do terraço.

— Ishida – Ichigo fez uma pausa – Preciso te falar sobre o que fiquei sabendo ontem.

— O que houve? – Ishida se aproximou, preocupado, ao notar o tom sério do amigo.

— Aizen fugiu da prisão – ele resolveu ser direto.

— Como assim?! – Ishida pulou para trás e quase derruba seu copo de café – Está falando sério, Kurosaki?

— Eu e Rukia fomos chamados para uma reunião na Soul Society – continuou – Eles disseram que vários presos fugiram da prisão máxima, dentre eles, o Aizen. A Soul Society está em alerta máximo.

Ishida abriu a boca para falar algo, mas não conseguiu. Ele deu as costas para Ichigo e ficou encarando a paisagem por um tempo.

— Você acha que ele vai tentar sequestrar a Hime-san de novo? – perguntou, sem se virar para Ichigo – Afinal, o poder dela está mais forte...

— Ele não seria burro de fazer isso de novo – Ichigo respondeu – E nós saberemos evitar isso, caso ele tente.

— Eu estou preocupado com minha família, Kurosaki – Ishida voltou a olhar para Ichigo – Inoue e Souken são tudo para mim...

— Não se preocupe – Ichigo falou, confiante – Eu e Rukia ajudaremos vocês no que for preciso. Podem contar com isso.

Ishida deixou escapar um sorriso.

— Eu não duvidaria nada de você e Kuchiki-san – ele ajeitou os óculos e virou o rosto – Apesar de que é irônico...

— O que é irônico?

— Você – Ishida sorriu – Mesmo você tendo tantos poderes, ainda precisa que Kuchiki-san te empurre para frente. Mesmo que seja aos pontapés.

— Certas coisas não mudam – Ichigo coçou a nuca, com um meio sorriso.

— Sabe – Ishida hesitou um pouco e olhou para o lado de novo – eu pensava que, se Kuchiki-san não tivesse voltado, você e a Inoue... bem, vocês acabariam juntos...

— E por que não? – Ichigo usou um tom debochado – Ela é uma mulher bonita.

— Ah, e você fala isso na minha cara?!

— Brincadeira – Ichigo riu da careta que Ishida fez – Fique frio. Não teria como acontecer algo entre eu e Inoue.

— Por que não? – Ishida repetiu a pergunta de Ichigo – Você mesmo não disse que ela é bonita?

— Rukia não é tão bonita quanto Inoue – Ichigo bagunçou mais ainda os cabelos espetados – Mas, depois que você conhece ela, você começa a gostar cada vez mais.

— E você está inspirado hoje, heim, Kurosaki? – Ishida sorriu, sarcástico.

— Não precisa vir com ironia – Ichigo fechou a cara.

— Não estou sendo irônico.

— Está, sim – Ichigo falou, irritado – Pensa que eu sou lerdo? Quando você fala olhando por cima dos óculos, você está sendo irônico.

— Como você sabe disso? – Ishida arqueou uma sobrancelha.

— Rukia me contou.

— Ah, eu sabia! – Ishida levanta um braço exageradamente.

— Para de escândalos e vamos logo voltar ao trabalho – Ichigo olhou impaciente para o relógio do celular – Está na nossa hora.

Os dois voltaram para dentro do hospital, implicando um com o outro, e nem perceberam um pequeno ponto escuro no céu. Há alguns quilômetros de distância do hospital, um ponto negro surgiu no céu, rapidamente se alargou, e duas figuras estranhas saltaram de dentro dele. O céu de Karakura não presenciava um evento parecido com esse há anos.

— Karakura, há quanto tempo! – o maior dos dois se espreguiçou – Desde a intromissão daqueles shinigamis, estava impossível abrir uma garganta para o mundo humano.

— Não temos tempo para ficar aqui tagarelando. Vamos nos divertir um pouco antes que descubram nossa escapada – o outro estampava um sorriso doentio – Está na hora de fazer uma visita a um velho amigo.


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Notas finais do capítulo

Nada mais a acrescentar.
Até o próximo capítulo!



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