A Porta dos Tempos escrita por Magnolya, Rizzo, Maegyr
Sua visão era a mais turva possível. Seus olhos pareciam não existir e toda a sua força estava se esvaindo. As correntes pareciam sugá-la, pareciam drenar ou engolir toda a força vital presente na dama. O motivo de tanto caos? Amor, vingança... quem sabe? Para Circe, era tudo a mesma coisa.
Elizabeth suava. Seus pulsos ensanguentados, ao mesmo tempo presos a um par de correntes, pareciam que iam se soltar a qualquer momento. O espírito dentro de si era mantido por um artefato da própria Circe. O cordão entrelaçado ao pescoço da portadora não deixava com que o espírito oracular se libertasse, uma vez que - com o transtorno cronológico - ele não tinha um portador fixo. As décadas iam e vinham com Aeon e Cronos lutando, e o sofrimento apenas se acumulava, cada vez mais impossível de conter.
— E de que importa as Parcas se o destino está sendo alterado a todo segundo, Circe? - ressoou a suposta voz de Discórdia, no fundo escuro da caverna.
— Você não entenderia, oras! O meu passado está em foco, e não os motivos. A minha desilusão amorosa acabará o quão rápido possível, e isso acontecerá nem que eu tenha de demolir o Olimpo inteiro! - urrou Circe, mais parecida com mil cobras sibilantes.
Elizabeth estaria perdendo os sentidos, mas sabia identificar um diálogo. Sabia também que era melhor ficar quieta, resultado de tantas dores.
— E o que a garota está fazendo lá? Estamos chamando muita atenção aqui, ela não fica quieta!
— Silêncio, Discórdia! Deixe-me trabalhar!
Do fundo da caverna, um brilho semelhante ao fogaréu estourou. Numa risada maligna Circe explodiu e as pedras começaram a ribombar. Discórdia, de início, aquietou-se, mas parece notar o fruto do mais perfeito plano já bolado. Naquele momento, a dupla se sentiu tão potente quanto Minerva, a ponto de insultá-la em voz alta:
— E quem é a deus mais esperta agora, senão eu mesma?! Eu terei o que sempre quis, meros mortais... eu terei o que todos ganham de mãos beijadas! O amor é meu agora!
Elizabeth sentiu seus cabelos negros serem puxados mais uma vez. Discórdia agarrou-a no colo, e não foi difícil se teletransportar dali. Quando Circe deu sua última gargalhada, feixes dourados estouraram por toda parte e a montanha de Ida, na Creta, desmoronou.
A outra parte do mundo parecia normal aos olhos da prisioneira. Por mais que o espírito de Delfos explodisse a energia de Elizabeth, ela ainda conseguia vislumbrar os montes japoneses. Dentro de um palácio feito inteiramente de jade, seu pulso já não doía mais, porém ainda sentia-se presa pelas correntes.
— Circe não te quer machucada, considere-se sortuda. - sorriu Discórdia maliciosamente. - Precisamos do seu corpo até que o desejo dela se faça. Nada de ficar se batendo, entendeu?
E toda a luz presente parece sumir. O sol dali fora coberto por nuvens negras e uma tempestade acolheu a noite que chegara em menos de dez segundos. O tempo, que costumava ser o orador de melhoras não era mais o mesmo, e Elizabeth tentava entender isso.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Esperamos muito que tenham gostado do capítulo introdutório. Pedimos desculpas por qualquer erro ortográfico e agradecemos muito aos comentários construtivos. Obrigado desde já!